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Descrição

Greenberg e Safran descreveram como algu- mas experiências emocionais são primá rias, e outras, secundárias (Greenberg e Safran, 1987, 1990). Por exemplo, os pacientes po- dem chegar com sentimentos de raiva, mas subjacentes à raiva pode haver sentimentos de ansiedade, passíveis de serem vistos como menos toleráveis ou mais amea çadores. No modelo do esquema emocional, as emoções podem tornar-se metas em si, libertando os indivíduos da noção de “ficar preso a um sentimento”. Frequentemente, percebemos que os sentimentos “acontecem conosco”

como se fossem ondas que chegam e nos envolvem. A noção de ser vítima dos pró- prios sentimentos pode tornar os pacientes temerosos de permitir que o sentimento ocorra e levá-los a lutar contra uma emoção da qual acreditam ter de se livrar. Em prin- cípio, não há motivo para que a emoção vivenciada em dado momento tenha de ser a única a ocupar o seu campo de experiên- cias. Os pacientes que sentem raiva de um evento podem considerar a possibilidade de explorar sentimentos de apreciação sobre outros eventos. A frustração pode dar lugar à curiosidade.

Assim como podemos fazer escolhas quanto ao que comemos em um bufê, tam- bém podemos escolher as emoções que al- mejamos hoje. De forma similar à técnica da TCD de melhorar o momento (Linehan, 1993a, 1993b), com a TEE também pode- mos decidir quais emoções vamos “per- seguir” (Greenberg e Safran, 1987; Leahy, 2010). A TEE reconhece a importância da psicologia positiva, especialmente o papel das emoções positivas na proteção contra o estresse. No Formulário 2.12, incluímos as 10 emoções positivas mais importantes identificadas por Fredrickson (Fredrickson e Branigan, 2005; Fredrickson e Losada, 2005).

As seguintes estratégias podem ser úteis para que o paciente identifique as emoções como metas:

1. reconhecimento da escolha (“Você pode decidir se quer experimentar e focar a emoção atual ou ver se há uma forma de ter outra emoção”, “Quais são as vanta- gens de ter uma emoção diferente – sobre algo totalmente diferente na vida – em lugar da emoção atual?”;

2. estabelecer uma emoção como meta (“Que emoção você gostaria de criar para si? Felicidade, curiosidade, apreço, medo, confusão, desafio, gratidão?”);

3. ativar lembranças e imagens (“Tome- mos a emoção ‘orgulho’: feche os olhos e tente lembrar-se de um momento em sua vida no qual se sentiu orgulhoso por ter feito algo” – o terapeuta usa a indução de imagens mentais para guiar o paciente por lembranças, imagens, pensamentos, sensações e sentimentos); alternativamente, podem-se usar álbuns de fotos de família para trazer à tona outras lembranças;

4. usar atividade para tornar a emoção real (“Imaginemos que, ao longo da próxima semana, você tentasse notar a si mesmo ou outras pessoas sentindo-se orgulhosas. Que exemplos você traria disso? Que coisas você poderia fazer – mesmo muito pequenas – para obter exemplos de você mesmo se sentindo orgulhoso?”).

Ademais, a programação tradicional de atividades pode auxiliar o paciente a re- conhecer que outras emoções ocorrem, a depender das atividades com as quais ele esteja envolvido.

Questão a ser

proposta/intervenção

“Percebo que você sente [emoção] agora e que isso o perturba. Faz sentido que você se sinta mal com isso exatamente agora. Mas será que não poderíamos colocar esse senti- mento de lado por alguns minutos e consi- derar outras emoções que você possa dese- jar?” Por exemplo, o terapeuta pode dizer: “Você está se sentindo frustrado com o fato de estar bloqueado. E se você tentasse se sentir indiferente? O que você teria de pen- sar para se sentir indiferente?”. Ou “Esse [evento] específico foi incômodo para você. Vamos colocá-lo de lado por alguns minu-

tos e pensar sobre outras coisas em sua vida. Por exemplo, imagine que estivesse tentan- do pensar em algo que pudesse apreciar [sentir gratidão]. Que tipo de pensamentos e imagens combinam com isso?”.

