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ORGANIZAÇÃO E ATUAÇÃO POLÍTICA DO ASSISTENTE SOCIAL

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 158-163)

 Conteúdo

• Inserção da categoria na luta política de resistência

 Competência e habilidade

• Despertar a capacidade de julgamento e tomada de decisões

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 Duração

2 h-a – via satélite com professor interativo 2 h-a – presenciais com professor local 6 h-a – mínimo sugerido para autoestudo

Para iniciarmos essa aula, vamos primeiro enten- der o que signifi ca política de forma ampla e geral, uma vez que este conteúdo já foi trabalhado na Uni- dade de Política. Segundo Johnson (1997), política é o processo social através do qual o poder coletivo é gerado, organizado, distribuído e usado nos siste- mas sociais. Na maioria das sociedades, é organi- zada sobretudo em torno da instituição do Estado, embora este fenômeno seja relativamente recente.

Ao falar-se da política é importante fazer um paralelo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, pois ela permeia todas as ações seja no âmbito da assistência seja na execução de políticas para a sociedade.

A declaração Universal dos Direitos Humanos introduziu a concepção de Direitos Humanos reco- nhecendo-lhes a universalidade, a indivisibilidade e

a interdependência desses direitos, e reuniu em um único documento orientações aos direitos civis e políticos e econômicos, sociais e culturais.

A Constituição Federal de 1988 adotou tanto os preceitos da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão como os da Declaração dos Direi- tos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), traduzindo em seus artigos os direitos fun- damentais do homem.

No pós-guerra, período da proclamação dos Di- reitos Humanos, o Estado de bem-estar consolida- se como modelo da democracia social dominante nas economias capitalistas avançadas, malgradando diferenças não desprezível entre as trajetórias nacio- nais. Seus traços marcantes estão no papel desem- penhado pelos fundos públicos no fi nanciamento da reprodução da força de trabalho e do próprio ca-

pital, na emergência de sistemas nacionais públicos ou estatalmente regulados de políticas sociais (edu- cação, saúde, previdência, etc.) e na expansão do consumo de massa, padronizado, de bens e serviços coletivos. (VIANNA, 2000)

Com esta declaração, passa-se a reconhecer que todos os indivíduos têm direitos fundamentais pelo simples fato de serem seres humanos, em qualquer lugar em que estejam independentemente das con- dições materiais em que vivam, de sua classe social, de sua religião ou de seu patrimônio. Tais direitos são inalienáveis, porque concebidos como decorrentes da natureza humana, a ela imanentes. (SIMÕES, 2007).

O direito fundamental de cada indivíduo, antes de quaisquer direitos elencados na Declaração dos Direitos Humanos, é o de ter direito, de pertencer a uma sociedade disposta e capaz de garanti-los. (SIMÕES, 2007)

Segundo Simões (2007), a Constituição de 1988, no entanto, não adotou, integralmente, os princí- pios neoliberais. Ao contrário, tornou universais os direitos sociais, sob o impulso do princípio da igual- dade e atribui caráter social ao valor da dignidade.

A Declaração de 1948 vem como um marco para a questão dos direitos humanos, pois integra valores antes concebidos como excludentes como a igualda- de e liberdade, fornecendo um aspecto de indivisi- bilidade e universalidade dos direitos.

Nessas características os direitos eram vistos como únicos a todos, tendo a obrigação de serem aplicados conjuntamente os direitos individuais, econômicos e sociais, enaltecendo seus fundamen- tos de igualdade e liberdade.

É essencial lembrar que a Declaração de 1948, não se fez só por atualizar o rol dos direitos, dian- te de uma sociedade industrial, mas por ordenar como compromissos de todos – Estados e indivídu- os, governantes e governados – o dever constante da construção de um mundo onde todos os homens possam usufruir de uma vida digna, com pleno atendimento de suas necessidades primárias, mate- riais e espirituais. (GEBARA, 2008)

Para Gonh (1995), neste período os movimentos sociais passaram pela fase de maior expressividade

no que diz respeito a lutas, movimentos e projetos para o país, pois o governo perdera legitimidade diante da população por causa do regime militar, da crise econômica, a chamada crise do petróleo, a vol- ta da infl ação e o desmonte do poder aquisitivo da classe média. Vale ressaltar que os movimentos so- ciais representavam a reconstrução da democracia com a participação popular, gerou uma expectativa de força do povo, de classes populares em mudar o rumo político e social tão almejado por outros gru- pos sociais.

