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7.4 CHAMAMENTO AO PROCESSO

9.5 COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

Quando se trata da comunicação dos atos processuais, é preciso fazer a diferenciação entre comunicação dos atos processuais às partes e comunicação entre Juízos.

A comunicação dos atos processuais às partes pode ser feita por meio de citação e intimação. De outro lado, a comunicação entre juízos se faz por carta (precatória, de ordem ou rogatória).

9.5.1 CITAÇÃO

Segundo o art. 238 do Novo CPC, citação “o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o

interessado para integrar a relação processual”.

Alexandre Câmara define citação como “o ato pelo qual se integra o demandado à relação

processual, angularizando-a.”25 Com efeito, antes da citação já existe processo, embora a relação jurídica processual esteja incompleta. Com a citação, o demandado passa a integrar o processo, angularizando a relação jurídica processual.

9.5.1.1 CASOS EM QUE, TEMPORARIAMENTE,

NÃO SE PODE FAZER A CITAÇÃO

Como regra, a citação “poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado

ou o interessado” (art. 243 do Novo CPC).

No entanto, o art. 244 do Novo CPC determina que não será feita a citação, salvo para evitar pe- recimento de direito, nas seguintes hipóteses:

I - de quem estiver participando de ato de culto religioso;

II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em li- nha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes;

III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; IV - de doente, enquanto grave o seu estado.

O art. 245, caput, do Novo CPC prevê que também que “não se fará quando se verificar que o ci-

tando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la”.

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9.5.1.2 CLASSIFICAÇÃO DA CITAÇÃO

A citação pode ser: a) Pessoal (ou real):

- Postal (art. 247 e art. 248 do Novo CPC);

- Por oficial de justiça (arts. 249 a 251 do Novo CPC). b) Por meio eletrônico

c) Ficta:

- Por hora certa (arts. 252 a 254 do Novo CPC); - Por edital (arts. 256 a 259 do Novo CPC).

Preferencialmente deve ser pessoal, mas, quando não for possível, será ficta. A citação ficta é aquela que se presume que tenha ocorrido.

9.5.1.3 CITAÇÃO POSTAL

A citação postal deve ser a regra.

É realizada por uma carta de citação, que contém necessariamente: o prazo para resposta; o endereço do juízo e o respectivo cartório; a cópia do despacho do juiz que a determinou; e cópia da petição inicial (art. 248, do Novo CPC).

De outro lado, a citação por correio não é admitida nas seguintes hipóteses: nas ações de estado; nas ações que o réu seja incapaz; quando for ré a pessoa jurídica de direito público; nas situações em que o réu mora em local não atendido pelo serviço de correio; ou quando o autor justificadamente requerer que seja feita de outra forma (art. 247 e incisos, do Novo CPC).

A carta deve ter o aviso de recebimento (AR), que precisa ser assinado pessoalmente por quem está sendo citado, para a validade do ato (§ 1º do art. 247 do Novo CPC). O serviço de correios deverá devolver o aviso de recebimento (AR) ao Juízo, que o juntará ao processo para demonstrar a regularidade do ato e marcar o início do prazo para resposta.

9.5.1.4 CITAÇÃO POR OFICIAL DE JUSTIÇA

O oficial de justiça é um auxiliar do Juízo, que tem a função de executar materialmente as ordens judiciais, tendo fé pública e a possibilidade de contar com o auxílio de força policial para cumprir os mandados judiciais.

A citação será feita por oficial de justiça quando a parte assim o requerer, quando a citação por correio foi frustrada ou nos casos em que é vedada a citação por correio.

Se a citação tiver que ser realizada fora da comarca ou circunscrição, deverá ser expedida carta precatória para que, após a autorização do juiz da comarca deprecada, um oficial de justiça desta comarca cumpra o mandado e, posteriormente, seja devolvida a carta precatória cumprida ao juízo deprecante.

No entanto, nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar citações ou intimações sem necessidade de carta precatória, por simples mandado judicial expedido pelo Juízo do processo (art. 255, Novo CPC).

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9.5.1.5 CITAÇÃO POR MEIO ELETRÔNICO

A Lei 11.419/2006, que prevê a informatização do processo judicial, admitiu as citações por meios eletrônicos, pela internet ou em redes próprias do Judiciário.

Nos tribunais em que o processo eletrônico já é realidade, o usuário do sistema se cadastra no sistema eletrônico do Poder Judiciário, cria um login e uma senha para que tenha acesso à integra do processo e receba citações e intimações. Tal forma de citação aplica-se inclusive à Fazenda Pública (art. 6º da Lei 11.419/2006).

Os sistemas de processo eletrônico, nos tribunais em que já são adotados, no entanto, não possuem uniformização entre si.

9.5.1.6 CITAÇÃO POR HORA CERTA

A citação por hora certa é cabível quando houver suspeita fundada de que o réu esteja se ocultando.

O art. 252 do Novo CPC dispõe que “quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver

procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar”.

