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189 189 ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre,

o direito à reparação dos prejuízos causados ao executado (art. 520, § 4.º).

Veja-se o artigo base:

Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:

I – corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;

II – fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;

III – se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução;

IV – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

§ 1.º No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art. 525.

§ 2.º A multa e os honorários a que se refere o § 1º do art. 523 são devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa. § 3.º Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.

§ 4.º A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da transferência de posse ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos causados ao executado.

§ 5.º Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se, no que couber, o disposto neste Capítulo.

18.2.7.2. Dispensa de caução: O CPC2015 mantém casos de dispensabilidade da caução no cumprimento

provisório, mas amplia, sensivelmente, tais hipóteses, quando em comparação com o CPC/1973,

reformadas pela Lei 11.232/2005.

Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que:

I – o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; II – o credor demonstrar situação de necessidade;

III – pender o agravo fundado nos incisos II e III do art. 1.042;

IV – a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos.

Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.

Nota-se que o artigo contempla casos isolados, não cumulativos, em que se autoriza a dispensa da caução para levantamento de depósito em dinheiro ou expropriação de bens penhorados. Mas, mesmo incidindo qualquer desses casos, “a exigência da caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação” (art. 521, parágrafo único).

Independentemente do valor em execução, pode ser liberado o dinheiro depositado, adjudicado ou alienado o bem penhorado, em cumprimento provisório, quando:

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(2) o crédito for de qualquer natureza, mas o credor demonstrar situação de necessidade; ou.

(3) independentemente da natureza do crédito ou da situação do credor, pender o agravo em recurso especial ou recurso extraordinário, previsto no art. 1.042, II e III, do CPC/2015; ou, ainda,

(4) a sentença ou decisão a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do STF ou do STJ ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos (incidente de resolução de demandas repetitivas e recursos especial e extraordinário repetitivos, nos termos do art. 928 do CPC/2015).

18.2.7.3. Requerimento e instrução do cumprimento provisório: O cumprimento provisório de sentença corre por iniciativa e responsabilidade do exequente (art. 520, I, do CPC/2015), pelo que será necessário requerimento por petição dirigida ao juízo competente (art. 522, caput). O juízo competente é definido de acordo com as regras do art. 516 do CPC/2015. Aplicam-se ao cumprimento provisório de sentença as opções previstas no parágrafo único do art. 516 do CPC/2015.

Tratando-se de autos físicos, a petição requerendo o cumprimento provisório da sentença deverá ser instruída com cópias das peças catalogadas no parágrafo único do art. 522, cuja autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. Faltando cópias, cabe emenda, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimento (art. 801 c.c. 771, CPC/2015).

O art. 522 está assim redigido:

Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição dirigida ao juízo competente.

Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada de cópias das seguintes peças do processo, cuja autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal:

I – decisão exequenda;

II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; III – procurações outorgadas pelas partes;

IV – decisão de habilitação se for o caso;

V – facultativamente, outras peças processuais consideradas necessárias para demonstrar a existência do crédito.

18.2.8. CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE

RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR

QUANTIA CERTA

18.2.8.1. Características e requisitos: O art. 523 do CPC/2015 corresponde ao art. 475-J do CPC/1973 reformado pela Lei 11.232/2005. É a regra base do procedimento de cumprimento definitivo da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa, também aplicável ao cumprimento provisório.

Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.

§ 1.º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.

§ 2.º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1.º incidirão sobre o restante.

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§ 3.º Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.

Essa nova versão não destoa na versão anterior, apenas positivando alguns entendimentos pacificados na jurisprudência do STJ, como a necessidade de requerimento do exequente, a intimação do devedor para pagar e a incidência de honorários advocatícios.

Assim, transitando em julgado a sentença condenatória líquida ou já sendo procedida a respectiva liquidação, por arbitramento ou pelo procedimento comum, deve o exequente apresentar o respectivo requerimento de execução, no juízo competente (art. 516 do CPC/2015), com as formalidades do art. 524 do CPC/2015, a partir do qual o executado será intimado, na forma do art. 513, § 2.º, do CPC2015, para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias úteis (art. 219 do CPC/2015), acrescido de custas, se houver.

