Entendendo que a Literatura nos conduz a lugares inimagináveis, a partir do contato consoli- dado através da leitura, há um encontro desses dois mundos – o real e o imaginário – ressignificando sentidos para o/a leitor/a que não é mais nem o real, nem o imaginado, mas aquele depreendido, recriado segundo as experiências de mundo do/a leitor/a, agora revestidas das experiências leitoras. Esse é o novo lugar, o lugar diferente que favorece esse encontro entre leitores/as e textos, numa troca constante de experiências que dão novos sentidos para além da superfície textual. Na coletânea “Literatura saberes docentes” (2007), organizada por Paiva, Grijo afirma que:
Ao ser conduzido, pela experiência estética, ao lugar do outro, a outro lugar, as diferentes formas de ver conceber e organizar o mundo que não a sua, o sujeito leitor tem a possi- bilidade de desnaturalizar as relações do contexto social imediato, do qual faz parte, de construir um olhar sobre a tradição, o que, consequentemente, possibilita tomadas de posição em favor da construção de novas e melhores relações sociais. (GRIJO, 2007, p. 94).
Essa afirmativa de Grijosustenta a nossa certeza de que o letramento a partir de textos literários é imprescindível no cotidiano escolar como forma humanizadora de incentivo à leitura, prática essa
(RE) ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE PRÁTICAS DE LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS NO ENSINO FUNDAMENTAL II Gildilane Zacarias dos Santos (UFAL)
tão carente e cada vez mais distante das salas de aulas significativas, que tanto amplia e confronta o conhecimento de mundo dos discentes, como também ressignifica o seu estar no mundo.
A relevância dessa pesquisa se dá em observar que o processo de despertamento para a leitura se concretiza quando o mesmo faz sentido e significa na vida dos alunos, por meio de interações, diálogos e o respeito às diferentes experiências de mundo de cada um, as percepções retratadas ao longo das leituras, com a convicção de que não saímos nunca como entramos no mundo inimaginável da literatura.
Além disso, esta proposta de oficinas de leitura pode servir de subsídio para outros profis- sionais de língua portuguesa que se interessem por estratégias que ultrapassem o que propõem os livros didáticos, sem que seja preciso desprezá-los, mas ampliar a sua proposta com as sequências expandidas (etapas) que este trabalho sugere.
(RE) ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE PRÁTICAS DE LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS NO ENSINO FUNDAMENTAL II Gildilane Zacarias dos Santos (UFAL)
49
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Vera Teixeira de. O verbal e o não verbal. São Paulo: UNESP, 2004. ALMEIDA, Roseli Maria Rosa de (Org.). Formação de professores em
leitura e literatura. Campo Grande: Ed. UFMS, 2013.
ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro e interação. São Paulo: Parábola, 2003. ARROYO, Miguel. Ofício de mestre. São Paulo: Vozes, 2001.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2017. BALDISSERA, Adelina. Pesquisa-ação: uma metodologia do “conhecer” e do “agir”
coletivo. Sociedade em Debate, Pelotas, v. 7, n. 2, p. 5-25, ago. 2001.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1992.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9.394, de 26 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 8 out. 2014.
CANDIDO, Antônio. O direito à literatura. In: ______. Vários escritos. Rio de Janeiro: Duas Cidades, 1988. CATANI, Afrânio Mendes; GILIOLI, Renato de Sousa Porto. Culturas
Juvenis: múltiplos olhares. São Paulo: UNESP, 2008.
COENGA, Rosemar. Leitura e letramento literário: diálogos. Cuiabá: Carline&Caniato, 2010. COLOMER, Teresa. A formação do leitor literário: narrativa infantil e
juvenil atual. Trad. Laura Sandroni. São Paulo: Global, 2003.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006. ______. Círculos de leitura e letramento literário. São Paulo: Contexto, 2017. CORTI, Ana Paula et al. Caderno de reflexões: jovens de 15 a 17 anos no Ensino Fundamental. Brasília: Via Comunicação, 2011. Disponível em: <http://portal.mec.gov. br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=8301-coef2011-caderno- reflexoes&category_slug=junho-2011-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 17 mar. 2018.
COSTA, Marisa Vorraber. Trabalho docente e profissionalismo. Porto Alegre: Sulina, 1996. DALVI, Maria Amélia; REZENDE, Neide Luzia de; JOVER-FALEIROS, Rita
(RE) ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE PRÁTICAS DE LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS NO ENSINO FUNDAMENTAL II Gildilane Zacarias dos Santos (UFAL)
DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernand. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2004.
