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Parte II – Estudo empírico de avaliação dos efeitos e resultados do desenvolvimento dos

1. Nota metodológica de introdução à segunda parte do estudo

Ao optarmos pelo estudo aprofundado de um caso em concreto onde se desenvolve um CA, embora com desdobramento em caso duplo, desde cedo, pensamos que é a metodologia de âmbito qualitativo a que melhor se adequa à problemática com a singularidade e diferenciação de cada organização educativa. Esta individualidade poderá ser de contexto e inerente ao meio ambiente, mas também de conteúdo que, naturalmente, será sempre único e, como tal, de características particulares inerentes aos constructos levados a cabo por cada um dos seus atores.

Uma vez que a temática deste estudo está muito associada à imagem pública que a organização pretende transmitir bem como aos resultados concretos e em números que os organismos centrais fazem questão de mostrar publicamente, principalmente quando podem ser interpretados como positivos e associados a resultados da sua ação política, não será tarefa fácil fugir a mais uma análise estatística e interpretativa dos resultados a que normalmente se associam números. Pretendemos por isso assumir a tarefa de não deixar que os números falem por nós.

Ao que nos tem sido dado observar, a contratualização da autonomia tem-se associado, em certa medida, a uma obtenção de resultados, de acordo com objetivos operacionais propostos, o que em grande medida acaba por reverter em números. Também nós sabemos da sua importância e da primazia que, por vezes, lhe atribuímos nos dias de hoje, pensando no seu contributo para alimentar a dinâmica das organizações. Não pretendemos seguir esse caminho.

Nesta particularidade que pretendemos assumir na investigação, começamos por deparar que, na sua individualidade, cada uma das organizações tem tendência a pretender mostrar, através de números, os resultados dos seus projetos e da sua autonomia, mesmo que esses números possam ter leituras diversas.

Não gostaríamos de, também nós, ser conduzidos a leituras e interpretações mais ou menos enviesadas destes números, em função do contexto ou ponto de vista e, assim, avaliarmos a qualidade dos efeitos e resultados que a autonomia contratualizada está a ter no desenvolvimento do PE das Organizações educativas para as quais a nossa investigação se encontra orientada. Para tal, enquanto investigador devemos estar preparados para o funcionamento, por vezes desconexo das organizações, pelo que, no âmbito de uma hipocrisia organizada patente nas organizações educativas devemos

estar preparados para interpretar e diagnosticar essas inconsistências existentes entre o discurso, as decisões e as acções (Costa, 2007c, p. 103).

Assim, vamos procurar apresentar a seguir algumas das características da orientação que pretendemos dar à investigação que nos propomos desenvolver no terreno da educação para, depois então, lhe atribuirmos a interpretação que desde já assumimos como qualitativa, mas que, sempre que possível, também utilizará os números que o desenvolvimento dos diferentes projetos nos evidenciarem sem, contudo, lhe facultar qualquer primazia, no contexto do referencial construído.

Consideramos então como de elevada importância a realização de uma primeira fase do estudo empírico, a que se seguirá uma segunda fase que consideramos de aprofundamento, no âmbito da realização de um estudo de casos múltiplos holísticos (Yin, 2005, p. 74), aplicado a dois casos.

Nessa primeira fase do nosso estudo empírico procura-se fazer uma aproximação ao objeto de estudo, onde pretendemos que esta primeira recolha de dados tenha carácter exploratório e contribua para confirmar e melhorar o referencial construído. Parece-nos importante que, além das informações que nos são fornecidas pela literatura da especialidade e legislação de suporte a esta medida de política educativa, também nos devamos servir de outras fontes que consideramos mais diretas como sejam os dados obtidos através desta fase de aproximação global.

Podemos ainda referir que, face aos objetivos a que nos propomos, nesta primeira fase da investigação empírica, tudo o que se associe à dinâmica organizacional, tem potencial para constituir uma pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objecto de estudo (Bogdan e Biklen, 1994, p. 49) que, por esta altura, ainda denota alguma amplitude.

Passando então depois à que denominamos como segunda fase do trabalho empírico, utilizaremos o referencial de avaliação na sua totalidade, com vista a aprofundar a obtenção de evidências dos efeitos e resultados da implementação do CA. Partindo do universo de estudo, constituído pelos 22 CA assinados pelas escolas/agrupamentos de escolas que contratualizaram a autonomia em 2007, recorremos agora a uma lógica de casos múltiplos, aplicada apenas a dois casos, porque partimos do pressuposto da existência de tipos diferentes de condições (Yin, 2005, p. 74), seja de contexto socioeconómico, seja de contexto organizacional.

Então, nessa altura, através da realização de entrevistas, considerada como a via principal para as realidades múltiplas (Stake, 2007, p. 81), em cada uma das duas

organizações educativas, pretendemos apreender as diferentes perspetivas dos atores principais seja no que respeita ao funcionamento seja no que respeita à representação, procurando fazer luz sobre a dinâmica interna das situações (Bogdan e Biklen, 1994, p. 51).

Conjugando a análise destas entrevistas com a análise de documentos que funcionam como registos de atividades que o investigador não poderia observar diretamente (Stake, 2007, p. 85), pensamos ficar na posse dos elementos indispensáveis para efetuar a avaliação dos efeitos e dos resultados da autonomia contratualizada, de acordo com o referencial construído, que nos permitirá construir interpretações, e funcionará para nós, investigador, como esquema conceptual para as fazer (Bogdan e Biklen, 1994, p. 54).

2. A construção do referencial de avaliação de impactos da

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