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modElos TEóRIcos dA InTImIdAdE

No documento Psicologia de Família.pdf (páginas 195-200)

Alguns autores propõem várias categorias para compreender como se desenvolve a inti- midade. Prager (1995), por exemplo, sugere três categorias: comportamentos relacionados

(a revelação de informações privativas e de sentimentos positivos), afetos positivos (inte- rações prazerosas) e cognição (percepção do parceiro como compreensivo). Essa autora ve- rificou que cada uma dessas categorias contri- buía independentemente para a percepção da intimidade, enquanto Harper, Schaalje e Sand berg (2000) utilizaram em sua definição de intimidade a ideia de que há um processo de partilha de experiências íntimas em cinco áreas: emocional, social, sexual, intelectual e recreativa.

Berscheid e colaboradores (1989) defi- nem a intimidade como um constructo mul- tidimensional que consiste em passar algum tempo junto (frequência), em uma variedade de interações conjuntas (diversidade), cau- sando a percepção da influência que um tem nos planos, nas decisões e nas atividades do outro (força). Contudo, essa formulação tem sido criticada por negligenciar as qualidades cognitivas e afetivas associadas à intimidade (Aron, Aron e Smollan, 1992).

Embora tais definições tentem definir o que é a intimidade, Van den Broucke, Vende- reycken e Vertommen (1995b) mostram que alguns pesquisadores investigaram -na como um constructo mais amplo, referindo -se à qualidade dos relacionamentos. Nesse senti- do, Perlman e Fehr (1987, apud Van den Brou- cke et al., 1995b), identificaram quatro princi- pais abordagens sobre o estudo da intimidade como um constructo psicológico, a saber: o modelo desenvolvimental, no qual a crise de superação do isolamento e obtenção de rela- ções íntimas é uma tarefa central do desenvol- vimento e determinante na evolução da vida humana; o modelo motivacional admite inti- midade como um motivo duradouro, o qual reflete a preferência individual ou a prontidão para experenciar proximidade, calor e comu- nicação.

A intimidade é aqui considerada um atributo individual que se manifesta através das diversas situações interacionais; o modelo equilibrium, em contraste com as perspectivas anteriores, preconiza que a intimidade deve ser concebida como uma propriedade dos re-

Não se pode contar apenas com a variá‑ vel tempo de relacio‑ namento para prever a intimidade.

lacionamentos, em vez de um atributo indivi- dual. Aqui o entendimento básico é de que deve haver um equilíbrio entre o desejo de al- cançar e de evitar intimidade nas interações para sentir -se confortável com o parceiro; e, por fim, o modelo equidade, no qual a intimi- dade é baseada na teoria da equidade para re- lacionamentos pessoais. Embora o foco dessas formulações teóricas individuais e interacio- nais pareça contraditório, a intimidade pode ter propriedades de ambos os modelos. Con- siderar tanto os aspectos individuais quanto os diádicos parece uma abordagem integrati- va, até mesmo porque, segundo Zeedyk (2006), as capacidades individuais só podem surgir através do engajamento íntimo com os outros.

Autores como Van den Broucke, Vende- reycken e Vertommen (1995a) formularam seu modelo teórico de intimidade através de seis dimensões estruturais, três no nível diádico (afeto, cognitivo e interdependência instru- mental), duas no nível individual (autenticida- de e abertura) e uma no nível grupo social ou de rede (exclusividade). A grande vantagem desse modelo é que integra as visões descritas sobre intimidade conjugal, abrangendo pers- pectivas tanto teóricas quanto empíricas. E ainda acrescenta um terceiro, o nível social ou de rede, que foi negligenciado com frequência.

Para eles, o envolvimento da intimidade nos relacionamentos depende desses três fato- res. No primeiro, o nível individual, ambos os parceiros devem ter alcançado uma identida- de segura. Ainda no nível individual, Gore, Cross e Morris (2006) consideram que a forma como cada um se define influencia a maneira como cada um pensa, sente e intera- ge com os outros. O papel do self ­system tem sido verificado como central nas relações (Cross, Bacon e Morris, 2000; Markus e Ki- tayama, 1991). No segundo, o nível diádico, a intimidade é promovida pela autorrevelação mútua dos parceiros. Por último, no nível so- cial, os parceiros separaram -se emocional- mente de suas famílias de origem.

