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FAMÍLIA – MARCO LEGAL

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 77-81)

A FAMÍLIA, A CRIANÇA E O ADOLESCENTE  Conteúdo

FAMÍLIA – MARCO LEGAL

• A família, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e as crianças e adolescentes • Famílias acolhedoras, Adoção, Acolhimento Institucional, O Adolescer e a relação com a

família, Confl ito Familiar, O adolescente em Confl ito com a lei

 Competências e habilidades

• Entender sobre a importância da família na vida de crianças e adolescentes

• Compreender principais direitos e deveres da família em relação a crianças e adolescentes, em diversas instâncias

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 Duração

2 h-a – via satélite com professor interativo 2 h-a – presenciais com professor local 10 h-a – mínimo sugerido para autoestudo

FAMÍLIA – MARCO LEGAL

A Constituição Federal Brasileira – CFB de 1988, defi ne em seu Artigo 222: “entende-se como entida- de familiar a comunidade formada por qualquer um dos pais e seus descendentes”.

Estas colocações enfatizam a existência de víncu- los de fi liação legal, de origem natural ou adotiva, independentemente do tipo de arranjo familiar em que as relações de parentalidade e fi liação possam estar incluídas. O que nos remete a compreensão de que não importa se a família é do tipo nuclear, mo- noparental, reconstituída ou com outras formas de composição.

A importância da família no Brasil é explicitada na CFB, em seu Artigo 226, que estabelece que: “a família é a base da sociedade”. Compete à família, portanto, juntamente com o Estado e a sociedade em geral, cumprir o disposto no Artigo 227, visto a seguir:

É dever da família, da sociedade e do Estado, asse- gurar à criança e ao adolescente, com absoluta prio- ridade o direito à vida, à saúde, à cultura, à dignida- de, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Cumpre ressaltar que este último artigo também evidencia os direitos fundamentais da criança e do adolescente, ampliando e aprofundando direitos re- conhecidos e assegurados para os cidadãos adultos. Dentre esses direitos fundamentais da cidadania, está o direito à convivência familiar e comunitária.

Assim, fi cam assegurados por lei os direitos e deveres da família para com seus membros. Vale destacar como um dos marcos normativos, a Decla- ração sobre os Direitos da Criança e do Adolescente (1924/1959). A convenção das nações unidas sobre os direitos da criança e do adolescente assegura duas prerrogativas primordiais para crianças e ado- lescentes: cuidados e responsabilidades.

A convenção sobre os direitos da criança, ratifi - cada no Brasil em 24 de setembro de 1990, possui uma função suprema no embasamento da criação ou reforma de toda e qualquer norma reguladora, no campo da família e na fundamentação do pro- cesso de implantação e implementação de políticas, programas, serviços e ações públicas.

É notório que a legislação brasileira dispõe de vários mecanismos para assegurar à família e seus membros o seu pleno desenvolvimento, cabendo a utilização destas prerrogativas em consonância com a proposição, implementação e execução das políti- cas públicas.

A família, o Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA) e as crianças e adolescentes No Brasil, algumas normativas legais pela sua importância, são sintetizadas em codifi cações que facilitam o tratamento das questões jurídicas no âmbito mais específi co do assunto selecionado pela sua prioridade social. Existem então, o Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto das Cidades, o Estatuto do Idoso e o Estatuto da Criança e do Ado- lescente, que são exemplos de consolidações legis- lativas, para melhor compreensão dos interessados. Crianças e adolescentes possuem direitos pró- prios que estão previstos em diversos instrumentos internacionais e na legislação brasileira. No plano internacional, ressalta-se a Convenção sobre o Di- reito da Criança, aprovada pela ONU, em 1989, e

em vigência no Brasil desde 1990; as Regras Míni- mas das Nações Unidas para a Proteção dos Jovens Privados de Liberdade, aprovada pela ONU em 1990; Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração Juvenil e a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (Pacto de São José).

Regulamentando estas proposições e demais nor- mativas internacionais, a Lei Federal 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA), estabelece sobre a importân- cia da família na vida da criança e do adolescente como mecanismos de proteção, de proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente.

Para Winnicott (apud, MDS, 2005) “Quando a convivência familiar é saudável, a família é o me- lhor lugar para o desenvolvimento da criança e do adolescente”.

Cabe salientar ressaltar que o ambiente familiar tido como local ideal, o qual proporciona proteção e cuidado, em muitos casos, também é o local de confl ito, podendo até mesmo ser o espaço em que ocorra a violação de direitos da criança e do ado- lescente. Nesses casos, medidas de apoio à família deverão ser tomadas, bem como outras que se fi ze- rem necessárias, objetivando a assegurar o direito da criança e do adolescente de se desenvolver no seio de uma família.

Dentre as situações de violação de direitos vivida por crianças e adolescentes estão a falta ou a fra- gilização dos vínculos familiares e comunitários, que requerem atenção e medidas interventivas da sociedade e do estado, destacando-se a negligência, o abandono, a violência doméstica e o abuso sexual.

Sendo assim, o ECA prevê a responsabilização da família e/ou responsáveis em situações que envol- vam o descumprimento dos direitos de crianças e adolescentes.

