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O fogo e a água

5. R ATOS ADIVINHÕES E DECEPTORES

As deduções feitas até aqui a respeito da natureza murina tiveram como principal enquadramento a noção de que o rato é voraz. Mas a investigação não ficará completa se não forem exploradas outras qualificações, contidas nas expressões ligadas à designação «ratão» ou semelhantes, verificando em que circunstâncias estes nomes são utilizados para significar a sua finura e esperteza e em que medida estas notas têm a ver com o desenvol- vimento e desenlace da nossa história.

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As versões onde esta oposição é expressa são as seguintes: V2, V4, V7, V11, V14, V15, V16, V17, V18, V26, V29, V30, V31, V33, V34, V39, V41, V40, V42, V52, V53, V54, V55, V57, V60, V62, V64, V71, V75, V76. 381 V2, V4, V7, V14, V15, V18, V29, V39, V40, V42. 382 V11, V16, V17, V26, V30, V31, V34, V41, V52, V53, V54, V55, V57, V60, V76. 383

Eis as versões: colar (V71),anel do casamento (V75), livro de missa (V33), véu (V62). Na V64, brasileira, o rato esquece o relógio.

A maioria dos textos que tratam do tema que nos interessa têm como actor principal um homem que dá pelo nome de João Ratão, João Grilo, ou Doutor Grilo. Dos muitos disponíveis, resumimos em seguida os que mais facilitam o esclarecimento da natureza e funções do rato na história em estudo.

T4.5: João Ratão I

Um carvoeiro, quis mudar de vida e «meteu-se a adivinhão. Foi ter à corte do rei, e disse que sabia adivinhar.» Tendo havido na corte um grande furto, o rei mandou vir o João Ratão à sua presença e perguntou-lhe quanto queria para adivinhar quem eram os ladrões. O João Ratão pediu que lhe desse primeiro três jantares. O «rei mandou pôr uma mesa com bastantes iguarias»; depois de comer o primeiro, João Ratão «começou a tocar tambor nos pratos com o garfo e com a faca dizendo muito contente: ‘O primeiro já cá está!’.» Pensou o criado que ele estava a referir-se a si e que «tinha adivinhado que era um dos ladrões». Pediu-lhe que o salvasse, pois lhe diria quem mais tinha roubado. João Ratão revelou ao rei os autores do furto «e ficou muito acreditado na corte». O rei quis pôr-lhe outra adivinha: «que se ele a soubesse explicar lhe daria sua filha em casamento, e se não acertasse com ela o mandaria matar. Ficou João Ratão muito triste; e quando se sentou à mesa como rei, comeu como quem se despedia. O rei tinha mandado encher o copo do João Ratão com mijo de porca e quando ia principiar a beber, perguntou-lhe: ‘Adivinha o que é que estás a beber!’» João Ratão, «vendo-se entalado com a pergunta exclamou: ‘Aqui é que a porca torce o rabo.’ O rei ficou muito admirado de ele ter acertado, e cumpriu a palavra, dando-lhe a filha em casamento».384

T4.6: João Ratão II

«Houve falta na corte de uns talheres de prata, e o rei, tendo conhecimento de João Ratão, mandou-o chamar para lhe adivinhar quem lhe tinha furtado os talheres para o que lhe deu três dias e mandou-o enclausurar. O rei tinha três criados e cada dia lhe mandava um com a comida», dizendo João Ratão ao terminar o jantar do primeiro dia: «já me não falta senão dois». No segundo, afirmou: «já me não falta senão um». Segue-se a revelação por parte do último criado acerca de quem tinha roubado os talheres. João Ratão comunica-o essa notícia ao rei. Este propôs-lhe outras adivinha: com um grilo fechado na mão perguntou-lhe o que lá tinha, dizendo ele, «ai Grilo, Grilo em que mão estás metido». O rei fechou ainda um rabo de porca na mão, dizendo o João Ratão: «agora aí é que a porca torce o rabo.» O rei deu-lhe a filha em casamento.385

