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155 155 compatível com o NCPC –, a seguir colacionado:

1. O Superior Tribunal de Justiça considera inválido o pedido de desis tência do recurso se o subscritor do pedido não possui poderes para

17.3 EFEITOS DOS RECURSOS

17. 3.1. Efeito devolutivo: o efeito devolutivo decorre do princípio do dispositivo. Isto

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meter a sua apreciação. A expressão latina “tantum devolutum quantum apellatum” é utiliza- da usualmente para defini-lo. Entretanto, o efeito devolutivo, no recurso de apelação, sobre diversos temperamentos, previstos nos parágrafos do art. 1.013 do NCPC, que excepcionam o princípio do dispositivo, verbis:

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria im- pugnada.

§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.

§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.

§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:

I - reformar sentença fundada no art. 485;

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limi- tes do pedido ou da causa de pedir;

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que po- derá julgá-lo;

IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

§ 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescri-

ção, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais ques- tões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. § 5o O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provi- sória é impugnável na apelação.

a) ficam abrangidas no âmbito do efeito devolutivo, todas as questões suscitadas e discutidas, a- inda que a sentença não as tenha apreciado por inteiro, desde que relativas ao capítulo impug- nado (§ 1°do artigo 1.013).

b) todos os fundamentos suscitados pelas partes ficam abrangidos no âmbito do efeito devoluti- vo, embora o magistrado não seja obrigado a se pronunciar sobre os mesmos. Não há que se fa- lar em violação ao princípio do duplo grau de jurisdição, considerando a expressa previsão dessa possibilidade respectiva (§ 2° do artigo 1.013).

c) se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: c.1) reformar sentença fundada no artigo 485 (extinção sem resolução do méri- to); c.2) decretar a nulidade de sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; c.3) constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que pode- rá julgá-lo; c.4) decretar a nulidade da sentença por falta de fundamentação (§ 3° do artigo 1.013).

d) quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juí- zo de primeiro grau (§ 4° do artigo 1.013).

As hipóteses previstas nas letras “c” e “d” contemplam a denominada teoria da causa madura, que veio ampliada no NCPC, positivando a jurisprudência já consolidada das Cortes Superiores (Vide: AgRg no REsp 1083012/RS, Segunda Turma, Ministro Relator Humberto Martins, Data do Julgamento 02/06/2009, DJe 15/06/2009). Estas hipóteses estão em consonância com o princípio da duração do processo dentro de um prazo razoável com direito fundamental (art. 5°, inc. LXXVIII, da CF), não havendo que se falar em inconstitucionalidade do mesmo em razão do princípio do duplo grau de jurisdição, até porque inexiste hierarquia entre princípios.

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17.3.2. Efeito suspensivo: nos recursos dotados deste efeito, a interposição do recurso acarreta a suspensão dos efeitos da decisão. Há recursos que, como regra, são dotados deste efeito respectivo (v.g. apelação, nos termos do artigo 1.012 do NCPC). O não efeito suspensivo é exceção na apelação (§ 1° do artigo 1.012). Outros, não o tem (v.g. agravo de instrumento, recurso especial e recurso extraordinário, de acordo com a previsão do artigo 995 do NCPC).

17.3.3. Efeito translativo: o efeito devolutivo do recurso tem sua gênese no princípio do disposi- tivo, não podendo o órgão ad quem julgar além do que foi pedido na esfera recursal, aplicando-se no âmbito recursal os artigos 128 e 460 do Código de Processo Civil.

Há casos, entretanto que o sistema recursal autoriza o órgão ad quem a julgar fora do que consta das razões ou contrarrazões recursais, não se podendo falar em julgamento citra, extra ou ultra petita. Isto ocorre normalmente com o exame das questões de ordem pública, que devem ser conhecidas de ofício pelo juiz, a cujo respeito não se opera a preclusão (v.g. o exame das condições da ação – art. 485, § 3° do CPC – e também o exame dos pressupostos processuais – art. 337, § 5° do CPC) . Cabe mais uma vez ressaltar, que em atenção ao previsto no artigo 10 do NCPC, antes de conhecer de ofício a respeito dessas matérias respectivas, o magistrado deverá intimar as partes.

O efeito translativo ocorre nos recursos ordinários (apelação, agravo interno, agravo de instru- mento, embargos de declaração e recurso ordinário constitucional) e não nos recursos excepcionais (extraordinário, especial e embargos de divergência) porque seus regimes estão no texto constitucional que diz serem cabíveis das causas decididas pelos tribunais inferiores. Caso o tribunal não tenha se mani- festado sobre questão de ordem pública, o acórdão somente poderá ser impugnado por ação autônoma (ação rescisória), já que incidem na hipótese as Súmulas 282 e 356 do STF – compatíveis com o NCPC –, que exigem o prequestionamento da questão constitucional ou federal suscitada, para que seja conheci- do o recurso constitucional.

