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Das diferenciações com relação a alguns pressupostos gerais de admissibilidade no tocante aos recursos excepcionais

No documento Rafael de Oliveira Guimarao (páginas 63-69)

2 APONTAMENTOS SOBRE OS RECURSOS EXCEPCIONAIS

2.2 DAS CARACTERÍSTICAS COMUNS DOS RECURSOS EXCEPCIONAIS

2.2.2 O juízo de admissibilidade dos recursos excepcionais

2.2.2.2 Das diferenciações com relação a alguns pressupostos gerais de admissibilidade no tocante aos recursos excepcionais

No presente item, pretende-se repisar o assunto dos pressupostos gerais dos recursos cíveis, verificando que segundo os Tribunais Superiores, sofrem eles algumas variações quando se estiver tratando de recursos excepcionais.

Antes de citar tais pressupostos recursais, cabe trazer à discussão uma questão que atinge a própria existência dos recursos: a capacidade postulatória. De acordo com o art. 37 do CPC, o advogado tem a possibilidade de atuar sem procuração nos casos urgentes ou para evitar a prescrição ou decadência. Tem-se também o preceituado pelo art. 13 do CPC, onde está disposto que a irregularidade de representação processual pode ser sanada. Ou seja, o Código de Processo Civil preconiza a possibilidade de postulação sem procuração, desde que regularizada quando houver intimação para isso. A Corte Especial do STJ entende nesse

178 “Na instância especial é inexistente o recurso interposto por advogado sem procuração nos autos.” (BRASIL.

Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 115. DJU 07.11.1994, p. 30050, RSTJ vol. 70, p. 331, RT vol. 710. p. 164).

179 “É deserto o recurso interposto para o Superior Tribunal de Justiça, quando o Recorrente não recolhe, na

origem, a importância das despesas de remessa e retorno dos autos.” (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 187. DJU 30.05.1997, p. 23297, RDDT vol. 23, p. 222, RSTJ vol. 101, p. 119, RT vol. 741. p. 207).

180 “A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo registro no protocolo

da secretaria e não pela data da entrega na agência do correio.” (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 216. DJU 25.02.1999, p. 77, EPDJ 15.03.1999, p. 326, JSTJ vol. 3, p. 447, RDDT vol. 44. p. 236).

181 “É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação

sentido182. No entanto, em se tratando de recurso excepcional, o Superior Tribunal de Justiça, nos moldes da Súmula 115183, conclui que é impossível sanar tal vício. Motivos sustentáveis não há, pois como dito, as regras gerais do mandato permitem claramente que tal vício seja sanado, e nenhuma norma atinente aos recursos excepcionais impede que a regra geral prevaleça.

Com relação ao pressuposto recursal intrínseco do cabimento, algumas considerações hão que ser feitas.

No concernente ao prazo para recorrer pela via excepcional, não há dúvidas de que ele ocorre com a intimação do acórdão recorrido, tendo a fluência de quinze dias, segundo o art. 508 do CPC. Dúvidas e celeumas emanam quando se questiona sobre o termo inicial para a incidência do prazo. Muitos diriam que é o da intimação do acórdão recorrido. Ocorre que a súmula 418 do STJ184 traz à tona a impossibilidade do chamado “recurso prematuro”, por falta de cabimento.

O recurso prematuro nada mais é do que um recurso excepcional apresentado logo após a intimação do acórdão recorrido. A despeito da apresentação de embargos de declaração ou embargos infringentes pela outra parte, mesmo que estes nada interfiram no resultado final do acórdão recorrido, o recurso não é novamente apresentado. Ou seja, o primeiro recurso apresentado se considera prematuro porque foi apresentado antes do prazo adequado, que é após a última intimação sobre o acórdão recorrido.

O entendimento do Superior Tribunal de Justiça está baseado em interpretação do princípio recursal da unirrecorribilidade185, pois entende o Tribunal Superior que a instância ordinária não teria sido totalmente exaurida, já que, a despeito de uma das partes ter

182 “Processo Civil. Representação Processual. Defeito Sanável Nas Vias Ordinárias. Art. 13 do CPC. Revista

Eletrônica de Jurisprudência do STJ. Repositório Oficial. A falta ou deficiência de instrumento de mandato constitui defeito sanável nas instâncias ordinárias, incumbindo ao juiz ou relator do Tribunal determinar prazo razoável para sanar o defeito, a teor do art. 13 do Código de Processo Civil. Precedentes da Corte Especial do STJ.” (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, Corte Especial, EREsp 789978/DF, rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 18.11.2009, DJe 30.11.2009).

