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A Globalização e a Penetração dos Grandes Monopólios do Agronegócio no Brasil e na Região da Amazônia-Legal: Mais Escravidão e Dependência Externa

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AGRONEGÓCIO E ESCRAVIDÃO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO A pedagogia dos aços golpeia no corpo

ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA DO SÉCULO XX AO SÉCULO

1.24 A Globalização e a Penetração dos Grandes Monopólios do Agronegócio no Brasil e na Região da Amazônia-Legal: Mais Escravidão e Dependência Externa

O modelo globalizado da economia brasileira tem facilitado uma entrada maciça de recursos internacionais para aquisição, fusões e participações em empresas brasileiras

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Palestra "A Importância da Comunicação no Agro”, disponível em http://www.timeagrobrasil.com.br/noticia/cna-apresenta-primeiro- video-da-campanha-time-agro-brasil. Consultada em 05/10/2012.

160 debilitadas financeiramente ou com perspectiva de inserir-se em mercados globais. Isso tem feito com que muitas empresas ligadas ao agronegócio internacional, a exemplo dos setores sucroalcooleiro, grãos e carne por exemplo, venham aumentando de forma substancial a presença de capitais europeu e norte americano no Basil..

Conforme Rodrigues, (2011) a partir de 2008, o Brasil começou a vivenciar uma grande entrada de capitais internacionais. Para ficarmos apenas com um exemplo, em apenas três anos a participação do capital internacional no setor sucroalcooleiro subiu de 5% em 2008 para 22% em 2011, com a presença de empresas gigantes do setor de combustíveis/ lubrificantes e do setor de comércio de commodities agrícolas.31

Segundo Rodrigues (2011):

O setor sucroalcooleiro tem crescido no Brasil porque há uma análise das grandes empresas que atuam na economia globalizada de que haverá um declínio das reservas petrolíferas no mundo nos próximos 50 anos e isso impõe às desenvolvidas uma busca por fontes alternativas de energia renovável. Nesse sentido o etanol extraído da cana-de-açúcar desponta como a mais viável de todas as fontes de energia renováveis que se conhece. [...] O Brasil passou a ser a Arábia Saudita do etanol, como bem analisa Narandra Murkumbi, presidente da Shree Renuca, companhia indiana que controla várias usinas de etanol no Brasil. (RODRIGUES, 2011, p. 12)

Esse fenômeno analisado por Rodrigues (2011) está levando alguns poucos e grandes grupos nacionais a serem desnacionalizados com a compra de seus ativos por grandes grupos internacionais. Foi assim que a Shell (inglesa) tomou conta da Cosan e a Nova América, a

Britsh Petroleum (inglesa) a Companhia Nacional de Açúcar e Álcool e a Tropical

Bioenergia, a Bunge (holandesa/norte-americana) apoderou-se da Moema, a Louis Dreyfus (francesa) adquiriu o Grupo Santelisa, o Noble Group (Ásia) absorveu o Grupo Cerradinho, a

Shree Renuka Sugars (Índia) tomou posse do grupo Equipav...

Com a entrada do grande capital internacional no setor sucroalcooleiro alguns grupos nacionais se tornaram grandes global players do setor de energia renovável, como foi o caso do grupo Cosan que se associou a Exxon Mobil, tornando-se a maior empresa de energia renovável totalmente integrado no mundo. Mas por enquanto, isso não tem necessariamente se traduzido em aumento das exportações de etanol.

Rodrigues (2011) afirma que em 2008 o Brasil exportava 4,7 bilhões de litros de etanol, produzidos principalmente em usinas nacionais, que foram pioneiras nessa atividade

31 RODRIGUES, Lúcia, Desnacionalização do Etanol Põe em Risco Soberania Energética, Revista Caros Amigos, Ano XV,

161 econômica. A produção cresceu à razão de 10,4% ao ano, entre 2003 e 2008 com a criação de novas usinas se acelerando: 9 em 2005, 19 (2006), 25 (2007) e 30 (2008). Mas a partir de 2008, com a crise econômica nos Estados Unidos e na Europa houve um declínio no número de novas usinas no Brasil.

Segundo Rodrigues (2011) com a crise econômica nos EUA/Europa houve um refluxo na criação de novas usinas e na produção do etanol brasileiro, sendo criadas dezenove usinas em 2009, dez em 2010 e apenas cinco em 2011. Além disso, as exportações de etanol foram 70% menores em 2009 ao mesmo tempo que aconteceu a “Strong Consolidation”, eufemismo para designar a ofensiva desnacionalizante do setor sucroalcooleiro no Brasil, principalmente no setor de etanol.

O avanço do grande capital no setor sucroalcooleiro no Brasil deu-se como um reflexo da crise econômica dos países centrais do capitalismo e também porque as poderosas multinacionais do setor de combustível fóssil, que atuam no mundo inteiro sabem que as reservas desse tipo de combustível estão se esgotando e precisam ter o controle de nova matrizes energéticas, da qual o etanol e o biodiesel brasileiro são estratégicos como energia renovável e um segmento que poucos países têm chance de ter em seus territórios nacionais.

Conforme Fuser (2012) na safra de 2010/2011 houve novamente um crescimento da produção de etanol, havendo uma produção de 25,27 bilhões de litros e com chances de até o final de 2012 haver uma produção de 38 bilhões litros. Nesse período, novas usinas deverão ser inauguradas principalmente no Centro-Oeste e na Região da Amazônia-Legal, somando-se às 440 usinas já em funcionamento por todo o país. As terras ocupadas por canaviais também aumentarão de 6,5 milhões de hectares para 10 milhões. 32

Para Fuser (2012) a estimativa é ainda modesta se comparada, por exemplo, com o estudo elaborado pelo Núcleo de Estudos Estratégicos da Presidência da República (NEE), que vislumbra a possibilidade de o etanol brasileiro substituir, nos próximos 18 anos, 5% de toda a gasolina consumida no planeta. Para alcançar essa meta, a produção nacional teria que atingir 85 bilhões de litros de etanol produzidos e se ampliar de forma decisiva o número de Usinas de Cana-de-Açúcar em todo o território nacional.

Mas de qualquer forma, segundo a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Única), em 2006 o Brasil já era o líder mundial da produção de etanol com uma produção total de 12,12 bilhões de litros. Mas de 2006 até 2010 o etanol como commoditie foi o grande destaque das exportações do agronegócio brasileiro, chegando ao final de 2010 com uma

32Cf. FUSER, Igor, Etanol: o verde Enganador, Jornal Le Monde Diplomatique Brasil, 06/08/2012. Divulgado em http://www.diplomatique.

162 expansão de 52% das receitas e com 18% das exportações do agronegócio brasileiro, ficando só atrás da soja, que teve 22% das vendas da Balança Comercial. 33

A explosão do interesse internacional pelos biocombustíveis, vistos como uma fonte de energia supostamente ecologica e capaz de compensar, ainda que parcialmente, a escassez de petróleo fez do Brasil o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, seguido por Índia, Tailândia e Austrália. O Brasil é responsável atualmente por 45% da produção mundial de etanol combustível e a cultura da cana e segundo o IBGE a área dedicada a esse cultivo abrange 6,2 milhões de hectares, 1,7% da área agriculturável e 18,3% da área utilizada para culturas anuais.34

Um breve raio X dos números expressivos do setor canavieiro no Brasil nós podemos observar na tabela abaixo:

Tabela 5 - Raio X do Setor Canavieira do Brasil em 2010

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