• Nenhum resultado encontrado

Adoção no ordenamento jurídico brasileiro e a adesão à Convenção de

ADOÇÃO INTERNACIONAL “A adoção estatutária, ao exigir o registro novo, cortando os vínculos

13.7 Adoção no ordenamento jurídico brasileiro e a adesão à Convenção de

O Código Civil de 191620 previa que a adoção, tanto de maiores como de menores, seria efetuada por meio de escritura pública e o vínculo de parentesco se limitava tão somente entre o adotado e o adotante, que não podia ter filhos legítimos por ocasião da adoção. Ademais, essa adoção poderia ser revogada em determinadas situações e não envolvia sucessão hereditária quando o adotante viesse a ter filhos legítimos, legitimados ou reconhecidos. Essa adoção era chamada de adoção simples.

A Lei 4.655/196521 previu a legitimação adotiva, irrevogável, constituída por sentença judicial, a qual determinava a lavratura de novo registro de nascimento para o menor adotado com os nomes dos pais adotivos, sem que houvesse qualquer observação a respeito da origem do ato. O vínculo adotivo se estendia aos ascendentes dos adotantes desde que houvesse o seu consentimento. A referida lei foi revogada posteriormente pelo Código de Menores – Lei 6.697/197922 –, o qual se remetia à adoção simples e à adoção plena, que atribuía a situação de filho ao adotado, desligando-o de qualquer vínculo com os pais biológicos, salvo os impedimentos matrimoniais. Na adoção plena, os nomes dos ascendentes dos adotantes eram incluídos no assento de nascimento do adotado sem que fosse necessária a sua autorização.

Observa-se hoje, na ordem jurídica brasileira, um pluralismo de fontes sobre a adoção: Lei n. 8.069/90, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – alterada pela Lei n. 12.010, de 03 de agosto de 2009 – e tratados internacionais ratificados pelo Brasil.23 Os principais tratados internacionais são a Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança de 1990, a Conferência Interamericana de 1984 (CIDIP) e a Convenção de Haia de 1993. Acentua-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente continua a reger, como lex specialis, a adoção internacional no Brasil, por expressa

menção do Código Civil de 2002.24 Para João Batista Saraiva, esse Estatuto representa um “marco divisório extraordinário no trato da questão da infância e da juventude no Brasil”.25 O pluralismo referido tem-se mostrado bastante protetivo dos direitos humanos das crianças e adolescente e meio eficaz de combate ao tráfico de menores e outras mazelas brasileiras na década de 70-80 do século passado que, por vezes, utilizavam a adoção internacional para seu acobertamento.26

Rui Manuel de Moura Ramos, em estudo sobre a legislação portuguesa em matéria de adoção, aprova o corte de vínculos com a família natural, consentâneo, portanto, com as normas brasileiras e internacionais. Entende que o vínculo dificulta uma relação estável, podendo gerar conflitos de pretensões, pois a lei da família consanguínea do adotado pode desconhecer a adoção e prever direitos dos pais naturais em relação ao menor incompatíveis com os da adoção.27 No ordenamento jurídico brasileiro, a adoção estatutária corta os vínculos do adotado com a família biológica, buscando dar nova origem ao adotando, idêntica à de outros filhos porventura existentes, para isso exigindo novo registro.28

Os benfazejos efeitos da Convenção da Adoção Internacional no Brasil também se evidenciam no relatório PESTRAF. A pesquisa apurou que crianças eram alvo fácil dos criminosos até meados da década de noventa do século XX, mencionando que isso ocorria por falta de rigor nos processos de adoção internacional, prática corrigida com a efetivação das Comissões Judiciárias de Adoção Internacional, criadas pelos Tribunais de Justiça nos estados, sob inspiração do Estatuto da Criança e do Adolescente.29

É oportuno acrescentar que expressões como melhor interesse, bem-estar e vantagem para a

criança devem ser interpretadas à luz dos direitos básicos assegurados no ECA e implementados pela

Convenção de 1993. Enfatiza Lima Marques que a expressão “vantagem para a criança” ganha um sentido duplo: bem-estar econômico e afetivo e direito à identidade cultural.30 Depreende-se então que o necessário conforto econômico-afetivo estará ausente, criando dificuldades para o futuro da criança, sempre que seus direitos humanos culturais forem desrespeitados. Porém, a conjunção desses fatores conduz ao objetivo do melhor interesse ou vantagem, fundamentos da nova adoção internacional de crianças e adolescentes.