Os direitos sociais são exercidos pelos homens por meio da intervenção do Estado, que é quem deve provê-los. É no âmbito do Estado que os ho- mens buscam o cumprimento dos direitos sociais, embora ainda o façam de forma individual. Esses direitos vêm se constituindo desde o século XIX, mas ganharam evidência no século XX. Ancoram- se na ideia de igualdade, que se constitui numa meta a ser alcançada, buscando enfrentar as desigualda- des sociais. (COUTO, 2004)

A Constituição Federal estabelece o Estado atra- vés da organização do Poder Público, sendo este dividido em três poderes: os órgãos fundamentais, as instituições e as políticas públicas. Dessa forma, as políticas públicas são políticas de Estado, pois se encontram devidamente previstas no texto consti- tucional e os órgãos fundamentais e as instituições são expressões visíveis das políticas sociais. Assim sendo, constituem a unidade da sociedade civil, po- lítica e juridicamente organizada. (SIMÕES, 2007)

Contudo, se faz necessária apresentar uma dis- tinção entre Estado e governo, pelo fato que ao ins- tituir uma política cuja sua promoção é dever do Estado, denota que a sua concretização dependerá também dos governos eleitos. Como por exemplo, em um governo neoliberal para realizar suas metas nas políticas públicas tenderá a transferir os servi- ços para pessoas jurídicas privadas, através de licita- ções públicas; outro governo de vocação estatizante, a fi m de promover os mesmos princípios, tenderá a conceituar os órgãos públicos. Os princípios cons- titucionais poderão ser os mesmos, mas a forma de execução dependerá das políticas governamentais.

Em um Estado federativo como o Brasil, o Po- der Público é repartido entre a União, os Estados- membros, o Distrito Federal e os municípios com suas instituições legislativas (Congresso Nacional, assembleias legislativas e câmaras de vereadores).

Em nosso ordenamento jurídico nacional, portan- to, as entidades ou entes estatais são unicamente a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios, porque detêm autonomia políti- ca, caracterizada por poder legislativo próprio. As demais pessoas jurídicas, integrantes dos entes es- tatais, instituídas ou autorizadas a se constituírem por lei, são autarquias ou entidades paraestatais, sem poder legislativo, mas apenas administrativo. (SIMÕES, p. 23, 2007).

No que diz respeito às políticas sociais o sistema federativo juntamente com os poderes públicos or- ganiza uma rede complexa, isto ocorre por ser um sistema descentralizado nos quais as ações de im- plementação, efetivação e controle destas políticas estão pactuadas pelas três esferas governamentais.

Os municípios são considerados como entes au- tônomos a respeito da União e aos Estados-mem- bros onde estão localizados. Através de sua lei or- gânica, organizam-se de dois poderes: o Executivo (prefeitura) e o Legislativo (câmara de vereadores). Vale ressaltar que a Constituição Federal no ser art. 92 não autoriza o Judiciário municipal.

O governo é a soma organizada dos representantes do Estado, executando Funções específi cas que este se propõe realizar para cumprir expressa e refl eti- damente os fi ns estatais que a Constituição Federal ou estadual ou lei orgânica dos municípios insti- tuem. È a corporifi cação concreta e operacional do Estado, em sua ação política, seu funcionamento, uma entidade objetiva que se refere aos agentes pú- blicos, incumbidos da responsabilidade de realizar aqueles fi ns. (SIMÕES, p. 35, 2007).

De acordo com Simões (2007), o governo não pode ser reduzido somente à administração exe- cutiva. O governo pode ser conceituado como um conjunto de órgãos que constituem um poder es- tatal, juntamente com a forma que os poderes e

as competências são exercidos através dos agentes públicos (parlamentares, magistrados e governan- tes eleitos). Vale ressaltar que os prefeitos, governa- dores e o presidente da República precisam exercer seus poderes executivos de acordo com as leis or- gânicas, as constituições estaduais e a Constituição Federal. É no exercício destes documentos que está determinada as ações governamentais.

Restringir a administração pública ao Executi- vo federal, estadual, ou municipal, não levando em conta que o Judiciário e o Legislativo nutrem ativi- dades de sustentação administrativa, prestadas por seus servidores, é um modo de separar o interesse público dos interesses sociais e das políticas públi- cas, pois a ações judiciais e legislativas estão acopla- das a administração que lhes dá suporte.