Consequência análoga à provocada pelo efeito translativo do recurso ocorre com o reexame ne- cessário pelo tribunal das sentenças sujeitas ao duplo grau obrigatório (artigo 496 do NCPC). Também aqui não se pode falar em efeito devolutivo da remessa necessária, porque se está diante de manifesta- ção do princípio inquisitório. O que existe, na verdade, é que a eficácia plena da sentença, nos casos do art. 496 do NCPC, fica condicionada ao seu reexame pelo tribunal ad quem. A sentença como um todo é que fica submetida ao reexame pelo tribunal ad quem, de sorte que é lícito ao tribunal modificar a sen- tença, reformando-a ou anulando-a, total ou parcialmente.

17.3.4. Efeito expansivo: o julgamento do recurso pode ensejar decisão mais abrangente do que o reexame da matéria impugnada, que compõe o mérito do recurso. Neste caso, haverá o efeito expansi- vo, que poderá ser objetivo ou subjetivo, interno ou externo (In: Nelson Nery Júnior, Teoria Geral dos Recursos, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004).

Há o efeito expansivo objetivo interno quando o tribunal, ao apreciar apelação interposta contra sentença de mérito, por exemplo, dá-lhe provimento e acolhe preliminar de litispendência. Esta decisão sobre a questão preliminar estende-se por toda a sentença, invalidando-a, pois o resultado efetivo do julgamento da apelação é a extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, V, do NCPC.

Quando o efeito objetivo se dá em relação ao mesmo impugnado, afirma-se que o mesmo é in- terno.

O efeito expansivo objetivo externo verifica-se quando é provido o recurso de agravo de instru- mento. Como o recurso de agravo de instrumento não tem efeito suspensivo, ainda que interposto, não paralisa o processo. Provido o agravo de instrumento pelo tribunal ad quem, todos os atos processuais

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praticados depois de sua interposição, que com a nova decisão sejam incompatíveis, são, ipso facto, considerados sem efeito, devendo ser renovados.

O mesmo se pode dizer quanto aos atos praticados no curso da execução provisória da sentença, caso seja provido o recurso recebido apenas no efeito devolutivo (artigo 520, II, do NCPC), atos esses que ficam sem efeito conforme expressa determinação desse mesmo dispositivo legal.

Quando o efeito expansivo se dá relativamente a outros atos praticados no processo, e não ape- nas ao mesmo ato impugnado, diz-se que se trata de efeito expansivo externo.

O objeto da extensão dos efeitos do julgamento do recurso pode ocorrer também do ponto de vista subjetivo. É o caso, por exemplo, do recurso interposto por apenas um dos litisconsortes sob regime da unitariedade. O art. 1.005 do NCPC refere que o recurso de um dos litisconsortes aproveita aos de- mais, salvo quando distintos ou opostos seus interesses.

17.3.5. Efeito substitutivo: nos termos do art. 1.008 do NCPC, a decisão que apreciar o mérito do recurso substitui a decisão recorrida, tanto no caso de manutenção quanto de reforma, em se tratando de error in judicando. Não sendo conhecido o recurso, não há que se falar em efeito substitutivo. No caso de error in procedendo do juiz, a substitutividade apenas se operará se negado provimento ao re- curso. Se for dado provimento, haverá a anulação da decisão e, consequentemente, não poderá substitu- í-la.

A substituição pode ser total ou parcial., ocorrendo esta quando a impugnação é parcial ou quando o tribunal se limita a conhecer parcialmente do recurso. Somente quanto à parte conhecida é que haverá o efeito substitutivo do recurso. No mais, permanece íntegra a parte da decisão que não sofreu impugnação ou cuja parte do recurso não foi conhecida pelo tribunal.

17.3.6. Efeito ativo: a tutela provisória pode ocorrer tanto no primeiro grau de jurisdição, quanto no âmbito recursal. O NCPC – contrariamente ao que previa o CPC/73 – previu no artigo 932, II, a possibi- lidade de concessão de tutela provisória em todos os recursos cíveis, considerando que o Capítulo II, do Título I, do Livro III é geral a todos os recursos cíveis. A decisão que deferir ou indeferir pedido de efeito ativo pode ser atacada através do recurso de agravo interno, nos termos do artigo 1.021 do NCPC. Trata- se de mais uma novidade do NCPC em relação ao CPC/73, pois na sistemática revogada este provimento era irrecorrível.

Problemática que certamente será enfrentada, diz respeito aos recursos interpostos perante ór- gão jurisdicional diverso daquele que é competente para apreciar o mérito do recurso (v.g. apelação, recurso especial e recurso extraordinário). Como o envio destes recursos não é imediato ao órgão jurisdi- cional competente para apreciá-los, e como a competência para apreciar o pedido de tutela provisória é destes órgãos respectivos, entendemos que se deva aplicar analogicamente o disposto nos artigos 1.012, § 3° e 1.029, § 5°, do NCPC. Relativamente aos Recursos Especial e Extraordinário, como foi restaurado o duplo exame da admissibilidade destes dois recursos pela Lei 13.256 de 4 de fevereiro de 2016, enten- demos que serão aplicadas as Súmulas 634 e 635 do Supremo Tribunal Federal.

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