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7.4 CHAMAMENTO AO PROCESSO

12.1 PETIÇÃO INICIAL

12.1.5 CAUSA DE PEDIR

A causa de pedir é um dos elementos da demanda.

Para definir em que se constitui a causa de pedir, existem duas teorias, quais sejam, a Teoria da Individualização e a Teoria da Substanciação.

Segundo a Teoria da Individualização, na petição inicial, deve estar descrito apenas o fundamento jurídico, ou seja, apenas a relação jurídica que serve de base para o pedido.

Pela Teoria da Substanciação, de outro lado, a causa de pedir, que deve estar exposta na petição inicial, é constituída pelos fatos e pelos fundamentos jurídicos (relação jurídica de direito material). Assim, a teoria da substanciação “exige que o autor substancie – fundamente – a demanda através de um

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fato ou de um conjunto de fatos aptos a suportarem a sua pretensão (...), identificando, assim, a causa de pedir como a relação fática posta à análise como suporte da pretensão”.34

O Novo Código de Processo Civil brasileiro adotou a Teoria da Substanciação, ao prever, no art. 319, inc. III, que a petição inicial deve indicar “o fato e os fundamentos jurídicos do pedido”.

Não se pode confundir fundamento jurídico com fundamento legal. Fundamento jurídico é a relação jurídica de direito material originada dos fatos. O fundamento legal ou fundamento de direito compõe o direito objetivo, sendo dispensável a sua exposição na petição inicial, já que o juiz deve conhecer o direito (jura novit curia).

Portanto, para o direito processual civil brasileiro, a causa de pedir é composta pelos fatos e os fundamentos jurídicos que embasam o pedido.

A causa de pedir é classificada em: a) causa de pedir próxima; b) causa de pedir remota; e, segundo alguns, também c) causa de pedir necessária.

No tocante à conceituação de causa de pedir próxima e remota, existe muita divergência doutrinária.

A doutrina majoritária define causa de pedir próxima como a “relação jurídica afirmada”, sendo que a causa de pedir remota residiria “no fato ou nos fatos contrários ao direito”.35

Todavia, há doutrina minoritária que conceitua causa de pedir próxima e remota no sentido exatamente inverso. De acordo com esta corrente, causa de pedir próxima constitui-se nos fatos alegados, e causa de pedir remota é a relação jurídica afirmada.36

Por fim, a causa de pedir necessária é, de acordo com a definição de Sérgio Gilberto Porto, a “resistência injustificada à pretensão”.37

No entanto, parece-nos que tal diferenciação entre causa de pedir próxima, remota e necessária carece de maior relevância prática38, já que, pela Teoria da Substanciação, causa de pedir são os fatos e os fundamentos jurídicos que embasam a pretensão, razão pela qual ambos devem estar expostos na petição inicial, sob pena de inépcia.

12.1.6 PEDIDO

O pedido é o núcleo da petição inicial, o objeto da demanda, a pretensão material deduzida em Juízo.

O pedido pode ser imediato ou mediato.

O pedido imediato é o provimento jurisdicional, é a espécie de sentença que é requerida ao órgão jurisdicional. Assim, os pedido de condenação, de constituição e de declaração são pedidos imediatos.

O pedido mediato é o bem da vida postulado pelo autor. Por exemplo, R$ 10 mil; um carro, o imóvel reivindicado etc.

O pedido delimita, fornece as balizas para a prestação jurisdicional.

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PORTO, Sérgio Gilberto. Coisa julgada civil. 3. ed. São Paulo : Revista dos Tribunais, 2006. p. 34.

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PORTO, Sérgio Gilberto. Coisa julgada civil. 3. ed. São Paulo : Revista dos Tribunais, 2006. p. 35. No mesmo sentido: DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do processo e processo de conhecimento. v. 1. 7. ed. Salvador : Jusposivm, 2007. p. 370. E também: GRECO FILHO, Vicente. Direito processual civil brasileiro. v. 1. 20. ed. São Paulo : Saraiva, 2007. p. 95.