Um primeiro aspecto, de entre os muitos que poderiam ser abordados, diz respeito ao quadro genérico da utilização do nome João Ratão. Nestes dois contos, ao invés da his- tória da carochinha, são os homens a usar um nome de animal, do qual retêm a capacidade

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Theophilo BRAGA, «Ethnologia portuguesa, As adivinhas populares portuguesas», Era Nova, 1880- 81, pp. 243-4. Outras edições, ligeiramente reescritas em: ID., Contos tradicionais..., I, pp. 205-6; ID., op. cit., I, Porto, Livraria Universal, [1883]) pp. 158-60, designadamente no que respeita ao título que passa a ser «João Ratão (ou Grilo)».

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deceptora. Em segundo lugar, a actividade do adivinhão tem a ver com elementos ligados à alimentação, parecendo significativo que, dentre todos os objectos do palácio do rei que poderiam ter sido furtados, o mitógrafo tenha escolhido os talheres, que passam a apetre- char exageradamente, por não lhe poder dar o uso devido, quem os roubou. Por outro lado, o contexto manducatório está presente nos lautos jantares («bastantes iguarias», segundo o T4.6) que o rei manda servir ao João Ratão.

As semelhanças entre estes textos e a história da carochinha têm sobretudo interesse pelo facto de neles estar implícito um modo correcto e outro incorrecto de comer. O modo incorrecto é solitário. O T4.5 di-lo explicitamente ao referir que o João Ratão come enclau-

surado, como se fosse um ser associal, contrariamente à finalidade implícita dos manjares que ingere, próprios de um banquete. De resto, estes lautos jantares tinham uma relação directa com a morte, a que seria condenado o adivinhão se não descobrisse os autores do roubo. O rei dá-lhe «do bom e do melhor», quase como se fossem as suas últimas refeições. Ora na história da carochinha também o rato come solitariamente, com a mesma conse- quência, a morte, neste caso efectiva. Isto leva a dizer que na cultura popular o comer guloso e solitário tende a ser condenado, por ser contrário às leis da sociabilidade propi- ciada pelo banquete festivo.

Para além disso, nos T4.5 e T4.6 são apresentadas algumas adivinhas. A primeira, rela-

tiva à identidade do João Ratão, é, em si mesma, ambígua: sendo o seu nome Ratão, para efeitos da adivinha, chama-se Grilo. A homologia entre o grilo e o rato deve estar relacio- nada com o facto de tanto um como outro terem o seu habitat em pequenas luras na terra, o que, aliás, está expresso numa versão que explica o nome do adivinhão desde pequeno: «e por isso o pai lhe pôs o apelido de Grilo, porque até ia dar com as coisas perdidas debaixo do chão.»386

Por outro lado, a segunda adivinha introduz um elemento aparentemente estra- nho, o rabo de uma porca, reenviando-nos assim para contextos manducatórios e escato- lógicos, ambos centrais na história da carochinha. E todos estes elementos são prepa- ratórios do casamento do João Ratão com a princesa, de modo semelhante ao que acontece na nossa história.

O casamento apenas ocorre, no entanto, nestas duas variantes do pequeno corpus de 9 contos que foram utilizadas para este breve estudo.387

Por isso, se confrontam as deduções feitas a respeito destes dois textos com as sugeridas por mais três narrativas, resumidas em seguida a partir das respectivas fontes, nas quais o actor principal é um ser chamado Grilo.

T4.7: João Grilo (ou Doutor Grilo)

Eram dois casados que viviam tão pobremente que morriam à fome. O marido disse à mulher que partia por esses mundos além a ganhar a vida. Partiu e levava nas costas um letreiro de «Adivinhão». A mulher, «como o homem era muito estúpido, pôs-lhe o nome de ‘Adivinhão de m...’». Numa terra, uns estudantes agarraram-no, vendaram-lhe os olhos e meteram-no na cloaca, lembrando-se ele do dito da mulher. Depois os estudantes

386

Athaíde OLIVEIRA, Contos tradicionais..., I, p. 258.

