• Nenhum resultado encontrado

o PAPEl dos AVós nA FAmílIA

No documento Psicologia de Família.pdf (páginas 99-101)

O aumento de pesquisas sobre os avós ocor- reu principalmente na década de 1980, devido a fatores como a longevidade humana, o tra- balho da mulher fora do lar, a aceitação social

Antes de qualquer ava‑ liação ou intervenção é reco mendável inda‑ gar à pessoa o que ela com preende por famí‑ lia e quais os membros que para ela compõem esse grupo.

Assim sendo, a família vista como um sistema enfren ta desafios im‑ portantes diante das de‑ mandas advindas com a velhice (normal ou pato‑ lógi ca), especialmente quando há alterações oca siona das por doen‑ ças associadas ao en‑ velheci mento, como, por exemplo, a doença de Al‑ zheimer (Falcão, 2006).

de pais solteiros e a alta incidência da AIDS, bem como dos divórcios e recasamentos, os quais fizeram sobressair a importância dos avós e, desse modo, despertaram o interesse dos pesquisadores sobre eles. Nesse sentido, observa -se que são vários os papéis a serem desempenhados pelos avós no meio sócio- -histórico -cultural e familiar.

A partir da revisão de literatura feita por Dias e Silva (1999), observou -se que, no final da década de 1960, os avós tinham papéis tra- dicionais, tais como provedores de mimos e presentes, narradores de histórias infantis e cuidadores das crianças durante a ausência dos pais. Nas décadas de 1970 e 1980, o estudo sobre o papel dos avós foi situado nos âmbitos social, emocional, transacional e simbólico, como parte de um processo grupal da família, envolvendo o relacionamento entre as gera- ções, considerando o poder e o controle na es- trutura parental, enfatizando modelos de ajuda e manutenção da família. Assim sendo, os tipos de avós eram determinados pelo esti- lo de vida, e os principais papéis exercidos eram os de cuidadores, figuras de apoio emo- cional e financeiro, mentores, historiadores e modelos de papéis a serem seguidos por conta das experiências adquiridas e da sua impor- tância no meio social e familiar. Já na década de 1990, o papel dos avós centralizou -se em atuar como origem de muito afeto e pouca re- preensão aos netos, como mediadores entre os pais e os netos, como fonte de apoio e com- preensão nos momentos tempestuosos vivi- dos pela criança, como perpetuadores da his- tória familiar, contando os acontecimentos de sua própria infância e da infância de seus fi- lhos.

Na década de 2000, observou -se espe- cialmente a diversidade das experiências rela- cionadas ao envelhecimento nos contextos sociais e familiares, levando -se em considera- ção perdas e ganhos advindos com esse pro- cesso, tais como: o aumento do número de bi- savós; o acirramento do número de avós como chefes de domicílios e responsáveis pelo sus- tento financeiro da família; o aumento no nú- mero de avós que exercem o papel de cuida- dores dos netos, assumindo, muitas vezes, a

função de avós guardiãs, ou seja, avós que criam os netos diante de situações como a au- sência da mãe devido ao trabalho que a man- tém fora do lar durante horas; as dificuldades financeiras dos filhos por conta do desempre- go e do acúmulo de dívidas; a gravidez na adolescência; o uso abusivo de drogas pelos pais; a morte dos pais, etc. Por outro lado, observou -se o aumento do número de avós e bisavós que voltaram a estudar e/ou trabalhar, envolvendo -se em atividades como cursos de informática, viagens nacionais e internacio- nais, participação em grupos de apoio psicos- social e em Universidades Abertas da Terceira Idade (UnATIs).

Ressalta -se que há avós idosos e avós jo- vens, mas, independente da idade em que se encontram, a posição ocupada por essas fi- guras na família pode ser central ou periférica e envolve questões de autoridade, tradição, hierarquia e relações entre as gerações ao longo dos tempos. Outrossim, destaca -se que essas figuras podem

influenciar po sitiva- mente ou negativa- mente o sistema fa- mi liar. Como influên- cia positiva, desta- cam-se os casos de avós que funcionam como mediadores de conflitos e amortece- do res do estresse fa- miliar, auxiliam na resolução de proble- mas vivenciados pe- los filhos e netos, que são confidentes e com panheiros, forta- le cendo a autoestima

e a independência dos membros da família, moderando a influ ência negativa que os pais possam exercer sobre os filhos, ajudando -os, assim, a se entenderem melhor. Os avós, tam- bém, podem ajudar a mi norar os problemas sociais, pois, seria maior a quantidade de crianças abandonadas ou institucionalizadas se não fosse sua assistência e seu apoio. O papel exercido por eles pode significar conti-

Avós que funcionam como mediadores de conflitos e amortecedo‑ res do estresse fami‑ liar, auxiliam na resolu‑ ção de problemas vi‑ venciados pelos filhos e netos, que são confi‑ dentes e companhei‑ ros, fortale cendo a au‑ toestima e a indepen‑ dência dos membros da família, moderando a influ ência negativa que os pais possam exercer sobre os fi‑ lhos, ajudando ‑os, as‑ sim, a se entenderem melhor.

nuidade biológi ca, uma chance de atuar me- lhor do que quan do foram pais/mães, uma oportunidade de re avaliação da própria vida, de complementação do self e de realização pessoal através dos netos. No que diz respeito à in fluência negativa, citam-se, por exemplo, os casos de avós abusivos e negligen tes, as in- terferências à criação dada pelos filhos e a transmissão transgera cional de problemas (conflitos, violência e uso de drogas) (Dias, 2002; Falcão et al., 2006).

As transições no ciclo de vida familiar, bem como os eventos normativos e não nor- mativos (doenças repentinas e acidentes), possibilitam a ocorrência de mudanças no re- lacionamento avós -pais -netos, podendo atin- gir todos os membros do sistema familiar, o que exige reformulação das regras e adapta- ção aos papéis que cada membro desenvolve no contexto da família. Além disso, há variá- veis que podem influenciar o modo como os avós exercem seus papéis no sistema familiar, tais como dinâmica e estrutura familiar, esta- do de saúde, idade, gênero, estado civil, perso- nalidade e temperamento, crenças e atitudes, etnia, nível socioeconômico, aspectos geográ- ficos, vinculação materna ou paterna, origem urbana ou rural, experiências com os pró- prios avós, características pessoais de cada membro da família, frequência de contato entre eles e atividades desenvolvidas em con- junto (Dias e Silva, 1999).

O estilo de relações que os avós estabele- cem com seus familiares também depende do modo como eles se veem enquanto avós e qual o significado desse papel em suas vidas. Logo, os vínculos entre as pessoas do grupo familiar abarcam aspectos multidimensionais e com- plexos. Muitos desses fatores estão ligados, por exemplo, aos estilos de vida, às relações entre eles vivenciadas no passado e na atuali- dade, e aos eventos de vida estressantes, tais como a morte de um filho ou cônjuge.

No documento Psicologia de Família.pdf (páginas 99-101)