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A ORGANIZAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS EM CAMPO

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 121-123)

O PROCESSO DA PESQUISA  Conteúdo

A ORGANIZAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS EM CAMPO

Após recolher os dados da pesquisa, segue a eta- pa de organização das informações a fi m de me- lhor dispô-las no texto, visando sua compreensão e a análise tem o objetivo de responder o problema da pesquisa, interpretando, dando um sentido mais amplo aos dados obtidos.

A classifi cação é a etapa inicial que objetiva orga- nizar ou ordenar uma série de dados em diferentes classes. Lakatos e Marconi (1999) explicam que na classifi cação, um universo é dividido em partes e os dados são agrupados em categorias para serem analisados. Dencker (2001, p.159) corrobora este entendimento afi rmando que “para classifi car os dados é necessário estabelecer categorias que per- mitam a reunião das informações em certo número de agrupamentos”.

As classifi cações necessitam de conceitos genéri- cos para identifi cá-las, assim o investigador realiza-

rá uma leitura atenta das respostas obtidas a fi m de identifi car os conceitos que melhor as representam para daí extrair as categorias.

É possível também, determinar antecipadamente as categorias de análise e elaborar o questionamento a partir desta defi nição, isso pode ser mais bem uti- lizado quando se aplica questionários em função da natureza e características próprias do instrumento.

Assim se formará grupos de questões que estejam inseridas dentro de uma categoria, será o agrupa- mento dentro das categorias.

As respostas de cunho qualitativo, geralmente apresentam maior difi culdade para o estabeleci- mento de categorias. Triviños (1992) apresenta al- gumas sugestões com o objetivo de organizar este procedimento, segundo o autor após uma leitura inicial, o pesquisador irá identifi car as respostas que, de alguma forma, estejam articuladas a algum fundamento teórico.

Após este procedimento, o pesquisador poderá fazer uma listagem de respostas por categorias das pessoas que responderam o instrumento (gestores, assistentes etc.) e outra listagem por pergunta. Com isso, se obterá um esquema onde para cada respos- ta, teremos um grupo de pessoas que a responde- ram. Assim, no fi nal se obterá uma lista apenas, das respostas dadas a cada pergunta de todos os grupos que participaram da pesquisa.

Para o teórico, esta listagem fi nal permitirá reali- zar a classifi cação das respostas, por pergunta. Com isso também se verifi cará divergências, confl itos, aspectos não elucidados completamente e também pontos de convergência.

Em seguida o pesquisador partirá para o proces- so de codifi cação. Para Dencker (2001) codifi cação é o processo pelo qual, os dados brutos são trans- formados em uma representação (normalmente nu- mérica) para sua contagem e tabulação. Rampazzo (2002, p. 116), defi ne da seguinte forma:

Codifi car é o processo pelo qual se coloca uma determinada informação na categoria que lhe compete, atribuindo-se cada categoria a um item e dando-se, para cada item e para cada categoria,

um símbolo apresentado na forma de palavras ou de números.

Lakatos e Marconi (1999) consideram três aspec- tos como relevantes no que se refere à quantidade: o número de entrevistados ou fontes de dados, o nú- mero de questões perguntadas e a operação estatís- tica a ser utilizada.

Recomenda-se que a codifi cação seja feita pelo próprio pesquisador, em função da interpretação correta da informação obtida. Para se evitar pro- blemas posteriores todo cuidado deve ser tomado, revisar se todas as questões foram respondidas, se as anotações estão legíveis e compreensíveis, se houve respostas inadequadas ao que se pretendia verifi car, entre outras coisas.

Para Dencker (2001) a melhor forma de se au- mentar a precisão na codifi cação, é ter clareza na categorização, pois após o estabelecimento das cate- gorias é que se irá inserir cada resposta na categoria que lhe compete.

A tabulação é a terceira fase na organização dos dados relativos à pesquisa. Tabular os dados signifi - ca organizá-los em tabelas objetivando identifi car as relações que guardam entre si. Para Dencker (2001) a parte mais importante no processo de tabulação, é a contagem buscando determinar o número de ca- sos que ocorrem nas diversas categorias.

Rampazzo (2002) contribui com o entendimento afi rmando que a tabulação é o processo pelo qual são expressos grafi camente os dados obtidos das ca- tegorias, em colunas verticais e linhas horizontais; com intuito de sintetizar e permitir uma compreen- são e interpretação mais rápida.

A tabulação pode ser realizada de duas formas: manual e mecânica ou computadorizada. A tabu- lação manual nada mais é do que a representação da quantidade de respostas obtidas nas perguntas e que correspondem a uma determinada categoria, por meio da contagem manual, anotando-se os da- dos por meio de riscos, quadrados, entre outros. Já a mecânica ou computadorizada, conta com pro- gramas específi cos que auxiliam na distribuição das informações conforme os parâmetros defi nidos.

Dencker (2001) sugere a elaboração de uma fo- lha sumário, onde o investigador irá reunir algumas informações, uma vez que nem sempre será possí- vel utilizá-la, de forma organizada e de fácil visua- lização. A tabulação poderá ser simples, o número de respostas será igual ao número de entrevistas e também de respostas múltiplas. Neste caso, o res- pondente poderá indicar mais de uma alternativa como resposta, para se chegar a uma porcentagem, toma-se como base o total de entrevistados que res- ponderam o instrumento sobre o total de respostas (total de respostas/total de entrevistas=?).

Além destes tipos também poderá ser utilizada a tabulação de perguntas encadeadas, que são aquelas que levam a outra relacionada, por exemplo, Você tem pós-graduação? Numa amostra de 100 pessoas teremos sim e não. A pergunta poderá continuar, “Em caso positivo, em qual área?” As perguntas de- verão ser representadas em separado identifi cando o total de respondentes dentro de cada uma, mesmo que para a segunda resposta se obtenha um número menor.

Além dos modelos mencionados, o investigador poderá utilizar outros meios, desde que deixe claro no seu projeto de pesquisa e o faça fundamentado em teorias e modelos estatísticos reconhecidos.

Uma questão que merece uma refl exão se refere a utilização ou não de metodologias quantitativas em abordagens qualitativas. Podemos afi rmar que as pesquisas qualitativas e quantitativas não se ex- cluem, ao contrário são complementares, pois os dados quantitativos, à luz da refl exão qualitativa, re- velam aspectos fundamentais na compreensão dos fenômenos.

Minayo e Sanches (1993) com base em diferentes autores afi rmam que do ponto de vista metodoló- gico não há contradição nem continuidade entre as abordagens em vista de serem de naturezas di- ferentes. Para os autores (1993) que citam Gurvitch (1955), a pesquisa quantitativa atua em níveis da re- alidade, onde os dados se apresentam aos sentidos.

Já a segunda trabalha com valores, crenças, re- presentações, hábitos, atitudes e opiniões.

Assim, não há mais cientifi cidade numa ou nou- tra ainda que uma utilize instrumentos sofi sticados de mensuração e a outra busque a compreensão em profundidade.

É ainda Minayo e Sanches (1993, p.16) que con- tribuem com a questão afi rmando que:

se a relação entre quantitativo e qualitativo, entre objetividade e subjetividade não se reduz a um con-

tinuum, ela não pode ser pensada como oposição

contraditória. Pelo contrário, é de se desejar que as relações sociais possam ser analisadas em seus as- pectos mais “ecológicos” e “concretos” e aprofunda- das em seus signifi cados mais essenciais. Assim, o estudo quantitativo pode gerar questões para serem aprofundadas qualitativamente, e vice-versa.

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 121-123)