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consIdERAçõEs soBRE

No documento Psicologia de Família.pdf (páginas 187-192)

PRocEdImEnTos EsPEcíFIcos:

AVAlIAção FAmIlIAR

As entrevistas clínicas de avaliação familiar e suas técnicas foram desenvolvidas consisten- temente com o surgimento de escolas e para- digmas no estudo e tratamento de casais e fa- mílias. O desenvolvimento complexo da área, desde a metade do século XX, já desafiava uma descrição e classificação simples do campo. Bodin (1968) classificou os métodos e processos de avaliação familiar em objetivos e subjetivos em função de suas características.

A entrevista diagnósti‑ ca inicial é dividida em três momentos: está‑ gio social, estágio de questionamento multi‑ dimensional com ex‑ ploração da estrutura e desenvolvimento.

As tarefas subjetivas poderiam ser classifica- das como: tarefas familiares, como, por exem- plo, a aplicação familiar do TAT (Winter e Ferreira, 1965) e as entrevistas estruturadas (Watzlawick, 1969), ou inventários, como o inventário de força egoica familiar (Otto, 1962). As técnicas objetivas também foram classificadas em três grupos: baseadas na co- municação, como a pesquisa sobre padrões familiares (Haley, 1964); centradas nas teorias dos jogos, como o teste interpessoal de com- portamento de jogo (Ravish, 1969); orienta- das para a avaliação de resolução de conflito, como a técnica das diferenças reveladas de Strocteck (1951).

Féres -Carneiro (1996), ao estudar os métodos de avaliação familiar, propõe a clas- sificação em métodos objetivos, subjetivos e mistos, apontando, ainda, a possibilidade de utilização de testes psicológicos que, por sua constituição, poderiam ser adequadamente utilizados em processos de atendimento fami- liar. Entre estes, é possível citar o teste de mundo, de Charllote Buhler (1951), ou o MAPS (Make a Picture Story), de Edwin Sh- neidman (1947). Os métodos objetivos classificam -se em dois grupos:

1. métodos que utilizam questionários, como o questionário autorreferente de Mann e Start (1972) e o índex familiar de tensão (Wells e Rabner, 1973);

2. métodos que utilizam jogos, como o teste de comportamento de jogo, de Ravish (1969).

Os métodos subjetivos, por sua vez, classificam -se em três grupos:

1. métodos que utilizam técnicas de desenho, como o desenho familiar conjunto (Bing, 1970), o arte diagnóstico familiar (Kwia- tkowska, 1967) ou a avaliação familiar ar- tística (Rubin e Magnussen, 1974); 2. métodos que se baseiam em técnicas psico-

dramáticas, como a técnica de esculpir a fa- mília (Simon, 1972) ou a entrevista familiar com marionetes (Irwin e Maloy, 1975); 3. métodos que utilizam testes projetivos, in-

cluindo a aplicação familiar do TAT (Win-

ter e Ferreira, 1965), o Rocharch familiar (Loveland, Wynne e Singer, 1963) e a apli- cação familiar do Scenotest (Cerveny, 1982).

Entre as técnicas mistas, estão a tarefa familiar (Minuchin et al., 1964), a entrevista estruturada de Watzlawick (1969), a primeira entrevista de Satir (1967), a entrevista fami- liar via videoteipe (Ford e Henrrick, 1971), a entrevista diagnóstica conjunta (Wells e Rabi- ner, 1973) e a entrevista familiar estruturada (Ferés -Carneiro, 1996). Outras técnicas de avaliação utilizam observação de reações emocionais em diversas situações, tarefas e ambientes, incluindo os de interação natural. Fundamentados nos estudos de Paul Ekman (1983), que desenvolveu o FACS (Facial Active Coding System), um sistema de codificação de expressão emocional facial, outros sistemas de codificação foram desenvolvidos, como o SPAFF (Specific Affect Coding System) (Got- tman et al., 1996). Esses sistemas são utiliza- dos para traçar processos de comunicação emocional, permitindo previsão sobre a for- mação e a dissolução da conjugalidade, com mais de 96% de precisão (Gottman et al., 2004).

O desenvolvimento contínuo do campo da psicologia e da terapia de família levou à proposta de inúmeras técnicas de estudo e diagnóstico familiar e conjugal. Lindholm e Touliatos (1993) identificaram, em cerca de 50 periódicos, no período de 1928 a 1988, mais de 946 instrumentos de avaliação fami- liar. Contudo, um levantamento de Boughner (1994) revelou que poucos clínicos utilizavam esses instrumentos padronizados de avaliação e diagnóstico, preferindo o uso de entrevista clínica de acordo com a sua abordagem teóri- ca. Sholevar (2007) observa que a mudança no sistema de atendimento, com a entrada de planos de saúde como terceira parte no pro- cesso, tem levado os profissionais a uniformi- zar de modo mais sistemático seus procedi- mentos de diagnóstico, incluindo o uso de instrumentos padronizados para avaliação.

No Brasil, a necessidade de instrumen- tos de avaliação e diagnóstico familiar pode

ser notada pela publicação de apenas alguns inventários e testes voltados para avaliação fa- miliar e aprovados para uso pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).* Entre eles, po-

demos citar o Inventário de Estilos Parentais (IEP) (Gomide, 2006), o Inventário de Per- cepção de Suporte Familiar (IPSF) (Baptista, 2010), o Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educativas Parentais (REHSEP) (Bolsoni -Silva, 2010) e a Entrevista Familiar Estruturada (EFE) (Féres -Carneiro, 1996).

