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Atendente de agência de viagens em Londres, Inglaterra Fotografia: Ludmila Girardi Alves, novembro de 2009.

Os turistas em potencial podem obter informações e contratar os serviços oferecidos pelas agências, sem a necessidade de se deslocar até uma loja ou de se relacionar vis-à-vis com um atendente-vendedor. As informações podem ser obtidas por telefone ou estar disponíveis nos websites das empresas que, por vezes, empregam atendentes para esclarecimentos via Internet, em tempo real, por meio de sistemas de comunicação por computadores. Reservas e pacotes também podem ser adquiridos via Internet, já que os websites das agências e operadores também permitem, muitas vezes, a aquisição de produtos por meio de sistemas de compras computadorizados.

Com a difusão das tecnologias de informação e comunicação, parte do trabalho dos agentes e operadores de viagem tem passado para os próprios turistas que, comprando suas reservas na Internet, executam procedimentos antes apenas exequíveis nas lojas e

escritórios das empresas. Segundo a pesquisa dos hábitos de consumo do brasileiro, realizada em julho de 2009 pelo Ministério do Turismo do Brasil (MTur, 2009B), 78,3 % dos clientes compraram sua viagem por conta própria, fazendo seu próprio roteiro e, portanto, não recorreram aos pacotes de viagem. Independentemente de terem comprado um pacote ou viajado por conta própria, 20,5 % dos turistas brasileiros pesquisados negociaram sua viagem, via Internet, diretamente com hotéis e/ou empresas de transportes 54.

Em transportes, as tecnologias de informação e comunicação também afetam os processos de trabalho, notadamente nos serviços de venda de passagens que, com o advento da Internet, cada vez mais tem sido executado pelos próprios consumidores, nos websites das próprias empresas de transporte ou de empresas “eletrônicas” especializadas na venda de passagens. Apesar da profusão de meios eletrônicos para a compra de passagens, as empresas de transportes de passageiros mantém lojas e escritórios, onde centralizam suas atividades e concentram seus diretores, gerentes, vendedores e atendentes. Um grande contingente de pilotos comerciais e motoristas, entre outros profissionais, é responsável pelas operações de transportes dos turistas, desde os lugares onde vivem até os destinos turísticos, bem como o seu retorno. As atividades de transportes são as que têm o maior número de trabalhadores entre as atividades comuns do turismo (ACTs), segundo o IPEA (2007). Em 2006, os trabalhadores das atividades de transportes extra locais, como os aéreos, ferroviários, rodoviários, marítimos e fluviais, eram cerca de 40 % dos quase dois milhões de ocupados em ACTs no Brasil.

Chegando ao destino, em algum terminal de passageiros, os turistas mais uma vez consomem serviços de transportes, ao serem levados pelos trabalhadores dos serviços de translados aos meios de hospedagem. Empresas especializadas nestes serviços, muitas vezes terceirizadas, também podem compor parte dos serviços prestados por operadores de viagens ou por hotéis e pousadas. Os pacotes turísticos vendidos pelas agências de viagem geralmente incluem os serviços de translados básicos, ou seja, aquele que transporta o turista do terminal de passageiros, como os dos aeroportos, para o meio de hospedagem que o irá alojar, como um hotel ou uma pousada. De modo semelhante, muitos meios de

54 De acordo com a pesquisa do MTur (2009B), a maioria dos clientes pesquisados (51,6 %) negociou diretamente com agências de viagem e empresas de hospedagem e de transporte, mas o fizeram por telefone, enquanto que 27,5 % fizeram a negociação pessoalmente, nos hotéis e nas lojas e escritórios das agências de viagem e das empresas de transportes.

hospedagem oferecem os serviços de translados básicos aos seus clientes, como uma vantagem na competição hoteleira pela atração de consumidores.

Os serviços de transportes locais, como os translados “aeroporto – hotel - aeroporto”, também são muito consumidos em sistemas de reservas na Internet. O próprio turista encontra as ofertas destes serviços nos websites das empresas, e realiza por si, utilizando-se de um computador, os procedimentos de compra de reservas dos translados que deseja. De todo modo, as empresas dispõem de lojas e escritórios junto aos pontos de partida dos translados, como em aeroportos, e empregam o trabalho de diretores, gerentes e atendentes-vendedores que atuam nestes espaços. Entretanto, o trabalho fundamental, ou seja, o translado em si, é executado por motoristas que dirigem ônibus e outros veículos de transportes de passageiros, como vans.

Com a produção flexível contemporânea, parece haver uma tendência de terceirização dos serviços de translados, com motoristas, muitas vezes os próprios proprietários dos veículos, atuando como autônomos ou como empregados de empresas especializadas nestes serviços. Neste sentido, as agências e operadores de viagem, bem como os meios de hospedagem, continuam a oferecer este serviço a seus clientes, mas sem o ônus das despesas referentes à aquisição e manutenção de veículos, além dos custos trabalhistas dos empregados nestas atividades. Serviços de táxi também são oferecidos junto aos terminais de passageiros, como opção de translados nos destinos turísticos, fazendo com que alguns motoristas de táxi sejam propriamente trabalhadores do turismo, pois quase sempre estão transportando turistas (foto 4). Estes condutores não apenas executam serviços de translados, mas também levam os turistas em passeios pelos destinos turísticos, por vezes, tornando-se uma própria atração turística, como os gondoleiros de Veneza, na Itália que, além de conduzir a embarcação, são guias e até cantores (foto 5).

A locação de veículos também é outra opção de transportes nos destinos turísticos e, do mesmo modo que as empresas de translados e de táxi, possuem estruturas localizadas junto aos terminais de passageiros aonde chegam os turistas. Os turistas podem se utilizar dos mesmos mecanismos de reserva (agências, telefone ou Internet) e, ao chegaram ao destino, dirigem-se as lojas e escritórios das empresas locadoras de veículos, onde atendentes-vendedores irão orientar e entregar o veículo para uso dos turistas durante um período de tempo determinado.

Foto 4. Motorista de táxi em frente ao Parque Guell em Barcelona, Espanha.

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