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189 Funcionário Público (art 327) – Para efeitos penais, o conceito de funcionário público é

No documento 1.1 CONCEITO DE DIREITO PENAL (páginas 189-191)

diverso daquele adotado pelo Direito Administrativo. Para o Código Penal, é funcionário público quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Exemplo: Vereador, serventuário da justiça, Prefeito Municipal e estudante atuando como estagiário na Defensoria Pública. São equiparados ao funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, bem como os que trabalham para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública (§1º). Se qualquer dessas pessoas ocupar cargo em comissão ou função de direção e assessoramento, será mais severamente sancionada ao cometer os delitos abaixo analisados, pois sua pena será elevada em um terço (§2º).

Peculato (art. 312) – O caput do art. 312 abriga duas modalidades de peculato. A primeira

delas é o peculato-apropriação, que consiste na ação do funcionário público de assenhorar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo. A segunda, é o peculato-desvio. Nesta situação, o funcionário público dá ao objeto material aplicação diversa da que foi determinada, em proveito próprio ou alheio.

Já o §1º prevê um crime funcional impróprio, o chamado peculato-furto. No caso, o funcionário não tem a posse do objeto material, mas o subtrai, ou concorre para que seja subtraído em proveito próprio ou alheio, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a sua qualidade. O §2º tipifica, ainda, o peculato culposo, situação na qual o funcionário, culposamente, concorre para o crime de outrem. Ele é punido por não ter zelado pelo patrimônio público. Se houver a reparação do dano antes da sentença irrecorrível, a sua punibilidade será extinta; se for depois, a pena será reduzida pela metade. Fala-se, ainda, no peculato-uso, o qual consiste na utilização de bens ou serviços públicos. Em regra, é fato atípico. Contudo, se for praticado por prefeito municipal, configurará o crime previsto no art. 1º, II, do Decreto-Lei nº 201/67.

Além do dolo, em todas as modalidades de peculato é necessário o especial fim de agir em proveito próprio ou alheio.

Peculato mediante Erro de Outrem (art. 313) – Trata-se do peculato-estelionato, outra

modalidade de crime funcional impróprio. Neste caso, o agente se apropria de dinheiro ou utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro da vítima. Discute a doutrina se o erro de quem entrega tem que ser espontâneo (Hungria) ou se pode ser ele, também, induzido pelo agente receptor (Nucci).

Inserção de Dados Falsos em Sistema de Informações (art. 313-A) e Modificação ou Alteração Não Autorizada de Sistema de Informações (art. 313-B) – No art. 313-A, ao inserir dados

falsos ou excluir dados verdadeiros em banco de dados da Administração Pública, o agente pretende obter vantagem indevida para si ou para outrem, ou causar dano. No art. 313-B, o agente modifica ou altera sistema de informações ou software sem autorização ou solicitação. Nesse caso, o resultado danoso, que é exaurimento do crime, majora a pena.

Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou Documento (art. 314) - As condutas típicas

são extraviar, sonegar ou inutilizar livro oficial ou outro documento de que tem a guarda em razão do cargo. É delito subsidiário que só se aplica quando não se configurar figura típica mais grave, como, por exemplo, aquela prevista no art. 305.

Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas (art. 315) – Trata-se de dar ao dinheiro

público aplicação diversa daquela estabelecida na lei.

Concussão (art. 316) – A conduta típica consiste em o funcionário exigir para si ou para

outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. É crime formal, e sua consumação ocorre quando da exigência da vantagem, sendo o recebimento crime exaurido. A concussão não se confunde com a corrupção passiva, haja vista que, nesta, o funcionário faz mera solicitação, enquanto que, naquela, há uma exigência.

Excesso de Exação (art. 316, § 1º) - Ocorre quando o funcionário exige tributo ou

contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio humilhante ou gravoso, que a lei não autoriza. Se o agente desviar os valores que recebeu indevidamente em proveito próprio ou alheio, incidirá na forma qualificada prevista no § 2º.

Corrupção Passiva (art. 317) - Ocorre quando o funcionário público solicita ou recebe

vantagem indevida ou, ainda, quando aceita promessa de tal vantagem. Trata-se de crime formal, cuja consumação se dá com a efetiva solicitação, recebimento ou aceitação. Para a configuração do tipo, não se exige a ocorrência concomitante da corrupção ativa (art. 333), o que somente se verifica nas modalidades “receber” e “aceitar”.

Há a majoração da pena em um terço quando o funcionário, motivado pela vantagem indevida ou promessa de recebê-la, retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo a dever funcional (§ 1º). Existe, ainda, a figura privilegiada, que ocorre quando o funcionário efetivamente transige em seu dever, mas o faz cedendo a pedido ou influência de outrem, a quem lhe interessa agradar ou adular (§ 2º).

Facilitação de Contrabando ou Descaminho (art. 318) – Incrimina-se a facilitação, com

infração de dever funcional, da prática de contrabando ou descaminho. Saliente-se que, se não houver a transgressão de um dever da função do agente, ele não responderá por este delito, e sim enquanto partícipe do art. 334. Trata-se de crime formal, e sua consumação ocorre com a mera facilitação, sendo dispensável a efetivação do contrabando ou do descaminho. Por fim, importa referir que o processo é de competência da Justiça Federal.

Prevaricação (art. 319) – São tipificadas as condutas de retardar ou deixar de praticar,

indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei para satisfação de interesse ou sentimento pessoal. As duas primeiras modalidades são omissivas e a última, comissiva. Em qualquer das situações, é indispensável o elemento subjetivo especial do tipo representado pelo especial fim de agir “para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.

Condescendência Criminosa (art. 320) – O funcionário, neste caso, deixa de responsabilizar

subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, não tendo competência para tanto, não leva o fato ao conhecimento de quem a tem.

Advocacia Administrativa (art. 321) – O funcionário público, valendo-se de sua qualidade,

patrocina, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração Pública. Como se vê, não se trata exatamente do exercício da advocacia, e sim da promoção de defesa, do patrocínio. Sendo ilegítimo o interesse privado patrocinado, o crime será qualificado.

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