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7.4 CHAMAMENTO AO PROCESSO

8.3. DEFENSORIA PÚBLICA

À Defensoria Pública, instituição essencial à função jurisdicional do Estado, cabe a orientação jurídica e a defesa dos necessitados, em todos os graus de jurisdição (art. 5º, inc. LXXIV, da CF). A Lei Complementar nº 80/1994 estatuiu a Lei Orgânica da Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios. Tem previsão no novo diploma processual civil entre os arts. 184 e 187. Os membros da Defensoria Pública, assim como aqueles do Ministério Público, poderão ser civil e regressivamente responsáveis quando agirem com dolo ou fraude no exercício de suas funções (art. 187 do Novo CPC).

São direitos atribuídos aos membros da Defensoria Pública (art. 44, inc. I, IV, VI e VIII a XIII, da Lei Complementar nº 80/1994): ser intimado pessoalmente em qualquer processo e grau de jurisdição, contando-se em dobro todos os prazos para todos os atos processuais (art. 186 do Novo CPC); usar vestes talares e as insígnias previstas privativas da Defensoria Pública; ter vista dos processos fora dos cartórios e secretarias, ressalvadas as vedações legais; examinar, em qualquer repartição, processos, inquéritos e autos de prisão em flagrante; manifestar-se em autos judiciais ou administrativos por meio de cota; requisitar da autoridade pública e de seus agentes exames, certidões, perícias, vistorias, diligências, processos, documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de sua função; representar a parte, independentemente de mandato, exceto os casos em que a lei exija poderes especiais; deixar de patrocinar ação, quando esta for manifestamente incabível ou inconveniente aos interesses da parte sob seu patrocínio, comunicando o fato ao Defensor Público-Geral; e ter o mesmo tratamento conferido aos magistrados e demais titulares dos cargos das funções essenciais à justiça. Ainda, constituem garantias dos membros da Defensoria Pública (art. 43, inc. I a IV, da Lei Complementar nº 80/1994): independência funcional no desempenho de suas atribuições; inamovibilidade; irredutibilidade de vencimentos; e estabilidade.

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O membro da Defensoria Pública da União possui os seguintes deveres (art. 45, inc. I a VII, da Lei Complementar nº 80/1994): residir na localidade onde exerce suas funções; desempenhar os serviços a seu cargo com zelo e presteza; representar ao Defensor Público-Geral sobre as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo; declarar-se suspeito ou impedido, conforme a lei; interpor os recursos cabíveis a qualquer instância ou Tribunal e promover revisão criminal, sempre que encontrar fundamentos na lei, jurisprudência ou prova dos autos, remetendo cópia à Corregedoria-Geral. É probido aos membros da Defensoria Pública da União (art. 46, inc. I a V, da Lei Complementar nº 80/1994): exercer a advocacia fora das atribuições institucionais; requerer, advogar, ou praticar em Juízo ou fora dele, atos que de qualquer forma colidam com as funções inerentes ao cargo, ou com os preceitos éticos da profissão; receber honorários, percentagens ou custas processuais, a qualquer título e sob qualquer pretexto, em razão de suas atribuições; exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, exceto como acionista ou cotista; e exercer atividade político-partidária, enquanto estiver atuando junto à justiça eleitoral.

Por fim, é proibido ao membro da Defensoria Pública da União exercer suas funções nos processos em que (art. 47, inc. I a VII, da Lei Complementar nº 80/1994): seja parte ou, de qualquer forma, interessado; tenha atuado como representante de parte, perito, Juiz, membro do Ministério Público, Autoridade Policial, Escrivão de Polícia, Auxiliar de Justiça, ou prestado depoimento como testemunha; for interessado seu cônjuge ou companheiro, parente consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral, até o terceiro grau; tenha postulado como advogado de qualquer das pessoas mencionadas no inciso anterior; qualquer das pessoas mencionadas no inciso III funcione ou tenha funcionado como Magistrado, membro do Ministério Público ou Auxiliar da Justiça; tiver dado à parte contrária parecer, verbal ou escrito, sobre o objeto da demanda; e houver vedação legal.