Segundo o caput do art. 253 do Novo CPC, “no dia e hora designados, o oficial de justiça,

independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência”.

Por fim, o § 1º desse mesmo dispositivo determina que, “se o citando não estiver presente, o

oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias”.

O art. 254 do Novo CPC estabelece apenas uma complementação desse ato citatório, dispondo que “feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou

interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência”.

De qualquer forma, fica claro que a citação ocorre no dia e hora designados pelo oficial de justiça para fazer a citação. A formalidade da comunicação para dar ciência da citação não implica na alteração da regra geral da contagem do prazo para contestar.

Isto é, mesmo no caso de citação por hora certa, aplica-se o prazo previsto no art. 231, inc. II, do Novo CPC, que prevê como dia do começo do prazo “a data de juntada aos autos do mandado cumprido,

quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça”. Nesse sentido, aliás, é pacífica a

jurisprudência do STJ.26

Assim, fica claro que, mesmo na citação por hora certa, o prazo de contestação começa a correr da data da juntada aos autos do mandado de citação cumprido, pois a citação ficta realizada no dia e horário designados pelo oficial de justiça.

Decretada a revelia do réu citado por hora certa, deverá ser-lhe nomeado curador especial, na forma do art. 72, inc. II, do Novo CPC.

9.5.1.7 CITAÇÃO POR EDITAL

A citação por edital é uma modalidade de citação ficta, vale dizer, em que a citação é presumida. A citação por edital é cabível nas seguintes hipóteses (art. 256, Novo CPC):

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67 I - quando desconhecido ou incerto o citando;

II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando; III - nos casos expressos em lei.

De acordo com o art. 257 do Novo CPC, os requisitos da citação por edital são os seguintes:

I – a afirmação do autor ou a certidão do oficial informando a presença das circunstâncias autorizadoras;

II – a publicação do edital na rede mundial de computadores, no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, que deve ser certificada nos autos;

III – a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data da publicação única ou, havendo mais de uma, da primeira;

IV – a advertência de que será nomeado curador especial em caso de revelia.

Ao réu revel citado por edital, deverá ser nomeado curador especial, na forma do art. 72, inc. II, do Novo CPC.

De outro lado, cabe mencionar que, diferentemente do processo penal (art. 366, CPP), no processo civil, o não comparecimento do réu mesmo após a citação por edital não induz à suspensão do processo. Após a citação por edital, o processo prosseguirá normalmente, sendo que o curador especial estará defendendo todos os interesses do réu no processo.

Durante algum tempo, houve certa divergência acerca da possibilidade de nomeação de curador especial para o executado citado por edital, bem como sobre a possibilidade de oferecer embargos, haja vista que se trata de uma nova ação. A esse respeito, a jurisprudência se consolidou no sentido de que deve ser nomeado curador especial se o executado, citado por edital, não apresentar embargos. Nesse caso, caberá ao curador especial opor os embargos à execução.

O mesmo raciocínio se aplica à ação monitória. Atualmente, é pacífica a jurisprudência no sentido de admitir a nomeação de curador especial em ação monitória, cabendo a ele apresentar embargos (defesa do réu na ação monitória).27 A esse respeito, aliás, a Súmula 282 do STJ prevê que “cabe a citação por edital em ação monitória.”

9.5.2 INTIMAÇÃO

A intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo (art. 269, Novo CPC).

Qualquer pessoa pode ser intimada. As partes, por exemplo, são intimadas para se manifestarem no processo ou praticarem determinado ato processual. As testemunhas são intimadas para comparecer à audiência.

9.5.3 COMUNICAÇÃO ENTRE OS JUÍZOS

A comunicação entre juízos ocorre por carta.

As cartas são classificadas em carta de ordem, carta rogatória e carta precatória. A carta de ordem é o meio de comunicação entre tribunal e um juízo que lhe é vinculado.

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A carta rogatória é o meio pelo qual ocorre a comunicação entre juízos de países diferentes. No Brasil, após a EC 45/2004, compete ao Superior Tribunal de Justiça conceder o exequatur (ordem para ser cumprida no Brasil) às cartas rogatórias oriundas de países estrangeiros (art. 105, inc. I, aliena “i”, CF). Após o exequatur, o cumprimento da carta rogatória incumbe à Justiça Federal de primeira instância (art. 109, inc. X, CF).

Por fim, a carta precatória constitui o instrumento pelo qual se realizam os demais casos de comunicação. Por exemplo, entre juízos de primeira instância de comarcas diferentes; entre um tribunal e um juízo que não está a ele vinculado; etc.

As cartas (de ordem, rogatória e precatória) possuem caráter itinerante. Assim, se o Juízo Deprecado verificar que a competência para cumprir a carta precatória é de outro Juízo, poderá encaminhá-la diretamente a este, ao invés de devolver a carta precatória sem cumprimento ao Juízo Deprecante, nos termos do art. 262 do Novo CPC.

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