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197 Patrocínio Infiel (art 355) – Trata-se de trair, na qualidade de advogado ou procurador, o

No documento 1.1 CONCEITO DE DIREITO PENAL (páginas 197-200)

dever profissional, prejudicando interesse que lhe era confiado em juízo. Não importa a existência de mandato formal, bastando a defesa aceita, assim como não se indaga se o patrocínio era remunerado ou gratuito, podendo figurar como sujeito ativo inclusive o defensor público. O abandono da causa pelo advogado, porém, não caracteriza o delito. Consoante o parágrafo único, relativo à tergiversação, incorre na mesma pena do caput o advogado que defende, na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.

Sonegação de Papel ou Objeto de Valor Probatório (art. 356) – Configura crime próprio em

que o sujeito ativo somente pode ser o advogado ou procurador. As condutas tipificadas são inutilizar, total ou parcialmente, ou não restituir autos, documentos ou objetos de valor probatório que tenham sido recebidos em razão da sua condição.

Exploração de Prestígio (art. 357) – O crime consiste em solicitar ou receber dinheiro ou

qualquer outra utilidade a pretexto de influir juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. Não obstante, se o agente alegar ou insinuar que o dinheiro é destinado a qualquer dessas pessoas, a pena é majorada em 1/3, haja vista o maior desvalor da ação de quem usa pessoas não envolvidas para obtenção da vantagem.

Violência ou Fraude em Arrematação Judicial (art. 358) – Quanto à arrematação judicial, as

condutas tipificadas são impedi-la, perturbá-la ou fraudá-la. Com relação a concorrente ou licitante, a conduta incriminada é afastá-los por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem, sendo que, havendo violência, também deverá ser aplicada a pena correspondente.

Desobediência à Decisão Judicial sobre Perda ou Suspensão de Direito (art. 359) - O

agente, tendo sido suspenso ou privado de uma função, atividade, direito, autoridade ou encargo por decisão judicial, continua no seu exercício. Contudo, sendo delito habitual, sua configuração está adstrita aos casos em que o desempenho da função proibida ou suspensa é frequente.

31.5. CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS

O fundamento dos tipos delituosos previstos neste novo Capítulo, inserido no Código Penal pela Lei nº 10.028/2000, encerra-se nos arts. 163 a 169 da Constituição Federal. Seu traço característico é a proteção das finanças públicas, por meio da tipificação de condutas próprias de administradores irresponsáveis no trato com o dinheiro público.

Contratação de Operação de Crédito (art. 359-A) – A conduta delituosa do caput consiste

em ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, cujo conceito está na Lei Complementar nº 101/00, sem que tenha havido prévia autorização legislativa. No parágrafo único, a seu turno, as condutas são as mesmas; mas aqui, apesar de a autorização legislativa existir, a transação é feita ao arrepio das condições fixadas pela Resolução do Senado ou, ainda, em desacordo com o limite máximo, fixado em lei, para a consolidação da dívida resultante da operação. Saliente-se, por fim, que, sendo o sujeito ativo Presidente da República ou Prefeito Municipal, poderá responder ele também por crime de responsabilidade.

Inscrição de Despesas não Empenhadas em Restos a Pagar (art. 359-B) – Nesta hipótese, o

empenhada ou que excedeu limite estabelecido na lei. Com efeito, o empenho da despesa, que consiste na reserva de recursos do orçamento para pagamento de determinada despesa da Administração, é obrigatório, constituindo a primeira fase da execução das despesas públicas. Nessa linha, o tipo penal objetiva evitar que o funcionário deixe para o ano seguinte, e principalmente para outro administrador, despesas que já não constem expressamente como devidas, procurando fazer com que ele gaste tão somente aquilo que pode e que está autorizado em lei.

Assunção de Obrigação no Último Ano do Mandato ou Legislatura (art. 359-C) – Trata-se

de, no final do mandato ou legislatura, assumir obrigação que comprometa o orçamento vindouro, transmitindo a dívida ao futuro ocupante do cargo. O sujeito ativo, portanto, não é qualquer funcionário, mas somente o administrador ou parlamentar no exercício de seu mandato ou legislatura. A proibição de assunção de obrigação inicia-se no dia 1º de maio do ano final do mandato ou legislatura.

Ordenação de Despesa Não-Autorizada (art. 359-D) – Este tipo penal prevê punição para

quem, ordenando despesa não autorizada em lei, afronta o disposto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/00). É crime de perigo abstrato, em que o prejuízo para as finanças públicas e para a probidade administrativa é presumido. Nesse ponto, porém, discute a doutrina acerca da sua configuração ou não quando a conduta traz benefício à Administração.

Prestação de Garantia Graciosa (art. 359-E) – Aqui, o agente presta garantia em operação

de crédito, ou seja, compromete-se a satisfazer a dívida assumida oferecendo algum tipo de caução, sem que haja uma contragarantia de valor igual ou superior àquela prestada.

