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119 119 As sentenças determinativas são as que julgam relações jurídicas continuativas, como, por

exemplo, a proferida na ação revisional de aluguel e na ação de alimentos. O art. 505 do Novo CPC prevê que “nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: I - se,

tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II - nos demais casos prescritos em lei.”

Grande parte da doutrina e da jurisprudência afirma que a coisa julgada nas sentenças determinativas é rebus sic stantibus, isto é, a coisa julgada manteria a imutabilidade do conteúdo da sentença enquanto não houvesse mudança da situação fática. Tal entendimento é corroborado pela jurisprudência majoritária.85

No entanto, a doutrina mais atual86 ensina que essa coisa julgada não é diferente das outras. Se a situação fática mudou, a causa de pedir é diferente, razão pela qual haveria outra demanda e, por conseguinte, não haveria coisa julgada. Isto é, caso haja mudança na situação fática, bastará à parte ajuizar nova ação, já que, se a causa de pedir mudou, há outra demanda.

Logo, nesses casos de relações jurídicas continuativas, não haverá necessidade de ajuizar ação rescisória, para desconstituir a coisa julgada. Bastará que seja proposta nova demanda, com base na nova causa de pedir.

São exemplos de sentenças determinativas as proferidas na ação revisional de aluguel e na ação de alimentos87. Nessas sentenças, alterada a situação fática, poderá ser proposta nova demanda.

16.1 TUTELA DE URGÊNCIA CAUTELAR E TUTELA DE URGÊNCIA

ANTECIPADA: DISPOSIÇÕES GERAIS

16.1.1. Requisitos necessários à concessão da tutela de urgência antecipada/cautelar: nos ter- mos do artigo 300 do NCPC, caput, os requisitos gerais para a concessão da tutela de urgência (antecipa- da e cautelar), incidente ou antecedente, são dois: a). probabilidade do direito, e b). perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

A tutela de urgência antecipada – tanto a incidente quanto a antecedente - tem ainda o requisito específico, que é a reversibilidade dos efeitos da decisão (art. 300, § 3°). A prova inequívoca, não é mais requisito para a concessão da tutela antecipada, o que sem qualquer dúvida, facilitará a concessão de provimentos antecipatórios. Trata-se de um avanço do novo diploma legal, na exata medida que a prova

85 Nesse sentido, observe-se o seguinte julgado do STJ: STJ, AgRg no RMS 24.926/CE, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,

julgado em 12/04/2011, DJe 29/04/2011. No mesmo sentido: STJ, AgRg no REsp 1193456/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/10/2010, DJe 21/10/2010.

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DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito Processual Civil: direito probatório, decisão judicial, cumprimento e liquidação da sentença e coisa julgada. v. 2. Salvador : Jus Podivm, 2007. p. 500.

87 Art. 15 da Lei 5.478/68: “Art. 15. A decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado e pode a qualquer tempo ser revista, em

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inequívoca é compatível com juízos de cognição plenária e não sumária, como se dá em sede de tutela provisória.

16.1.1.1. REQUISITOS GERAIS DA TUTELA DE URGÊNCIA

PROVISÓRIA (ANTECIPADA/CAUTELAR)

16.1.1.1.1. Probabilidade do direito: a probabilidade do direito nada mais é do que a verossimi- lhança, também denominada pela doutrina de fumus boni juris. O conhecimento das matérias para a concessão da tutela provisória (antecipatória ou cautelar) é perfunctório, superficial, não havendo a necessidade do exaurimento do conhecimento. A verossimilhança, por sua vez, deve considerar: (a) o valor do bem jurídico ameaçado; (b) a dificuldade de o autor provar a sua alegação; (c) a credibilidade, de acordo com as regras de experiência, da alegação e (c) a própria urgência descrita88.

Aquele que pretender a tutela provisória (antecipada ou cautelar) poderá se valer de todos os meios de prova em direito admitidos, no sentido de demonstrar a probabilidade do direito invocado. Não é demasiado salientar que a parte, quando pleiteia a tutela provisória (antecipada ou cautelar), pode se valer de prova documental, de prova testemunhal ou pericial antecipadamente realizada e de laudo ou pareceres de especialistas, que poderão substituir, em vista da situação de urgência, a prova pericial89. O requerente da medida poderá requerer, ainda, que sejam ouvidas, imediata e informalmente, testemu- nhas, bem como solicitar inspeção judicial90. Uma excelente alternativa é o requerente se valer da ata notarial para instruir o requerimento de tutela provisória, em razão da fé pública que a mesma se reves- te (vide artigo 384 NCPC).

16.1.1.1.2. Perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo: no âmbito da tutela de urgência cautelar o risco de dano deve ser iminente. Já, na tutela antecipada, o risco de dano está vinculado ao perigo da demora na tramitação do processo. O risco ao resultado útil do processo é um requisito que se adequa à tutela cautelar, se tomarmos como base a concepção de Piero CALAMANDREI91. Observa-se, claramente, a confusão do legislador ao dispor sobre os requisitos necessários à concessão da tutela provisória de urgência (antecipada e cautelar). Na verdade, ao incluir o risco ao resultado útil do proces- so como requisito também da tutela de urgência cautelar, o legislador mais uma vez vinculou-se à con- cepção de Piero CALAMANDREI de que o processo cautelar protege a lide principal.

Não é demasiado referir que Humberto THEODORO JÚNIOR92 entende que o receio fundado não é o que provém do simples temor subjetivo da parte, mas o que nasce de dados concretos, seguros, objeto de prova suficiente para autorizar o juízo de verossimilhança, ou de grande probabilidade em torno do risco de grave prejuízo. O autor acrescenta que os simples inconvenientes da demora processu-

al, aliás inevitáveis dentro do sistema do contraditório e ampla defesa, não podem, só por si, justificar a antecipação de tutela. É indispensável a ocorrência do risco de dano anormal, cuja consumação possa comprometer, substancialmente, a satisfação do direito subjetivo da parte.

16.1.2. REQUISITO ESPECÍFICO DA TUTELA DE URGÊNCIA

ANTECIPADA

16.1.2.1. Reversibilidade do provimento: o § 3° do artigo 300 do NCPC corrigiu a impropriedade do artigo 273 do CPC/73 relativamente ao requisito reversibilidade, na exata medida em que expressa- mente refere que a tutela de urgência antecipada “não será concedida quando houver perigo de irrever-

88 Neste sentido: Luiz Guilherme MARINONI. A antecipação da tutela, p. 213.

89Neste sentido: Paulo Afonso de Souza SANT´ANNA, Ob. Cit., p. 86-7. Luiz Guilherme MARINONI (In: Novas linhas do processo

civil, 4 ed. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 132.

90Neste sentido: Luiz Guilherme MARINONI. A antecipação da tutela, p. 212. 91De que o processo cautelar protege o processo principal.

92In: Tutela antecipada. Teresa Arruda Alvim WAMBIER (Coord). Aspectos polêmicos da antecipação de tutela. São Paulo: RT, 1997, p. 196.

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