Lamentavelmente, persistem indícios de tráfico de adolescentes, especialmente do sexo feminino, para fins de exploração sexual no Brasil. A PESTRAF mapeou mais de uma centena de rotas de tráfico nacional e internacional que “comercializam” crianças, adolescentes e mulheres brasileiras. Cabe acentuar que o tráfico de pessoas dentro do território brasileiro foi inserido na nossa legislação penal pela Lei n. 11.106, de 28 de março de 2005, que acrescentou novo artigo ao Decreto-lei n. 2.848, de 07 de dezembro de 1940 (Código Penal), conforme se segue. Tráfico interno de pessoas Art. 231-A. Promover, intermediar ou facilitar, no território nacional, o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento da pessoa que venha exercer a prostituição: Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

13.8 Noções básicas sobre adoção

A adoção de crianças e adolescentes rege-se, no ordenamento jurídico pátrio, como visto, pelas disposições da Lei n. 8.069/1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual foi alterado pela Lei n. 12.010/2009. Já a adoção de maiores continua sendo prevista no Código Civil, segundo o qual “a adoção de maiores de 18 anos dependerá da assistência efetiva do poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais da Lei n. 8.069 (...)”. Ou seja, a adoção de maiores também

deverá ser decretada pela via judicial, revestindo-se de formalidades semelhantes às da adoção de menores. Conforme dispõe o § 1º do artigo 39 do referido Estatuto, a adoção só deve ser aplicada quando se mostrar impossível a manutenção do menor na sua família natural ou extensa (parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade). Trata-se, ademais, de medida excepcional, irrevogável e vedada por procuração. A fim de melhor contextualizar a adoção internacional oportunamente, vale recordar brevemente as regras basilares do instituto no Brasil. A adoção apenas será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando, fundar-se em motivos legítimos (art. 43) e ficar comprovado que a colocação em família substituta é a solução adequada para o caso concreto. Ademais, devem ser envidados esforços para que o menor seja adotado por família brasileira, ou seja, somente ocorrerá a adoção internacional quando não houver pessoa ou casal brasileiro habilitado nos cadastros estadual e federal.

Como principal efeito, a adoção atribuirá a condição de filho ao adotado, com todos os direitos e deveres que possui o filho biológico, inclusive os sucessórios. Assim, cessam quaisquer vínculos com os pais e parentes biológicos, salvo os impedimentos matrimoniais (art. 41).

No Brasil, podem adotar os maiores de 18 anos, independentemente do estado civil (art. 42), e o adotante deve ser pelo menos dezesseis anos mais velho que o adotando (art. 42, § 3º). Não é permitido adotar os ascendentes e os irmãos do adotando (art. 42, § 1º). Como regra, o adotando deve contar com no máximo 18 anos na data do pedido de adoção, exceto quando já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes (art. 40).

Quando for adoção conjunta, os adotantes devem ser casados civilmente ou manter união estável, comprovada a estabilidade da família (art. 42, § 2º). Já os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência. Ainda, ambos devem acordar sobre a guarda e o regime de visitas, bem como deve ser comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda (art. 42, § 4º).

Após inequívoca manifestação de vontade, se o adotante vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença, a adoção ainda assim poderá ser deferida (art. 42, § 6º). Nesse caso, a sentença produzirá efeitos e terá força retroativa à data do óbito. Vale lembrar que a morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais (art. 49).

A adoção dependerá do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando, que será dispensado em relação ao menor cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar. Se o adotando tiver mais de 12 anos, também deverá ser ouvido e consentir com a adoção (art. 45). Será a adoção sempre precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades de cada caso em concreto. No entanto, o estágio pode ser dispensado quando o adotando tiver menos de um ano de idade ou, qualquer que seja sua idade, já estiver em companhia da família durante tempo suficiente para poder avaliar a conveniência da constituição do vínculo (art. 46). Segundo o artigo 47 do Estatuto da Criança e do Adolescente, “o vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão”, exceto para a salvaguarda de direitos, a critério da autoridade judicial. A inscrição no registro civil consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes (art. 47, § 1º). A

sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome (art. 47, § 5º). Ainda, nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro (art. 47, § 4º). O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado (art. 47, § 2º) e, a pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do município de sua residência (art. 47, § 3º). Salienta-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 48, garante ao adotado, após completar 18 anos, o direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes.