Exemplo

Bill estava com raiva e frustrado com os co- legas, a quem descreveu como mesquinhos e injustos. Eles o estavam “impedindo” de alcançar seus objetivos.

Terapeuta: Você parece preso a esse sen-

timento de raiva e ressentimento, e quem poderia culpá-lo por isso? Eles não o trataram de forma justa. Mas o sentimento de estar preso faz você se sentir em uma armadilha.

Paciente: Sim, continuo remoendo isso. Es-

tou com raiva, frustrado. Não consigo superar isso.

Terapeuta: Reconheçamos por agora que

você vai continuar com raiva em re- lação a isso. Mas eu gostaria de tentar um exercício diferente hoje – vamos buscar um conjunto diferente de sen- timentos. Você pode colocar a raiva de lado por alguns minutos e ver se há outras formas de sentir que também façam sentido.

Paciente: Não sei bem o que você quer di-

zer.

Terapeuta: Bem, outros dois sentimentos

me vêm à mente em relação a essas pessoas. Um é indiferença, e o ou- tro é curiosidade. E se um deles ou mesmo os dois fossem sua maneira de sentir?

Paciente: Eu estaria com muito menos

raiva.

Terapeuta: Sim, menos bloqueado. Ok.

estar total e verdadeiramente indife- rente, que tivesse a seguinte atitude: “Não ligo para o que eles pensam”. Que pensamentos poderiam levá-lo à paz e liberdade da verdadeira indife- rença?

Paciente: Acho que perceberia que eles são

o que são, que não vão mudar, e eu ainda consigo fazer quase tudo. Não precisei deles antes e não preciso deles agora. Quer dizer, por que eu deveria me importar com a visão deles em relação a isso? Eu na verdade não os admiro.

Terapeuta: Certo, parece que você está

chegando à indiferença. E o que faria para ficar curioso a respeito disso? Por exemplo, e se você tentasse descobrir estratégias que pudesse usar para lidar com isso? Desenvolver curiosidade quanto às suas alternativas?

Paciente: Acho que poderia descobrir

como evitá-los. Tentar descobrir al- guma forma alternativa de resolver o problema. Poderia pensar como isso condiz com tudo o que ouvi sobre a empresa e essas pessoas. Refletindo bem, poderia pensar: “Por que eu fi- caria surpreso?”.

Terapeuta: Como a curiosidade funciona

para você?

Paciente: Funciona bem. Mas acho que

prefiro a indiferença.

Terapeuta: Certo, então sua meta emocio-

nal é a indiferença.

Tarefa

A tarefa de casa pode consistir em iden- tificar emoções alternativas mais agradá- veis ou compensadoras e compilar uma lista usando o Formulário 2.12 (Busca de

Emoções Positivas). O Diário de Emoções de Greenberg pode ser empregado como exemplo. O paciente pode então listar ati- vidades ou pensamentos que produzam essas emoções e preencher o Formulário 2.13 (Inventário de Metas Emocionais), que lhe pede para desenvolver uma “nar- rativa” que leve a uma nova emoção. No- vamente, esse exercício aumenta a exten- são da flexibilidade das experiências emo- cionais e ajuda os pacientes a perceberem que não estão presos a uma emoção e que não precisam ruminar sobre aquilo em que estão presos.

Possíveis problemas

Muitas pessoas acreditam que as emoções acontecem só a elas: “Como posso transfor- mar a emoção em meta, se ela é simples- mente algo que sinto (ou algo que passa por mim)? Não tenho controle sobre meus sen- timentos”. Essa noção de desamparo quan- to às emoções pode ser examinada pelo monitoramento da forma como elas mu- dam com os comportamentos e pensamen- tos, usando a programação de atividades ou o registro diário de pensamentos disfuncio- nais. Exercícios durante a sessão que guiem o paciente pela indução imaginária ou exercícios meditativos, de respiração com consciência plena ou de mente compassiva podem demonstrar como novas emoções podem se tornar mais evidentes.

Referência cruzada

com outras técnicas

Programação de atividades, exercícios de mente compassiva e respiração consciente podem ser utilizados.

Formulários

Formulário 2.12: Busca de Emoções Posi- tivas.

Formulário 2.13: Inventário de Metas Emo- cionais.

TÉCNICA: ABERTURA DE

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