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185 185 solucionam o litígio A decisão, nesses casos, apenas homologa o acordo de vontades No caso da

autocomposição judicial (inc. II), “pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo” (art. 515, § 2.º). No caso da autocomposição extrajudicial de qualquer natureza (inc. III), será necessário requerer a homologação em juízo, por meio de procedimento afeto à jurisdição voluntária (art. 725, VIII, do CPC/2015).

O inc. IV reproduz a regra do art. 475-N, VII, do CPC/1973, cabendo observar que, na hipótese de

inventário e partilha extrajudiciais (Lei 11.441/2007), a respectiva escritura pública consistirá em título

executivo extrajudicial, que poderá ser convolado em título executivo judicial, se houver requerimento para sua homologação judicial (art. 515, III, do CPC/2015).

O inc. V inova ao transformar, de extrajudicial (art. 585, VI, do CPC1973) em judicial (art. 515, V, do CPC/2015), o crédito de qualquer auxiliar da justiça, seja servidor público ou não, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial, seja sentença, seja decisão interlocutória.

Os inc. VI, VII e VIII registram os títulos executivos judiciais que se processam em processos autônomos de execução, nos quais é preciso propor a ação de execução perante o juízo cível nacional competente e promover a citação do devedor para o cumprimento da sentença ou para liquidação no prazo de 15 (quinze) dias (art. 515, § 1.º, do CPC/2015).

Por fim, não apenas as sentenças estrangeiras, mas também as decisões interlocutórias estrangeiras passam a gozar do status de título executivo judicial, as primeiras após a homologação pelo STJ (inc. VIII), as segundas após a concessão do exequatur pelo STJ à respectiva carta rogatória (inc. IX). Ambas serão executadas perante a Justiça Federal de primeiro grau (art. 109, X, da CF/1988).

18.2.3. COMPETÊNCIA PARA O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

A competência para o cumprimento de sentença é distribuída da seguinte forma:

(1) os tribunais, nas causas de sua competência originária;

(2) o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;

(3) o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira homologada pelo STJ.

Assim é segundo o art. 516 do CPC/2015:

Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I – os tribunais, nas causas de sua competência originária; II – o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;

III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.

Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.

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A referência ao “acórdão proferido por Tribunal Marítimo” é ineficaz, pois houve veto à regra que o instituía como título executivo judicial – art. 515, X, do CPC/2015.

O novo Código mantém a tradição inaugurada pela Lei 11.232/2005 no CPC/1973, ao permitir que seja excepcionado o princípio da perpetuatio jurisdictionis (art. 43 do CPC/2015), autorizando que, nas hipóteses dos incs. II e III, possa ocorrer alteração superveniente da competência territorial, quando o exequente optar pelo (1) juízo do atual domicílio do executado, (2) pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou (3) pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer. Nesses casos, a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem (art. 516, parágrafo único), que fará o controle da admissibilidade da opção. O juízo de origem poderá averiguar se a opção realizada pelo exequente efetivamente representa as alternativas do parágrafo único do art. 516 do CPC/2015. Poderá, por exemplo, exigir documentos que comprovem a localização dos bens do devedor sujeitos à penhora ou mesmo ouvir previamente o devedor sobre o seu atual domicílio. Constatada a adequação da opção, o juiz de origem remeterá os autos ao novo juiz da execução, escolhido pelo exequente, com baixa na distribuição. Ao contrário, se considerar que a opção do exequente foi equivocada, indeferirá a remessa dos autos, em decisão sujeita a agravo de instrumento (art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015).

O novo juízo da execução não poderá de ofício, recusar o recebimento dos autos para cumprimento de sentença, uma vez que eventual incompetência relativa não pode ser declarada de ofício (Súmula 33 STJ).

18.2.4. PROTESTO DE TÍTULO JUDICIAL

O novo dispositivo torna inequívoca a possibilidade de protesto de qualquer decisão judicial

transitada em julgado, desde que transcorrido o prazo de 15 (quinze) dias para pagamento voluntário,

previsto no art. 523 do CPC/2015. O protesto é regulado pela Lei 9.492/1997.

Em princípio, descaberia o protesto do título judicial por iniciativa do juiz, pois o parágrafo primeiro do art. 517 estabelece que, para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar, no cartório de protestos, certidão de teor da decisão, que deverá ser fornecida no prazo de 3 (três) dias, nos termos do parágrafo segundo desse mesmo artigo. No entanto, como esse protesto funciona como autêntica medida coercitiva para forçar o adimplemento da obrigação de pagar quantia, torna-se possível a iniciativa judicial, dado o poder geral de efetivação da tutela jurisdicional conferido aos juízes pelo art. 139, IV, do CPC/2015, o qual, expressamente, também contempla as “ações que tenham por objeto prestação pecuniárias.”

Cumpre observar que, além do protesto do título judicial, como forma de execução indireta, também é possível ao juiz, a requerimento da parte, “determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes”, inscrição essa que será “cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo” (art. 782, §§ 3.º a 5.º, CPC/2015). Para manter a harmonia dos dispositivos legais, deve-se entender que a referida inscrição, tal como o protesto, somente pode ser efetivada após transcorrido o prazo para pagamento voluntário.