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Os que não são aqui reproduzidos são os seguintes: «O adivinhão»: Athaíde OLIVEIRA, Contos tradicionais..., I, pp. 257-60; «O rei»: Alda SOROMENHO e Paulo SOROMENHO, Contos populares..., I, pp. 296-8; «O mestre Grilo»: ID. op. cit., I, pp. 293-4; e «João Grilo»: ID. op. cit., I, pp. 294-5.

deram-lhe dinheiro e ele foi para outra terra. Lá uns homens meteram um grilo num canudo de cana e perguntaram-lhe o que estava ali dentro. Ele começou a lastimar-se: Ai Grilo, Grilo, aonde estás tu metido! Os homens pensaram que ele tinha adivinhado e deram-lhe dinheiro. Noutra terra meteram um bacorito num saco e deram-lhe para adivinhar, e ele respondeu lastimando-se: ‘Agora é que a porca torce o rabo’. Deram-lhe dinheiro e ele foi-se embora pois já tinha muito. Passou pelos estudantes que lhe meteram figos de burro num saco e lhe perguntaram o que era, ao que ele respondeu, indo-se embora: C... para vós, c... para vós!388

T4.8: O Doutor Grilo

«Passava um dia pela ponte de Coimbra um carvoeiro e viu muitos estudantes sentados a comer «bolos, rebuçados e amêndoas.» Pensou o carvoeiro: «para comer coisas tão boas é preciso ser estudante». Vendeu o carvão e o burro e «vestiu-se com as sacas de carvão e foi-se sentar na ponte a comer côdeas de pão de milho, porque o dinheiro não dava para comprar bolos». Dizia a quem lhe perguntava que estudava para adivinhão. Ora tendo sido roubado «o tesouro do rei de Portugal» foram dizer a este que havia um estudante adivinhão. Seguem-se as provas do grilo na mão do rei e a da porca, de cujo sangue o rei encheu um frasco, perguntando- lhe de que era, ao que o adivinhão respondeu «aqui é que a porca torce o rabo». Deu o rei três dias ao adivinhão para descobrir os ladrões do tesouro real. Dois dos criados foram-lhe dizer que tinham sido eles, o que o Grilo comunicou ao rei. Este disse ao adivinhão que o queria premiar muito bem, e que se deixasse estar no palácio mais alguns dias. E «sucedeu que a princesa, filha do rei, estando a jantar, se lhe atravessou um osso nas goelas. Os médicos do palácio não se atreviam a tirar-lho. [...] O estudante mandou então deitar a princesa de bruços no chão, e começou a atirar-lhe bolas de manteiga para cima dela; a princesa ria-se e tornava-se a rir, até que lhe saiu o osso das goelas.» O rei deu grandes somas de dinheiro ao estudante que foi nomeado médico da casa real e finalmente estudou medicina e tomou capelo pelo que se ficou a chamar o Doutor Grilo.389

T4.9: História do João Grilo

Havia um rapaz chamado João Grilo que era muito pobrezinho. Tendo desaparecido as jóias da princesa foi prometido dá-la em casamento a quem descobrisse o roubo. Muito instado pelos pais, o rapaz foi tentar a sua sorte mas os guardas não o queriam deixar entrar porque estava muito roto. O rei e a princesa riram-se muito dele. Meteram-no num quarto e deram-lhe três dias para pensar, indo só um criado dar-lhe de comer. Ao fim do primeiro dia, com um suspiro, disse: Já lá vai um. Aconteceu o mesmo com o segundo e com o terceiro. Este revelou-lhe quem tinha roubado as jóias. João Grilo prometeu não revelar o nome dos ladrões se lhe dessem as jóias, que ele entregou ao rei sem dizer quem era o ladrão. Como custava muito à princesa casar-se com aquele maltrapilho, ele disse que desistia do casamento. O rei deu-lhe muito dinheiro e deixou-o ficar no palácio como ele pedira. Seguem-se as adivinhas do grilo na mão do rei

388

Cf. Leite de VASCONCELLOS, Contos populares..., I, pp. 302-3.

