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HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

8.7 Jurisprudência brasileira

Ação Ajuizada no Exterior e Ação Proposta no Brasil. Sentença estrangeira ainda não

homologada pelo STJ. Litispendência e coisa julgada. Inexistência. Nos termos do art. 90 do CPC, “A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas.” Portanto, é indiferente à justiça brasileira que a ação ajuizada no exterior e a demanda proposta no Brasil tenham as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido, não induzindo a litispendência e tampouco a coisa julgada, uma vez que a decisão proferida por Tribunal estrangeiro somente terá eficácia no Brasil após a sua homologação pelo Superior Tribunal de Justiça, a quem compete, originariamente, tal processamento e julgamento (art. 105, I, i, da CF/88) (TRT/3ª R. – RO n. 00404-2006-111-03-00-2, j. 22.02.2010).19

Homologação de Sentença Estrangeira. Fixação do Dever de Prestar Alimentos. Custeio em Parte das Despesas Médicas da Menor. Citação. Nulidade Afastada. Trânsito em Julgado Comprovado. Ilegitimidade Ativa Rejeitada. Requisitos Legais da Res. nº 09/2005 do STJ Preenchidos. 1. Sentença estrangeira fixando a obrigação de prestação de alimentos à filha menor e

custeio parcial das despesas médicas. Requisitos dos arts. 5º e 6º da Res. n. 09/2005 do STJ preenchidos. 2. O Tribunal estrangeiro considerou sanada a irregularidade em torno da citação por ter o requerido atendido ao chamado, constituindo defensor e apresentado defesa. 3. Na esteira do entendimento do STJ, revela-se incabível impor as regras da legislação brasileira ao ato de citação praticado fora do país. 4. O pedido de homologação pode ser deduzido por qualquer pessoa interessada nos efeitos da sentença estrangeira. Precedentes. 5. Homologação deferida (STJ – SEC 8303/EX – 2012/0187824-4 – j. 20.02.2013).20

Direito Internacional. Processual Civil. Sentença Estrangeira Contestada. Divórcio. Convenção sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro (Decreto 56.826, de 02.12.1965). Chancela Consular. Desnecessidade. Precedente do STF. Debate sobre Mérito. Inviabilidade. Precedentes do STJ. Violação ao Art. 89 do CPC. Não Verificada. Requisitos de Homologação Presentes. 1. Cuida-se de

pedido de homologação de sentença estrangeira de divórcio, encaminhada sob o rito da Convenção sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro (Decreto n. 56.826, de 02.12.1965). A contestação traz três objeções ao pleito: a necessidade de autenticação consular da sentença original, alegações de mérito referidas ao cumprimento das obrigações de prestação de alimentos e a alegação de que a homologação violaria a competência da justiça brasileira, nos termos do art. 89 do CPC. 2. É dispensada a chancela consular na sentença alienígena no caso de prestação de alimentos, por força da atuação do Ministério Público Federal, como autoridade intermediária na transmissão oficial dos documentos, nos termos da Convenção sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro (Decreto n. 56.826, de 02.12.1965), conforme reconhecido pela jurisprudência do STF: SE 3016, Relator Min. Décio Miranda, Tribunal Pleno, publicado no DJ em 17.12.1982, p. 13.202 e no Ementário vol. 1280-01, p. 148. 3. Não é possível efetuar o debate acerca do mérito da sentença homologanda, exceto nos limites estritos da aferição de potencial violação à soberania nacional ou à ordem pública pátria. Nesse sentido: SEC 7.478/EX, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Corte Especial, DJe 04.03.2013; SEC 5.121/EX, Rel. Ministro Ari Pargendler, Corte Especial, DJe 28.02.2013; e SEC 7.987/EX, Rel. Ministro Castro Meira, Corte Especial, DJe 29.10.2012. 4. Da leitura da sentença homologanda, infere-se que nada foi consignado acerca de patrimônio ou de imóveis existentes no Brasil. O que se tratou foi da guarda do menor, da

venda de um imóvel no México e da atenção aos alimentos e, portanto, não subsiste a presença de quaisquer elementos que atraiam a aplicação do art. 89 do Código de Processo Civil. Além do mais, o divórcio foi consensual e a jurisprudência do STJ já definiu que “É válida a disposição quanto a partilha de bens imóveis situados no Brasil na sentença estrangeira de divórcio, quando as partes dispõem sobre a divisão” (SEC 5.822/EX, Rel. Min. Eliana Calmon, Corte Especial, DJe 28.02.2013). 5. Estando presentes os requisitos formais, previstos na Resolução STJ n. 09/2005, é de ser homologada a sentença de divórcio proferida no estrangeiro. Pedido de homologação deferido (STJ – SEC 2011/0311424-0 – j. 07.08.2013).21

Sentença Estrangeira Contestada. Execução de Alimentos Fixados a Ação de Divórcio em Favor de Filho Menor. Cessação do Pagamento. Validade da Citação por Edital para a Resposta ao Presente Pedido. Preenchimento dos Requisitos da Res. 09/2005-STJ. Homologação Deferida. 1.