Há, contudo, um consenso entre cien- tistas e clínicos quanto a certos ingredientes

essenciais que compõem a intimidade. A inti- midade resume -se à sensação de autorrevela- ção, ao compartilhamento do seu eu interior e ao sentimento de estar próximo do parceiro (Kirby, Baucom e Peterman, 2005; Prager, 1995; Reis e Shaver, 1988). Em outras pala- vras, segundo Master, Johnson e Kolodny (1997, p. 27):

uma dedicação mútua e um desejo de trans- formar essa dedicação em compromisso; partilhar livremente um com o outro; comunicar -se aberta e profundamente; valo- rizar o suficiente um relacionamento para imbuí -lo de vulnerabilidade e confiança; ter- nura; e esforçar -se constantemente para ter empatia um com o outro.

Betchen (2003) define a intimidade como um processo em andamento, envol- vendo dois parceiros

que alcançaram um grau de diferenciação saudável de suas fa- mílias de origem (au- tonomia emocional), consequentemente, contribui para a ha- bilidade de estar em contato com os pró- prios sentimentos e expressá -los de forma livre, clara e racional, sem medo e sem con- sequências reais ge- radas pelo parceiro. Parceiros íntimos são

próximos em termos emocionais, físicos e se- xuais; portanto, a intimidade não é indicada pela mera existência ou sobrevivência de uma relação intacta. Ela representa muito mais. Se- gundo Cordova, Gee e Warren (2005), será a sensação de “conforto com a vulnerabilidade”, ou intimidade segura, que admitirá a dimen- são afetiva da intimidade, já que faz parte do desenvolvimento da intimidade compartilhar suas vulnerabilidades para que o outro possa dar suporte (Cordova e Scott, 2001).

A intimidade como um processo em andamen‑ to, envolvendo dois par‑ ceiros que alcançaram um grau de diferencia‑ ção saudável de suas fa‑ mílias de origem (auto‑ nomia emocional), con‑ sequentemente, con‑ tribui para a habilidade de estar em contato com os próprios senti‑ mentos e expressá ‑los de forma livre, clara e racional, sem medo e sem consequências re‑ ais geradas pelo parcei‑ ro.

InTImIdAdE E VulnERABIlIdAdE

Cordova e Scott (2001) sustentam que a inti- midade é um processo gerado pela capacidade do parceiro de fortalecer o outro quando este se mostra vulnerável. O comportamento será considerado vulnerável à medida que estiver associado ao ser penalizado pelos outros (di- reta ou indiretamente).

Segundo Cordova, Gee e Warren (2005), a relação íntima é caracterizada pelo acúmulo de eventos íntimos e de eventos supressores. Aqueles relacionamentos que são mais ricos em eventos íntimos do que supressores são percebidos como mais seguros e, com isso, mais íntimos. Nessa formulação, o grande de- safio da intimidade genuína está na intrínseca presença do magoar emocionalmente. Em outros termos, a turbulência relacional é ine- rente à redefinição de uma relação como ínti- ma (Solomon e Knobloch, 2004). No enten- der de alguns pesquisadores, a relação íntima acarreta a interferência do parceiro em uma série de atividades do dia a dia (Knobloch e Solomon, 2004). Essa interferência pode gerar turbulência aparente em níveis moderados de intimidade. Assim, são entendidas como fun- damentais, para o maior envolvimento do casal, as mudanças graduais na incerteza e na interdependência relacional.

Mirgain e Cordova (2007) consideram que, devido a essa natureza desafiadora da in- timidade, o funcionamento saudável de uma relação íntima requer uma adequada habili- dade emocional. Por habilidade emocional entende -se administrar os sentimentos gera- dos nas relações (por exemplo, raiva, mágoa, etc.) de maneira adequada. Teoricamente, a habilidade emocional facilitaria o processo de intimidade através do papel que esses senti- mentos desempenham, seja na manutenção da vulnerabilidade de cada um, seja na habili- dade de administrar a vulnerabilidade do par- ceiro (Cordova, Gee e Warren, 2005).

Em outros termos, Ben -Ari e Laave (2007) consideram que a proximidade requer duas forças opostas: autonomia e conexão. Baxter (1988) argumenta que, sem a conexão, as relações não adquirem identidade e não

podem existir; contudo, sem a autonomia, os indivíduos não têm identidade e, consequen- temente, não podem existir numa relação. É importante ressaltar que a demanda por auto- nomia e conexão muda constantemente e que o processo de manutenção dessas demandas é permanente.