389

Cf. Carlos de OLIVEIRA e José Gomes FERREIRA, Contos tradicionais portugueses, I, Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1977, pp. 75-8, segundo Adolfo Coelho, em lugar não identificado.

e do rabo da porca «enterrado no quintal», que ele desvendou, recebendo de cada vez mais dinheiro. E decidiu ir para casa, o que custou muito ao rei. «O rapaz montou a cavalo e quando já ia longe, o rei apanhou caganitas de cabra que estavam na rua, meteu-as no lenço e começa a dizer-lhe adeus com ele, ao que o rapaz responde, farto do rei: Adeus, adeus, caganitas para vossa majestade!»390

Estes textos ocupam um lugar especial no conjunto das versões estudadas. O T4.7 põe

em relevo uma obsessão com as fezes, parecendo que todo o conto se resume ao facto de o «adivinhão de m...» ter sido encerrado numa cloaca, para, no final, cheio de dejectos, se vingar daqueles que o ofenderam realmente, reenviando-lhes verbalmente as fezes em que o tinham envolvido. No entanto, esta insistência não é destrinçável do intento do actor: obter dinheiro. Existe, pois, uma equivalência entre as fezes que lhe dão, sem que ele as peça, e o que ele procura com as suas adivinhações: a fortuna. Esta equivalência resultaria de processos diferenciados: as fezes são o produto da transformação individual da comida; o dinheiro é o produto da troca social.

Sendo, pois, o T4.7, em certa medida, construído à volta do fá-bordão dos dejectos, a

justificação do que nele acontece está documentado na versão T4.8, que revela o sentido

desses símbolos. Nele se fala, com efeito, de forma clara, de duas espécies de iguarias: as vulgares e as requintadas. As primeiras estão representadas pela côdeas de pão de milho, as segundas por bolos, rebuçados e amêndoas, tudo pertencendo à classe das coisas doces. Estes dois tipos de comida estão associados a dois tipos de vida: trabalhosa (do almocreve) e ociosa (dos estudantes, na ponte, comendo bolos).

Este pormenor das guloseimas tem, por outro lado, relação com a parte mais enigmá- tica do T4.8 onde a princesa fica engasgada com um osso nas goelas. O seu comer, que

devia ser requintado, é alarve. Ao invés, o carvoeiro, que naturalmente deveria comer inci- vilmente, fá-lo com requinte. Além disso, a princesa come animalescamente num sentido complementar, ao receber simbolicamente no ânus uma comida cultural – manteiga – que o Grilo lhe dá. Isso leva-a a rir imoderadamente, saindo-lhe assim o osso da garganta. Mas este riso é como que um eco do mencionado no T4.9 quando a princesa e seu pai vêem João

Grilo muito roto, ou seja, quase despido e sem as vestes exigidas pela vida em sociedade (particularmente importante na corte onde o vestir é, em termos paradigmáticos, luxuoso), parecendo, pois, estar mais preparado para ser encerrado num quarto de cama do que para aparecer em público. De resto, esta mesma situação (embora o nome do actor não seja o mesmo) está presente no T7.14, comentado no Cap. 7, onde os símbolos sexuais ainda são

mais explícitos.