Não-cancelamento de Restos a Pagar (art. 359-F) – A ação típica consiste em não cancelar

montante de restos a pagar além do limite legal. É, em síntese, delito omissivo, mas se o agente omisso praticou o crime previsto no art. 359-B, responderá somente por ele, sendo o não cancelamento considerado, então, fato posterior não-punível. Com efeito, se o agente inscreveu o indevido, é natural que não providencie seu cancelamento.

Aumento de Despesa Total com Pessoal no Último Ano de Mandato ou Legislatura (art. 359-G) – O crime consiste em ordenar, autorizar ou executar ato que enseje aumento de despesa

total com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura. A situação é diversa daquela prevista no art. 359-C, porque o aumento de despesa com pessoal é permanente, não comprometendo apenas o orçamento seguinte, mas todos os que sucederão. Também não importa que haja verba orçamentária para o proceder ao aumento, haja vista o tipo penal pretender coibir atos de nítida conotação eleitoreira. Não se tipifica o crime, porém, se o ato é de contratação de funcionários por conta da vacância de cargos. É que, nesse caso, há uma compensação, e não um efetivo aumento das despesas com pessoal.

Oferta Pública ou Colocação de Títulos no Mercado (art. 359-H) – Neste caso, promovem-

se a oferta pública ou a colocação, no mercado financeiro, de títulos da dívida pública indevidos. Procura-se, assim, evitar um descontrole das finanças do Estado.

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A Lei de Falências (Lei 11.101/05) disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, tendo revogado o Decreto-Lei no 7.661/45 que regulava a matéria anteriormente (art. 200 da LF). Conforme especificado no art. 2º, não se aplica à empresa pública, sociedade de economia mista, assim como “instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.” Nos arts. 168 a 178 são previstos crimes que podem ocorrer antes, durante e/ou depois da sentença que decreta a falência, concede recuperação judicial ou homologa recuperação extrajudicial.

32.1. DISPOSIÇÕES COMUNS

Os crimes só admitem modalidade dolosa. O bem jurídico tutelado é, em geral, o patrimônio dos credores e a administração da justiça. São todos de ação penal pública incondicionada (art. 184). Admite-se ação penal privada subsidiária da pública por qualquer credor habilitado ou o administrador judicial, observado o prazo decadencial de 6 (seis) meses (§ 1º do art. 184). A competência é do juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial (art. 183). É condição objetiva de punibilidade dos crimes falimentares a sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial (art. 180). Na falência, na recuperação judicial e na recuperação extrajudicial de sociedades, são equiparados ao devedor ou falido, para todos os efeitos penais previstos na Lei de Falências, os seus sócios, diretores, gerentes, administradores e conselheiros, de fato ou de direito, bem como o administrador judicial, respondendo na medida de sua culpabilidade (art. 179). A prescrição dos crimes falimentares regula-se pelas disposições do CP, tendo como termo inicial o dia da decretação da falência, da concessão da recuperação judicial ou da homologação do plano de recuperação extrajudicial (art. 182). É causa interruptiva do prazo da prescrição a decretação da falência do devedor cuja contagem tenha iniciado com a concessão da recuperação judicial ou com a homologação do plano de recuperação extrajudicial (§ 1º do art. 182).

O art. 181 prevê efeitos específicos para a condenação pelos crimes nela previstos. Mas os efeitos não são automáticos, devendo ser fundamentados na sentença e podendo perdurar por no máximo 5 anos após a extinção da punibilidade (§ 1º). Os efeitos previstos são: “I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei; III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio.”

32.2. CRIMES EM ESPÉCIE

Fraude a Credores

Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recupe- ração judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem.

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Aumento da pena

§ 1º A pena aumenta-se de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se o agente: I – elabora escrituração contábil ou balanço com dados inexatos;

II – omite, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que deles deveria constar, ou altera escrituração ou balanço verdadeiros;

III – destrói, apaga ou corrompe dados contábeis ou negociais armazenados em computa- dor ou sistema informatizado;

IV – simula a composição do capital social;

V – destrói, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos de escrituração contá- bil obrigatórios.

Contabilidade paralela

§ 2º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até metade se o devedor manteve ou movimen- tou recursos ou valores paralelamente à contabilidade exigida pela legislação.

Concurso de pessoas

§ 3º Nas mesmas penas incidem os contadores, técnicos contábeis, auditores e outros pro- fissionais que, de qualquer modo, concorrerem para as condutas criminosas descritas neste artigo, na medida de sua culpabilidade.

Redução ou substituição da pena

§ 4º Tratando-se de falência de microempresa ou de empresa de pequeno porte, e não se constatando prática habitual de condutas fraudulentas por parte do falido, poderá o juiz re- duzir a pena de reclusão de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) ou substituí-la pelas penas restritivas de direitos, pelas de perda de bens e valores ou pelas de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas.

Violação de sigilo empresarial

Art. 169. Violar, explorar ou divulgar, sem justa causa, sigilo empresarial ou dados confi- denciais sobre operações ou serviços, contribuindo para a condução do devedor a estado de inviabilidade econômica ou financeira:

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