Outro aspecto que deve ser considera- do é a diminuição da incerteza na relação para o aumento da intimidade (Theiss e So- lomon, 2008). Por incerteza relacional entende -se o grau de confiança que as pesso- as têm em sua percepção de envolvimento na relação interpessoal (Knobloch e Solomon, 2002). Constatou -se que, muito mais do que baixos níveis de incerteza iniciais, é a sua gradual diminuição, ou seja, o aumento da confiança ou da maior previsibilidade, que permite a construção de relações íntimas. O processo de redução de incerteza por si só é experienciado como recompensador e acele- ra a intimidade, independentemente de al- guma incerteza que permaneça (Knobloch e Solomon, 2002).

Outra forma de compreensão do pro- cesso de tornar -se íntimo está no modelo de- senvolvido por Hess, Fannin e Pollom (2007). Segundo esses autores, para compreender como as pessoas tornam -se próximas de al- guém, é preciso que compreendamos tanto as estratégias de aproximação quanto as de dis- tanciamento. Assim, eles desenvolveram o conceito de afiliação para a dinâmica entre essas forças. Para as estratégias de distancia- mento, os autores propõem três estratégias básicas: evitação (reduzir totalmente o conta- to com parceiro), desengajamento (reduzir a abertura e o respeito com o outro que caracte- rizaria uma atitude normal) e dissociação cognitiva (perceber menos conexão, dene- grindo mentalmente o outro, ou distanciando o outro a fim de diminuir o impacto psicoló- gico que suas ações podem gerar). Para as es- tratégias de aproximação, os autores afirmam que a abertura, a atenção e o envolvimento se- riam os meios de obtenção de proximidade. Quando essas duas variáveis são levadas em consideração, é possível adquirir uma visão mais precisa da descrição da afiliação, até por-

que as relações mais longas, de modo geral, apresentam alguma medida das duas va- riáveis.

A InFluêncIA PsIcossocIAl

nA InTImIdAdE

Existem diferenças individuais na habilidade de fazer uso das gratificações das relações ín- timas. A origem dessas diferenças provavel- mente remonta à aprendizagem sobre a inti- midade durante a infância e a adolescência, tanto na relação do indivíduo com a família quanto em relação ao modelo de vida conju- gal dos pais (Waring et al., 1980). As relações com os amigos na adolescência também são influentes no treino dessa habilidade (Scharf e Mayseless, 2001).

Não se pode negar, porém, que a família e as regras sociais que orientam as relações de amizade estão inseridas em um contexto maior de normas culturais. Algumas pesqui- sas têm abordado a vivência da intimidade, comparando culturas mais ligadas ao indivi- dualismo ou ao coletivismo (Gao, 2001). Quanto aos aspectos da autorrevelação, o in- dividualismo enfatiza a autoconfiança, a com- petição e a priorização dos objetivos pessoais frente aos objetivos grupais, enquanto o cole- tivismo enfatiza a interdependência, a harmo- nia interpessoal, a cooperação e a subordina- ção aos objetivos grupais frente aos pessoais (Marshall, 2008).

Tem -se sugerido que os casais de cultu- ras coletivistas experienciam menos intimida- de por terem suas necessidades satisfeitas principalmente através das relações familiares (Marshall, 2008). Outros dizem que as cultu- ras individualistas atribuem uma maior ênfa- se à autorrevelação para a obtenção de intimi- dade do que as culturas coletivistas (Adams, Anderson e Adonu, 2004). No entanto, uma possibilidade é que as ideologias tradicionais de gênero encorajem as mulheres a cultivar traços “femininos” que potencializam a res- ponsividade, como simpatia, compreensão e sensibilidade, enquanto encorajam os homens a desenvolver traços de responsividade -inibi-

tória “masculinos”, como dominância e agres- sividade (Bem, 1974).

Outra possibilidade é a de que a intimi- dade conjugal seja mais importante nas cultu- ras individualistas, justamente porque ela será o principal veículo de obtenção de satisfação dessas necessidades, ao passo que nas culturas coletivistas as relações conjugais podem servir para outros valores culturais, como reforçar a família e as ligações econômicas, em vez de sa- tisfazer o interesse de alguém. Assim, baixos níveis de intimidade na cultura individualiza- da podem gerar consequências pessoais e re- lacionais particularmente negativas (Dion e Dion, 1993), enquanto na cultura coletivista pode não haver as mesmas consequências (Hsu, 1985).