As formas processuais constituem-se em pressupostos processuais objetivos intrínsecos. A forma dos atos processuais diz respeito ao tempo, ao modo e ao lugar onde são realizados os atos processuais.

O ato processual é o ato jurídico praticado pelo órgão jurisdicional ou por alguma das partes, que se destina a instaurar, desenvolver, modificar, conservar ou extinguir uma determinada relação jurídica processual.

Assim, os atos processuais não se confundem com atos do processo, que são todos os atos realizados no processo, tenham relevância jurídica para o processo ou não.

9.1 TEMPO

O art. 212 do Novo CPC dispõe que “os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6

(seis) às 20 (vinte) horas.”

No entanto, há algumas exceções a essa regra.

Os atos que forem iniciados antes das 20 horas poderão ser concluídos depois desse horário, se o adiamento for prejudicar a diligência ou causar grave dano (§ 1o do art. 212 do Novo CPC).

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59 Ainda, as citações, intimações e penhoras poderão ser realizadas também durante as férias forenses, feriados ou em dias úteis fora do horário ordinário, independentemente de autorização judicial (§ 2º do art. 212 do Novo CPC). No entanto, em qualquer caso, deve sempre ser respeitada a garantia constitucional prevista no art. 5º, inc. XI, da Constituição Federal: se tiver que entrar no domicílio da parte coercitivamente (ex.: penhora dos bens do devedor que estiverem na residência), a diligência somente pode ocorrer durante o dia.

Cumpre também apontar que, quando se tratar de autos não eletrônicos, os atos que tiverem de ser praticados por meio de petição o deverão ser dentro do horário de funcionamento do fórum ou tribunal (§ 3º do art. 212 do Novo CPC).

De outro lado, a prática eletrônica de atos processuais poderá ser realizada em qualquer horário, até às 24h do último dia do prazo (art. 213 do Novo CPC).

Via de regra, os atos processuais não serão praticados durante as férias forenses ou feriados. As duas exceções legalmente previstas são (i) as já vistas hipóteses do § 2º do art. 212 e (ii) os casos de tutela de urgência (art. 214 do Novo CPC).

9.1.1 PRAZOS PROCESSUAIS

A disciplina geral dos prazos está prevista nos arts. 218 a 232 do Novo CPC.

Os prazos processuais podem ser classificados quanto à origem do prazo; quanto à possibilidade ou não de ser modificado; e quanto aos efeitos do descumprimento do prazo.

Passamos a analisar cada uma dessas classificações, que possuem grande importância para o processo civil.

Considerando a origem do prazo, vale dizer, quem fixa o prazo, podemos classificá-lo em: a) Prazos Legais: são os fixados por lei.

b) Prazos Judiciais: são os prazos fixados por uma decisão judicial. c) Prazos Convencionais: são fixados por acordo das partes.

Como regra, quem fixa o prazo para a prática dos atos processuais é a lei.

Se não houver prazo legal, o juiz o fixará. Se o juiz não o fizer, aplica-se o § 3º do art. 218 do Novo CPC, ou seja, o prazo será de 5 dias.

Considerando a possibilidade de modificação pelas partes, os prazos podem ser classificados em: a) prazos dilatórios: são aqueles que podem ser modificados por convenção das partes, fazendo parte dos chamados acordos processuais (art. 190 do Novo CPC)

O art. 313, inc. II, do Novo CPC, prevê que se suspende o processo “pela convenção das partes”. O § 4º do mesmo artigo estabelece que “o prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder

1 (um) ano nas hipóteses do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista no inciso II”.

b) prazos peremptórios: são os que não podem ser modificados pelas partes. É o caso, por exemplo, do prazo de contestação; do prazo recursal etc.