183 “Na instância especial é inexistente o recurso interposto por advogado sem procuração nos autos.” (BRASIL.

Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 115. DJU 07.11.1994, p. 30050, RSTJ vol. 70, p. 331, RT vol. 710. p. 164).

184 “É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração,

sem posterior ratificação.”

185 “São extemporâneos os embargos de divergência opostos antes do julgamento dos embargos de declaração,

sem que tenha havido, posteriormente à publicação do aresto, qualquer ratificação ou reiteração no prazo recursal. O conhecimento do recurso de divergência também se encontra obstado pela incidência do princípio da unirrecorribilidade recursal, sendo de rigor o reconhecimento da preclusão consumativa em relação ao recurso interposto por último.” (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, 2ª Seção, AgRg nos EDcl nos EAg n. 787.900/SP, rel. Min. Vasco Della Giustina, j. 24.02.2010, DJe 05.03.2010).

apresentado o apelo excepcional, pelo fato de outra parte ter se valido do recurso de embargos de declaração, a instância só teria se exaurido com o julgamento deste último recurso186.

Essa é outra súmula que não tem a mesma aplicação nos recursos ordinários. É perfeitamente admissível que se apresente uma apelação cível no primeiro dia do prazo, e, mesmo que a outra parte tempestivamente ofereça embargos de declaração, os quais não interfiram no conteúdo da sentença, não há a obrigação de reiteração do recurso de apelação, no julgar de vários Tribunais da Federação187.

186 “É indiferente a data da consolidação da jurisprudência para fins de sua aplicabilidade ou não ao recurso

interposto antes dos julgados citados no acórdão recorrido, pois, no caso concreto, o princípio de direito é que foi violado. Ademais, precedentes jurisprudenciais possuem força meramente declaratórios (Precedentes da Primeira Seção desta Eg. Corte). Princípios constituem o substrato do direito. São células nucleares. Irradiam seus efeitos sobre o sistema jurídico, independentemente da cronologia das decisões jurisprudenciais. É prematuro o Recurso Especial interposto antes do julgamento dos Embargos de Declaração, mormente se a própria recorrente maneja os dois recursos, violando, com isso, os Princípios da Unirrecorribilidade e do Prévio Esgotamento das Instâncias Ordinárias.” (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, 4ª Turma, AgRg no REsp n. 403.154/SP, rel. Min. Honildo Amaral de Mello Castro, j. 17.09.2009, DJe 28.09.2009).

187“Pelas peculiaridades da espécie, não se tem por extemporânea a apelação interposta antes do julgamento dos

