• Nenhum resultado encontrado

DENOMINAÇÃO E MÉTODO DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO E A DISCIPLINA NO BRASIL

3.6 Considerações finais

O ensino de Direito Internacional Privado no Brasil teve início em 1907 com a implantação de

cadeira autônoma na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro (hoje Faculdade de Direito da UFRJ), primeiro curso superior do Brasil a ministrar a matéria. O professor

Rodrigo Otávio, com renome na área e autor de diversos trabalhos, inclusive em revistas estrangeiras, foi encarregado de lecionar a disciplina, sendo substituído em 1929 pelo professor Haroldo Valladão. Em 1933, Rodrigo Otávio publicaria Dicionário de direito internacional privado, obra pioneira. Em 1911, com denominação Direito internacional, a cadeira foi criada na Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre, atual Faculdade de Direito da UFRGS.

Convém lembrar que a cátedra de DIPr foi criada em Paris (França) em 1880, tendo sido Lainé o seu primeiro professor, e a matéria a ser versada correspondia ao conflito de leis. Três anos depois, foram incluídas, na grade curricular, duas grandes questões prévias: nacionalidade e condição civil dos

estrangeiros.13 Nesse contexto, o primeiro país a instituir a cadeira autônoma de DIPr foi a Holanda (em 1877, em Utrecht, com o professor Hamaker). No continente americano, nossa disciplina foi implantada nos cursos jurídicos na Argentina (1878), em Buenos Aires, desdobrada da cadeira de Direito Internacional Público, e como cátedra autônoma, em 1883; no Uruguai (1887); em Cuba (1893), com Bustamante; e nos Estados Unidos, desde o século XIX, em Harvard, com Beale, cadeira de Conflict of

Laws.14

O estudo de DIPr era realizado no Brasil, até o advento da disciplina, antes referido, de maneira fragmentária, compreendido no âmbito do Curso de Direito Civil. A Reforma do Ensino de 1915 criou oficialmente a cadeira de Direito Internacional Privado, como matéria obrigatória do quinto ano do curso de bacharelado.

Atualmente, o Direito Internacional Privado faz parte do currículo de quase todos os cursos de Direito do Brasil, como disciplina autônoma, sendo exigido em inúmeros concursos para ingresso em profissões da área jurídica.

Quanto à literatura do Direito Internacional Privado, é cada vez mais rica em todas as partes do mundo. A proximidade entre os povos e o intenso intercâmbio propiciado pela modernidade ampliam a necessidade de parâmetros jurídicos para dirimir os conflitos daí emergentes. A exemplo do Brasil, França, Itália, Alemanha, Portugal, Espanha e Estados Unidos, entre outros países, contam hoje com dedicados estudiosos de DIPr.

RESUMO

3.1 Considerações iniciais

Este capítulo estuda a denominação, a autonomia e o método do DIPr, bem como o desenvolvimento da disciplina no Brasil.

3.2 Denominação

Diversas designações foram utilizadas para designar nossa disciplina, como Direito Privado Internacional, Direito Privado Humano, Direito Extraterritorial, Direito Interespacial, Direito Universal dos Estrangeiros, Direito Civil Internacional, Direito Translatício, Nomantologia e Conflito de Leis. No entanto, a denominação Direito Internacional Privado fixou-se e é hoje universalmente aceita.

3.3 Autonomia

A autonomia do DIPr é aceita pela maioria dos doutrinadores, até porque esse ramo do direito dispõe de objeto, institutos, fundamentos e método próprios. Mesmo as vozes discordantes reconhecem que os conflitos de leis possuem características que justificam o estudo específico.

3.4 Método

Entendemos que vige no Direito Internacional Privado a pluralidade de métodos, assim sintetizada:

territorial (apenas a lei do foro), conflitual (o método clássico, ainda dominante, que opta entre o direito

nacional do foro ou o estrangeiro, que dirimirá a lide), material (solução da relação jurídica interespacial pelo DIPr) e imperativo (aplicação direta de norma obrigatória).

3.5 Direito Internacional Privado no Brasil

Augusto Teixeira de Freitas tem sido considerado o maior jurista brasileiro do século XIX e foi o precursor da disciplina.

3.5.1 Primeiros tempos

As Ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas vigoraram no Brasil, do descobrimento à Independência, e privilegiavam, em matéria de conflito de leis no espaço, o locus regit actum.

3.5.2 Augusto Teixeira de Freitas

Teve notável influência na codificação do direito sul-americano (Código Civil argentino). Seguidor de Savigny, escreveu Esboço do Código Civil do império, em 1860, e defendeu o domicílio como o principal elemento de conexão.

3.5.3 José Antônio Pimenta Bueno

Autor da primeira obra específica de Direito Internacional Privado publicada no Brasil, defendeu a

nacionalidade como elemento de conexão. 3.5.4 Notáveis tratadistas

Clóvis Beviláqua (Princípios de direito internacional privado e principal autor do Código Civil brasileiro de 1916), Lafayette Rodrigues Pereira, Haroldo Valladão, Oscar Tenório, Amílcar de Castro, Rodrigo Otávio e Eduardo Espinola.

3.5.5 Atualidade do DIPr brasileiro

Agenor Pereira de Andrade, Osíris Rocha, Jacob Dolinger, Luís Ivani de Amorim Araújo, Irineu Strenger, João Grandino Rodas, Carmem Tibúrcio, Marilda Rosado de Sá Ribeiro e Edgar Carlos de Amorim.

Cláudia Lima Marques (UFRGS), Nádia de Araújo (PUCRJ) e Luiz Otávio Pimentel (UFSC): eventos para o aprimoramento do DIPr, do Direito do Comércio Internacional e do Direito da Integração (CIDIPs e EIDAS).

3.6 Considerações finais

O ensino de DIPr no Brasil, como cadeira autônoma, surgiu na atual Faculdade de Direito da UFRJ (1907), com Rodrigo Otávio, sucedido vinte anos depois por Haroldo Valladão. Em 1911, foi introduzido na atual Faculdade de Direito da UFRGS. O conteúdo (conflito de leis no espaço) era ministrado no

curso de Direito Civil. Hoje, o DIPr está presente em quase todos os currículos jurídicos e em

concursos da área jurídica.

A Holanda foi o primeiro país do mundo (Utrecht, 1877) a instituir a cadeira de DIPr, sendo a Argentina (Buenos Aires, 1878) o primeiro Estado em nosso continente.

A literatura de DIPr é hoje vasta e rica. França, Itália, Alemanha, Brasil, Portugal, Espanha e Estados Unidos, entre outros países, possuem notáveis trabalhos de estudiosos e pesquisadores da disciplina.