36 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. v. 1. 15. ed. Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2006. p. 326) No mesmo

sentido: NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de processo civil comentado. 11. ed. São Paulo : Revista dos Tribunais, 2010. p. 575.

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PORTO, Sérgio Gilberto. Coisa julgada civil. 3. ed. São Paulo : Revista dos Tribunais, 2006. p. 35.

38 No mesmo sentido: MEDINA, José Miguel Garcia. Código de processo civil comentado: com remissões e notas comparativas ao

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85 Em razão da adoção do princípio da congruência, o juiz deve se cingir em decidir o que foi pedido pelo autor na petição inicial. Assim, a sentença não poderá ser ultra petita, extra petita nem citra

petita. Trata-se de uma manifestação do princípio dispositivo, segundo o qual é a parte quem escolhe se

levará ou não a sua demanda ao Poder Judiciário, não podendo o juiz atuar de ofício.

Em relação ao pedido imediato, há, no entanto, uma certa mitigação da regra da congruência. Por exemplo, o autor pede a decretação da nulidade de um contrato; entretanto, a nulidade é declarada e a anulabilidade é decretada; por conseguinte, o juiz pode declarar a nulidade do contrato mesmo que o autor tenha pedido que ela fosse decretada. Outro exemplo: o autor pede que o réu seja condenado a entregar o apartamento; o juiz profere uma sentença com conteúdo executivo, determinando a reintegração do imóvel ao autor.

De outro lado, o art. 497, caput, do Novo CPC também prevê uma hipótese excepcional de mitigação do princípio da congruência ou da adstrição em relação ao pedido imediato, quando disciplina que o juiz concederá a tutela específica ou o resultado prático equivalente. Por exemplo, o autor postula que o Estado seja condenado à internação em leito de UTI na rede pública de saúde; o juiz, verificando que isso não é possível, por falta de vagas na UTI pública, determina a internação do autor em UTI particular, às expensas do Estado, ou seja, um resultado prático equivalente ao que foi postulado e tinha direito o autor.

Além disso, o art. 499 do Novo CPC também prevê que, nas hipóteses em que não for possível conceder a tutela específica ou o resultado prático equivalente ao adimplemento, a obrigação se converterá em perdas e danos. É o caso em que o autor pede determinado bem da vida in natura, mas, no caso concreto, não é possível conceder a tutela específica, como, por exemplo, diante do perecimento do bem. Nesses casos, por não restar outra alternativa, o juiz deverá converter a obrigação em perdas e danos, mesmo que essa conversão não tenha sido postulada pelo autor.

O princípio da congruência também sofre temperamentos no que diz respeito à forma de cumprimento da decisão judicial.

Com efeito, o art. 537 do Novo CPC autoriza que o juiz imponha multa ao réu para que a obrigação estabelecida na decisão judicial seja cumprida, independentemente de pedido do autor. O § 1º do art. 536 do Novo CPC possibilita que o juiz, mesmo sem requerimento da parte, determine as medidas necessárias para o cumprimento da sua decisão, tais como “a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial”.

Tais mitigações ao princípio da congruência e ao princípio dispositivo se justificam, na medida em que o cumprimento das decisões judiciais vai além do mero interesse privado das partes, pois diz respeito ao interesse da própria Justiça.

12.1.6.1 REQUISITOS DO PEDIDO

O pedido tem que ser certo e determinado, conforme os arts. 322 e 324 do Novo CPC.

Pedido certo é aquele que é expresso no sentido de dizer o que é devido. Por exemplo, soja; feijão; automóvel; casa etc.

Pedido determinado é aquele delimitado em relação à qualidade e à quantidade. Por exemplo, mil sacas do tipo A.

12.1.6.2 PEDIDO GENÉRICO

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O próprio CPC, contudo, excepciona essa regra, dizendo que é possível pedido parcialmente indeterminado (indeterminado quanto à quantidade, mas determinado quanto à qualidade), nas seguintes hipóteses (§ 1º do art. 324, do Novo CPC): a) nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; b) quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou fato; e c) quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.

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