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93 Causas que modificam o prazo: majorantes, minorantes e a idade do agente Conforme o

No documento 1.1 CONCEITO DE DIREITO PENAL (páginas 93-97)

art. 115 do Código Penal, são reduzidos da metade os prazos de prescrição previstos no art. 109 quando o criminoso era, à época do crime, menor de vinte e um anos, ou, na data da sentença, maior de setenta. Para aumento, só podem ser considerados os aumentos e reduções decorrentes de majorantes ou minorantes, aplicando-se a proporção prevista sobre a pena máxima prevista em abstrato ao crime. As circunstâncias judiciais e as agravantes e atenuantes não influenciam no cálculo do prazo. A reincidência também “não interfere no prazo de prescrição da pretensão punitiva” (Súmula 220 do STJ).

Importante: como a prescrição é matéria em que se deve priorizar o interesse público,

entende-se que, em se tratando de majorante, deve-se considerar o fator que mais aumente, e, em se tratando de minorante, o fator que menos reduza a pena.

Com a incidência das causas de aumento e de diminuição de pena sobre o máximo cominado ao tipo, encontra-se, no art. 109 do Código Penal, o novo prazo prescricional que poderá ser reduzido em virtude da idade do agente.

Por fim, basta verificar se fluiu esse tempo entre os marcos de contagem previstos no art. 117 do Código Penal para determinar-se a ocorrência ou não de prescrição.

14.2.3. CAUSAS SUSPENSIVAS OU IMPEDITIVAS

As causas de suspensão estão previstas no art. 116 do Código Penal e paralisam o prazo prescricional, o qual volta a correr tão logo a causa que fundamentou a suspensão termine. Exemplo: ocorreu crime cujo prazo de prescrição é de 8 anos, sobrevindo causa de suspensão após 2 anos. O prazo é suspenso enquanto durar a causa. Extinta a causa, o prazo volta a correr, restando então 6 anos.

a) Enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime (inciso I do art. 116 do CP): o prazo prescricional não corre enquanto não decidida questão prejudicial, que são aquelas previstas nos artigos 92 e 93 do Código de Processo Penal. A data inicial do impedimento é a do despacho do juiz determinando a suspensão do processo; a data final, a do despacho que ordena o prosseguimento ou, em questão de estado civil, a data do trânsito em julgado da decisão que a solucionar. Exemplo: se alguém responde pelo delito de bigamia, e, no foro cível, esteja tramitando ação de anulação de um dos casamentos, deve o juiz suspender o feito criminal até a resolução de tal questão prejudicial.

b) Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro (inciso II do art. 116 do CP): justifica-se por não ser possível obter-se a extradição do sujeito nesse período.

c) Outras causas impeditivas: fora do art. 116 do Código Penal existem outras causas impeditivas da prescrição. O art. 89, §6.º, da Lei 9.099/95, por exemplo, prevê que “não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão de processo.” O art. 366 do Código de Processo Penal determina que ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional “quando o acusado, citado por edital, não comparecer e nem constituir advogado.” Já o art. 368 do CPP estabelece que, estando o acusado no estrangeiro, em

lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se “o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento.” Por fim, encontra-se no art. 53, §5.º, da Constituição Federal a previsão de que, “havendo a sustação do processo do congressista”, suspensa estará também a prescrição.

14.2.4. CAUSAS INTERRUPTIVAS

As causas interruptivas são elencadas taxativamente no art. 117 do Código. Faz com que a contagem do prazo prescricional recomece por inteiro, inutilizando o tempo anteriormente decorrido.

a) Recebimento da denúncia ou queixa (inciso I): é o recebimento que interrompe; o mero oferecimento não tem força para interromper a prescrição. Quando o recebimento da exordial dá-se por ordem do Tribunal, deve-se observar se foi o próprio acórdão que a recebeu ou se ele ordenou que o juiz recebesse. Na primeira situação, a interrupção é na data do julgamento, enquanto que, na segunda, no dia em que o juiz efetivamente recebeu. Ademais, deve-se atentar para a Súmula nº 709 do STF: “Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.”

b) Pronúncia (inciso II): a interrupção ocorre na data da publicação da sentença de pronúncia. Não há interrupção se o magistrado impronuncia ou absolve sumariamente o réu, bem como se desclassifica o crime para infração de outra competência. Mas se a desclassificação for para outro delito que deve ser também julgado pelo Júri, há interrupção. Exemplo: desclassificação de homicídio para infanticídio. Deve-se atentar para a Súmula 191 do STJ: “a pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime”. Ou seja, a pronúncia interrompe o prazo prescricional, mesmo se o Conselho de Sentença desclassificar o crime posteriormente. d) Decisão confirmatória da pronúncia (inciso III): se o réu pronunciado recorre e o Tribunal decide confirmando a pronúncia, há nova interrupção do prazo prescricional. e) Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis (inciso IV): a interrupção dá-se a partir da publicação nas mãos do escrivão, consoante o art. 389 do Código de Processo Penal e entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal. A sentença absolutória e a que concede perdão judicial não têm força interruptiva (a sentença que concede o perdão judicial é declaratória e não condenatória, veja-se Súmula 18 do STJ). Se houver recurso do Ministério Público quanto à absolvição e o Tribunal reformar, condenando, há interrupção.