O uso desses instrumentos enriquece o estudo da família, propiciando uma melhor atuação na clínica, desde que sejam utilizados com parcimônia e como instrumentos com- plementares. A atuação terapêutica apropria- da deriva -se de um diagnóstico compreendi- do como um conjunto de hipóteses úteis e produtivas. Assim, à medida que um diagnós- tico familiar emerge, distinções de condições

permitem ao tera- peuta realizar indica- ções gerais de trata- mento conforme o universo possível. A avaliação familiar é, contudo, um proces- so contínuo que orienta a atuação do clínico em cada sessão. Cabe ressaltar que a construção de hipóteses na prática clínica é sempre um processo de re- avaliação, já que as hipóteses podem sempre se alterar, por não refletirem a especificidade da família ou por serem transformadoras, le- vando a novas dinâmicas e reestruturações.

consIdERAçõEs FInAIs:

PERsPEcTIVAs E quEsTõEs

A complexidade do campo de entrevista e avaliação psicológica de famílias em muito ul- trapassa qualquer modelo conceitual ou es- quema simplificador de descrição. As técnicas de entrevista desenvolveram -se simultanea- mente aos paradigmas sobre a família, ao pro- cesso disfuncional familiar, às relações com as psicopatologias individuais e à terapia fami- liar. O olhar sobre o grupo familiar evoluiu desde uma abordagem religiosa e de senso comum até olhares mais críticos da filosofia e da sociologia para, finalmente, tornar -se dife- renciado na abordagem psicológica da famí- lia. Devemos considerar, portanto, o estado atual dos estudos sobre família como mais uma etapa, na qual se colocam várias questões.

O estudo dos processos de entrevista fa- miliar tem desafiado os limites impostos pelos pressupostos das escolas de terapia familiar, demonstrando ser um campo rico e desafia- dor. Estudos sobre os aspectos críticos da en- trevista familiar têm descortinado relações entre a construção de hipóteses clínicas e as intervenções, mas também têm ressaltado a participação central da atuação da família como grupo capaz de funcionar em um nível produtor de disfunções e de promover novas formas de relacionamento. A intervenção clí- nica fica, assim, enriquecida com a diversida- de de olhares que descortinam novas modali- dades de atuação e de produção de subjetivi- dades no encontro terapêutico.

* Disponível em: http://www2.pol.org.br/satepsi/sistema/admin.cfm. Acesso em: 05 fev. 2011.

À medida que um diag‑ nóstico familiar emer‑ ge, distinções de con‑ dições permitem ao te‑ rapeuta realizar indi‑ cações gerais de trata‑ mento conforme o uni‑ verso possível.

Questões para discussão

1. Como compreender a diversidade de métodos de entrevista familiar?

2. De que forma os métodos de avaliação familiar podem ser integrados em uma entrevista de família?

3. Como podemos utilizar o princípio de estrategização, proposto por Tomm (1987a), em uma entrevista familiar?

4. Discuta a importância do uso de métodos de avaliação familiar.

5. Como podemos compreender a existência de poucos instrumentos de avaliação familiar, validados pelo Conselho Federal de Psicologia, para uso no Brasil?

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InTRodução

A capacidade de construir e manter relações interpessoais íntimas tem sido considerada pelos teóricos uma necessidade vital para a saúde mental e psi- cossocial dos seres humanos (Descutner e Thelen, 1991), um importante preditor de bem -estar psico- lógico (Gore, Cross e Morris, 2006) e tam- bém um critério de maturidade (Feldman e Gowen, 1998). Para a área da saúde, tornou -se por isso mesmo um critério fundamental para avaliar a “qualidade de vida” de uma pessoa ou de um casal.

Percebe -se, no entanto, que os estudos que investigam a temática da “intimidade” confundem esse conceito com outros próxi- mos, como é o caso da sexualidade. Muitas vezes, os dois termos aparecem juntos (por exemplo, intimidade sexual ou intimidade e sexualidade). Nesse caso, os dois fenômenos não são diferenciados (Rowland et al., 2009). A verdade é que autores que estudam a rela- ção entre sexo e intimidade percebem que ambos estão relacionados, embora ainda não

esteja clara a forma como essa relação ocorre (Patton e Waring, 1985).

A intimidade tem sido pensada como uma necessidade humana básica em teorias de psicólogos proeminentes, como Erikson (1950) e Bowlby (1969). Erikson (1950) foi um dos primeiros a introduzir a intimidade na teoria psicossocial, não apenas como a qualidade de um casal romântico, mas tam- bém como uma capacidade individual. Em sua teoria do desenvolvimento, ele descreve os estágios da vida e afirma que os indivíduos só são capazes de abordar verdadeiramente a in- timidade de suas relações quando formam uma identidade segura. Aqueles que não re- solveram a tarefa vital de formar uma identi- dade podem entrar na arena das relações com o foco na exploração de autonomia e no esta- belecimento de uma

identidade em oposi- ção à obtenção de uma verdadeira in- terdependência com outra pessoa (Mar- cia, 1966; Sanderson et al., 2007). Para Eri- kson, são necessárias três capacidades ele- mentares para a ob- tenção da intimida-

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