Por fim, Marshall (2008) distingue que não é a cultura individualista ou coletivista que explica as diferenças culturais na intimidade, mas sim a ideologia relacionada ao papel de gê- nero. Logo, as diferenças culturais na intimida- de podem não ser tão benignas assim e ter im- portantes implicações nos relacionamentos. O autor salienta que as culturas tradicionais não medem as implicações que a socialização à qual homens e mulheres são expostos pode suscitar na vivência da intimidade. Segundo eles, envol- ve o sentimento, o pensamento e o comporta- mento de que são essencialmente diferentes e, consequentemente, de que há uma maior dis- tância empática e emocional.

Muitos acreditam que uma cultura com maior equidade propicia uma maior satisfa- ção pessoal e conjugal (Munck e Korotayev, 2007). Várias pesquisas têm constatado uma capacidade de autorrevelação reduzida para homens que vivenciam papéis de gênero tra- dicionais (Neff e Suizzo, 2006), o que traz consequências para a intimidade. Uma expli- cação é que o tradicional papel de gênero masculino não encoraja a revelação de senti- mentos que costumam ser vistos como afemi- nados ou homossexuais (Thompson e Pleck, 1986). Por outro lado, as mulheres tendem a autorrevelar -se com maior frequência (Din- dia e Allen, 1992).

Apesar de Cordova, Gee e Warren (2005) considerarem que a diferença entre os sexos

continua sendo uma questão mal respondida que pode ser essencial para nossa compreen- são do processo de intimidade no casamento, ainda assim percebem algumas tendências. Aparentemente, homens e mulheres expe- rienciam a intimidade emocional de modos diferentes. Enquanto os homens utilizam a in- teração sexual para aumentar a intimidade (Hatfield et al., 1988; Korobov e Thorne, 2006), as mulheres precisam de intimidade emocional para se engajar sexualmente. Há também evi- dências de que os homens atribuem maior valor à capacidade de relaxar e de ser autêntico no estabelecimento da intimidade (Wagner- -Raphael, Seal e Ehrhardt, 2001), preservando assim sua individualidade, enquanto as mu-

lheres tendem a in- cluir os outros como parte da sua defini- ção de self (Cross e Madson, 1997). Desse modo, a sensação de intimidade apresenta uma influência maior da atitude (Mitchell et al., 2008) e da res- ponsividade do par- ceiro (Reis e Patrick, 1996) para as mulheres. Enquanto elas pare- cem precisar mais desse feedback dos parcei- ros, os homens apresentam uma necessidade de autorrevelação menos dependente dos que as parceiras responderão (Laurenceau, Barrett e Rovine, 2005).

Radmacher e Azmitia (2006) sintetiza- ram três perspectivas quanto à questão do gê- nero na compreensão da intimidade. A pri- meira delas postula que homens e mulheres

compartilham da im- portância da intimi- dade, mas diferem em sua conceituali- zação, pois as mulhe- res experienciam a intimidade através de meios tradicionais de autorrevelação, en- quanto os homens a experienciam através

de atividades conjuntas (Floyd, 1997), cujas questões recreacionais e sexuais assumem um papel importante (Korobov e Thorne, 2006). A segunda perspectiva postula que os homens experienciam a intimidade através de dois ca- minhos, a autorrevelação e as atividades com- partilhadas, enquanto as mulheres atingem a intimidade primordialmente através da au- torrevelação. A terceira perspectiva postula que homens e mulheres mobilizam a mesma conceitualização de intimidade; porém, como resultado da socialização dos homens, estes se autorrevelam menos do que as mulheres (Fehr, 2004). Há aqueles, no entanto, que verificaram que a cultura não in-

fluencia a intimidade. Segundo Gao (2001), a importância da inti- midade pode ser cul- turalmente universal, mas a forma como é expressa pode variar de cultura para cultura.

InsTRumEnTos dE

mEdIdA dA InTImIdAdE

Considerando a complexidade do constructo, tornam -se necessários instrumentos bem- -elaborados para a sua medição. Repinski e Zook (2005) argumentam que instrumentos que se propõem a medir a intimidade através de apenas uma questão são problemáticos em termos de confiabilidade, devido à natureza subjetiva das respostas dos indivíduos. Para a execução das pesquisas sobre essa temática, os instrumentos descritos a seguir têm sido utili- zados com maior frequência.