13.9 Brasil como país de origem do menor adotado

Primeiramente cabe tecer alguns comentários sobre o que caracteriza a adoção internacional. Segundo o artigo 2o da Convenção de 1993: “A Convenção será aplicada quando uma criança com residência habitual em um Estado Contratante (“o Estado de origem”) tiver sido, for, ou deva ser deslocada para outro Estado Contratante (“o Estado de acolhida”), quer após sua adoção no Estado de origem por cônjuges ou por uma pessoa residente habitualmente no Estado de acolhida, quer para que essa adoção seja realizada, no Estado de acolhida ou no Estado de origem”.

Nesse sentido, o que caracterizaria uma adoção nos termos do referido tratado internacional não é a nacionalidade das partes, mas, sim, o domicílio do adotado e do(s) adotante(s) que são em diferentes Estados-Partes. Acreditamos que o ECA não deixa clara essa diferença, causando confusão em um leitor menos atento.

Segundo o artigo 31 do Estatuto da Criança e do Adolescente, “a colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção”.

No caso de adoção por estrangeiro domiciliado fora do Brasil, é obrigatório o estágio de convivência, cumprido no território nacional, com duração de no mínimo 30 dias (§ 3º do art. 46 do ECA, com alteração da Lei n. 12.010/2009). Já o § 8º do artigo 52 do Estatuto determina que “antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do território nacional”.

A antiga redação do Estatuto da Criança e do Adolescente já previa que a autoridade judiciária deverá manter um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção (art. 50). Ademais, a Lei n. 12.010/2009 acrescentou o § 5º ao referido artigo, o qual dispõe que “serão criados e implementados cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção”. Em seguida, o § 6º complementa que haverá cadastro distinto para pessoas ou casais residentes fora do País, os quais apenas serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados.

Competirá à Autoridade Central Estadual zelar pela manutenção dos cadastros, comunicando posteriormente à Autoridade Central Federal Brasileira (art. 50, § 9º, do ECA). É importante salientar que a adoção internacional terá a participação de ambas as autoridades centrais: a do país de origem do adotado e a do país dos adotantes. Sendo o Brasil uma das partes, haverá a intervenção das Autoridades Centrais Federal e Estadual (art. 51, § 3º, do ECA). Em seu artigo 51, o Estatuto prevê que a adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro somente será deferida quando restar comprovado que: 1) a colocação em família substituta é a solução adequada para o caso concreto;

2) foram esgotadas as possibilidades de colocação do menor em família substituta brasileira, após a consulta dos cadastros estaduais e nacional; e 3) o menor seja consultado, pelos meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional. Ademais, quando se tratar de maior de 12 anos, será necessário o seu consentimento, exteriorizado em audiência (art. 28, § 2º, do ECA). Complementa o artigo, em seu § 2º, que “os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro”. Assim, como já foi referido, se um brasileiro residente no exterior pretende adotar menor brasileiro, o fato de o adotante ser brasileiro não deixará de caracterizar a adoção como internacional.

Os estrangeiros interessados em adotar criança ou adolescente brasileiro deverão formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, ou seja, aquele onde está situada a sua residência habitual (art. 52, I). Ao considerar os solicitantes aptos para adotar, a Autoridade Central emitirá relatório contendo informações sobre a identidade, a capacidade jurídica, a adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social e a sua aptidão para assumir uma adoção internacional (art. 52, II).

Tal relatório será enviado à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira (art. 52, III) e será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência (art. 52, IV). Ainda, a critério da Autoridade Central Estadual, poderão ser solicitados outros documentos e complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro (art. 52, VI).

O Estatuto exige documentação do adotante estrangeiro, expedida por autoridade de seu país, inclusive com estudo psicossocial elaborado por agência especializada e para tanto credenciada. Tais documentos deverão estar autenticados pela autoridade consular ou diplomática brasileira naquele Estado. Nesse aspecto, a Lei n. 12.010/2009 acrescentou normas detalhadas a respeito dos procedimentos a serem observados pelo adotante estrangeiro.

Como já mencionado em outros segmentos desta obra, todos os documentos em língua estrangeira serão devidamente legalizados (ou consularizados) pela Autoridade Consular brasileira e, posteriormente, traduzidos por tradutor público juramentado no Brasil (art. 52, V), sempre observando os tratados e convenções internacionais.