declaratórios apresentados pela parte contrária, uma vez que os pontos que foram atacados na apelação em nada foram alterados pelo decisum dos aclaratórios, que, por ser mera- mente integrativo, apenas complementou o primeiro decisório, sem dar-lhe qualquer outro conteúdo, principalmente modificativo, no atinente àqueles tópicos”. (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, 4ª Turma, REsp 280.247, rel. Min. Cesar Rocha, j. 19.02.02, DJU 26.8.02). “Civil e Processual Civil. Agravo. Art. 557, § 1.º do CPC. Decisão que nega seguimento a apelação por intempestiva. Simultãnea oposição de embargos de declaração. Rejeição destes. Não reiteração das razões de agravo. Entendimento do relator originário pelo não conhecimento. Aplicação da Súmula 418 do STJ. Rejeição do entendimento pela maioria. Não reiteração das razões recursais que não se afigura como fator impeditivo do conhecimento do recurso. Precedentes do STJ. Inaplicabilidade da Súmula 418 na instância ordinária.” (BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, 8ª Câmara Cível, ApCív n. 679.145-3/02, rel. Des. Jorge de Oliveira Vargas, j. 16.06.2011, DJe n. 679). “Preliminares arguidas pela autora de intempestividade da apelação e de nulidade da sentença Rejeição Inaplicabilidade da Súmula 418 do STJ, vedado o uso da analogia para restringir direitos. Recurso interposto antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração que deve ser conhecido. Sentença que se ateve aos limites da demanda proposta, julgando procedente em parte o pedido da autora Ré que se insurgiu quanto à devolução imediata de todo o valor pleiteado pela autora”. (BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, 13ª Câmara de Direito Privado, ApCív n. 0014819-50.2010.8.26.0564, rel. Des. Ana de Lourdes Coutinho Silva, j. 27.06.2012, DJe 06.07.2012). “Inaplicabilidade da Súmula n. 418/STJ, vez que não se trata de recurso especial.” (BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, 19ª Câmara Cível, ApCív n. 70042809558, rel. Des. Guinther Spode, j. 27.09.2011, DJe 29.09.2011). “A súmula 418 do STJ é de aplicação exclusiva para os recursos extraordinários, já que somente neles faz sentido a exigência do esgotamento das instâncias originárias, o que foi uma das premissas para a elaboração do verbete.2. Não é extemporânea a apelação interposta antes do julgamento de embargos de declaração, devendo ser conhecida, ainda que não haja ratificação do interesse em recorrer após a integralização da decisão recorrida.” (BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, 2ª Câmara Cível, ApCív n. 12050063168, rel. Des. Álvaro Manoel Rosindo Bourguignon, j. 08.02.2011, DJe 08.04.2011). “Não é extemporânea a apelação apresentada antes do manejo de embargos de declaração pela outra parte, pois não poderia o apelante pressupor que a contraparte iria interpor aclaratórios. Nessas situações, após o julgamento dos embargos, pode o apelante aditar o recurso já interposto na medida da modificação. Precedentes do C. STJ. 2. Exige-se ratificação posterior ao julgamento de embargos de declaração apenas em se tratando da interposição de recurso especial ou extraordinário, já que esses recursos excepcionais são cabíveis somente contra decisão proferida em última ou única instância, ou seja, quando esgotadas as vias ordinárias (CF, art. 101, inc. III, e art. 105, inc. III) . 3. [...]. 6. Apelação conhecida e provida, para, anulada a r. sentença recorrida, dar prosseguimento ao processo de execução.” (BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, 1ª Câmara Cível, ApCív n. 2094904200380600000. Rel. Des. Raul Araújo Filho, j. 21.09.2009). Em sentido contrário: “1.- Nos termos da Súmula 418/STJ ‘É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação.’ 2.- Essa orientação, segundo precedentes desta Corte é

Segundo o mesmo raciocínio que foi exposto em relação à súmula 115, também não há regra especial nos recursos excepcionais que obrigue a ratificação do recurso, sendo o presente estudo contra o comando da Súmula 418/STJ.

No entanto, para fins pragmáticos, e de acordo com a sistemática vigente, o termo inicial para prazo de apresentação de recurso excepcional não é sempre a intimação do acórdão recorrido, mas a intimação da última decisão proferida na istância ordinária referente ao acórdão recorrido.

Felizmente, o Projeto do Código de Processo Civil (Projeto n. 166, do Senado Federal), preconiza, em seu art. 980, § 3.º, que “se, ao julgar os embargos de declaração, o juiz, relator ou órgão colegiado não alterar a conclusão do julgamento anterior, o recurso principal interposto pela outra parte antes da publicação do resultado será processado independentemente de retificação”, o que, se aprovado dessa forma, tornará sem qualquer efeito a Súmula 418 do STJ.

Com relação à tempestividade, no que tange ao termo final, há uma questão relevante quanto aos feriados locais. Segundo o art. 179 do CPC, os feriados suspendem os prazos e, em consequência, também os recursais. Alguns feriados, como o carnaval, são nacionais e notórios, e estão enumerados inclusive pelo art. 81, § 2.º, III, do RISTJ. A dúvida advém quando o feriado for municipal ou estadual. Por exemplo, o prazo para o recurso excepcional se encerra numa sexta-feira, feriado no Estado do Maranhão. O recorrente daquele estado tem o benefício da extensão do prazo até a segunda-feira por força do art. 179 do CPC, porém, o Superior Tribunal de Justiça, quando do exame do recurso, não tem nenhuma informação sobre a ocorrência do feriado regional e declara a intempestividade do recurso.