Tendo sido tentada por duas vezes a citação por carta de ordem, em dois endereços conhecidos, sem sucesso, e não tendo sido possível a localização do requerido, deve ser reconhecida a validade da citação feita por edital. 2. Considerando o tempo de separação das partes (7 anos), não sendo conhecido o paradeiro do requerido, não eram exigíveis outras providências, que, na hipótese, seriam dispendiosas e somente contribuiriam para retardar e frustrar ainda mais uma difícil execução de alimentos, sendo caso de aplicação dos arts. 231, II, e 232 do CPC. Precedentes do STJ. 3. O pedido está em conformidade com os arts. 5º e 6º da Res. 09/STJ e art. 15 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, pois a sentença de dissolução de casamento e fixação de alimentos foi proferida por autoridade competente, as partes eram domiciliadas no estrangeiro, ambas foram citadas e compareceram aos atos necessários e ocorreu o trânsito em julgado, da decisão, não havendo que se cogitar em ofensa à soberania nacional ou à ordem pública. 4. Dispensável a chancela consular, como tem entendido esta Corte, quando os documentos foram enviados diretamente pela Autoridade Estrangeira, tendo sido traduzidos por tradutor juramentado no Brasil (SEC 2.772/FR, Rel. Min. Castro Meira, DJe 05.02.2009). 5. Questões meritórias referentes aos termos do acordo, sua eventual revisão, bem como a ocorrência de prescrição podem ser alegadas em ação revisional de alimentos. 6. Homologação de sentença estrangeira deferida (STJ – SEC 7526/EX – 2013/0145538-1 – j. 19.06.2013).22

8.8 Considerações finais

A homologação de sentença proferida no estrangeiro ocupa, cada vez mais, os organismos judiciários dos diversos Estados da sociedade internacional. Há tendência em aceitar essas decisões, mediante a verificação de pressupostos consentâneos com a ordem jurídica em que elas vão ser executadas. Daí a importância do juízo de delibação, sistema adotado na Itália em fins do século XIX, que examina apenas requisitos formais da sentença, não analisando o seu mérito. Mesmo os países que recusam exequibilidade a esse instituto, veem nele uma presunção de certeza, utilizando-o como meio de prova.

A Justiça brasileira dá guarida às cartas rogatórias, mediante exequatur do Superior Tribunal de Justiça e homologa sentenças estrangeiras por meio do sistema de delibação, analisando essa Corte as formalidades do julgado estrangeiro, sem examinar o mérito. Cabem, por fim, as seguintes observações sobre o tema: a) O processo de homologação é uma ação autônoma, não subordinada à que deu origem, no exterior, à sentença em fase de reconhecimento para execução no país; b) Os sujeitos da sentença estrangeira e os do processo de homologação não são, necessariamente, os mesmos, ampliando-se, em número, os sujeitos possíveis em relação à última (credor de uma

das partes, que tenha interesse jurídico na sentença, por exemplo, pode requerer a homologação); c) Não coincidem os objetos da ação estrangeira (lide entre as partes) e da ação de homologação (verificação de pressupostos); d) Coisa julgada no Brasil impede homologação de sentença estrangeira sobre a mesma lide; e) Ação iniciada no Brasil após trânsito em julgado da sentença estrangeira não interfere no processo de homologação, extinguindo-se essa ação no caso de homologação da decisão forasteira; f) Pode ser homologada ação rescisória estrangeira, mesmo que a sentença por ela rescindida não o tenha sido; g) No caso de rescisão no estrangeiro de sentença já homologada no Brasil, essa sentença perde totalmente sua eficácia, independentemente de homologação da rescisão; h) A ação estrangeira tem conteúdo material, enquanto a de homologação é processual; i) A sentença homologatória é constitutiva (entendimento dominante); j) É amplamente majoritário o entendimento de que o processo de homologação é de jurisdição contenciosa (as partes litigam pela homologação e pela não homologação); k) Homologada no Brasil sentença estrangeira, seus efeitos retroagem ao momento em que ela se tornou eficaz no ordenamento jurídico que a prolatou; l) Não é passível de homologação sentença estrangeira que verse sobre imóveis situados no Brasil.

RESUMO

8.1 Considerações iniciais

A importância e atualidade da exequibilidade da sentença de uma ordem jurídica em outra têm levado alguns autores a vislumbrarem o nascimento de um sub-ramo do Direito Internacional Privado, o

Direito de Reconhecimento.

8.2 Fundamentos

Diversas teorias têm sido formuladas para fundamentar a eficácia no estrangeiro da sentença prolatada em um país, como a da comitas gentium, ou cortesia internacional, a da comunidade de

direito e a dos direitos adquiridos. O ideal de justiça e o espírito de solidariedade e de interdependência entre os povos podem ser apresentados como as razões para essa prática.