Uma vez verificada a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional e preenchendo os adotantes os requisitos objetivos e subjetivos necessários ao deferimento da adoção – tanto à luz do que dispõe o ECA, como da legislação do país de acolhida –, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, o qual terá validade por, no máximo, um ano (art. 52, VII). Assim, de posse do referido laudo, o interessado poderá formalizar o pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação da Autoridade Central Estadual (art. 52, VIII).

Depois de transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem do menor, bem como para a obtenção do passaporte. Em tal documento constarão as características físicas do menor adotado, tais como idade, cor, sexo, traços peculiares, entre outros, bem como foto recente e aposição da impressão digital do polegar direito. Em anexo, estará cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado (art. 52, § 9º).

e adolescentes adotados a qualquer momento que julgar necessário (art. 52, § 10).

A capacidade para o estrangeiro adotar menor brasileiro será a lei do domicílio do adotante. A capacidade para ser adotado é prescrita pela lei do domicílio do adotando, enquanto que a forma é a da lei do lugar do ato, lex locus actum. Quanto aos efeitos, serão regidos pela lei do domicílio do adotante.

Exemplificando: Se um casal francês pretender adotar uma criança brasileira de quatro anos de idade, deverá fazer o estágio de convivência de no mínimo trinta dias, e a adotada só o acompanhará até a França após o trânsito em julgado da sentença que homologa a adoção. A capacidade do adotante será regida pela lei francesa, e a da criança adotada pela lei brasileira. A forma é prescrita pela lei brasileira. Finalmente, qualquer litígio sobre os efeitos da adoção será dirimido segundo a lei francesa.

Vale salientar que o artigo 52-B prevê que a adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e se Autoridades Centrais de ambos os Estados estiverem de acordo com a adoção, será automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil. Caso as Autoridades Centrais de ambos os Estados não estiverem de acordo com a adoção, a sentença deverá ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. Já o “pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça” (art. 52-B, § 2º).

13.10 Organismos credenciados

Caso a legislação do país de acolhida autorize, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados (art. 52, § 1º). Salienta-se que incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira credenciar esses organismos encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, sejam eles nacionais ou estrangeiros. As Autoridades Centrais Estaduais serão comunicadas sobre o credenciamento, bem como será publicado nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet (art. 52, § 2º). Tais organismos serão credenciados por um período de dois anos (art. 52, § 6º), o qual poderá ser renovado mediante requerimento protocolado junto à Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 dias anteriores ao término do prazo de validade (art. 52, § 7º). Sobre o credenciamento desses organismos intermediadores, o ECA prevê uma série de requisitos para efetivar esse procedimento, tais como (art. 52, §§ 3º e 4º): 1) devem ser oriundos de países ratificantes da Convenção de Haia e estar credenciados perante a Autoridade Central do seu país de origem e do país de acolhida do adotando, a fim de poderem atuar em adoção internacional no Brasil (art. 53, § 3º);

2) devem satisfazer condições de integridade moral, competência profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos respectivos países e pela Autoridade Central Federal Brasileira;

3) devem ser qualificados por seus padrões éticos, bem como formação e experiência para atuar na área de adoção internacional;

4) devem cumprir os requisitos exigidos no ordenamento jurídico pátrio e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira;

5) não devem ter fins lucrativos, nas condições fixadas pelas autoridades competentes de seu país de origem, do país de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira;

formação ou experiência para atuar na área de adoção internacional, devendo estar cadastrados pelo Departamento de Polícia Federal e aprovados pela Autoridade Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal competente;

7) estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira;

8) devem apresentar à Autoridade Central Brasileira, anualmente, relatório geral das atividades realizadas, assim como relatório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no período, com cópia encaminhada ao Departamento de Polícia Federal;

9) devem enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central Estadual (com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira) pelo período mínimo de 2 anos, até a juntada de cópia autenticada do registro civil que reconhece a cidadania do país de acolhida ao adotado; e

10) deve garantir que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos.

Se os relatórios mencionados não forem apresentados, o organismo credenciado poderá ter seu credenciamento suspenso (art. 52, § 5º). Ainda, poderá ser causa de descredenciamento a cobrança de valores que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira, ou que não estejam devidamente comprovados (art. 52, § 11). Da mesma forma, é vedado o repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas (art. 52-A). Uma mesma pessoa ou casal não podem ser representados por mais de uma entidade credenciada a fim de atuar na cooperação em adoção internacional (art. 52, § 12). Ademais, a habilitação do postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de um ano, podendo ser renovada (art.