A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação (art. 517, § 4.º). E caso o executado proponha ação rescisória para impugnar a decisão exequenda, poderá requerer, a suas expensas e sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem do título protestado (art. 517, § 3.º).

Eis a íntegra do artigo em tela:

Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.

§ 1.º Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de teor da decisão.

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§ 2.º A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de 3 (três) dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e do executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para pagamento voluntário.

§ 3.º O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a decisão exequenda pode requerer, a suas expensas e sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem do título protestado.

§ 4.º A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação.

18.2.5. A EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

O CPC/2015 positivou a exceção da pré-executividade.

Art. 518. Todas as questões relativas à validade do procedimento de cumprimento da sentença e dos atos executivos subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes serão decididas pelo juiz.

A exceção da pré-executividade é o meio de defesa atípico do executado, materializado por simples petição nos próprios autos onde se desenvolve a execução, mas de cognição parcial, pois permite o conhecimento apenas de matérias de ordem pública, que não demandem dilação probatória.

Apesar dessa possibilidade defensiva atípica abranger qualquer espécie de cumprimento de sentença, há previsão especial para o caso de cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar quantia: “as questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato” (art. 525, § 11, CPC/2015).

Da decisão do juiz que resolve a exceção de pré-executividade cabe agravo de instrumento (art. 1.015, parágrafo único, CPC/2015), ressalvada a hipótese de extinção da execução, que se faz por sentença (art. 203, § 1.º, CPC/2015), impugnável por apelação (art. 1.009 do CPC/2015).

18.2.6. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E TUTELA PROVISÓRIA

A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência (art. 294 do CPC/2015). A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo (art. 300 do CPC/2015), ao passo que a tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando o direito afirmado parecer evidente, diante das hipóteses catalogadas no art. 311 do CPC/2015.

Em qualquer caso, o juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória, observando, no que couberem, as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença (art. 297 do CPC/2015).

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Art. 519. Aplicam-se as disposições relativas ao cumprimento da sentença, provisório ou definitivo, e à liquidação, no que couber, às decisões que concederem tutela provisória.

O cumprimento provisório da sentença é realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo (art. 520 do CPC/2015), o que justifica a referência, no artigo em comento, ao cumprimento definitivo. Como a concessão da tutela provisória pode envolver decisão ilíquida, também se justifica a referência às disposições relativas à liquidação.

Não obstante essas referências, o artigo em comento deve ser interpretado à luz do poder geral

de efetivação das ordens judiciais, previsto no art. 139, IV, do CPC/2015, o qual permite ao juiz flexibilizar

as regras legais para fazer valer a autoridade de suas decisões. O limite para a criatividade judicial na fixação de medidas executivas atípicas está na proporcionalidade e razoabilidade, que orientam a aplicação do ordenamento jurídico (art. 8.º do CPC/2015).

18.2.7. CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE

RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR

QUANTIA CERTA

18.2.7.1. Características e requisitos: O cumprimento provisório (“execução provisória” no CPC/1973) é possível quando a sentença estiver sendo impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo (art. 520, caput). Essa possibilidade vale não apenas para as sentenças que reconhecem obrigação de pagar quantia, como também, no que couber, para as que reconhecem obrigação de fazer, não fazer ou de dar coisa (art. 520, § 5.º). Abrange também as decisões parciais de mérito (art. 356, § 2.º a 4.º, do CPC/2015) e orienta a efetivação da tutela provisória (art. 297 do CPC/2015).

De uma maneira geral, o cumprimento provisório tem o mesmo procedimento do cumprimento definitivo (art. 520, caput). Assim, tratando-se de cumprimento provisório de decisão que reconheça obrigação de pagar quantia, incide a multa de 10% e os honorários advocatícios de 10% previstos no parágrafo primeiro do art. 523 (art. 520, § 1.º), podendo o executado apresentar impugnação depois de escoado o prazo para pagamento voluntário (art. 520, § 1.º). Nesse caso, se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de se isentar da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto (art. 520, § 3.º), pelo que não haverá preclusão lógica.

Mas como a decisão é provisória, podendo ser anulada ou reformada a qualquer momento, justifica-se um regime jurídico diferenciado:

(1) exige-se, em qualquer hipótese, requerimento do exequente, pois o cumprimento provisório corre por sua iniciativa e responsabilidade, obrigando-se a reparar os danos que o executado haja sofrido, caso a decisão seja reformada (art. 520, I);

(2) o cumprimento provisório fica sem efeito, caso sobrevenha decisão que modifique ou anule a decisão exequenda, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se os prejuízos nos mesmos autos; caso a modificação ou anulação seja parcial, somente na parte modificada ou anulada ficará sem efeito o cumprimento provisório (art. 520, II e III);

(3) exige-se, em regra, caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos, para o levantamento de depósito em dinheiro ou expropriação de bens penhorados (art. 520, IV).

Para prestigiar o cumprimento provisório e para preservar os interesses do terceiro de boa-fé, a restituição ao estado anterior, caso necessário, não implicará o desfazimento da transferência de posse

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