Família acolhedora

O Programa de Famílias Acolhedoras é um ser- viço que organiza o acolhimento em residência de famílias acolhedoras, de crianças e adolescentes separados da família de origem, mediante medida de proteção. Sob a ótica jurídica, este tipo de aten- dimento possui como pressuposto um mandato

formal – uma guarda fi xada judicialmente a ser requerida pelo programa de atendimento ao juízo, em favor da família acolhedora. A manutenção da guarda estará condicionada à permanência da fa- mília acolhedora no programa. Diferente da Ado- ção este Programa tem caráter provisório, até que se viabilize uma solução defi nitiva para a vida da criança e/ou do adolescente – reintegração familiar ou adoção.

Adoção

A nova redação da defi nição descrita na Consti- tuição Federal tornou-se mais inclusiva, rompendo com o tratamento anterior discriminatório, vindo a igualar o tratamento dispensado aos fi lhos oriundos ou não das relações de casamento, ou por adoção, explicitado no Art. 227 § 6o “Os fi lhos, havidos ou

não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifi cações, proibidas quais- quer designações discriminatórias relativas à fi lia- ção”.

Com a promulgação do ECA e demais estudos e movimentos da sociedade civil organizada, tem ocorrido uma contribuição gradativa na construção de uma cultura de adoção pautada no superior in- teresse da criança e do adolescente. Evidenciando a concepção da adoção como a junção dos desejos e satisfações mútua entre adotados e adotantes.

A colocação em família substituta dar-se-á me- diante decisão judicial e somente será sacramenta- da se tal decisão confi gurar-se comprovadamente como melhor medida para a proteção e o desenvol- vimento da criança e do adolescente. Lembrando que tal resolução só ocorrerá depois de esgotadas todas as possibilidades de permanência da criança e/ou adolescente no seio de sua família de origem. Acolhimento institucional

O ECA estabelece em seu artigo 92 quanto a ex- cepcionalidade e a provisoriedade do acolhimento institucional obrigando que se assevere a “preserva- ção dos vínculos familiares e a integração em famí- lia substituta quando esgotados os recursos de ma- nutenção na família de origem”.

O acolhimento institucional para crianças e ado- lescentes pode ser disponibilizado em diferentes modalidades como casa, lar e casa de passagem, abrigos entre outros. Independentemente da no- menclatura estas modalidades de atendimento en- contram previstas no referido artigo, lembrando sempre que, atualmente as recomendações com relação a estes atendimentos são pautados na pro- visoriedade e normativas estabelecidas no ECA, e não mais como no passado os chamados orfanatos, os quais tinham uma característica defi nitiva e sem parâmetros de atendimento.

O adolescer e a relação com a família

Enfocando o processo adolescente no contex- to familiar, há várias particularidades. Para mui- tos pais, perceber que o fi lho está se tornando um adolescente só acontece ao se darem conta das modifi cações corporais ocorridas com o fi lho. O desenvolvimento psicossocial não é considerado. Há muitas queixas associadas ao comportamento dos fi lhos porque estes não são entendidos como características próprias da adolescência, mas sim percebidos como “malcriação” dos fi lhos (compor- tamentos não aprovados). Muito frequentes são as colocações quanto à oscilação de comportamen- to, indisciplina, rebeldia dos fi lhos. É importante se considerar as expectativas da família frente ao adolescente. Em algumas situações, os pais alegam que ele está sendo imaturo e precisa se comportar como adulto, em outras assevera-se de que ele ain- da é criança para tais situações. Ou seja, pede-se a ele independência em relação à família, ao mesmo tempo em que se espera dele comportamento de obediência e submissão. Em nossa sociedade, no geral, adolescência se caracteriza por uma condi- ção que não é mais a de criança, mas nem deve ser ainda a do adulto.

É a “condição de adolescente”, selada pela provi- soriedade. Os fi lhos lutam pela independência de modo ambivalente (querendo e não querendo) e os pais também se comportam de modo ambivalente, pois ao exigirem a independência de seus fi lhos com relação a eles mesmos, também o fazem de modo

ambíguo, comportando-se como bloqueadores da independência dos fi lhos.

Muitos pais atuam com rigidez intensa frente a seus fi lhos, gerando confl itos. Outros com permis- sividade extrema, deixando de orientar o fi lho num momento tão importante de estruturação de sua personalidade. O adolescente quer independência, mas também quer e precisa de limites.

Felizmente, há muitos pais que compreendem a adolescência como um processo na vida do fi lho, agindo como facilitadores da vivência deste pro- cesso, ou seja, mantendo postura de diálogo, de abertura para com o fi lho. Winnicott (apud MDS, 2005, p. 68) evidencia que: “um ambiente afetivo e continente às necessidades da criança e, mais tarde adolescente, constitui a base para o desenvolvimen- to saudável ao longo de todo ciclo vital”.

