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avanços na vida, dificilmente chegaremos a alcançar o

sucesso. Pois quem não

monitora, não administra.

Pense, outra vez, no exem plo de Zac Lem berg, o m otorista que vim os no capítulo anterior. Se ele tivesse, certa noite, adorm ecido com a visão perfeita e na m anhã seguinte acordado com problem as, certam ente teria percebido a diferença e consultado um oculista. Ele teria um ponto de referência para m edir a m udança da sua visão. Mas com o essa deficiência foi um processo que surgiu gradativam ente, ele não foi capaz de perceber seu

surgim ento. Por isso, ele foi facilm ente convencido — na verdade, ele foi “enganado” — de que a deficiência não existia. O m esm o acontece conosco constantem ente, e tam bém aconteceu com os participantes do estudo de Felitti e Anda. Com o não eram capazes de perceber que seus problem as foram causados pela relação que eles têm com os traum as da infância, eles continuaram , a cada fracasso, culpando sua infância pelos resultados negativos, reforçando, dessa form a, a m em ória negativa desses acontecim entos.

Isso tam bém vale para a nossa saúde, nossas em oções, nossa carreira, fam ília e negócios. Em todos esses aspectos da nossa vida, norm alm ente algo m ais im portante do que m uitas vezes percebem os ocorre. Em geral, os problem as com eçam a se desenvolver m uito antes de seus resultados se m anifestarem abertam ente. Assim com o um a doença no início é de difícil diagnóstico e de cura fácil, e em estágios m ais avançados de fácil diagnóstico e de cura difícil, tam bém acontece com nossos problem as. No início, eles são difíceis de detectar, m as facilm ente corrigidos. Porém , em estágios m ais avençados, são fáceis de detectar e difíceis de corrigir.

O que nos leva a fracassar nos negócios ou na vida, por exem plo, raras vezes é um único evento. Tam pouco é um a briga isolada que acaba com o casam ento, afeta nossa estrutura fam iliar ou transform a nossa vida num caos de frustração e estresse.

Vícios estruturais

Os m aiores problem as que enfrentam os são consequência da m entalidade que adquirim os ou desenvolvem os aos poucos. Essa m entalidade, geralm ente, se estabelece durante longos períodos das nossas vidas, e, por isso, é raram ente questionada, confrontada ou substituída. Um a vez aceita, a m entalidade cria um a cultura em nossas vidas. Essa cultura se baseia num a form a específica de pensar e agir, criando vícios estruturais difíceis de detectar e m udar. E essa cultura é um dos principais obstáculos na valorização do nosso poder de ser diferente e na exploração da nossa singularidade.

Pessoas, fam ílias, em presas e com unidades são m uito sim ilares no que diz respeito aos hábitos, costum es e m entalidades que determ inam um a cultura. Mesm o sem nunca ter ido para a Alem anha, certam ente você conhece alguns costum es dos alem ães. Assim com o tam bém sabe coisas sobre a cultura dos franceses, am ericanos e j aponeses.

olharm os para o Brasil, tam bém irem os notar essas diferenças de Estado para Estado e de região para região. Em geral, quando falam os da cultura, nos referim os a esses tipos de costum es, que são o resultado de um a m entalidade coletiva. Quando pensam os sobre a cultura de um indivíduo, um a fam ília, ou de um a com unidade, geralm ente tam bém nos referim os a esses fatores.

Vam os ver com o isso funciona num exem plo prático: futebol e carnaval. Em bora sej am considerados parte da cultura do Brasil, na verdade essas duas atividades são a m anifestação de um a m entalidade de parte do povo brasileiro. Se elim inássem os essa m entalidade dessas pessoas, a cultura tam bém se extinguiria. Isso, entretanto, dificilm ente acontecerá. Por quê? Porque, se acontecesse, o país perderia im portantes aspectos culturais que, num certo sentido, form am parte da identidade do povo brasileiro. Por isso, há um esforço constante, e quase involuntário, de m anter essa m entalidade e, assim , m anter nossa identidade.

Partindo desse ponto de vista, podem os dizer que cultura é um conj unto de m entalidades que seguim os tão frequentem ente que não pensam os ou m esm o percebem os que existem outras form as de pensar e agir. Um a vez que um a m entalidade está estabelecida, nos identificam os autom aticam ente com ela, com o que por instinto. Sem pre que criam os um a m entalidade, ela passa a nos dom inar. Em outras palavras, passam os a ser essa m entalidade. Passam os a agir de acordo com ela. Passam os a j ustificá-la, defendê-la, e é por isso que raras vezes nos libertam os dela.

