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185 Petrechos para Falsificação de Moeda (art 291) – Trata-se de fabricar, adquirir, fornecer,

No documento 1.1 CONCEITO DE DIREITO PENAL (páginas 185-187)

possuir ou guardar qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda. Esse crime é subsidiário, porque, se constituir fase preparatória para o delito de moeda falsa, o agente responderá tão somente pela infração penal prevista no art. 289.

Emissão de Título ao Portador sem Permissão Legal (art. 292) – A finalidade deste tipo

penal é evitar que papéis não autorizados pela lei passem a ocupar, gradativamente, o lugar da moeda. Pune-se, portanto, quem emite, sem permissão, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou que careça de indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago. Não obstante, o recebimento ou a utilização, como dinheiro, de algum desses documentos também constitui ilícito penal (parágrafo único).

30.2. FALSIFICAÇÃO DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS

Falsificação de Papéis Públicos (art. 293) e Petrechos de Falsificação (art. 294) – No caput

do art. 293, pune-se a falsificação mediante as formas fabricar e alterar os objetos, que são os vários papéis públicos descritos nos incisos. No §1º, o agente usa, guarda, importa, exporta ou pratica qualquer das inúmeras condutas previstas relativamente aos papéis falsificados a que se refere o caput. Nos §§2º e 3º, as condutas tipificadas são suprimir sinal indicativo da inutilização dos papéis ou, depois de alterados, usá-los. Finalmente, o §4º prevê uma figura privilegiada, cominando pena de detenção para quem usa ou restitui à circulação os papéis falsificados ou alterados, depois de conhecer da falsidade, e o §5º é uma norma de equiparação, com a nítida intenção de alcançar os comerciantes de rua, ou seja, os “camelôs”. No art. 294, a seu turno, está previsto como crime autônomo ato preparatório do crime de falsificação de papéis públicos. Em ambos os casos, a pena é aumentada em 1/6 se o agente é funcionário público, desde que tenha se prevalecido do cargo para a prática delituosa (art. 295).

30.3. FALSIDADE DOCUMENTAL

Falsificação de Selo ou Sinal Público (art. 296) – Trata-se de falsificar, mediante fabrico ou

alteração, sinal público da União, Estado ou Município (inc. I) ou selo ou sinal atribuído por lei à entidade de direito público ou autoridade, ou sinal público de tabelião (inc. II). Por força do §1º, incorre nas mesmas penas quem faz uso do selo ou sinal falsificado, utiliza o verdadeiro em prejuízo de alguém ou em proveito próprio; ou altera, falsifica ou faz uso indevido de qualquer símbolo de órgão ou entidade da Administração Pública. Em todas as hipóteses, a pena é majorada em razão da condição de funcionário público do agente, desde que se valha ele do cargo para cometer o crime (§2º).

Falsificação de Documento Público (art. 297) – Protege-se, aqui, a autenticidade do

documento público. A conduta típica é falsificar ou alterar documento público. No primeiro caso, o documento não existe, sendo criado pelo agente, no todo ou em parte; no segundo, já existe um documento verdadeiro, o qual é, no entanto, modificado. Documento público, a seu turno, é o documento de forma escrita emanado por funcionário público, nessa qualidade e no exercício de atividade pública, com competência e observância das formalidades legais para tanto. Incluem-se, aqui, para parte da doutrina, as fotocópias autenticadas, e a eles se equiparam os documentos emanados por entidades paraestatais, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações

de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular (§3º). Não é documento público, porém, o documento particular autenticado, tampouco a fotocópia de documento público sem autenticação.

Trata-se de um delito formal e de perigo cuja consumação se dá sem a necessidade de qualquer resultado posterior. Contudo, sua configuração exige que o falso seja capaz de ludibriar e faz necessário, ainda, o exame de corpo de delito para se atestar a falsidade material. Ademais, cumpre salientar que, por vezes, a falsificação é crime-meio e resta absorvida pelo crime-fim. É o que ocorre, consoante a Súmula 17 do STJ, quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva. Quando o agente pratica a falsificação e depois a usa, o agente também responde por um único delito, mas há discussão doutrinária no tocante ao crime absorvido.

Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo; sendo ele funcionário público, porém, a conduta tem maior desvalor, razão pela qual a pena é aumentada 1/6, desde que o agente tenha se valido do cargo para chegar ao resultado típico (art. 297, §1º). Finalmente, os §§ 3º e 4º enumeram outras ações típicas às quais se aplica a mesma pena prevista no caput.

Falsificação de Documento Particular (art. 298) – Se a falsificação tem por objeto

documento particular, ante o menor desvalor da ação, a pena cominada é inferior àquela prevista para a falsificação de documento público. O parágrafo único deste artigo equipara a falsificação de cartão de crédito ou de débito à falsificação de documento particular.

Falsidade Ideológica (art. 299) – A falsidade ideológica difere da material porque nela não

se altera a forma de um documento que era verdadeiro. O que há é uma informação falsa reduzida a escrito em um documento que, sob o aspecto material, é de todo verdadeiro. Por isso mesmo, o exame pericial não é cabível. O crime é formal e as condutas alternativas incriminadas são omitir declaração que deveria constar em documento público ou particular ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita. A declaração deve recair sobre fato juridicamente relevante; uma mera mentira ou irregularidade ou a falsidade feita com animus

jocandi não configuram o delito. Além do dolo, exige-se o elemento subjetivo do tipo consistente

no fim de prejudicar direito, criar obrigações ou alterar a verdade, de modo que a falsidade que não conduza a um desses três resultados é penalmente irrelevante. A falsidade ideológica é crime comum, mas se o agente é funcionário público e se prevalece do cargo para praticá-lo, a pena é aumentada 1/6, o mesmo ocorrendo se a falsidade ou alteração é de assentamento de registro civil (art. 299, parágrafo único). Saliente-se, porém, que o registro de filho alheio como próprio e o registro de nascimento inexistente são crimes autônomos, previstos, respectivamente, nos art. 249 e 241 do CP.

Falso Reconhecimento de Firma ou Letra (art. 300) – O agente, no exercício da função

pública, reconhece como verdadeira firma ou letra que não é. Se o documento é público, ante o maior desvalor da ação, a pena cominada é superior àquela prevista para o documento particular.

Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso (art. 301); Falsidade Material de Atestado ou Certidão (art. 301, §1º) e Falsidade de Atestado Médico (art. 302) – São crimes formais. No

primeiro caso, o agente, em razão da sua função pública, atesta ou certifica falsamente uma circunstância ou fato, trazendo vantagem relativa ao setor público a alguém. O documento é formalmente perfeito, mas seu conteúdo é falso. No segundo caso, a finalidade de trazer vantagem a outrem é a mesma, mas o atestado ou a certidão são materialmente falsos. Na terceira hipótese, quem produz o atestado falso é o médico, no exercício da sua profissão. Em todos os casos, se a conduta é praticada com o fim de lucro, à pena privativa de liberdade acresce-se a de multa.

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