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PROGRESSÃO E REGRESSÃO DE REGIME

No documento 1.1 CONCEITO DE DIREITO PENAL (páginas 145-147)

145 Ausência de oportunidade para trabalho: discute-se a consequência para quando a

20.3.5 PROGRESSÃO E REGRESSÃO DE REGIME

O regime inicial de cumprimento da pena é estabelecido na sentença (art. 110 da LEP). Os regimes, conforme previstos no art. 33 do CP, podem ser (a) fechado, quando a execução da pena ocorre em estabelecimento de segurança máxima ou média; (b) semiaberto quando a execução da pena ocorre em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; e (c) aberto quando a execução da pena ocorre em casa de albergado ou estabelecimento adequado. Mas o regime inicial pode se modificado ao longo da execução da pena quando se verificar certas hipóteses previstas em lei. Trata-se do que se chama de sistema progressivo de cumprimento de pena, que é dinâmico e oferece a possibilidade de o preso melhorar (ou piorar) sua condição em razão do seu comportamento durante a execução. Por isso, pode o apenado progredir de regime em regime, em regra do mais severo ao mais brando, desde que demonstre condições de adaptação. Em caso de provada incompatibilidade de cumprimento da pena no regime mais liberal, pode regredir para um regime mais rigoroso.

20.3.5.1. PROGRESSÃO DE REGIME

Conforme o art. 112, caput, da LEP: “A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão”.

a) Requisito objetivo: cumprimento de 1/6 da pena (com exceção dos crimes hediondos e equiparados)

Encontram-se divergências sobre a quantidade de tempo necessária quando se trata de promover a segunda progressão. Discute-se se é exigido que se cumpra mais de um sexto do total da pena ou se é suficiente o cumprimento de um sexto do que restou da pena após a primeira progressão. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que a fração deve recair sobre o total da pena: HC 69.975 – RJ, 1ª Turma, Relator Moreira Alves, j. 15-12-1992. Boa parte da doutrina entende, entretanto, que a fração deve incidir sobre o restante da pena.

b) Requisito subjetivo: bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento.

O § 1º do art. 112 afirma que a decisão será motivada e precedida de manifestação do MP e da defesa. A redação anterior, alterado em 2013, dispunha que a decisão seria “precedida de parecer da Comissão Técnica de Classificação e do exame criminológico, quando necessário”. Com a nova redação, sugiram dúvidas acerca da possibilidade de realização de avaliações pela Comissão e de exame criminológico. A esse respeito, Súmula 439 do STJ dispõe que: “Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada.” Ademais, o STF decidiu recentemente que o exame criminológico pode ser solicitado, mas a solicitação deve ter por base a análise do caso concreto (RCL 20.089, decisão monocrática, j. 08/04/2015).

c) Progressão por saltos: a progressão por saltos é a passagem diretamente do regime

fechado para o aberto. Não é admitida pelos tribunais superiores. Dispõe a Súmula 491 do

STJ: “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional”. Porém o STJ e

o STF entendem que no caso de não existir vaga no regime semiaberto o condenado deve aguardar em regime aberto.

d) Crimes hediondos: em caso de condenação por crimes hediondos e equiparados, para

ter direito à progressão deve o sentenciado cumprir 2/5 da pena se for primário ou 3/5 se for reincidente. Descabe o regime inicial fechado, conforme HC n.º111.840, julgado pelo STF. Para os fatos anteriores vigência da Lei 11.464/2007, exige-se cumprimento de 1/6 da pena (RE 579167, dj. 18/10/2013).

20.3.5.2. REGRESSÃO DE REGIME

Conforme o art. 118 da LEP, a execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência do apenado para qualquer dos regimes mais graves, quando ocorrer algum dos fatos previstos em seus incisos:

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a) crime doloso ou falta grave (inc. I): para o condenado à pena privativa de liberdade, são consideradas faltas graves as condutas arroladas no art. 50 da LEP (incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; fugir; possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; provocar acidente de trabalho; descumprir, no regime aberto, as condições impostas; tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo). Para que haja regressão, o apenado deve ser previamente ouvido (§ 2º do art. 118). Importante: “O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato” (Súm. 526 do STJ).

b) pena que torne incabível o regime (inc. II): regredirá quando houver condenação por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime.

Ainda, conforme o § 1º do art. 118, o apenado será transferido do regime aberto se, além das situações supramencionadas, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. O art. 1º da LEP dispõe que “a execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.”

O dispositivo prevê também que será determinada a regressão na hipótese de o condenado não pagar a multa cumulativamente imposta. Discutia-se a vigência dessa disposição com o advento da Lei 9.268/96, segundo a qual o inadimplemento da multa não pode ser convertido em prisão. Sobre o tema, decidiu recentemente o STF, com base nessa disposição do § 1º art. 118, que o não pagamento de multa impede a progressão de regime.

Regime disciplinar diferenciado (RDD): conforme o art. 52 da LEP, a prática de fato

previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado. Não se trata de um novo regime de execução de pena (equivalente ao fechado, aberto e o semiaberto), mas de um conjunto de medidas suscetíveis de imposição aos condenados e presos provisórios. Sendo determinado o RDD, o apenado é recolhido em cela individual, com direito à saída por apenas 2h diárias para banho de sol e a visitas semanais de somente duas pessoas, sem contar as crianças. O RDD pode prolongar-se por até 360 dias, sem prejuízo de sanção por nova falta grave da mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada. Parte da doutrina entende que a alteração legislativa violou a CF, que dispõe, em cláusulas pétreas, que ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante (art. 5º, III) e que não haverá penas cruéis (art. 5º, XLII, ‘e’).

No documento 1.1 CONCEITO DE DIREITO PENAL (páginas 145-147)

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