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Convenção da ONU sobre prestação de alimentos no estrangeiro

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

8.5 Convenção da ONU sobre prestação de alimentos no estrangeiro

O elevado número de sentenças sobre alimentos, proferidas em um país para serem executadas em outro, levou ao surgimento da Convenção sobre a Prestação de Alimentos no Estrangeiro, da ONU, assinada em 1956 e promulgada no Brasil em 1965. Cada Estado designa uma autoridade administrativa ou judiciária para nele exercer as funções de Autoridade Remetente, bem como um organismo público ou privado para as funções de Instituição Intermediária: encarregam-se estes, respectivamente, do envio da sentença exarada no país e da recepção da oriunda de outro Estado. Ambas as tarefas, no Brasil, são incumbência da Procuradoria-Geral da República.

O Código de Processo Civil, a Constituição Federal, entre outras normas jurídicas no Brasil, como o Código Bustamante, tratam do reconhecimento de sentenças estrangeiras.

8.7 Jurisprudência brasileira

O Superior Tribunal de Justiça, a quem cabe desde 2004 homologar sentenças estrangeiras no Brasil, já conta com expressivo número de decisões de outros países tornadas exequíveis no nosso ordenamento jurídico, especialmente sobre ações de alimentos e de divórcio.

8.8 Considerações finais

A sentença prolatada em um ordenamento jurídico para ser executada em outro se tornou prática rotineira, ocupando juristas e legisladores na busca da melhor justiça. O Brasil, como a maior parte dos países com sistemas jurídicos avançados, adota a delibação, método que homologa a decisão estrangeira, por meio do exame de pressupostos formais, sem adentrar o mérito.

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Tecer considerações sobre a importância da execução, no Brasil, de sentença estrangeira. 2. Defender a criação de um Direito de Reconhecimento. 3. Apresentar as teorias que melhor fundamentam a homologação de sentença estrangeira. 4. Dissertar sobre a homologação de sentença de outro país no Superior Tribunal de Justiça, explicitando os requisitos para essa homologação. 5. Tecer considerações sobre a Convenção sobre a Prestação de Alimentos no Estrangeiro, estabelecida no âmbito da ONU, e sua importância na ordem jurídica brasileira.

______________ 1 LIMA PINHEIRO, Luís de. Direito internacional privado. p. 30. 2 WOLFF, Martin. Derecho internacional privado. p. 237. 3 RIGAUX, François. Derecho internacional privado (parte general). p. 192. 4 CASTRO, Amílcar de. Direito internacional privado. p. 552. 5 BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Comentários ao Código de Processo Civil. v. V. p. 55. 6 GRECO FILHO, Vicente. Direito processual civil brasileiro. 2o v. p. 401. 7 GOLDSCHMIDT, Werner. Derecho internacional privado. p. 481. 8 BEVILÁQUA, Clóvis. Princípios elementares de direito internacional privado. p. 326. 9 VALLADÃO, Haroldo. Direito internacional privado. v. I. p. 470-471. 10 AMORIM, Edgar Carlos de. Direito internacional privado. p. 51-53. 11 ESPÍNOLA, Eduardo; ESPÍNOLA FILHO, Eduardo. A Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro. v. 3o. p. 294-299. DINIZ, Maria Helena. Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro interpretada. p. 325-327. 12 ARAÚJO, Luís Ivani de Amorim. Curso de direito dos conflitos interespaciais. p. 155-156. 13 CASTRO, A. Op. cit. p. 552. BARBOSA MOREIRA, J. C. Op. cit. p. 56-57. 14 BRAGA, Gustavo Augusto da Frota. Homologação de sentenças estrangeiras. p. 30. 15 GRECO FILHO, V. Op. cit. p. 394. 16 BARBOSA MOREIRA, J. C. Op. cit. p. 64. 17 ANDRADE, Agenor Pereira de. Manual de direito internacional privado. p. 332. 18 JO, Hee Moon. Moderno direito internacional privado. p. 350. 19 Disponível em: <http://www.mg.trt.gov.br>. Acesso em: 16 mar. 2010. 20 Disponível em: <http://www.stj.jus.br>. Acesso em: 3 nov. 2013. 21 Disponível em: <http://www.stj.jus.br>. Acesso em: 17 out. 2013. 22 Disponível em: <http://www.stj.jus.br>. Acesso em: 19 out. 2013.

