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O NCPC terminou com velhas discussões travadas durante a vigência do CPC/73. A primeira delas, de que à luz do NCPC, qualquer decisão – mesmo as monocráticas e interlocutórias – passa a ser embar- gável, o que já era reconhecido pela jurisprudência. A segunda, também seguindo a linha da jurisprudên- cia dominante, de que os embargos de declaração se prestam para corrigir erro material.

O parágrafo único do artigo 1.022 traz duas novidades. Evidentemente que, caso não sejam sa- nadas as omissões previstas, que caberá a interposição de recurso, seja pela violação ao artigo 1.022, ou, pela alegação de nulidade da decisão.

Não é demasiado referir, que, nos termos do artigo 48 da Lei dos Juizados Especiais Cíveis, os embargos de declaração podem também se interpostos com a finalidade de sanar uma dúvida da deci- são. Rigorosamente, os embargos de declaração não modificam a decisão embargada.

17.4.2. Decisões embargáveis: consoante já mencionado, independentemente da natureza, qualquer decisão pode ser atacada através do recurso de embargos de declaração, desde que preenchi- das as hipóteses de cabimentos previstas no artigo 1.022, caput, do NCPC.

17.4.3. Efeito modificativo: Também é denominado de efeito infringente. Em casos excepcionais, o magistrado poderá modificar a decisão embargada ao julgar os embargos de declaração. Isto apenas será possível se a modificação da decisão se der em decorrência da sanação de uma omissão, contradi- ção ou obscuridade. Se não houver omissão, contradição ou obscuridade, não será possível agregar efeito modificativo aos declaratórios. Neste sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CON- TRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. - Ausentes os vícios do art. 535 do CPC, rejeitam-se os embargos de declaração. - A atribuição de efeitos infringentes é possível apenas em situações excepcionais, em que sanada a omissão, contradição ou obscuridade, a alteração da decisão surja como consequência necessária. - Embargos de declaração no agravo de instrumento rejeitados. (EDcl no AgRg no Ag 1355929, Relator(a) Minis- tra NANCY ANDRIGHI, 04.05.2012)

Os embargos de declaração com efeito infringente estão positivados no artigo 1.023, § 2º, do NCPC.

17.4.4. Ausência de contrarrazões: os embargos declaratórios, via de regra, não têm contrarra- zões. A parte contrária não será ouvida. Todavia, se o magistrado entender de agregar efeito infringente ao recurso, obrigatoriamente deverá ouvir a parte contrária, sob pena de violar os princípios do contradi- tório e da ampla defesa. O NCPC, consolidando a jurisprudência das Cortes Superiores (EDcl nos EDcl no RMS , Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, 03.10.2011), positivou a necessidade de ouvida da parte contrária nesta hipótese, consoante dispõe o artigo 1.023, § 2º.

17.4.5. Requisitos de admissibilidade: O recurso de embargos de declaração deverá preencher os requisitos de admissibilidade.

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17.4.5.1. INTRÍNSECOS

a) Cabimento: são cabíveis contra qualquer decisão judicial nas hipóteses previstas no artigo 1.022.

b) Legitimação para recorrer: tem legitimação para interpor o recurso de embargos de declara- ção, as pessoas elencadas no artigo 996 do NCPC.

c) Interesse em recorrer: tem relação com o binômio necessidade/utilidade, que nada mais é do que a sucumbência. Ou seja, rigorosamente, para que a parte tenha interesse em interpor qual- quer recurso, deverá ter tido algum prejuízo. No caso dos embargos de declaração, esse prejuízo se caracteriza pelo preenchimento das hipóteses de cabimentos previstas no artigo 1.022 do NCPC.

d) Ausência de fato extintivo ou impeditivo do direito de recorrer: Como exemplo de fato extinti- vo, temos a renúncia ao direito de recorrer. Já, de fato impeditivo, a desistência. A parte apenas renuncia a recurso ainda não interposto e desiste de recurso já interposto. Evidentemente, que tanto a renúncia quanto a desistência podem ocorrer também nos embargos de declaração.

17.4.5.2. EXTRÍNSECOS

a) Regularidade formal: os embargos de declaração são dirigidos no âmbito do primeiro grau, ao magistrado prolator da decisão ou, no segundo grau, ao relator do recurso.

b) Prazo: O prazo para a interposição de embargos de declaração é de 5 (cinco) dias (artigo 1.023 do NCPC). Em havendo litisconsortes com diferentes procuradores, que integrem escritórios de advocacia distintos, o prazo será dobrado, se ambos tiverem interesse em recorrer (Súmula 641 do STF), nos termos do artigo 1.023, § 1º, do NCPC.

c) Preparo: os embargos de declaração não têm preparo, nos termos do artigo 1.023, caput, do NCPC.

17.4.6. Interrupção do prazo para interposição de outros recursos e utilização dos embargos de declaração com a finalidade procrastinatória: Os embargos de declaração interrompem o prazo de interposição de outros recursos, nos termos do artigo 1.026 do NCPC. Como há a interrupção do prazo de interposição de outros recursos, a parte deverá aguardar o julgamento dos declaratórios para então interpor o recurso com a finalidade de modificar a decisão. Caso o recurso seja interposto antes do jul- gamento dos embargos de declaração, o NCPC – em posição oposta a adotada pela Súmula 418 do Supe- rior Tribunal de Justiça – positivou que o recurso não é intempestivo, dispensando a necessidade de ratificação de eventual recurso já interposto (artigo 1.024, § 5º). Entendemos revogada com essa dispo- sição a referida Súmula. Na verdade, o NCPC adotou o entendimento do Supremo Tribunal Federal que entende por tempestivo o recurso, ainda que interposto antes do prazo, verbis:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO INTERPOSTO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO. CONHECIMENTO. INSTRUMENTALISMO PROCESSUAL. PRECLUSÃO QUE NÃO PODE PREJUDICAR A PARTE QUE CONTRIBUI PARA A CELERIDADE DO PROCESSO. BOA-FÉ EXI- GIDA DO ESTADO-JUIZ. DOUTRINA. RECENTE JURISPRUDÊNCIA DO PLENÁRIO. MÉRITO. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. I- NEXISTÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E REJEITADO. 1. A doutrina moderna ressalta o advento da fase instrumentalista do Direito Pro- cessual, ante a necessidade de interpretar os seus institutos sempre do modo mais favorável ao acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CRFB) e à efetividade dos direitos materiais (OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de. O formalismo-valorativo no confronto com o formalismo excessivo. In: Revista de Processo, São Paulo: RT, n.º 137, p. 7-31, 2006; DINAMAR-

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