extensível ao recurso de apelação.”(BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, 3ª Turma, AgRg no AREsp n. 121638/GO, rel. Min. Sidnei Beneti, j. 27.03.2012, DJe 10.04.2012). “Processual Civil. Requisitos de Admissibilidade. Tempestividade. Apelação Protocolada Antes do Julgamento de Embargos de Declaração Opostos à Sentença. Ausência de Reiteração. Súmula 83/STJ.A Corte de origem julgou a apelação, nos termos da jurisprudência do STJ, no sentido de que é necessária a ratificação da apelação interposta antes do julgamento dos embargos de declaração, ainda que estes tenham sido opostos pela parte contrária. Incidência da Súmula 418/STJ.” (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, 2ª Turma, AgRg no AREsp n. 164.032/RJ, rel. Min. Humerto Martins, j. 05.06.2012, DJe 14.06.2012). “Processual Civil. Recurso Especial. Acórdão Proferido Nos Termos do Art. 543-C, § 7º, II, Do CPC. Falta de Ratificação. Não Esgotamento da Instância Ordinária. 1. ‘É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação’ - Súmula 418/STJ. 2. O Superior Tribunal de Justiça aplica a orientação acima também para outros recursos. Precedentes expressos em relação à Apelação e ao Agravo Regimental.” (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, 2ª Turma, REsp n. 1.292.560/RJ, rel. Min. Herman Benjamin, j. 15.03.2012, DJe 13.04.2012) . “1) - É intempestiva a apelação interposta antes da publicação da decisão que acolheu os embargos de declaração, salvo se houver reiteração posterior. 2) - Se a parte recorrente não demonstra nenhum fato novo ou argumentação suficiente para acarretar a modificação da linha de raciocínio adotada na decisão monocrática, impõe-se o não provimento do agravo interno.” (BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, 4ª Câmara Cível, ApCív n. 200790423669, rel. Gerson Câmara Silva, j. 25.08.2011, DJe 31.08.2011).

O Tribunal Superior não tem como identificar a ocorrência de feriado municipal ou regional para verificar a correta tempestividade. Isso não significa que o recorrente não poderá usufruir da suspensão do prazo. Ela ocorrerá, desde que demonstrada a ocorrência da causa suspensiva pelo recorrente, seja mediante citação do web site que traga a informação188, seja mediante cópia da legislação que informa a causa de suspensão, seja ainda um feriado ou mesmo as férias decretadas a um Tribunal.

Em regra, todos os requisitos de admissibilidade devem estar presentes no momento da interposição do recurso, porém, com relação à comprovação da tempestividade resultante de feriado local, tanto o STF189 quanto o STJ190 permitem a comprovação posterior à interposição do recurso.

Ainda com relação ao termo final do prazo para recorrer na via especial, merece atenção a Súmula 216 do STJ191, preceituando que a tempestividade do recurso enviado por meio de correio é aferida na data de sua chegada do mesmo na secretaria do Tribunal de origem, e não na data da postagem, o que parecia revestido de certa obviedade192.

Isso não seria alvo de polêmicas se alguns Tribunais fizessem convênios com o Correio para receber petições. O jurisdicionado postaria a petição e a enviaria à escrivania correspondente, registrando que a data do protocolo seria justamente a data da postagem, por

188 “As cópias de atos relativos à suspensão dos prazos processuais, no Tribunal de origem, obtidas a partir de

sítios eletrônicos da Justiça, contendo identificação da procedência do documento, ou seja, endereço eletrônico de origem e data de reprodução no rodapé da página eletrônica, e cuja veracidade é facilmente verificável, juntadas no instante da interposição do recurso especial, possuem os requisitos necessários para caracterizar prova idônea, podendo ser admitidas como documentos hábeis para demonstrar a tempestividade do recurso, salvo impugnação fundamentada da parte contrária.2. Modificação da jurisprudência da Corte Especial.3. Agravo regimental provido.” (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, Corte Especial, AgRg no Ag n. 1.251.998/SP, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 15.09.2010, DJe 19.11.2010).

189 “Tempestividade do apelo extremo. Esta Corte, por ocasião do julgamento do RE-AgR 626.358, rel. Min.

Cezar Peluso, Tribunal Pleno, ocorrido em 22.3.2012, modificou sua jurisprudência para permitir a comprovação posterior de tempestividade do recurso extraordinário, quando reconhecida a extemporaneidade em virtude de feriados locais ou de suspensão de expediente forense no tribunal a quo. 3. No mérito, não assiste razão ao recorrente. 4. Não restou demonstrada de que forma o acórdão recorrido teria afrontado a Constituição da República. Incidência da Súmula 284 Precedentes. 4. O STF firmou orientação no sentido de que municípios são competentes para legislar sobre segurança das edificações ou construções realizadas em seu território”. (BRASIL. Supremo Tribunal Federal, 2ª Turma, RE n. 534909, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28.08.2012, DJe17.09.2012).

