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ERRO NO DIREITO PENAL

No documento 1.1 CONCEITO DE DIREITO PENAL (páginas 59-61)

57 8.4.1.4.3 TIPO SUBJETIVO E ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO

8.4.3. ERRO NO DIREITO PENAL

Erro é a falsa percepção da realidade. No direito penal, o erro divide-se basicamente em

erro de tipo (art. 20 e parágrafos do CP) e erro de proibição (ou sobre a ilicitude ou antijuridicidade)

(art. 21 do CP). O erro de tipo produz efeitos sobre o dolo e a culpa, de forma que será analisado na sequência; o erro de proibição produz efeitos sobre a categoria da culpabilidade, afastando-a ou reduzindo a pena, de forma que será analisado quando da análise desta categoria do cime.

8.4.3.1. ERRO DE TIPO OU ERRO SOBRE ELEMENTOS

CONSTITUTIVOS DO TIPO

Ocorre quando o agente tem falsa percepção sobre os elementos descritos no tipo penal. Ex.: o caçador de ursos “A” mata “B”, que está fantasiado de urso por ocasião de uma festa, pensando se tratar de um animal.

8.4.3.1.1. ERRO DE TIPO ESSENCIAL OU FUNDAMENTAL

Recai sobre os elementos (elementares ou circunstâncias) do tipo penal sem os quais o crime não existe. Sempre exclui o dolo.

Subdivide-se em:

a) Incriminador (art. 20, caput, CP): “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”. É quando o agente erra sobre elemento de um tipo incriminador: mata alguém pensando ser um animal.

b) Permissivo (art. 20, § 1º, CP): “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.”. É quando o agente imagina situação fática que estaria abarcada uma causa de exclusão da ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa etc.). Por exemplo, alguém que imagina estar sendo assaltado e desfere um soco, mas na verdade se tratava de uma brincadeira de um amigo.

a) Invencível, inevitável ou escusável: é aquele que qualquer pessoa, na situação em que se encontrava o agente, cometeria. Exclui não só o dolo, mas também culpa.

b) Vencível, evitável ou inescusável: é aquele que não teria sido cometido se o agente agisse com mais cautela e prudência. Exclui somente o dolo, respondendo o sujeito pela culpa, se houver previsão de crime culposo para o fato.

8.4.3.1.2. ERRO DE TIPO ACIDENTAL OU CONTINGENTE

Recai sobre circunstâncias secundárias, acessórias, do crime (pessoa, objeto, nexo causal,

execução do crime, circunstâncias qualificadoras) e por isso não exclui dolo e nem culpa, devendo o agente responder pelo crime.

Subdivide-se nas seguintes espécies:

a) Erro quanto à pessoa (erro in persona): segundo o art. 20, § 3º, do Código Penal, “O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.” Assim, se uma mãe, sob influência do estado puerperal, decide matar o próprio filho logo após o parto, mas, por engano, termina matando a outra criança, responderá, mesmo assim, pelo crime de infanticídio (art. 123, CP), porque é como se tivesse matado o próprio filho.

b) Erro sobre o objeto da ação (error in objecto): é quando o agente se engana acerca do objeto material de sua conduta, mas esse erro não é essencial, de forma que não influencia a responsabilização do sujeito. Por exemplo, um ladrão quer furtar um celular do bolso de um casaco, mas por engano pega a carteira. Responderá, de qualquer modo, por furto. Importante: não confundi com o crime impossível, quando o objeto é absolutamente impróprio (art. 17 do CP), como por exemplo quando o ladrão quer furtar um celular alheio, mas subtrai o seu próprio celular. Nesse caso não há crime, porque não há possibilidade de o crime se consumar.

c) Erro sobre o nexo causal: o resultado pretendido pelo agente se produz, mas de maneira diferente da planejada. Ex.: “A” atira em “B” pretendendo matá-lo. Para se esquivar do tiro, “B” se atira pela janela e morre em decorrência da queda. Para justificar a responsabilização criminal de “A” adota-se a teoria da conditio sine qua non (art. 13, CP), pois, se suprimida a sua conduta, a queda não teria ocorrido.

d) Erro na execução (aberratio ictus): conforme o art. 73 do CP: “Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.” Ou seja, se o agente atingir apenas a pessoa errada, responderá como se tivesse praticado crime contra a pessoa que pretendia atingir (aplica-se a regra do erro sobre a pessoa); se o agente atingir a pessoa que desejava atingir e também outra que não desejava, aplica-se a regra do concurso formal (art. 70 do CP), que será analisado oportunamente.

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execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.” Exemplo.: “A” quer destruir o carro do vizinho e arremessa uma pedra, mas esta atinge “B” e o fere. Caso atinja apenas B, responderá por lesão corporal na modalidade culposa; se atingir B e também o carro, responderá pelo crime de lesão corporal e pelo crime de dano, aplicando-se a regra do concurso formal (art. 70, CP).

8.4.3.1.3. ERRO DE TIPO ESPONTÂNEO E PROVOCADO

a) Espontâneo: quando o agente erra sozinho, independentemente da conduta de qualquer outra pessoa.

b) Provocado: quando o erro decorre da provocação de um terceiro, na hipótese do art. 20, § 2º, do Código Penal que versa “responde pelo crime o terceiro que determina o erro”. Se o erro for invencível (escusável, portanto), o agente provocado não responde pelo fato, pois ficam excluídos dolo e culpa, tratando-se de solução dada ao caso de autoria mediata. Se o erro for vencível (inescusável, portanto), responde pelo crime na modalidade culposa, se houver previsão legal. O agente provocador responderá a título de dolo ou culpa, dependendo de sua conduta.

9.1. CONCEITO

Ilicitude é a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, consistindo na prática de uma ação ou omissão que, além de preencher todos os requisitos de tipicidade (formal e material, objetiva e subjetiva), não está permitida pelo ordenamento jurídico.

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