Entre tantos, se faz necessário o cuidado, a afeti- vidade, a imposição de limites para a construção da personalidade e do desenvolvimento das habilida- des necessárias ao convívio em sociedade. Sendo as- sim, as experiências vividas em família contribuirão para que crianças e adolescentes sintam-se amados, capazes de cuidar e amar o outro, assumindo suas próprias ações e sentimentos. Estas experiências de vida são importantes para que adolescentes e jovens sintam-se aceitos também nos novos círculos que passarão a integrar ao longo de suas vidas.

Vale ressaltar que nem sempre a família consegue suprir as necessidades de seus membros, tendo em vista as condições precárias de habitação, saúde, es- colarização, educação ou mesmo pela exposição de seus membros em ambientes de violência urbana, insalubridade dentre outros fatores.

Confl ito familiar

O lar moderno, na busca de suprir as necessida- des de sobrevivência, implica lacunas e papéis su- primidos por estas condições, ocasionando o con- fl ito familiar. A família estaria vivendo um rude impasse em acrescentar novos valores e perdendo alguns. Ou seja, os pais, cada dia mais preocupados com o futuro dos fi lhos, não medem esforços para proporcionar-lhes o que o mundo moderno oferece

e o consumismo que a mídia a todo o momento di- vulga e incentiva.

Porém, enquanto os pais saem de suas casas para tentarem oferecer “o melhor” (em termos materiais e intelectuais) a seus fi lhos, estes fi cam sob os cui- dados de pessoas ou instituições nem sempre prepa- radas para criar seus fi lhos, pois fi lho bem-educado tem um sentido, e fi lho bem-criado outro. Ambos são importantes na construção da personalidade do indivíduo.

A falta da participação, do acompanhamento e da devida atenção no cotidiano dos fi lhos gera con- fl itos que se observados com a devida atenção dos pais poderiam ser amenizados ainda na infância e na adolescência e não como em muitos casos já na vida adulta, quando algumas medidas são mais difí- ceis de serem tomadas.

O adolescente em confl ito com a lei – medidas socioeducativas

O que são Medidas Socioeducativas? São as me- didas aplicáveis aos adolescentes que cometem ato infracional. Verifi cada a prática do ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adoles- cente as seguintes medidas:

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ATENÇÃO

Advertência: consiste em repreensão verbal,

reduzida a termo.

Da obrigação de reparar o dano: a autoridade determina que o adolescente promova o res- sarcimento do dano, ou, por outra forma, com- pense.

Da Prestação de Serviços à Comunidade (PSC): consiste na realização de tarefas gratuitas de inte- resse geral, por período não excedente a seis meses junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos.

Da Liberdade Assistida (LA): a autoridade de-

signa pessoa capacitada para acompanhar o caso, a ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.

Do regime de Semiliberdade: O regime pode

ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realiza- ção de atividades externas, independentemente de autorização judicial. É realizado em uma instituição específi ca para tal situação.

Da internação: Constitui medida privativa de

liberdade, e o período não poderá ultrapassar três anos.

Vale ressaltar que em todas as medidas o acom- panhamento e o suporte da família são de suma im- portância para a socialização dos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas.

A Lei Federal 8069/90 aponta para a responsabi- lidade da família, enquanto primeira agência para efetivação dos Direitos das Crianças e dos Adoles- centes (Art. 4), enfatizando que, quando a família não consegue efetivar os direitos citados pelo ECA, a Sociedade e o Governo deverão subsidiá-la, infor- mando-a e instrumentalizando-a.

Assim, diante do que determina o ECA e pelo reconhecimento da importância do núcleo familiar no desenvolvimento saudável da criança e do ado- lescente, faz-se necessário o acompanhamento e o apoio da família dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, visando a sua proteção, valorização e manutenção de vínculos. É impor- tante ressaltar que essas famílias encontram-se, em sua maioria, em situação de exclusão social, sendo

fundamental o resgate de sua condição de sujeitos capazes de responder prazerosa e orgulhosamente pelos seus adolescentes.

Segundo o Levantamento Nacional do Atendi- mento Socioeducativo ao Adolescente em Confl ito com a Lei foi realizado no período de 1/8/2006 a 15/8/2006, realizado pela SEDH/PR, mediante en- vio de informações dos estados brasileiros, consta- taram-se as seguintes situações:

Em 2006, o número total de internos no sistema socioeducativo de meio fechado no Brasil foi de 15.426 adolescentes, sendo a maioria (10.446) na in- ternação, seguidos da internação provisória (3.446) e da semiliberdade (1.234). Observa-se um aumen- to expressivo na taxa de crescimento da lotação do meio fechado no país entre os anos de 2002-2006, correspondendo a 28% – muito embora, 18 estados apresentaram uma média superior.

O maior crescimento de lotação nos últimos quatro anos aconteceu na internação provisória (34%), enquanto o número de internos em semi- liberdade cresceu apenas 9%. Tal contraste sugere que na modalidade de atendimento esteja preva- lecendo o critério de uma suposta periculosidade dos adolescentes, levando a adoção da internação provisória como ação emergencial. Chama a aten- ção o fato de que em SC, PR, BA e AC existem mais adolescentes em internação provisória do que em internação.

TABELA 27: CAPACIDADE DAS UNIDADES DE MEIO FECHADO: COMPARAÇÃO 2004 – 2006

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