Pense, por exem plo, em alguém que costum a ser um m au pagador, ou alguém que tem o hábito de gastar m ais do que ganha. Se você investigar a vida dessa pessoa, verá que ela certam ente tem um histórico m arcado por esse tipo de com portam ento. Contudo, essas pessoas agem com o se elas não soubessem que possuem esse problem a. Por outro lado, é quase certo, exceto em raras exceções, que um a pessoa que desenvolve um a m entalidade de m á pagadora se com portará assim sistem aticam ente ao longo da vida.

Por que isso acontece? Essa pessoa nasceu com um gene de m au pagador? Não. Se você conversasse com ela e perguntasse o m otivo de ela ser um a m á pagadora, ela não saberia o que dizer. Talvez dissesse que ganha pouco, que é um problem a psicológico herdado da infância ou m esm o negará o problem a. Mas nenhum desses argum entos é um a explicação satisfatória. Na verdade, ela desenvolveu um a m entalidade de m á pagadora, e hoj e ela é vítim a dessa m entalidade sem m esm o sabê-lo. Certam ente ela reconhece as consequências do seu com portam ento, m as não consegue percebê-lo com o resultado da sua prática com portam ental diária.

Se você analisar a origem desses problem as, verá que, em algum m om ento, a situação apareceu pela prim eira vez. Houve a dúvida sobre com o lidar com ela, sobre qual cam inho seguir. A pessoa tom ou um a decisão im pensada sobre o que fazer. Mais tarde, quando o m esm o problem a ou situação surgiu outra vez, a tendência natural foi seguir o cam inho percorrido da prim eira vez, independente dos resultados negativos atingidos. Cada vez que fazem os um a escolha ou tom am os um a decisão, não estam os apenas agindo sobre um a situação tem porária. Na verdade, estam os criando um a

m entalidade que caracterizará nossa cultura, que é a fonte de criação dos vícios estruturais. Um a m entalidade não se form a de um dia para o outro. Ela é o resultado da repetição de um m esm o pensam ento, e da m esm a ação, durante anos.

Considere a atitude de um crim inoso, por exem plo. Com o alguém se torna um a pessoa cruel e im piedosa? Muitos psicólogos afirm am que, quando um a pessoa com ete seu prim eiro crim e, ela fica aterrorizada. Se ela repetir o crim e, ela se acostum ará com a prática. Se ela, porém , com eter o crim e várias vezes, acabará criando a banalização do crim e. Ou sej a: ela criará um a m entalidade que passará a dom inar as escolhas sobre suas ações. O que antes lhe era estranho agora se tornou um a atitude natural, e até m esm o necessária, porque faz parte da cultura que lhe dá um a identidade, m esm o que sej a um a identidade de m au, de um assassino cruel e im piedoso.

Por isso, não basta ter presente que você é único, que possui talentos e aptidões próprias. Você precisa desenvolver um a m entalidade, um a cultura em sua vida que valorize e explore esses talentos e aptidões.

Imersos numa mentalidade coletiva

Por que é tão raro valorizarm os nossa singularidade? Para responder a essa questão, voltem os outra vez ao estudo feito por Felitti e Anda. Ele foi um a extensa análise de com o os traum as e abusos sofridos durante a infância afetam nossa vida. Essa análise m ostrou que pessoas que tiveram um a infância afetada por dram as, traum as, abusos e violência, com o pais se divorciando ou envolvidos com alcoolism o, crises e depressão, tiveram um a vida extrem am ente m ais turbulenta do que as dem ais.

Mas vim os que existe outra m aneira de analisar os resultados dessa pesquisa: pela m aneira com o lidam os m entalm ente com os eventos vividos na nossa infância. Basicam ente, tem os duas escolhas. Podem os olhar para esses traum as, dram as e abusos e usá-los com o âncora para j ustificar nossos problem as, sofrim entos, fracassos e derrotas; ou, com o vim os na história de Betto Alm eida, podem os focar nos bons m om entos da infância para alim entar nosso espírito, e utilizar os m om entos ruins com o exem plos negativos a não serem seguidos.

Não existe pessoa que não é

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