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OS DESAFIOS PARA A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 139-142)

 Conteúdo

• Considerações iniciais

• Os desafi os da luta por direitos

 Competência e habilidade

• Levar o acadêmico(a) a se sentir participante do processo de mudança da categoria, por meio da adoção de uma teoria social crítica que possibilite a apreensão dos desafi os do pro- fi ssional no século XXI

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2 h-a – via satélite com professor Interativo 2 h-a – presenciais com professor Local 6 h-a – mínimo sugerido para autoestudo

Considerações iniciais

Vimos num passado recente que a trajetória das políticas sociais brasileiras, profundamente conec- tadas à política “econômica monetarista e de duro ajuste fi scal, enveredou pelos caminhos da priva- tização para os que podem pagar, da focalização/ seletividade e políticas pobres para os pobres, e da descentralização, vista como desconcentração e desresponsabilização do Estado, apesar das inova- ções de 1988”. (BEHRING, 2008, p. 184) e é neste contexto que trazemos a baila a discussão dos desa- fi os posto ao Serviço Social no século XXI.

Para Simionatto (2005), a função social da profi s- são do Assistente Social pode ser auxiliada a partir da teoria gramsciana, pois esta reconhece a impor- tância do sujeito nas inúmeras mudanças sociais.

Assim, em meio às mudanças sociais que vêm ocor- rendo, o Serviço Social também contribui com seu saber para impulsionar uma refl exão política aos segmentos populacionais, em que também possam reconhecer seus direitos e deveres, para exercerem sua cidadania.

Historicamente a cultural profi ssional carrega um lastro conservador da sociedade burguesa, que demarca a

antinomia entre estrutura e sujeito, entre determi- nismo e liberdade, trata como dimensões paralelas e unilaterais, ainda que articuladas entre si. A cultural conservadora foi se metamorfoseando, adquirindo novas roupagens, mas preservando-se, no essencial, na leitura da sociedade capitalista, plena de deriva- ções prático-políticas. (IAMAMOTO, 2008, p. 234)

Segundo Marcuse (apud IAMAMOTO, 2008, p.184), esse lastro cultural da sociedade burguesa é tida como regida por “leis invariáveis, assemelhadas àquelas que regem os fenômenos da natureza, não passíveis de alteração, segundo os cânones típicos da resignação positiva, que obscurece a ação trans- formadora dos homens na produção e ultrapassa- gem do ordenamento social instituído”. Por outro lado, o campo dos valores é presidido por uma in- dagação moralizante.

Contudo, o Serviço Social brasileiro na década de 1980 registrou o processo de ruptura de caráter teórico e prático-política com sua herança histórica. Uma vez que a categoria conseguiu dar importantes passos no sentido de ultrapassar uma visão domés- tica, familiar e consensual das relações profi ssionais. (IAMAMOTO, 2008)

Vale ressaltar que ao longo de sua existência, o serviço social construiu a história de sua prática e de um ideário que incorporou para se explicar na sociedade e para nela projetar o seu fazer.

Os desafi os da luta por direitos

Ao inserir este ponto na discussão, temos que apresentar sua relação com a política pública, por meio da compreensão do Estado democrático.

A concepção de Estado democrático de direito que no Brasil, convenciona a economia de merca- do não garante, naturalmente, a inclusão e o de- senvolvimento social. Contudo a teoria neoliberal como, também, os teóricos da economia, depois das primeiras consequências da globalização, afirmam que estes propósitos somente podem ser atingidos através de intervenção estatal, com po- líticas públicas, a fim de reduzir as desigualdades sociais. (MONTENEGRO apud SIMÕES, p. 253, 2007)

A economia monetária e política contemporânea estão baseadas na realidade dos anos 1930. Nesta época, a viabilidade do total emprego era promul- gada pelo governo aos trabalhadores que se arris- cavam a trabalhar por um salário real de equilíbrio; esta situação é encontrada na ortodoxia neoliberal

de hoje, expressando o emprego como se fosse es- pontâneo, em consequência de acontecimentos par- ticulares de constituição da força de trabalho (edu- cação, indolência e outros). A racionalidade que a teoria econômica congrega, a evidência da incoe- rência entre a realidade do desemprego e da exclu- são social e a suposição do pleno emprego.

Para Simões (2007), essa realidade demonstra as sociedades que suportam um funcionamento de mercado que certificam à liberdade de seus atores econômicos, a propriedade privada dos meios de produção e a livre apropriação de bene- fícios, consequentes de seu exercício profissional, terminam legitimando instituições que tem por fim o lucro por meio da mobilização dos fatores de produção e ascensão do desenvolvimento eco- nômico.

