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CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

No documento 1.1 CONCEITO DE DIREITO PENAL (páginas 191-194)

191 Violência Arbitrária (art 322) – Consoante grande parte da doutrina, o tipo penal fo

31.2. CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

Usurpação de Função Pública (art. 328) – Função pública é o conjunto de atribuições

inerentes ao serviço público. Usurpar, verbo-núcleo do tipo, é alcançar sem direito ou com fraude. Se com tal conduta o agente consegue obter alguma vantagem, o crime é qualificado; por outro lado, se o fato é inofensivo à Administração, não há crime.

Resistência (art. 329) – A conduta típica consiste em opor-se à execução de ato legal

mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem esteja lhe prestando auxílio. Não serve à tipificação deste delito a resistência passiva, a qual configura mera desobediência (art. 330). Trata-se de crime formal, cuja consumação se dá com a prática da violência ou ameaça, independentemente de ser obstada a execução do ato. Contudo, se o ato efetivamente não se executa, resta configurada a forma qualificada prevista no §1º. Ademais, as penas do crime de resistência são aplicadas sem prejuízo das correspondentes à violência (§2º).

Desobediência (art. 330) – A conduta incriminada consiste em desobedecer, ou seja,

descumprir ordem legal de funcionário público, agindo ou omitindo-se, o que denota uma forma passiva de resistência criminosa. É preciso que se trate de ordem, não bastando o mero pedido ou solicitação, e que esta se dirija a quem tem o dever jurídico de obedecê-la, ainda que não se exija a presença do funcionário para a configuração delitiva. No entanto, se a conduta é acompanhada de violência ou ameaça, o delito é o do art. 329.

Lei Maria da Penha: “O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que o

descumprimento injustificado de medida protetiva imposta judicialmente, nos termos da Lei n. 11.340/06, não configura o delito previsto no art. 330 do Código Penal” (STJ, 6ª T., AgRg no REsp 1557428, j. 28/06/2016).

Desacato (art. 331) – A ação tipificada consiste em desacatar funcionário público no

exercício da função ou em razão dela. Desacatar significa desrespeitar, ofender, menosprezar, humilhar. O delito pode consistir em palavras injuriosas, difamatórias ou caluniosas, vias de fato, agressão física, ameaças, gestos, ou outros. Com relação ao concurso de crimes, entende-se que o desacato absorve a infração cometida em sua execução, caso ela seja mais leve (vias de fato, lesão corporal leve, entre outras). Caso contrário, há concurso formal (art. 70).64

Advogado: o STF, no julgamento da ADI 1127/DF, declarou a inconstitucionalidade da

expressão “e desacato” contida no art. 7º, § 2º, da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB).

Tráfico de Influência (art. 332) – Trata-se de solicitar, exigir, cobrar ou obter para si ou para

outrem vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário no exercício de sua função. Se o agente do crime alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário, para corrupção deste, ocorre a majoração de sua pena (parágrafo único).

Corrupção Ativa (art. 333) – Incrimina-se a conduta de oferecer ou prometer vantagem

indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. É indispensável que a promessa ou a oferta tenham sido feitas espontaneamente pelo agente; se motivadas por exigência do funcionário, não há corrupção ativa, e sim concussão (art. 316) por parte deste. Note-se que não haverá crime se a vantagem for concedida depois da ação ou omissão do funcionário sem anterior promessa, pois o crime consiste em dar para que se faça ou se omita, e não em dar porque se fez ou se omitiu. Trata-se de crime formal que se consuma quando o oferecimento ou a promessa chega ao conhecimento do funcionário, mesmo que este rechace o suborno. Contudo, se ele efetivamente retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional, a pena do agente é aumentada em um terço (§1º). Saliente-se, por fim, que o crime de corrupção ativa não é, necessariamente, bilateral, sendo possível sua ocorrência sem que haja, também, corrupção passiva (art. 317) por parte do funcionário.