Tudo isto leva a ler o conto T4.8 num contexto de sexualidade. Mas o que nele apa-

rece directamente é a sua codificação em termos de comida. Parece, na verdade, correcto ver no episódio da princesa deitada de bruços, a quem o João Grilo dá comida pelo ânus, uma dupla transformação: {boca  vulva} e

{

ânus  vulva}. Destes três elementos, o não

mencionado é que seria intentado pelo conto. A própria comida fornecida por João Grilo

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seria significativa desta ambivalência já que a manteiga evoca as excreções sexuais mas- culinas.391

O deslocamento do contexto sexual para o da manducação seria um dos artifícios da ocultação do sentido, baseado na homologia entre as duas formas de comer e ditado pelo imperativo da sociabilidade que implica a decência no dizer. É ela que permite transmitir facilmente os significados intentados em todos os meios e circunstâncias, e em termos con- sentâneos com as regras da boa educação. A camuflagem simbólica assim obtida ajudaria a aceitar os conceitos visados, da mesma maneira que a jocosidade neles existente lhes limita a escabrosidade. Uma segunda transformação tornaria, porém, menos perceptível o signi- ficado. Por isso, é que no T4.8 apenas há uma deslocação dos símbolos da sexualidade para

os da comida, embora a crueza das imagens as torne, apesar de tudo, ofensivas para os ouvidos mais pudicos.

Por outro lado, o comer requintado aparece nas versões que referem o casamento do João Ratão assim como no T4.8, o qual, não tratando explicitamente do casamento, fala do

comer do carvoeiro, que pretende ser requintado, em contraposição com a sexualidade destemperada da princesa. Ou seja, o comportamento social dos actores inverte o que deles era esperado: quem devia comportar-se urbanamente, abandalha-se; e o campónio age como um príncipe.

Caso sejam correctas estas deduções, completam algumas das ideias expressas em capítulos anteriores a propósito do comer social e individual. Segundo elas haveria na história da carochinha uma simples complementaridade dialéctica entre comer e procriar, no sentido de que a oposição {boca / ânus} se refina cultural e psicologicamente em {boca / sexo}, e que este deslocamento dos significantes é expresso simbolicamente no comer vulgar que passa a requintado. Mas este refinamento é novamente transformado porque, apesar de tudo, é menos aceitável na sociedade tradicional falar das funções sexuais do que das digestivas. Estas, aliás, são mais ricas em termos de ludicidade verbal, pelo que são preferíveis em todos os aspectos.

De todas estas versões pode-se tirar como elemento comum que a adivinhação está ligada à ctonicidade: tanto do grilo como do rato passam parte da vida sobre a terra e parte debaixo dela. A ocultação mais perfeita é a que ali se faz. Todos os tesouros estão nela enterrados, mesmo se em grutas. Por outro lado, tanto o Grilo como o Ratão configuram a personagem do deceptor: como diz expressivamente T4.7, trata-se de «um adivinhão de

m...»

Em síntese – deixando de lado alguns aspectos que, a serem estudados, nos levariam para questões que não dizem directamente respeito ao nosso tema – o que se disse parece suficiente para concluir que este conjunto de textos guarda códigos, implícitos e explícitos, que organizam o significado em função de três núcleos: o alimentar, o defecatório e o sexual. As transferências de uns para outros são facilitadas por equivalências implícitas e tropos, muitas vezes mediados por oposições tópicas, decorrente da oposição e nexo sim- bólicos entre os três orifícios principais de comunicação corporal com o exterior, a boca, o

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A oposição {ânus / boca} é estudada por Claude LÉVI-STRAUSS, La potière jalouse, Paris, Plon, 1991, pp. 95-6, o qual, lembrando que a psicanálise tornou familiar esta oposição, afirma que «neste aspecto, o pensamento mítico se lhe antecipou em muito.»

ânus e o sexo. Estas transferências permitem dizer que o último se oculta sob o segundo, num processo de inversão expressivamente representado no deitar da princesa de bruços no chão (T4.8).

Por outro lado, são evidentes as relações destes textos com a história da carochinha visto manterem o mesmo contexto manducatório, defecatório e sexual, com a particula- ridade de, nos contos que têm como personagem principal o Grilo, ocorrerem situações que os aproximam muito do final daquela história. A hipótese é, pois, que todos estes textos pertencem ao mesmo complexo simbólico, como se verá mais cabalmente quando for desenvolvida a dimensão escatológica da versão de referência, mais adiante, no Cap. 5.