A maneira que os serviços públicos são oferecidos pode ser classifi cada em centralizada, descentraliza- da e desconcentrada e a sua execução em direta ou indireta. A forma de serviço público centralizado indica que este serviço é executado por um órgão do Estado, em seu nome e sob sua responsabilidade. Já o descentralizado é quando a titularidade e exe- cução ou unicamente a execução do serviço é trans- ferida para outra pessoa jurídica, especializada no segmento, podendo ser paraestatais ou particulares. Essa desvinculação é feita por outorga: Estado cria uma entidade e por lei transfere as atividades para a mesma; a revogação só pode ser feita por lei; ou por delegação: o Estado transfere através de contrato de concessão ou por ato unilateral (permissão ou auto- rização) somente a execução das atividades, sendo que o particular presta serviço ao público por sua conta em risco, pode ser revogado.

Desconcentrado é como o serviço público cen- tralizado, entretanto é remanejado entre diversos órgãos de igual entidade estatal, a fi m de promover e intensifi car sua efi cácia.

No que diz respeito a sua execução a direta é efetu- ada pelos próprios meios da pessoa jurídica, tendo a função de proporcionar os serviços ao público, seja ele centralizado, descentralizado ou descon- centrado. Já quando a pessoa jurídica, responsável

pela execução, terceiriza o trabalho, ou seja, contra- ta pessoa de fora de seus domínios para realizar a execução das atividades, defi ne-se como execução indireta, mas não é delegado aos terceiros poderes e responsabilidades originárias.

Cultura política e assistência social

Para tanto iremos fazer um apanhado da cultura política e a assistência social. Para Oliveira (2003) ao inserir a assistência social como política integrante do sistema de seguridade social, a Constituição Fe- deral/1988 instaurou o princípio da cidadania como vetor dessa política e estabeleceu como parâmetro de sua organização a descentralização político-ad- ministrativa e a participação da população. O que pode ser confi rmado pela Lei Orgânica da Assistên- cia Social – LOAS, que estabelece como estratégia fundamental de gestão da Assistência Social a des- centralização, redesenhando as funções dos gover- nos federal, estadual e municipal.

No que diz respeito ao rol das políticas sociais, o pensamento descentralizado surgiu da crítica ao padrão de proteção social arquitetado pelos gover- nos autoritários: muito centralizado, fragmentado na sua estrutura, inefi caz em relação aos serviços e benefícios ofertados. A ideia de descentralização era ser o repasse das competências e atribuições de ní- veis superiores para os municípios que, julga-se, ser de melhor acesso ao comando democrático desem- penhado pelos cidadãos. Vale ressaltar que a fi nali-

dade não era redesenhar a essência da intervenção pública de cunho social no campo de um novo pac- to federativo que fortalecesse os estados, mas rema- nejar competência e funções de modo a aumentar a entrada da população aos serviços sociais, promo- vendo maior chance de controle. (ALMEIDA, 1996) A partir da década de 1980 o anseio pelo pro- cesso de democratização foi de maior valor que as barreiras impostas pelas difi culdades econômicas. A crise do regime autoritário e a transição para a democracia impulsionaram a descentralização.

Para Almeida (1996), a Constituição Federal de 1988 deliberou uma nova organização federativa com expressiva transferência de poder decisório, funções e recursos nacionais para os estados e, so- bretudo, para os municípios.

Essa deliberação fundamentada na constituinte demanda um processo transitório de adaptação a uma nova realidade, defi nição de novas regras, ins- trumentos para realocação, consolidação ou devo- lução de papéis entre as instâncias de governo.

Segundo Almeida (1996), o Governo Federal, frente a essa nova realidade, não teve capacidade de estabelecer estratégias operacionais de redefi nição das atribuições das três esferas governamentais na área social para a descentralização que priorizasse as particularidades dos diversos setores que os com- põem. O que prevaleceu foi o oposto dessa situação, dividiu-se em iniciativas e presunções que refl etiam diferentes objetivos e prioridades.

O SERVIÇO SOCIAL NA

CONTEMPORANEIDADE

Módulo

Professora Ma. Maria Aparecida da Silva

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 158-163)