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181 28.2 CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE

No documento 1.1 CONCEITO DE DIREITO PENAL (páginas 181-183)

COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS

Perigo de Desastre Ferroviário (art. 260) e Desastre Ferroviário (art. 260, §1º) – No crime

de perigo, o núcleo do tipo é impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro por meio de ato de que possa resultar desastre. Se o desastre efetivamente ocorre, a figura é qualificada ante o maior desvalor do resultado (§ 1º) e se passa a punir também a forma culposa (§ 2º). O § 3º, a seu turno, é norma penal explicativa, haja vista fornecer o conceito de estrada de ferro para fins do artigo.

Atentado contra a Segurança do Transporte Marítimo, Fluvial ou Aéreo (art. 261) e Atentado contra a Segurança de Outro Meio de Transporte (art. 262) – Na hipótese do art. 261, a

figura típica do caput é expor a perigo embarcação ou aeronave ou praticar ato tendente a impedir ou dificultar a navegação. No caso do art. 262, as mesmas condutas estão previstas, mas o objeto é qualquer outro meio de transporte público. Em ambos os casos, a figura é qualificada se da conduta do agente resulta sinistro ou desastre, sendo que aí se pune também a título de culpa. Finalmente, se o crime do art. 261 é praticado com fim de lucro, a pena prevista é maior (art. 261, § 2º).

Aos crimes do art. 260 a 262, em caso de desastre ou sinistro, aplica-se o disposto no art. 258, ou seja, as qualificadoras decorrentes do resultado lesões corporais ou morte.

Arremesso de Projétil (art. 264) – Trata-se de arremessar projétil contra veículo destinado

ao transporte público, desde que esteja ele em movimento. Havendo lesão corporal ou morte, aplica-se pena mais grave em razão do resultado qualificador (parágrafo único).

Atentado contra a Segurança de Serviço de Utilidade Pública (art. 265) – Aqui, atentar é

colocar em risco, por meio de atos executórios, a segurança ou o funcionamento de serviço de utilidade pública. Tratando-se de crime de atentado, não se admite a tentativa, porque a lei já pune como crime consumado o mero início de execução. Em sentido contrário: Mirabete e Delmanto.

Interrupção ou Perturbação de Serviço Telegráfico ou Telefônico (art. 266) – A conduta

típica é interromper ou perturbar tais serviços ou, ainda, impedir ou dificultar seu restabelecimento. O § 1º prevê como conduta equiparada quem interrompe serviço telemático ou de informação de utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento. A pena é dobrada quando o crime é cometido durante estado de calamidade pública (§ 2º).

28.3. CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA

Conforme dispõe o art. 285, aos crimes deste capítulo aplicam-se as qualificadoras previstas no art. 258, salvo quanto ao delito de epidemia.

Epidemia (art. 267) – A ação tipificada consiste em causar epidemia, ou seja, doença que

acomete, em curto espaço de tempo e em determinado lugar, várias pessoas. Tal conduta dá-se com a propagação, pelo agente, de germes patogênicos, e a doutrina se divide quanto à possibilidade ou não de seu cometimento na forma omissiva. A pena é aplicada em dobro se do fato resulta morte (§1º), hipótese em que o crime é hediondo (art. 1º, VII, da Lei 8.072/90). Há também previsão de modalidade culposa (§2º).

Infração de Medida Sanitária Preventiva (art. 268) – O objeto material deste crime é a

determinação do poder público destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa, a qual é infringida pelo agente. Se o autor for funcionário da saúde pública, médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro, tendo em vista o dever que lhes é inerente, a pena é majorada em um terço (§1º).

Omissão de Notificação de Doença (art. 269) – É crime próprio, porque só pode ser

praticado por médico. É, ainda, de mera conduta, haja vista se configurar quando o agente deixa de denunciar à autoridade pública doença de notificação compulsória.

Envenenamento de Água Potável ou de Substância Alimentícia ou Medicinal (art. 270) –

Este crime estava listado como hediondo até o advento da Lei nº 8.930/94, que o retirou desse rol. A conduta típica é envenenar água potável de uso comum ou particular ou, ainda, substância alimentícia ou medicinal destinada ao consumo. Sujeita-se à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito para fim de distribuição a água ou substância envenenada (§1º). Por derradeiro, o § 2º prevê a modalidade culposa do delito.

Corrupção ou Poluição de Água Potável (art. 271) – O agente, dolosa ou culposamente,

torna a água imprópria para consumo ou nociva à saúde, na medida em que a corrompe ou polui.

Falsificação, Corrupção, Adulteração ou Alteração de Substância ou Produtos Alimentícios (art. 272) – Com pena notadamente desproporcional, este tipo penal pune quem falsifica,

corrompe, adultera ou altera substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o, assim, nocivo à saúde ou com reduzido valor nutritivo; quem de qualquer forma distribui ou entrega a consumo tal produto, e quem pratica tais ações com relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico. Em qualquer das formas, pode dar-se também a figura culposa.

Falsificação, Corrupção, Adulteração ou Alteração de Produto Destinado a Fins Terapêuticos ou Medicinais (art. 273) – Trata-se de crime hediondo por previsão do art. 1º, VII-B,

da Lei nº 8.072/90. As condutas típicas são falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.

Atenção: a Corte Especial do STJ, no julgamento da AI no HC 239.363/PR, reconheceu, por

maioria, a desproporcionalidade do preceito secundário do art. 273, § 1º-B, do CP, declarando sua inconstitucionalidade.

Emprego de Processo Proibido ou de Substância Não-Permitida (art. 274) e Invólucro ou Recipiente com Falsa Indicação (art. 275) – No art. 274, o agente emprega, no fabrico de produto

destinado a consumo, substâncias ou processos não expressamente permitidos pela legislação sanitária. No art. 275, o núcleo do tipo é inculcar, ou seja, apontar, citar. Em síntese, o agente refere, no invólucro ou recipiente do produto alimentício, terapêutico ou medicinal, a presença de substância que, em verdade, não se encontra ou existe em quantidade menor no seu conteúdo. Finalmente, o art. 276 prevê um tipo penal remetido, haja vista cominar pena de reclusão e multa para quem vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, entrega a consumo produto nas condições dos dois dispositivos anteriores.

Substância Destinada à Falsificação (art. 277) – As condutas tipificadas são vender, expor à

venda, ter em depósito ou ceder substância especificamente voltada à falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais. Discute-se, no caso, se a finalidade de falsificação da substância deve ser inequívoca (Delmanto) ou se pode ter ela múltipla destinação, devendo-se analisar no caso concreto a razão de agir do autor (Nucci).

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