Portanto, a prescrição em abstrato pode ocorrer entre:  A data do fato e o recebimento da denúncia ou queixa  O recebimento da denúncia ou queixa e a pronúncia  A pronúncia e a decisão confirmatória da pronúncia  A pronúncia e a sentença condenatória

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 O recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis

Importante: após o trânsito em julgado da sentença condenatória não se fala mais de

prescrição da pretensão punitiva, uma vez que com ele nasce a pretensão executória.

14.3. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM CONCRETO

RETROATIVA

Ocorre entre a sentença condenatória e algum fato anterior a ela (por isso retroativa). Como já há sentença condenatória individualizando a pena, a prescrição é calculada com base na pena aplicada ao caso concreto, desde que haja trânsito em julgado para a acusação ou o improvimento de seu recurso. Não há prescrição entre a data do fato e o recebimento da denúncia ou queixa (art. 110, § 1º, do CP).

Tem como pressupostos: a inocorrência da prescrição abstrata, a existência de sentença penal condenatória e o trânsito em julgado para a acusação ou o improvimento de seu recurso. O trânsito em julgado ou improvimento do recurso da acusação é pressuposto porque a partir deles não se pode mais alterar para pior a pena aplicada na sentença.

14.3.1 CONTAGEM DO PRAZO

a.1. Deve-se tomar a pena concretizada na sentença condenatória, excluindo-se apenas as majorações decorrentes do concurso formal e do crime continuado.

a.2. Verifica-se, com base na pena fixada em concreto, o prazo prescricional correspondente no art. 109 do Código Penal (por exemplo, se a pena aplicada foi de 3 anos, a prescrição ocorre em 8 anos – veja-se tabela acima).

a.3. Analisa-se se o réu era menor de 21 anos na data do fato ou se tem mais de 70 anos, para, em caso positivo, reduzir o prazo encontrado pela metade.

a.4. Se o prazo encontrado fluiu entre os marcos de contagem previstos no art. 117 do CP, o delito estará prescrito.

Portanto, a prescrição em concreto retroativa pode ocorrer entre:  O recebimento da denúncia ou queixa e a pronúncia  A pronúncia e a decisão confirmatória da pronúncia  A pronúncia e a sentença condenatória

 O recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis

Importante: se o crime é anterior à entrada em vigência da Lei 12.234/10, que alterou o

prazo mínimo da prescrição de 2 para 3 anos (quando a pena é inferior a um ano) e excluiu a possibilidade de prescrição retroativa entre a data do fato e o recebimento da denúncia, aplicar-se- á a regulação anterior, uma vez que mais benéfica ao réu.

14.4. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM CONCRETO

INTERCORRENTE, SUPERVENIENTE OU SUBSEQUENTE

A prescrição intercorrente, assim como a retroativa, leva em consideração a pena aplicada na sentença condenatória. A diferença entre ambas reside no fato de que a retroativa se volta para o passado, ou seja, para períodos anteriores ao da sentença, enquanto a intercorrente dirige-se ao futuro, isto é, para períodos posteriores à sentença condenatória recorrível. De forma específica: ocorre entre a publicação da sentença ou acórdão condenatório recorrível e o trânsito em julgado da condenação.

São seus pressupostos: a existência de sentença condenatória e o trânsito em julgado para a acusação e o improvimento de seu recurso.

14.4.1 CÁLCULO DO PRAZO

 Deve-se tomar a pena concretizada na sentença condenatória, excluindo-se apenas as majorações decorrentes do concurso formal e do crime continuado.

a.5. Verifica-se, com base na pena fixada em concreto, o prazo prescricional correspondente no art. 109 do Código Penal (por exemplo, se a pena aplicada foi de 3 anos, a prescrição ocorre em 8 anos – veja-se tabela acima).

a.6. Analisa-se se o réu era menor de 21 anos na data do fato ou se tem mais de 70 anos, para, em caso positivo, reduzir o prazo encontrado pela metade.

a.7. Se o prazo encontrado fluiu entre a publicação da sentença ou acórdão condenatório e o trânsito em julgado, o crime está prescrito.

14.5. IMPOSSIBILIDADE DE PRESCRIÇÃO PENAL ANTECIPADA,

PROJETADA, VIRTUAL OU ANTEVISTA

Discutia-se sobre a possibilidade de se reconhecer prescrição em situações em que o julgador percebesse que eventual condenação do réu resultaria, mesmo na pior das hipóteses, em prescrição. Considerar-se-ia, para isso, o lapso temporal entre o fato e o momento do recebimento da denúncia ou da queixa, bem como a projeção da pena que seria aplicada, já com as qualificadoras, causas de aumento, agravantes e circunstâncias judiciais.

A Súmula 438 do STJ determinou que essa modalidade de prescrição não é admitido: “É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.” Ademais, a Lei n.º 12.234/10 acabou com a possibilidade de prescrição pela pena em concreto entre a data do fato e a data do recebimento da denúncia e da queixa (art. 110, § 1º, do CP), de forma que reafirmou a impossibilidade da prescrição projetada.

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