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O Predomínio dos Grandes Monopólios Econômicos e a Flexibilização do Mundo do Trabalho no Brasil

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AGRONEGÓCIO E ESCRAVIDÃO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO A pedagogia dos aços golpeia no corpo

ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA DO SÉCULO XX AO SÉCULO

1.19 O Predomínio dos Grandes Monopólios Econômicos e a Flexibilização do Mundo do Trabalho no Brasil

A partir de 1973, depois da crise do petróleo, começou um intenso processo de oligopolização e crescente globalização econômica no planeta e isso fez com que a burguesia brasileira fosse empurrada cada vez mais para um nova divisão internacional do trabalho, para uma nova condição de produtora de gêneros primários e commodities agrícolas.

Como o aprofundamento da 3ª Revolução Industrial, a industrialização brasileira que gera era tardia ficou mais difícil ainda, isso porque o país ficou com poucas condições de desenvolver as novas tecnologias, como a informática, que produz computadores, e softwares; a microeletrônica, que fabrica chips, transístores e produtos eletrônicos; a robótica, que cria robôs para uso industrial e a biotecnologia, que produz medicamentos, plantas e animais manipulados geneticamente.

Apesar de ainda conseguir pontualmente êxito em alguns setores da terceira revolução industrial, o Brasil vém enfrentando dificuldades de criar condições de competitividade no capitalismo internacional que ao reestruturar-se exige agregação de tecnologias avançadas nos produtos industriais, mais qualificação dos empregados e novos padrões produtivos, tornando ainda mais difícil a inserção do país em mercados já saturados e dominados pelas potências centrais do capitalismo.

Entretanto o Brasil tem sido muito eficiente na adoção das tendências globalizantes do capitalismo, sob os governos do presidente Fernando Henrique Cardoso e Lula, por exemplo, os contratos de trabalho passaram a ser cada vez mais flexíveis, o desrespeito à legislação trabalhista passou a ser cada vez maior, cresceu o número de trabalhadores temporários, flexibilizaram-se os salários, cresceram as desigualdades salariais, segundo a qualificação dos empregados e as especificidades das empresas.

Os sindicatos viram reduzidos seu poder de representação e de reivindicação, ampliou-se o mercado informal, a superexploração do trabalho cresceu, inclusive com mais trabalho escravo no espaço rural e urbano, enfim, as relações de poder entre capital e trabalho passaram a ser cada vez mais assimétricas, desiguais e impositivas, apesar dos discursos contrários, que tenta caracterizar essa situação como sendo tipicamente progressistas.

A globalização econômica representou uma expansão do capitalismo em nível planetário, principalmente por meio da implantação de filiais das grandes empresas multinacionais, que passaram a dominar totalmente determinados ramos industriais e a impor

138 suas vontades às economias periféricas e dependentes, gerando novas relações de poder e reciclando as que já existiam.

No governo Lula, apesar de ter havido uma forte expectativa de fortalecimento da agricultura familiar e de se diminuir apertar os impactos do agronegócio, não foi isso o aconteceu. Houve um aprofundamento do modelo econômico que privilegiou as empresas do agronegócio que aumentaram o seu controle do mercado interno e externo, com as grandes cadeias produtivas cada vez mais concentradas e centralizadas. Em cada cadeia produtiva, como leite, aves, carne de porco, soja, apenas três ou quatro empresas controlam o mercado e os preços.

O casamento do capital financeiro com as grandes empresas transnacionais, que passaram a dominar também a agricultura brasileira só aprofundou o domínio no país de cinquenta grandes conglomerados, dos quais alguns são brasileiros, porém associadas a transacionais, que fizeram uma parceria, apoiada pelo Estado e pelos meios de comunicação, com os fazendeiros capitalistas, dando a luz ao modelo do agronegócio.

Sob o governo Lula, por exemplo, a onda dos agrocombustíveis criou uma nova ofensiva de investimentos de capital estrangeiro, sob controle das mesmas empresas. O resultado foi o aumento da concentração da propriedade da terra, pois a produção de cana demanda terras férteis e bem localizadas. Mas essa é apenas uma das evidências da desnacionalização ainda maior de nossa agricultura.

Esse avanço do "novo" modelo agrícola subordinado totalmente aos interesses do agronegócio, tornará cada vez mais difícil a combinação da grande propriedade exportadora com agricultura familiar de mercado interno, alterará o padrão de dominação, que agora além de estar nas mãos dos latifundiários está cada vez mais nas mãos de grandes empresas internacionais e do capital financeiro, que injeta dinheiro para controlar terras, produção, insumos e o mercado.

Atualmente, a própria grande propriedade rural brasileira está sendo subordinada a esse complexo, o que tem feito explicitamente se diminuir os investimentos na política pública de reforma agrária, ampliar a destruição ambiental, a precarização das relações de trabalho e ampliar os casos de trabalho escravo.

A reforma agrária foi realizada nos países capitalistas desenvolvidos, a exemplo dos Estados Unidos e do Japão, ainda no século XIX, todavia no Brasil ela chegou ao século XX sem ser realizada, embora alguns setores da burguesia brasileira ainda tivessem a postura de defendê-la como uma política pública de desenvolvimento e como um setor estratégico do próprio desenvolvimento da economia nacional. Mas com a globalização econômica

139 neoliberal isso chegou ao fim, pois o crescimento do agronegócio aponta para os donos do capital que não é mais preciso gerar a ampliação do mercado interno para haver desenvolvimento.

É com esse processo que cada vez mais assistimos no país ao crescimento da escravidão contemporânea e a descartabilidade da vida, principalmente na região da Amazônia-Legal, onde o agronegócio amplia sua produtividade e se instala de forma agressiva com grandes empreendimentos agrícolas, criação de gado e produção de

commodities.

A Amazônia-Legal brasileira hoje é um espaço do capital, um local prioritário para o desenvolvimento do agronegócio, marcado por grandes vantagens de clima, de disponibilidade de terras baratas, abundância de água, matérias primas e uma divisão social do trabalho, da propriedade da terra, dos meios, de técnicas de produção e da própria organização política e econômica, totalmente favoráveis aos interesses burgueses e a sua dominação da natureza e da sociedade local, o que faz da vida algo totalmente descartável e fonte primeira da acumulação de capitais.

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