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LEGÍTIMA DEFESA 1 CONCEITO

No documento 1.1 CONCEITO DE DIREITO PENAL (páginas 64-67)

57 8.4.1.4.3 TIPO SUBJETIVO E ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO

9.3. LEGÍTIMA DEFESA 1 CONCEITO

Consiste na possibilidade de reação direta do agredido em defesa de um interesse, tendo em vista a impossibilidade da intervenção tempestiva do Estado.

Prevista no art. 25 do CP: “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”

9.3.2. BENS PASSÍVEIS DE PROTEÇÃO

A princípio, aceita-se que qualquer bem jurídico seja protegido pela legítima defesa (vida, integridade física, patrimônio, honra etc.). É necessário, entretanto, atentar para a proporcionalidade entre o bem jurídico defendido e o sacrificado. Caso clássico é o de legítima defesa da honra, quando o marido, ao flagrar a mulher com o amante, o mata. Nesse caso, a doutrina e a jurisprudência têm entendido que não cabe legítima defesa em razão da desproporcionalidade entre o bem sacrificado e o protegido.

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9.3.3. REQUISITOS

a) Agressão injusta: ataque humano ilícito. No caso de ataque de animal irracional, não há legítima defesa e sim estado de necessidade. Observação: se uma pessoa açula um animal para atacar outra, há legítima defesa, pois nesse caso o animal é instrumento do crime. Também não é necessário que a agressão configure um fato típico, como, por exemplo, no caso de furto insignificante. A doutrina majoritariamente considera a agressão de inimputável como situação de legítima defesa. A maioria da doutrina considera possível a legítima defesa contra conduta culposa, pois o conceito de agressão não é restrito à violência dolosa. Também é majoritário o entendimento que admite a legítima defesa contra ato omissivo. Exemplo: o carcereiro que não põe em liberdade o apenado que já cumpriu a pena. Ademais, a agressão deve ser ilícita, de forma que não se admite legítima defesa contra agressão abarcada por causa de exclusão da ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal etc.), pois nessas hipóteses não há agressão injusta.

b) Atual ou iminente: atual é a agressão que está acontecendo e iminente é a que está prestes a acontecer. Não cabe legítima defesa contra agressão passada ou futura, nem quando há promessa de agressão. No caso dos crimes permanentes a agressão é sempre atual.

c) Defesa de direito próprio ou de terceiro: há legítima defesa própria quando o sujeito está se defendendo e legítima defesa alheia quando defende terceiro. Pode-se alegar legítima defesa alheia mesmo agredindo o próprio terceiro (exemplo: em caso de suicídio, pode-se agredir o terceiro para o salvá-lo).

d) Meio necessário: é o meio menos lesivo colocado à disposição do agente no momento da agressão. A doutrina majoritária anota que não atua sob o pálio da legítima defesa aquele que, ainda que utilize o único meio de defesa disponível, o faz para defender um bem em manifesta desproporcionalidade com a lesão causada pela defesa. Assim, no exemplo do velho paralítico, preso a uma cadeira de rodas, que vê um ladrão entrar no seu quintal e subtrair frutas do pomar, dispondo de apenas uma espingarda para a legítima defesa de seu patrimônio, não poderá utilizá-la, ante à manifesta desproporção de valor entre um punhado de frutas e a vida do agressor.

e) Moderação: é o emprego do meio menos lesivo dentro dos limites necessários para conter a agressão. A moderação diz com a intensidade empregada pelo agente no uso dos meios necessários. Somente quando ficar evidente a intenção de agredir e não a de se defender, caracterizar-se-á o excesso.

9.3.4. EXCESSO NA LEGÍTIMA DEFESA

Se presentes todos os requisitos da legítima defesa e o agente exagera na intensidade de sua conduta, configura-se o excesso. Conforme o art. 23, § único, do CP, o agente “responderá pelo excesso doloso ou culposo” de qualquer das causas de justificação. Assim, se o agente se excede consciente e voluntariamente, responderá pela modalidade dolosa do crime que praticar; se o agente se excede por negligência, imprudência ou imperícia, responderá pela modalidade culposa, se prevista, do crime que praticar. Se o excesso, entretanto, derivar do medo e for inevitável nas circunstâncias, haverá o chamado “excesso exculpante”, restando excluída a culpabilidade.

9.3.5. ERRO NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS) DA DEFESA

Ocorre quando o agente erra na execução de sua defesa, atingindo bem de pessoa que não o está agredindo. Aplica-se o disposto nos art. 73 e 74 do CP. Por exemplo, A está sendo agredido por B, e desfere tiros que acabam acertando C. A terá agido assim mesmo em legítima defesa, uma vez que conforme dispõe o art. 73 do CP, ele responderá pelo fato como se tivesse atingido B.28

9.3.6. LEGÍTIMA DEFESA RECÍPROCA E SUCESSIVA

a) Legítima defesa recíproca: “é a legítima defesa contra legítima defesa”29. Não é admissível porque não há agressão ilícita. É admissível se a legítima defesa da qual se defende é putativa.

b) Legítima defesa sucessiva: é quando defende-se de excesso na legítima defesa. È admitido, uma vez que o excesso torna ilícita a legítima defesa da qual se defende.

9.3.7. LEGÍTIMA DEFESA REAL E PUTATIVA

a) Real: quando os requisitos da legítima defesa de fato existem.

b) Putativa: quando o agente imagina que está em situação de legítima defesa, mas na verdade não está. Afasta a culpabilidade quando plenamente justificado pelas circunstâncias, conforme dispõe o art. 20, § 1º, do Código Penal: “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.”

9.3.8. PROVOCAÇÃO E DESAFIO

a) Provocação: a admissão da legítima defesa dependerá da intensidade da provocação. Tratando-se de uma mera brincadeira de mau gosto, não caberá a legítima defesa. Se for uma injúria de alguma gravidade, admitirá a legítima defesa, desde que forma moderada. Por exemplo, não se admite uma agressão física àquele que apenas provocou verbalmente.

b) Desafio: se alguém aceita desafio para luta ou briga, não age em legítima defesa, respondendo pelos ilícitos praticados.30

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