190 “A Corte Especial, no julgamento do AREsp 137.141/SE, Relator Ministro Antônio Carlos Ferreira, ocorrido

no dia 19.9.2012, acompanhando o entendimento proferido pelo Supremo Tribunal Federal no AgRg no RE n. 626.358/MG, Relator Ministro Cezar Peluso, DJ 23.8.2012, modificou sua jurisprudência, passando a permitir a comprovação de feriado local ou suspensão dos prazos processuais não certificada nos autos em momento posterior à interposição do recurso na origem.” (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, 1ª Seção, AgRg no AgRg no AREsp n. 194.892/RJ, rel. Min. Mauro Campbell, j. 24.10.2012, DJe 26.10.2012).

191 Súmula 216 “A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo registro

no protocolo da secretaria e não pela data da entrega na agência do correio.” (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 216. DJU 25.02.1999, p. 77, EPDJ 15.03.1999, p. 326, JSTJ vol. 3, p. 447, RDDT vol. 44. p. 236).

192 Excetuando-se a hipótese de agravo de instrumento, pois o art. 525, § 2.º preceitua que a tempestividade para

ter o Correio o poder de receber o peticionamento. Até o momento, eventuais convênios com os correios ainda não interferiram no posicionamento do STJ com relação à Súmula 216, porém, se observados tais convênios, acredita-se que isso ocorrerá. Isso porque o poder de o Correio receber petições faz com que ele funcione de modo similar ao protocolo integrado.

O próprio protocolo integrado, por ser um convênio para protocolar petição em local distinto, sofria reprovação do STJ, conforme se extrai da súmula 256193, entendimento esse que foi superado no Superior Tribunal de Justiça, porém não no Supremo Tribunal Federal194.

O sistema de receber petições pelo Correio, sendo a data da postagem como a data do protocolo, parece ter a mesma natureza do protocolo integrado, ou seja, permitir que o jurisdicionando protocole uma petição em local distinto daquele que deve ser remetida. Dessa forma, embora se acredite que o protocolo por meio do correio sofrerá certa resistência no início, o sistema terá aceitação nos Tribunais Superiores, nos moldes do que ocorreu com o protocolo integrado.

A última diferenciação analisada é a dizente do preparo. O recorrente, no caso de preparo insuficiente, tem o direito de ser intimado para complementar o prazo segundo o art. 511, § 2.º, do CPC. Nos recursos excepcionais, tal preceito é mitigado, no expressar da súmula 187 do STJ195. O próprio STJ entende, pacificamente, que é um direito da parte- recorrente ser intimada para complementar o preparo, no caso de preparo insuficiente, desde seja nos recursos ordinários. Mais uma vez não há disposição específica que impossibilite o alcance do art. 511, § 2.º, do CPC aos recursos excepcionais. Não se pode argumentar uma dificuldade do STJ em realizar tal intimação, para justificar a impossibilidade de complementação, pois tal situação não existe.

O que ocorre hodiernamente, é que, se o recurso excepcional se encontra no Tribunal de origem com preparo insuficiente, a presidência do Tribunal intima o recorrente para complementar. Se tal irregularidade não é constatada pelo Tribunal a quo, e o STJ constatar mesmíssimo vício, o recurso é considerado deserto. Tal situação foge da lógica, pois o exame de admissibilidade não pode sofrer tratamento diverso pelo momento do processamento do

193 “O sistema de ‘protocolo integrado’ não se aplica aos recursos dirigidos ao Superior Tribunal de Justiça.”

(BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 256. DJU 22.08.2001, p. 338, REPDJe 09.06.2001, RSTJ vol. 155, p. 73, RT vol. 793. p. 192. Revogada pelo AgRg no Ag 792.846-SP, na sessão de 21.05.2008).

194 “É indevida a utilização de protocolo integrado nos recursos dirigidos às Cortes Superiores.” (BRASIL.

Supremo Tribunal Federal, 2ª Turma, AgReg no AgReg no ED no RE n. 217.561, rel. Min. Eros Grau, j. 20.04.2010, DJe 14.05.2010).

195 Súmula 187 “É deserto o recurso interposto para o Superior Tribunal de Justiça, quando o Recorrente não

recolhe, na origem, a importância das despesas de remessa e retorno dos autos.” (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 187. DJU 30.05.1997, p. 23297, RDDT vol. 23, p. 222, RSTJ vol. 101, p. 119, RT vol. 741. p. 207).

recurso, já que se trata do mesmíssimo recurso. O art. 511, § 2.º, tem aplicação ampla e em todos os recursos e momentos recursais, não havendo nenhuma restrição legal no tocante aos recursos excepcionais. Por isso, consoante o pontuado no presente estudo, a Súmula 187 do STJ não possui base legal.

No documento Rafael de Oliveira Guimarao (páginas 63-69)

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