Descaminho (art. 334) – Consiste em iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito

ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo da mercadoria. O objeto do descaminho é o pagamento de direito ou imposto, tendo como bem jurídico o Erário. Mercadoria é qualquer coisa móvel passível de comercialização. O § 1º comina a mesma pena a diversas outras condutas assemelhadas, algumas delas relativas à atividade comercial. Atividade comercial, para fins deste artigo, se equipara qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive os praticados em residências, como, por exemplo, os vendedores ambulantes (§ 2º). O § 3º, ao seu turno, duplica a pena na hipótese de o contrabando ou o descaminho ser praticado em transporte aéreo, em virtude da maior dificuldade de controle em tais situações.

Princípio da insignificância: discute-se o valor do tributo sonegado para fins de incidência do

princípio. Para o STJ, será insignificante o valor que não ultrapassa R$ 10.000,00 (STJ, 5ª T., AgRg no AREsp 307752, j. 02/08/2016). Já o STF possui decisões aumentando o valor para R$ 20.000,00 (STF, 1ª T., HC 126746 AgR, j. 14/04/2015).

Contrabando (art. 344-A) – Consiste em importar ou exportar mercadoria proibida.

Diferenciam-se do descaminho, porque o objeto do contrabando é a mercadoria proibida. O § 1º

No mesmo sentido: DELMANTO, Celso. Código Penal Comentado. 6.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 666 e BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Comentado. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 1110.

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comina a mesma pena da a diversas outras condutas assemelhadas, como, por exemplo, importar ou exportar clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público competente, reinserção no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação e adquirir, receber ou ocultar no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. Aqui também atividade comercial, se equipara a qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive os praticados em residências, como, por exemplo, os vendedores ambulantes (§ 2º). O § 3º duplica a pena na hipótese de o contrabando ou o descaminho ser praticado em transporte aéreo, em virtude da maior dificuldade de controle em tais situações. Atenção: não incide o princípio da insignificância no crime de contrabando.

Impedimento, Perturbação ou Fraude de Concorrência (art. 335) – Este dispositivo

também foi revogado pela Lei nº 8.666/93.

Inutilização de Edital ou de Sinal (art. 336) – O núcleo do tipo é rasgar, inutilizar ou

conspurcar, e violar ou inutilizar, sendo que o objeto das duas últimas condutas é o selo ou o sinal, e das demais, o edital afixado.

Subtração ou Inutilização de Livro ou Documento (art. 337) – É a conduta de subtrair ou

inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado ao funcionário em razão de seu ofício, ou ao particular em serviço público. Somente se pune a conduta descrita nesse tipo penal caso não se configure crime mais grave, como o dos arts. 305 e 314, CP.

Sonegação de Contribuição Previdenciária (art. 337-A) – O sujeito ativo pode ser tanto o

empresário individual quanto aqueles que ocupam cargos administrativos e similares em empresas, sócios-gerentes, entre outros. O sujeito passivo é o Estado, representado pelo INSS. As condutas incriminadas são três: omitir-se de lançar na folha de pagamento ou guia de informações à previdência todos os segurados a seu serviço; deixar de lançar mensalmente as quantias descontadas dos segurados ou devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços nos títulos próprios da contabilidade da empresa, e omitir-se do dever de prestar ao INSS todas as informações atinentes aos fatos geradores de contribuição previdenciária. Em todos os casos, deve estar caracterizado o especial fim de agir no sentido de suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária. O alcance da proteção legal restringe-se, portanto, tão somente às contribuições que se destinem à seguridade social (Cofins, por exemplo).

A norma em exame admite a extinção da punibilidade se, antes do início da ação penal, o agente, de forma espontânea, declara e confessa os valores sonegados e presta as devidas informações à Previdência (§ 1º). Se houver o parcelamento da dívida, a pretensão punitiva estatal fica suspensa. Outrossim, o juiz pode deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa, desde que o agente seja primário e ostente bons antecedentes e o valor total das contribuições devidas seja igual ou inferior àquele estabelecido administrativamente pelo INSS como o mínimo para o ajuizamento das suas execuções fiscais (§ 2º). Na mesma linha, se a sonegação foi praticada por pessoa física cuja folha de pagamento mensal seja inferior a R$1.510,00, a pena é reduzida de 1/3 à metade ou se aplica somente a pena de multa (§ 3º). Tal valor é reajustado nas mesmas datas e índices dos benefícios da previdência social (§ 4º).

31.3. CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A

No documento 1.1 CONCEITO DE DIREITO PENAL (páginas 191-194)

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