NACIONALIDADE

“La nacionalidad aparece en el Derecho Constitucional como medio técnico de constituir la propia población, delimitándola simultáneamente con respecto a los extranjeros” (Werner Goldschmidt).

9.1 Considerações iniciais

Vamos nos ocupar da nacionalidade, detendo-nos na presença desse instituto no ordenamento jurídico brasileiro, à luz do Direito Internacional Privado.

A nacionalidade identifica o liame jurídico fundamental entre o ser humano e o Estado, constituindo- se no elo que cria para ambos direitos e obrigações recíprocas. Esse elo os manterá unidos, mesmo na eventualidade de afastamento da pessoa do espaço geográfico do país, onde continuará recebendo proteção estatal e respeitando as diretrizes emanantes da sua soberania. Trata-se de vínculo jurídico- político, social e moral que segue princípios instituídos pelo Estado, mas admitidos pelo Direito Internacional. Pela nacionalidade a pessoa passa a pertencer juridicamente à população constitutiva de um Estado.1

Cumpre observar que o direito à nacionalidade está consagrado em relevantes instrumentos internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos2 (art. 15), aprovada pela Assembleia-Geral da ONU, em 1948, e o Pacto de São José da Costa Rica3 (art. 20), elaborado no âmbito da OEA, em 1969. Ambos possuem dispositivo sobre o direito de todas as pessoas a uma nacionalidade, bem como ao de mudar de nacionalidade, se assim desejarem. Nesse mesmo sentido dispõe o artigo 19 da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem,4 aprovada na 9ª Conferência Internacional Americana, em Bogotá, em 1948.

Abordaremos os critérios norteadores da nacionalidade nata – jus soli e jus sanguinis –, a naturalização, os conflitos ou acumulações de nacionalidades (positivo e negativo), o instituto na ordem jurídica brasileira e a perda da nacionalidade.

9.2 Interdisciplinaridade

Objeto de DIPr, a nacionalidade tem sua institucionalização na ordem jurídica de cada Estado, sendo ainda estudada em outras áreas das ciências jurídicas, notadamente no Direito Constitucional, no Direito Internacional Público e no Direito Civil.

O regime jurídico da nacionalidade (aquisição, perda e reaquisição) versa sobre direito material interno de um país, consistindo em tema essencialmente do Direito Constitucional, razão pela qual notórios internacionalistas não se aprofundarem sobre esse tópico, em seus manuais.5 Não obstante, tendo em conta influência que regras de aquisição e de perda de nacionalidade podem exercer em terceiros países, bem como o importante papel da nacionalidade como elemento de ligação, verifica-se que o tema está fortemente relacionado com o escopo do DIPr, razão pela qual optamos por discorrer sobre ele, a exemplo de outros internacionalistas.6 A competência do Estado para indicar quem são seus nacionais não coincide nas legislações internas, pois costumam ser considerados fatores locais, históricos e culturais. Porém, devem ser evitados critérios raciais ou religiosos, por contrariarem os direitos

humanos.

A nacionalidade participa e contribui na distribuição da população pelos países, o que implica engajamento do Direito Internacional a fim de impedir uma regulamentação anárquica, na qual cada Estado atuasse unilateralmente, não considerando os interesses derivados da cooperação internacional, tão importante na atualidade.7 Nesse sentido, houve cobrança de maior engajamento do Direito Internacional, buscando diminuir a tendência de excessiva legislação da nacionalidade pelos ordenamentos internos, que, na primeira metade do século passado, defendiam a competência exclusiva do instituto pelo Estado.

Assim, verifica-se que o Direito Internacional reconhece, em princípio, a competência dos Estados na normatização da aquisição e perda da sua nacionalidade, prescrevendo as necessárias limitações nesses casos, com o que impede, por exemplo, a supressão da categoria de estrangeiros pela concessão irrestrita e indiscriminada da nacionalidade.