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17.1.1. Princípio do duplo grau de jurisdição: este princípio respectivo não está expressamente previsto em lei. Trata-se de um princípio constitucional implícito, que decorre da existência de tribunais. As razões declinadas para a existência do duplo grau são duas: a possibilidade de erro por parte dos magistrados e a pressuposição de que juízes mais experientes, que integram tribunais, tenham melhores condições de julgar. Evidentemente, que ambos fundamentos são passíveis de críticas. Partindo-se da premissa de que o processo judicial toma por base versões apresentadas pelas partes, vencerá o proces- so aquele que apresentar a melhor versão. Assim, a adoção de uma das versões apresentadas por uma das partes não implicaria propriamente em erro. Por outro lado, na realidade atual, não necessariamente juízes que integram tribunais apresentam-se em melhores condições de julgar os processos judiciais. Há magistrados que integram a jurisdição de primeiro grau que também têm excelentes condições de pres- tar jurisdição.

17.1.2. Princípio da taxatividade: de acordo com este princípio, os recursos em matéria cível não são “inventados”, “criados”, os mesmos necessariamente precisam estar previstos em lei. Nos termos do art. 22, I, da Constituição Federal, precisam estar previstos em lei federal. A maior parte dos recursos cíveis estão previstos no artigo 994 do NCPC. Houve a revogação do agravo retido e do recurso de em- bargos infringentes.

Relativamente às decisões interlocutórias prolatadas na fase de conhecimento, não agraváveis – através do agravo de instrumento -, não são cobertas pela preclusão, devendo ser suscitadas em prelimi- nar de apelação interposta contra a decisão final ou, nas contrarrazões (artigo 1.009, § 1°). Se forem suscitadas essas questões em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, se manifestar sobre elas (artigo 1.009, § 2°). Ou seja, não há nenhum pelo prejuízo na revogação do agravo retido.

Em que pese a revogação do recurso de embargos infringentes, foi introduzida a técnica de jul- gamento prevista no artigo 942 do NCPC. De acordo com essa técnica, quando o resultado da apelação não for unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de ou- tros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores. Se for possível – o que é muito difícil de ocorrer -, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se o voto de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado (artigo 942, § 1°, do NCPC). Não é demasiado referir que os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do prosseguimento do julgamento (artigo 942, § 2°, do NCPC). Nos termos do artigo 942, § 3°, do NCPC, esta técnica de julgamento também se aplica nos julgamentos não unânimes prolatados em: a) ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosse- guimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno; b) agravo de instru- mento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito. O disposto no artigo, por sua vez, não se aplica (artigo 942, § 1°, do NCPC): a) no incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas; b) remessa necessária; c) nos julgamentos não unânimes proferidos nos tribunais, pelo plenário ou pela Corte Especial.

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17.1.3. Princípio da unicidade: também chamado de singularidade. De acordo com esse princí- pio, os provimentos jurisdicionais, via de regra, são atacados através de um único recurso. No tocante a esse aspecto, deverá preponderar sempre o conteúdo finalístico do ato, o que significa dizer que, se uma sentença tiver em seu conteúdo decisões tipicamente interlocutórias, tanto o provimento com natureza de sentença quanto aqueles que sejam interlocutórios, serão atacáveis através do recurso de apelação. Ou seja, a sentença, que é o ato maior, abrangerá as interlocutórias, com menor abrangência (v.g. sen- tença que julgar antecipadamente a lide, indeferindo a produção de prova pericial, será atacada unica- mente através do recurso de apelação). De modo a evitar as discussões existentes na vigência no CPC/73, o NCPC expressamente optou pelo cabimento do recurso de apelação contra a sentença que conceder, confirmar ou revogar a tutela provisória, consoante dispõe o artigo 1.013, § 5°.

17.1.4. Princípio da consumação: este princípio respectivo decorre da chamada preclusão con- sumativa. No âmbito do processo civil, pode-se falar em três principais espécies de preclusão: temporal, consumativa e lógica. A preclusão temporal implica na perda da oportunidade de praticar o ato, em razão de o mesmo não ter sido praticado no momento oportuno. Em contrapartida, a preclusão consu- mativa implica na perda da oportunidade de praticar o ato se o mesmo já tiver sido praticado. Já na preclusão lógica haverá a perda da oportunidade de praticar o ato, sempre que for praticado outro que com ele é incompatível. O princípio da consumação tem relação com a preclusão consumativa. Como regra geral, tão logo a parte tenha interposto recurso, não poderá mais aditá-lo, complementá-lo, exceto na hipótese de interposição de embargos de declaração, em sendo agregado efeito infringente aos mes- mos. Nesta hipótese, será o caso de aplicação do princípio da complementariedade, a seguir melhor explicitado.

17.1.5. Princípio da complementariedade: de acordo com esse princípio, no caso de sucumbên- cia recíproca, em havendo, por exemplo, a interposição de recurso de apelação contra a sentença por uma das partes e embargos de declaração pela outra, em sendo agregado efeito infringente ao último recurso (embargos de declaração), a parte que já tiver apelado, poderá aditar/complementar o apelo, em razão do princípio constitucional do contraditório (art. 5, LV, da CF). O NCPC expressamente positi- vou este princípio no artigo 1.024, § 4°.

17.1.6. Princípio da dialeticidade: conforme este princípio respectivo, em matéria cível, os recur- sos precisam sempre estar fundamentados, sob pena de não conhecimento. No tocante a este aspecto, as razões recursais não podem consistir em mera “colagem” de outras peças do processo. Trata-se de prática comum de muitos profissionais, principalmente, nas ações de massa. A mera “colagem” implica na ausência de razões e, consequentemente, no não conhecimento do recurso. O NCPC também positi- vou este princípio no artigo 932, III, que expressamente prevê a necessidade do recorrente impugnar especificamente os fundamentos da decisão recorrida.

17.1.7. Princípio da proibição da reformatio in pejus: de acordo com este princípio, em razão do recurso interposto, não é possível a reforma para pior da decisão judicial. Entretanto, trata-se de um princípio que não é absoluto, mas que pode ser relativizado na apreciação ex officio no âmbito dos tribu- nais de questões de ordem pública, com exceção dos recursos extraordinários (Recurso Especial e Recur- so Extraordinário). Por exemplo, em havendo uma sentença de parcial procedência em uma ação de indenização, interposto recurso de apelação apenas pelo autor, com a finalidade de aumentar o valor da condenação, se o tribunal constatar a ausência da algum pressuposto processual, poderá extinguir o processo sem resolução do mérito, desde que observe o disposto no artigo 10 do NCPC. Ora, o autor originariamente tinha vencido parcialmente a ação. Com o julgamento da apelação, a ação foi extinta. Evidentemente, que se está diante de reforma para pior!

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