DULTRA, Italo Modesto et al. Trajetórias criativas: jovens de 15 a 17 anos no ensino fundamental – uma proposta metodológica que promove autoria, criação, protagonismo e autonomia. Brasília: Ministério da Educação, 2014. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/busca-geral/195-secretarias-112877938/ seb-educacao-basica-2007048997/12624-ensino-fundamental-publicacoes>. Acesso em: 17 mar. 2018. FAILLA, Zoara (Org.). Retratos da leitura no Brasil 4. Rio de Janeiro: Sextante, 2016.
FERREIRO, Emília. Com todas as letras. 17. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
FORQUIN, Jean-Claude. Escola e cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Trad. Guacira Lopes Louro. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993,
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
______. Pedagogia do Oprimido. 58. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
______. Educação e mudança. Trad. Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martins. 12. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, [s. d.]. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/ paulofreire/paulo_freire_educacao_e_mudanca.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2018.
______. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 51. ed. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 2011.
GARCIA, Regina Leite (Org.). Para quem pesquisamos, para quem escrevemos: o impasse dos intelectuais. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
GERALDI, JoãoWanderley et al. (Org.). O texto na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Ática, 2006. GUEDES, Paulo Coimbra. A formação do professor de português:
que língua vamos ensinar? São Paulo: Parábola, 2006.
FERREIRA, Lígia dos Santos Ferreira. De Gabriela a Tieta: a configuração das heroínas periféricas
amadianas nos espaços de modernização rural e urbana. 2009. 167 f. Tese (Doutorado em Estudos Literários)– Programa de Pós-graduação em Letras e Linguística, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2009.
IGUMA, Andréia O. A. Por parte de pai: fusão entre ficção e realidade? Via litterae, v. 2, n. 2, 2010. JOUVE, Vincent. Por que estudar Literatura? Trad. Marcos Bagno e
Marcos Marcionilo, tradutores. São Paulo: Parábola, 2012.
(RE) ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE PRÁTICAS DE LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS NO ENSINO FUNDAMENTAL II Gildilane Zacarias dos Santos (UFAL)
51
______ (Org.). Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita.Campinas: Mercado das Letras, 2008.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 2006.
MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos desde cedo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. MAGALHÃES, Belmira. A particularidade estética em Vidas Secas, de
Graciliano Ramos. 2. ed. São Paulo: Instituto Lukács, 2015.
MAGNANI, Maria do Rosário Mortatti. Leitura, literatura e escola. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, Ângela
P.; MACHADO, Anna R.; BEZERRA, M. Auxiliadora (Org.). Gêneros textuais & ensino. ed. 2. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003. Disponível: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/322091/mod_resource/ content/1/MARCUSCHI%20G%C3%AAneros%20textuais.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2018.
MONTEIRO, Ana Maria F. da Costa. Professores entre saberes e práticas. Educação
e Sociedade, Campinas, ano 22, n. 74, p. 121-142, abr. 2001. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/es/v22n74/a08v2274>. Acesso em: 17 mar. 2018.
OLIVEIRA, Rita Lírio de. A inadequada escolarização do texto literário. 5 p. Disponível em: <http://www.uesc.br/icer/artigos/ainadequada.pdf>. Acesso em: 6 mar. 2014. PAIVA, Aparecida et al. (Org.). Literatura e letramento: espaços, suportes e interfaces – o jogo do livro. Belo Horizonte: Autêntica/CEALE/FAE/UFMF, 2007
______. Literatura: saberes em movimento. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2007. ______. Leituras literárias: discursos transitivos. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2005. ______. Democratizando a leitura: Leituras e práticas. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2004. PANIAGO, Maria Lucia. “Livro” didático: a simplificação e a vulgarização
do conhecimento. São Paulo: Instituto Lukács, 2013.
PIETRI, Émerson de. Práticas de leitura e elementos para atuação
docente. 2. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009.
SANTOS, Joel Rufino dos. Quem ama literatura não ensina literatura: ensaios indisciplinados. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Concepções de leitura e suas consequências no ensino. Perspectiva, Florianópolis, v. 7, n. 31, p. 11-19, jan./jun. 1999.
(RE) ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE PRÁTICAS DE LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS NO ENSINO FUNDAMENTAL II Gildilane Zacarias dos Santos (UFAL)
SILVA, Vera Maria Tietzmann. Leitura literária & outras leituras – impasses e alternativas no trabalho do professor. Belo Horizonte: RHJ, 2009.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. TFOUNI, Leda Verdeani. Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez, 2010.
VALARINI, SharleneDavantel. Estratégias didático-metodológicas para o “ensino”
da leitura do texto literário. Disponível em: <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/
IIICILLIJ/Trabalhos/Trabalhos/S9/sharlenevalarini.pdf>. Acesso em: 8 out. 2015. ZILBERMAN, Regina. Que literatura para a escola? Que escola para a literatura?