• Waring Intimacy Questionnaire (WIQ) (Waring, 1984): é um questionário com 90 itens que mede oito dimensões:

1. afeto (grau de expressão dos sentimen- tos de proximidade dos cônjuges); 2. expressividade (grau de comunicação

dos pensamentos, crenças, atitudes e sentimentos no casamento;

A importância da inti‑ midade pode ser cul‑ turalmente universal, mas a forma como é expressa pode variar de cultura para cul‑ tura.

Os homens atribuem maior valor à capaci‑ dade de relaxar e de ser autêntico no esta‑ belecimento da intimi‑ dade, preservando as‑ sim sua individualida‑ de, enquanto as mu‑ lheres tendem a incluir os outros como parte da sua definição de

self.

As mulheres experien‑ ciam a intimidade atra‑ vés de meios tradicio‑ nais de autorrevela‑ ção, enquanto os ho‑ mens a experienciam através de atividades conjuntas, cujas ques‑ tões recreacionais e sexuais assumem um papel importante.

3. compatibilidade (grau de capacidade dos cônjuges de trabalhar e brincar juntos confortavelmente);

4. coesão (grau de comprometimento com o casamento);

5. sexualidade (grau de comunicação e satisfação das necessidades sexuais); 6. resolução de conflitos (grau de tran-

quilidade com que as diferenças de opi- niões são resolvidas);

7. autonomia (grau de conexão positiva do casal com a família e os amigos); 8. identidade (grau de autoestima e auto-

confiança do casal).

• Personal Assessment of Intimacy in Rela­ tionships (PAIR) (Schaefer e Olson, 1981): é um questionário composto por 36 itens que acessa os níveis esperados e obtidos em cinco tipos de intimidade:

1. emocional (experiência de proximida- de de sentimentos);

2. social (existência de amigos em comum e de similaridades nas redes sociais); 3. sexual (experiências de compartilhar

prazeres gerais e/ou atividade sexual); 4. intelectual (experiência de comparti-

lhar ideias) e

5. recreacional (experiência de comparti- lhar hobbies e/ou participação conjunta em eventos esportivos).

• Miller Social Intimacy Scale (MSIS) (Miller e Lefcourt, 1982): é uma escala de autorre- lato com 17 itens que acessa os níveis má- ximos de intimidade experienciados na re- lação em curso.

• Fear ­of ­Intimacy Scale (Descutner e Thelen, 1991): analisa o medo de intimidade, este- jam os entrevistados envolvidos ou não em um relacionamento. O medo de inti- midade é entendido como a capacidade inibida de um indivíduo, devido à ansieda- de, de trocar pensamentos e sentimentos de importância pessoal com outro indiví- duo que tenha alto valor. O constructo de medo de intimidade leva em conta três ca- racterísticas principais:

1. conteúdo (comunicação de informa- ções pessoais);

2. valência emocional (sentimentos fortes a respeito da troca de informação pes- soal);

3. vulnerabilidade (grande consideração com a intimidade do outro).

Os autores propõem que somente com a coexistência dessas três características é que a intimidade pode existir.

• Marital Intimacy Questionnaire (MIQ) (Van den Broucke, Vendereycken e Vertom­ men, 1995a, b): embora este seja um ins- trumento de pesquisa menos popular, a sua vantagem está na tentativa de integrar os modelos existentes. Busca, por exemplo, aproveitar as qualidades do PAIR quanto ao foco na comunicação e à delimitação das áreas de exercício da intimidade, mas tentando prover os componentes afetivos, individuais e situacionais que foram negli- genciados pelo outro instrumento. Segue a tendência do WIQ em agregar dimensões, mas especifica os níveis de sistema (indivi- dual, díade ou de rede social) que estas compõem. Além disso, Haning e colabora- dores (2007) salientam a confusão concei- tual (através de seus itens) feita por esses dois instrumentos entre intimidade e inte- ração física e/ou satisfação sexual.

Não existem instrumentos em língua portuguesa que pretendam avaliar a intimida- de de casais estáveis. Essa temática ainda pre- cisa ser mais bem investigada entre a popula- ção brasileira.

consIdERAçõEs FInAIs

As relações íntimas reconhecidamente in- fluenciam a saúde emocional e a qualidade de vida. Devido a isso, baixos níveis de intimida- de têm sido referidos como a causa mais comum para a busca por terapia de casal (Mitchell et al., 2008). A intimidade pressu- põe muito mais do que a mera convivência

No documento Psicologia de Família.pdf (páginas 195-200)