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NO PODER JUDICIÁRIO  Conteúdo

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 176-180)

• A prática profi ssional do Assistente Social no Poder Judiciário

 Competências e habilidades

• Conhecer o Poder Judiciário como espaço de ocupação e atuação do assistente social • Possibilitar a discussão sobre prática profi ssional do Assistente Social de acordo com o pro-

jeto ético-político do Serviço Social

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De acordo com a Constituição Federal de 1988 a República Federativa do Brasil se divide em três poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Cada um desses poderes tem suas atribuições e são regidas por normas próprias de funcionamento e controle. Neste texto vamos nos ater ao poder Judi- ciário, no entanto, em virtude de sua constituição e amplitude, vamos delimitar a atuação do Assistente Social aos Tribunais de Justiça no âmbito dos Esta- dos, haja vista, que de acordo com o art. 92 o poder judiciário é composto por:

I – o Supremo Tribunal Federal; II – o Superior Tribunal de Justiça;

III – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV – os Tribunais e Juízes do trabalho;

V – os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI – os Tribunais e Juízes Militares;

VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

Para o funcionamento dos tribunais de Justiça dos Estados, há uma subdivisão necessária, qual

sejam as circunscrições, comarcas e distritos, cons- tituindo, porém um só para os efeitos de jurisdição dos Tribunais de Justiça. De acordo com Fávero (et

alii 2005, p. 203), a organização judiciária, encon-

tram-se assim defi nidos:

a Circunscrição Judiciária será constituída pela reunião de Comarcas contíguas da mesma região, uma das quais será sua sede;

a Comarca compreenderá um ou mais municípios, formando área contígua e terá a denominação da respectiva sede; aqui, destaca-se que a Comarca da capital constituirá entrância1especial, sem integrar qualquer das circunscrições judiciárias:

o Distrito será a menor unidade judiciária e terá denominação e limites correspondentes aos da di- visão administrativa.

Mas por que o Poder Judiciário tem papel tão relevante nas relações sociais na sociedade contem- porânea capitalista? O Judiciário tem papel prepon- derante para o cumprimento das leis e do ordena- mento jurídico no país, segundo Valente2, no artigo

sobre O Serviço Social e a Expansão do Judiciário: Uma Refl exão Introdutória, ela explicita que:

A Constituição Federal de 1988 apresenta mudan- ças relevantes sobre a proteção dos direitos funda- mentais, tanto no que se refere ao conteúdo desses direitos como no papel atribuído às instituições estatais para sua efetivação. Segundo KOERNER (2002), durante a transição democrática, o modelo de constituição proposto para o país é de um Es- tado social e democrático de direito, cujos valores básicos estão expressos nos direitos fundamentais, nos princípios de organização, de funcionamento e nos objetivos do Estado, que recebe papel de garan- tidor e promovedor de direitos substantivos.

A propalada questão social se expressa de dife- rentes formas, às vezes por meio de explosão da violência urbana, pelo desemprego, a fome, as ex-

1 Entrância é o “lugar de ordem das circunscrições judiciárias, na

classifi cação que delas se faz para efeitos legais” (Dicionário Aurélio, 1988).

2 www.revistalibertas.ufj f.br/artigos/volume1n1/03_maria_luiza.doc –

copiado em 26 de julho de 2009.

clusões socioeconômicas, as intolerâncias nas mais diversas expressões, seja religiosa, sexual ou de clas- se, na falta de assistências aos desvalidos do sistema capitalista e de suas instituições ou no corporativis- mo e burocracia que impregnam a mentalidade das instituições públicas. Com tantos desafi os para o exercício do direito e da justiça, no complexo de ins- tituições do Estado democrático brasileiro, temos o Judiciário que exerce a função de dirimir confl itos à luz da interpretação e aplicação das normas legais; ou seja, de uma forma bem simplista diríamos que o Judiciário “aplica a lei ao caso concreto que lhe é submetido”.

Em alguns espaços do poder Judiciário, essas fun- ções sociais se expressam mais nitidamente, como aqueles nos quais tramitam as ações relativas à in- fância, juventude, família e criminais. Nessa reali- dade, expressões da ausência, insufi ciência ou ine- fi ciência do Poder Executivo na implementação de políticas sociais redistributivas e universalizantes se escancaram, na medida em que, além dos litígios e demandas que requerem a intervenção judicial, como regulamentação de guarda de fi lhos, violên- cia doméstica, adoção etc., cada vez mais se acentua uma “demanda fora de lugar” ou uma “judicializa- ção” da pobreza, que busca no Judiciário solução para situações que, embora se expressem particu- larmente, decorrem das extremas condições de de- sigualdades sociais. (FAVERO, et alii, 2005, p. 35),

É nesse paradoxo de ações e intervenção que se localizam o profi ssional de Serviço Social, geral- mente atuando junto às Varas de Infância e Juventu- de, de Família, Cíveis e em serviços com servidores, ligados aos setores de recursos humanos.

Considerando que a justiça é o caminho procu- rado quando todos os outros recursos falharam, os Juízes recorrem aos Assistentes Sociais requerendo seus conhecimentos profi ssionais para subsidiar as ações impetradas, com técnicas e metodologias ine- rentes à profi ssão; por sua vez o Assistente Social atende as demandas institucionais a partir de prin- cípios e diretrizes normativas e éticas referendadas por sua área de formação.