Não havendo o pagamento tempestivo, o débito será acrescido, automaticamente, de multa de 10% e, também, de honorários advocatícios de 10%. Os honorários incidem sobre o valor do débito, sem a multa. A multa é fixa e incide uma vez só. Caso haja pagamento parcial no prazo legal, a multa e os honorários serão proporcionais ao valor não pago. O simples depósito como garantia não elide a multa, nem os honorários. Para tanto, exige-se pagamento, como forma de extinção da obrigação.

Além da incidência desses encargos legais sobre o débito, o não pagamento tempestivo abre à possibilidade de protesto do título judicial (art. 517 do CPC/2015) e inscrição do nome do devedor nos cadastros de inadimplentes (art. 782, §§ 3.º a 5.º, do CPC/2015), tudo sem prejuízo do início dos atos executivos, com a penhora de tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, da multa, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios (art. 831 c.c. 771 do CPC/2015).

Esse procedimento também é aplicável às decisões parciais de mérito transitadas em julgado (art. 523 caput c.c. art. 356, §§ 2.º a 4.º, do CPC2015).

Trânsito em julgado da sentença ↓

Requerimento do exequente ↓

Intimação do devedor ↓

15 dias para pagar ↓

Paga: extingue-se a execução ↓

Não paga: multa de 10% + honorários de 10% ↓

Penhora + protesto + inscrição em cadastros de inadimplentes

18.2.8.2. Requerimento analítico e cálculo aritmético: O requerimento do exequente para o cumprimento definitivo da sentença condenatória passa a ser mais analítico, visando a prevenir futuras discussões sobre erros de cálculo ou excessos de execução. Não basta uma petição qualquer. Será necessário oferecer uma petição mais detalhada, incluindo todos os elementos que bem esclareçam o

demonstrativo discriminado e atualizado do crédito (a “liquidação por cálculo aritmético” do CPC/1973),

o qual deve espelhar os critérios definidos pela sentença, conforme art. 491 caput do CPC/2015. Caso o requerimento não apresente todos os elementos indicados do artigo em comento, cabe emenda em 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimento (art. 801 c.c. art. 771 do CPC/2015).

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Orientações para cálculo Demonstrativo do crédito

↓ ↓

Sentença Requerimento de execução

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Art. 491 Art. 524

Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência, sem prejuízo de outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias, conforme permite o art. 139, IV, do CPC/2015.

Caso haja necessidade de complementação do demonstrativo do crédito e tal providência dependa de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência; a omissão injustificada do executado gerará a presunção de que os cálculos apresentados pelo exequente, apenas com base nos dados de que dispõe, estão corretos, sem prejuízo de outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias, conforme permite o art. 139, IV, do CPC/2015. Apresentados os cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo para verificá-los, o qual terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para tanto, exceto se outro lhe for determinado. Caso seja constatado que valor apontado no demonstrativo aparentemente excede os limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada, baseada, se assim for, no parecer do contabilista judicial. Nesse caso, após a definição do valor correto, poderá haver reforço de penhora para ajustar ao valor correto pretendido.

Perceba-se o novo dispositivo:

Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter:

I – o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1.º a 3.º;

II – o índice de correção monetária adotado; III – os juros aplicados e as respectivas taxas;

IV – o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizada; V – a periodicidade da capitalização dos juros se for o caso;

VI – especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados; VII – indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.

§ 1.º Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada.

§ 2.º Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado.

§ 3.º Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência.

§ 4.º Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência.

§ 5.º Se os dados adicionais a que se refere o § 4º não forem apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe.

18.2.8.3. Impugnação ao cumprimento de sentença: A impugnação continua a figurar como o meio de defesa típico do executado no cumprimento de sentença por quantia certa. Mas, no CPC/2015,

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