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Descrição

As pessoas ansiosas ou deprimidas são nor- malmente mais gentis e tolerantes com os outros do que consigo mesmas. Perguntar ao paciente que conselho ele daria a um amigo permite que ele se afaste dos pensa- mentos negativos e veja as coisas de modo

mais objetivo. Isso é conhecido como “téc- nica do duplo padrão”. Ademais, ativar a relação do “amigo” pode ajudar a dispersar as tendências a ser excessivamente crítico. O paciente é colocado no papel de “prestar ajuda”, em vez de criticar, e pode reconhe- cer que ele seria menos crítico e mais so- lidário com um amigo (ou um total estra- nho) do que consigo mesmo. Além disso, o tratamento mais suave e compassivo do paciente com os outros pode levar à per- gunta a respeito de por que ele teria um duplo padrão. Isso com frequência leva ao reconhecimento de que o paciente mantém para si um padrão mais crítico do que para os outros, precisamente por estar deprimi- do, completando assim um ciclo vicioso de depressão e ansiedade, pois ele cede à au- tocrítica em virtude de estar deprimido e ansioso. Esta técnica pode ser usada como pergunta direta (“que conselho você daria a um amigo?”) e como role-play, em que o paciente interpreta o papel do amigo soli- dário e o terapeuta desempenha o papel do paciente necessitado.

Questão a ser

proposta/intervenção

“Às vezes, somos mais cordiais e solidários com os outros do que conosco. Imagine que você tivesse um bom amigo que esti- vesse exatamente com o seu mesmo proble- ma. Que conselho você lhe daria?”. Alterna- tivamente, “imaginemos que eu seja o seu bom amigo e que esteja tendo os mesmos problemas que você. Vamos fazer um role-

-play; eu vou descrever meus pensamentos

e sentimentos e quero ver como você seria solidário comigo”. Finalmente: “Perce- bi que você é mais solidário com o amigo do que consigo mesmo. Por que é assim? Como seria se você fosse tão gentil consigo quanto é com os outros?”

Exemplo

Terapeuta: Percebi que você foi muito crí-

tica consigo mesma, rotulando-se de fracassada e idiota. Às vezes, é possí- vel ver as coisas de forma diferente se nos imaginamos dando um conselho a um amigo que tenha um problema similar. Se sua amiga estivesse passan- do pelas mesmas coisas que você, que conselhos você lhe daria para ser mais solidária?

Paciente: Eu lhe diria que ela tem muitas

qualidades, que é inteligente, foi para a faculdade, tem um bom emprego e seus amigos realmente a respeitam. Eu tentaria ser solidária com ela por- que sei como é difícil.

Terapeuta: Isso realmente parece solidário

e cuidadoso. Mas não parece ser a for- ma como você trata a si mesma. Você vê a diferença?

Paciente: Sim. Eu me critico constante-

mente. Eu não defendo a mim mesma.

Terapeuta: Dá para ver. Qual é a razão dis-

so?

Paciente: Acho que é porque estou depri-

mida. Nada parece estar certo.

Terapeuta: Você pensaria que sua ami-

ga merece seu apoio principalmente quando está deprimida?

Paciente: Acho que faz sentido.

Terapeuta: Como você acha que seria se

você se tratasse como sua melhor ami- ga ao longo das próximas semanas?

Paciente: Acho que me sentiria melhor.

Tarefa

O paciente pode preencher dois formulá- rios: Conselhos que Eu Daria a Meu Melhor Amigo (Formulário 9.8) e Por Que é Difícil Aceitar Bons Conselhos (Formulário 9.9). No primeiro formulário, o paciente indica

(como no role-play) o conselho que daria a um bom amigo com um problema similar. Isso ajuda a distanciá-lo dos pensamentos negativos e a reconhecer a extremidade e injustiça desses pensamentos, bem como ativa a mentalidade de cuidado e compai- xão. O segundo formulário focaliza a resis- tência ou as razões para não seguir o bom conselho e pede que o paciente desafie os pensamentos negativos. Por exemplo, o paciente pode dizer “não sigo o bom con- selho porque estou deprimido”, e a res- posta construtiva a isso é “preciso de apoio quando estou deprimido. Se seguisse este conselho, eu poderia ficar menos deprimi- do”. Outras razões para resistir a um bom conselho incluem “não mereço” ou “não acredito nisso”. Respostas construtivas in- cluem “sou um ser humano e mereço ser tratado de forma justa – assim como outras pes soas seriam tratadas”. Quando o pa- ciente diz “mas eu não acredito na resposta construtiva”, o terapeuta pode indicar que “pensar em outra forma de ver as coisas é o primeiro passo para mudar uma crença” ou perguntar sobre as razões para não acredi- tar na resposta construtiva (ver a discussão anterior).

Possíveis problemas

Esta técnica frequentemente leva o paciente a alegar que é mais brando com as outras pessoas do que consigo mesmo. Esta obje- ção à técnica é útil porque identifica esque- mas subjacentes de padrões exigentes, não merecimento, de ser uma pessoa especial ou defeituosa, e ajuda a identificar as cren- ças sobre como alguém pode lidar melhor com a questão. Por exemplo, o paciente pode acreditar que precisa se autocriticar porque é “basicamente preguiçoso”, e a crítica age como motivador. Além disso, o paciente pode objetar que ele não deve se

tratar tão bem quanto trata os outros por- que é defeituoso. Estas crenças esquemáti- cas podem ser examinadas pela utilização das técnicas deste capítulo.

Referência cruzada

com outras técnicas

Todas as técnicas neste capítulo são rele- vantes.

Formulários

Formulário 9.8: Conselhos que Eu Daria a Meu Melhor Amigo.

Formulário 9.9: Por Que é Difícil Aceitar Bons Conselhos.

TÉCNICA: DESCATASTROFIZAÇÃO

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