O conhecimento atualizado e consistente do proje- to profi ssional, posto pelo referencial ético-político, teórico-metodológico e técnico-operativo de cada área1, impregna fortemente o agir profi ssional, da mesma forma que o distanciamento desse proje- to. Assim, conforme o nível de envolvimento e de compromisso assumido pelo profi ssional com as questões e debates postos pela profi ssão na con- temporaneidade, ele pode defi nir os objetivos para uma ou outra direção, como, por exemplo, para o compromisso com a defesa, ampliação e garantia de direitos, como para o controle, de cunho dis- ciplinar e normatizador, de comportamentos con- siderados desviantes de convenções moralizantes. (FAVERO et alii, 2005. p. 100).

O trabalho do Assistente Social consiste em aten- der as determinações do juiz e subsidiar a decisão judicial, devendo ser assegurada a livre manifesta- ção do ponto de vista técnico, sempre em acordo com a lei de regulamentação da profi ssão e ao códi- go de ética profi ssional, observando, principalmen- te os direitos dos cidadãos que buscam o judiciário para resolução de problemas via ações judiciais. Dessa forma, entre as funções desenvolvidas pelo Assistente Social nos tribunais de justiça, temos, se- gundo FAVERO (et alii, 2005, p. 239-240):

Proceder a avaliação dos casos, elaborando estudo ou perícia social, com a fi nalidade de subsidiar ou assessorar a autoridade judiciária no conhecimento dos aspectos socioeconômicos, culturais, interpes- soais, familiares, institucionais e comunitários. Emitir laudos técnicos, pareceres e respostas a quesi- tos, por escrito ou verbalmente em audiências e ainda realizar acompanhamento e reavaliação de casos. Desenvolver, durante o estudo Social e/ou Plantão de Triagem, ações de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, no que se re- fere às questões sociojurídicas.

Desenvolver atividades específi cas junto ao cadastro de adoção nas Varas da Infância e Juventude.

1 Nesse caso respectivamente está se referindo ao trabalho do Assis-

tente Social e do Psicólogo, que foram as profi ssões pesquisadas no livro “O Serviço Social e a Psicologia no Judiciário: Construindo sa- beres, conquistando direitos, de acordo com FAVERO, Eunice Tere- sinha et alii, Cortez. 2005.

Estabelecer e aplicar procedimentos técnicos de mediação junto ao grupo familiar em situação de confl ito.

Contribuir e/ou participar de trabalhos que visem a integração do Poder Judiciário com as instituições que desenvolvam ações na área social, buscando a articulação com a rede de atendimento à infância, juventude e família, para o melhor encaminhamento. Acompanhar visitas de pais às crianças, em casos excepcionais, quando determinado judicialmente. Fiscalizar instituições e/ou programas que atendam criança e adolescente sob a medida protetiva e/ou em cumprimento de medida socioeducativa, quan- do da determinação judicial, em conformidade com a Lei no 8.069/90.2

Realizar trabalhos junto à equipe multiprofi ssional, principalmente com o setor de Psicologia, com obje- tivo de atender à solicitação de estudo psicossocial. Elaborar mensal e anualmente relatório estatístico, quantitativo e qualitativo sobre as atividades desen- volvidas, bem como pesquisas e estudos, com vistas a manter e melhorar a qualidade do trabalho. Atuar em programas de treinamento de Juízes e ser- vidores, inclusive os de capacitação de Assistentes Sociais Judiciários, como Coordenador, Monitor e Palestrante, promovidos pelo Tribunal de Justiça. Supervisionar estágio de alunos do curso regular de Serviço Social, mediante prévia autorização do tri- bunal de Justiça.

Planejar e coordenar as atividades técnicas e admi- nistrativas específi cas do setor social.

Elaborar e manter atualizado cadastro de recursos da comunidade.

Elaborar, implementar, coordenar, executar e ava- liar, controlando e fi scalizando3 se necessário, pla- nos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social, de acordo com as diretri- zes fi xadas (...), nos serviços de atendimento a ma- gistrados e servidores.

2 Lei 8.069 de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adoles-

cente, in Assistente social: ética e direitos: coletânea de Leis e Resolu- ções. 3 ed. – CRESS 7a Região – RJ. 2001. p. 75.

3 Quero observar nesse aspecto que o Assistente Social não deveria

exercer sua prática com cunho “fi scalizador” ou “polialesco”, na acepção da palavra, mas sim, atuar do ponto de vista educativo, com uma prática voltada à consecução e manutenção do direito e da res- ponsabilidade profi ssional.

Assessorar (...) sempre que necessário, nas questões relativas à matéria do Serviço Social.

Ressalte-se que para o cumprimento das funções anteriormente especifi cadas, o Assistente Social faz uso de aparato técnico-metodológico-instrumental, como por exemplo: abordagem, entrevista, visita domiciliar, visita a instituições, registros efetuados por meio de relatórios, laudos e pareceres, reuni-

ões, estudos sociais, entre outros; que, no momento oportuno serão mais bem explicitados.

Isso posto, podemos perceber a gama de trabalho e os conhecimentos específi cos da área profi ssional do Assistente Social que se faz necessário para o de- sempenho desse trabalho e das inúmeras possibili- dade que podem ser exercidas no desenvolvimento de suas funções no âmbito do Serviço Social no Po- der Judiciário.

Unidade Didática – T

eoria e Prática em Serviço Social

AULA

4

ATUAÇÃO E ANÁLISE DA PRÁTICA

PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL

EM EMPRESAS PRIVADAS

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 176-180)