Deste modo, a maximização da eficácia produ- tiva e do lucro, como estímulo dos atores econô- micos, não se adapta naturalmente com a justiça distributiva. Essa conciliação, em níveis aceitá- veis, está sujeita à norma constitucional e à po- lítica governamental. Mais que isso, a meta que todos almejam de uma sociedade que afiance a completa liberdade e o respeito aos direitos de cidadania é conciliável com uma economia que ordene a eficiência econômica, visto que a liber- dade e a eficiência se sustentam nas diversidades particulares, mas isto é inconciliável com a justi- ça social, mesmo que seja somente relativa. (SI- MÕES, 2007)

É nessa questão que o neoliberalismo comprova defi ciência inevitável, quando eleva ao máximo o individualismo e o livre funcionamento do merca- do. Sua teoria convenciona na crença de que o indi- vidualismo e as relações competitivas de mercado conciliariam três objetivos: “a máxima efi ciência produtiva; a ampla liberdade individual; e a relativa justiça social (distributiva)”. (SIMÕES, 2007, p. 98) Mas, contraditoriamente o que prega a teoria e o que se verifi ca na realidade contemporânea, demonstra que estas presunções não se ajustam. As desigual- dades instituídas pela ostentação ao processo com- petitivo, já acabaram com o Estado do Bem-Estar

Social1 e promove uma irracionalidade dos países

emergentes. Assim, corrompe a meta de melhorar o crescimento econômico com políticas públicas fo- cadas em minimizar a desigualdade e que estreite a solução simplifi cada de diminuir as liberdades. Os três objetivos evidenciados somente se viabilizam por meio de políticas públicas.

O espaço no setor privado

Para Komeyama (2000), os desafi os a serem en- frentados pelos profi ssionais de Serviço Social são os colocados pelas novas modalidades de produção e reprodução, material e espiritual, da força de tra- balho, que são mediadas pelo mercado de trabalho, pois é “por meio deste que se manifestam as diver- sas formas institucionalizadas de enfrentamento da questão social”. (p. 211)

Na esfera privada em particular é possível perceber que no conjunto de mudanças provocadas pela rees- truturação dos processos de trabalho, as empresas ado- tam novas estratégias de gestão e política de recursos humanos, alterando as requisições e demandas postas ao Serviço Social. Ou seja, o assistente social é requisi- tado para implementar, gerir e coordenar a política de recursos humanos. Trata-se de ações sociais internas, que tem por objetivo motivar os empregados para oti- mizar o seu desempenho. (KOMEYAMA, 2000) A educação

Para identifi car esta relação entre Serviço Social e Educação, buscou-se uma aproximação teórica e prática. Pois, a educação é uma política pública so- cial caracterizada pela Constituição Federal de 1988 como um “direito de todos e dever do Estado e da família” e relacionada com o “preparo para o exercí- cio da cidadania e sua qualifi cação para o trabalho”.

1 “O Estado do Bem-estar também é conhecido por sua denomi-

nação em inglês, Welfare State. Os termos servem basicamente para designar o Estado assistencial que garante padrões mínimos de edu- cação, saúde, habitação, renda e seguridade social a todos os cida- dãos. É preciso esclarecer, no entanto, que todos estes tipos de servi- ços assistenciais são de caráter público e reconhecidos como direitos sociais”. CANCIAN, Renato. Estado de Bem-Estar Social: História e crise wesfare state. Disponível em http://educacao.uol.com.br/so- ciologia/ult4264u30.jhtm. Acesso dia 17 de outubro de 2009.

Para Pequeno (2006), pensar a educação, hoje, implica em ultrapassar a compreensão exclusiva de que esta se refere ao aspecto ensino-aprendizagem e a relação professor-aluno. Pois,

As demandas – interna e externa – para inclusão dos assistentes sociais na educação apresentam motivações diferenciadas, que passeiam entre a compreensão de que profi ssional pode contribuir com o saneamento dos problemas sociais e da ma- nutenção da ordem na escola à concepção de que também pode contribuir com o enfrentamento dos problemas sociais que resultam da complexidade da questão social. (PEQUENO, 2006, p. 12)

É imperioso registrar que o grande desafi o é apreender com densidade histórica o caráter con- traditório das lutas por direitos, o que nos permite pensar “que o solo matrizador por onde os sujeitos individuais e coletivos se movem é a luta de classes”. (SANTOS, 2007, p. 28)

Assim, Iamamoto (2006) sugere que para a apreensão e enfrentamento do cenário atual faz- se necessário uma apropriação mais rigorosa da base teórico-metodológica para construir alterna- tivas, sem desconsiderar o caráter interventivo da profi ssão, o que exige o aperfeiçoamento técnico- operativo.

Na verdade, o próprio padrão fl exível exige de to- dos os trabalhadores, incluindo o assistente social, muito mais do que a execução das tarefas, mais a participação do trabalhador na condução e otimiza- ção do processo e na compreensão e solução de seus eventuais pontos de estrangulamento.

Unidade Didática – Desafi

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 139-142)