Quanto às consequências do descumprimento, os prazos podem ser:

a) prazos próprios: aqueles cujo descumprimento acarreta consequências processuais. Ex.: prazo de contestação; prazo para recorrer; prazo para apresentar o rol de testemunhas; etc.

b) prazos impróprios: aqueles cujo descumprimento não acarreta consequências processuais. É o caso, por exemplo, dos prazos para o juiz proferir decisões e sentenças.

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9.1.1.1 INÍCIO DO PRAZO

O início do prazo processual começa a correr, como regra, segundo as regras fixadas pelo art. 231 do Novo CPC, da seguinte forma:

a) quando a citação ou intimação for postal (pelo correio), o prazo começa a correr da data da juntada aos autos do aviso de recebimento.

b) no caso de citação ou intimação for por oficial de justiça, o prazo corre desde a data da junta- da aos autos do mandado cumprido.

c) quando a citação ou a intimação se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria, começa o prazo da data da sua ocorrência;

d) na hipótese de citação por edital, inicia-se o curso do prazo de resposta a partir do dia útil se- guinte ao fim da dilação assinada pelo juiz;

e) em sendo eletrônica a citação ou a intimação, o prazo começa a correr do dia útil seguinte à consulta do seu teor ou ao término do prazo para que a consulta se dê;

f) quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória, o prazo para resposta corre da data da sua juntada aos autos após devidamente cumprida, como regra (o prazo para os embargos à execução é uma exceção a essa regra, como se verá em capítulo próprio);

g) quando a intimação se der pelo Diário de Justiça impresso ou eletrônico, começa o prazo da data de sua publicação;

h) na hipótese de a intimação se dar por meio da retirada dos autos, do dia da sua carga; i) se houver pluralidade de réus, o prazo de resposta tem o seu curso a partir da última data a que se referem as hipóteses “a” a “f”;

O prazo recursal conta-se da data em que os advogados são intimados da decisão (art. 1.003, do Novo CPC).

Se a decisão ou a sentença forem publicadas em audiência, reputam-se intimados na audiência (§ 1º do art. 1.003 do Novo CPC). Essa regra vale não somente para as partes comuns, mas também para a Defensoria Pública e o Ministério Público, que possuem direito a vista pessoal dos autos. Vale dizer, no caso de decisão ou sentença publicados em audiência, o prazo começa a correr para o Ministé- rio Público e para a Defensoria Pública a partir da data da audiência, momento em que foram intimados pessoalmente. Mesmo se pedirem vista dos autos, o prazo não começará a correr da vista (como aconte- ceria se a decisão ou a sentença do juiz fossem proferidas em gabinete), senão da data da audiência.18

9.1.1.2 CONTAGEM DOS PRAZOS PROCESSUAIS

Está prevista basicamente no art. 224 do Novo CPC.

Há diferença entre “correr” e “contar”. Os prazos começam a “correr” a partir da intimação, po- rém contam-se excluindo o dia da intimação.

Na contagem do prazo, devem ser levadas em consideração as seguintes regras:

18 STJ, Acórdão n. 505117, 20100020209951AGI, Relator CARMELITA BRASIL, 2ª Turma Cível, julgado em 11/03/2011, DJ 18/05/2011 p.

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61 a) Os prazos somente começam a contar do primeiro dia útil após a publicação do ato (art. 224, § 3º, Novo CPC);

b) Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos excluindo o dia do começo e incluin- do o do vencimento (art. 224, caput, Novo CPC);

c) Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil seguin- te, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica (art. 224, § 1º, Novo CPC).

A Fazenda Pública, o Ministério Público e a Defensoria Pública possuem prerrogativas de prazo: conta-se em dobro para todas as suas manifestações processuais (arts. 183, 180 e 186, do Novo CPC).

Se houver litisconsórcio, ativo e/ou passivo, e os litisconsortes tiverem procuradores diferentes, o prazo será em dobro para todos os atos do processo (art. 229, Novo CPC). No entanto, se o prazo interessar a somente um dos litisconsortes, o prazo será simples. É o caso, por exemplo, da sentença que é desfavorável a somente um dos litisconsortes. Nessa hipótese, o prazo para tal litisconsorte será simples.19

9.1.1.3 PRAZO PROCESSUAL E USO DO FAX

Nos termos do art. 2º da Lei nº 9.800/99, “a utilização de sistema de transmissão de dados e

imagens não prejudica o cumprimento dos prazos, devendo os originais ser entregues em juízo, necessariamente, até cinco dias da data de seu término.”

Verifica-se, assim, que o prazo de 5 dias para a juntada dos originais inicia-se após o término do prazo processual fixado pela lei ou pelo magistrado, e não a partir da data da prática do ato processual pela parte interessada.

Além disso, o quinquídio legal para a apresentação dos originais começa a ser contado a partir do dia seguinte ao término do prazo processual para a prática do ato (ex.: contestação, réplica, recurso etc.), mesmo que seja sábado, domingo ou feriado. Nesse sentido, é pacífica a jurisprudência do STJ.20

Por fim, é importante ressaltar que, “nos atos não sujeitos a prazo, os originais deverão ser

entregues, necessariamente, até cinco dias da data da recepção do material” (art. 2º, parágrafo único,

Lei nº 9.800/1999).

9.1.1.4 RECESSO FORENSE, FERIADOS E SUSPENSÃO

DOS PRAZOS

O recesso forense suspende os prazos. De acordo com o art. 220 do Novo CPC, “suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive”. Dessa maneira, durante esse período, não se realizarão audiências nem sessões de julgamento (§ 2º do art. 220 do Novo CPC). Vale lembrar que, ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante tal período (§ 1º do art. 220 do Novo CPC).

A suspensão somente ocorre no dia do início do recesso forense. Por exemplo, se os dias 18 e 19 de dezembro, imediatamente anteriores ao início do período de suspensão dos prazos, caem em sábado e domingo, respectivamente, mesmo assim a suspensão do prazo somente ocorre a partir do dia 20 de

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STJ, AgRg no AREsp 218.330/PR, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/10/2012, DJe 09/11/2012.

20 STJ, EDcl no AgRg nos EDcl no AREsp 15.792/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, julgado em 01/12/2011, DJe

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dezembro. Isso porque os prazos, como regra, são contínuos, não se suspendendo em razão de dia sem expediente forense.21

Para que seja considerada a suspensão dos prazos em razão de recesso forense, nas instâncias extraordinárias, é preciso comprová-la. A necessidade de tal demonstração ocorre porque cada Tribunal Estadual tem a sua própria disciplina sobre o período do recesso forense. O mesmo ocorre quando o último dia do prazo cai em data de feriado local, ou em dia em que, por qualquer motivo, não houve expediente forense. Esse é o entendimento consolidado no âmbito do STJ.22

Os dias de feriado não suspendem os prazos processuais. No entanto, recaindo o último dia do prazo em feriado, ele prorroga-se para o primeiro dia útil seguinte.

Se a citação ou a intimação acontecer no curso do recesso forense, considera-se realizada no primeiro dia útil que se lhe seguir, que não é incluído na contagem do prazo.23 Assim, caso a citação ocorra no dia 18 de janeiro, considera-se ocorrida em 21 de janeiro, começando a contagem do prazo no dia imediatamente subsequente, ou seja, em 22 de janeiro.

9.1.1.5 PRAZOS E A LEI DO

PROCESSO ELETRÔNICO

(LEI 11.419/2006)

No caso de processo eletrônico, considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico (art. 3º, § 3º, Lei 11.419/2006). Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como data da publicação (§ 4º).

As petições poderão ser transmitidas até as 24

(vinte e quatro) horas do último dia do prazo (art. 3º da Lei 11.419/2006 e art. 213 do Novo CPC).

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