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Descrição

É fundamental para a regulação emocio- nal ter consciência das próprias emoções e a habilidade de descrevê-las e nomeá-las. Neste exercício, os pacientes observam e descrevem suas emoções sem julgamento e com atenção plena. Essas observações são registradas usando o Formulário 4.5. Mui- tos indivíduos com problemas de regula- ção emocional tentam evitar a experiência emocional. Eles tendem a ter uma visão negativa das emoções e crenças equivoca- das sobre elas. Ademais, déficits na habili- dade de tolerar emoções podem levá-los a agir impulsivamente, em um esforço para fugir delas. O exercício de observação e des- crição das emoções neutraliza a tendência de evitá-las. Nesse sentido, é uma forma de exposição à experiência emocional. Por ser praticada com postura de não julgamento, a prática de observar e descrever as emo- ções é também proposta ao paciente no intuito de promover aceitação emocional, opondo-se à visão negativa das emoções. Ao registrar as experiências emocionais, pede-se aos pacientes que anotem os fatores precipitantes das emoções, bem como suas interpretações dos eventos que as desen- cadearam. É importante que os pacientes desenvolvam a habilidade de fazer a cone- xão entre emoções e tais eventos. Essa ha- bilidade ajuda a desmistificar a experiência emocional. Os exercícios de observação e

descrição também ajudam os pacientes a se conscientizarem dos impulsos para agir que acompanham as emoções. Essa consciência diminui a probabilidade das ações impul- sivas decorrentes desses desejos. Muitos pacientes que empregam estratégias de bloqueio para lidar com as emoções des- conhecem os seus aspectos fisiológicos. Observar e descrever contrapõe-se à ten- dência a bloquear, permitindo aos pacien- tes descreverem as mudanças físicas que acompanham as emoções. Os pacientes que usam bloqueio ou anestesia como es- tratégias de regulação emocional tendem a mascarar suas expressões faciais ou não ter consciência delas. Os exercícios que envolvem observação e descrição aumen- tam a consciência do paciente sobre suas expressões faciais ou sobre a falta delas, bem como outras expressões não verbais de emoção, como a postura corporal.

Questão a ser

proposta/intervenção

“O primeiro passo para regular as emoções é ter consciência delas à medida que as ex- perimentamos. Em outras palavras, não se pode regular a raiva a menos que se esteja ciente de estar sentindo raiva. Somente ten- do consciência do impulso de atacar quan- do se tem raiva é que se pode ter a escolha de não agir assim. Quando não estamos em contato com nossas emoções, podemos to- mar consciência delas apenas após a ação ter sido cometida – depois de dizer palavras furiosas ou ter batido a porta. Entretanto, tomar consciência das emoções é uma ha- bilidade que pode ser desenvolvida apenas com a prática. Uma forma de cultivá-la é praticar a observação e a descrição das emoções. Esse exercício é feito sem julga- mento e com atenção plena.”

Exemplo

Paciente: Estou ansiosa. Meu humor tem

estado para baixo e acho que estou voltando àquela depressão profunda.

Terapeuta: Você diz que está se sentindo

para baixo. Você pode ser mais es- pecífica e me dizer qual emoção está sentindo?

Paciente: Não sei. Tenho me sentido muito

mal desde sábado por alguma razão.

Terapeuta: Vejamos se conseguimos desco-

brir isso. O que aconteceu no sábado?

Paciente: Bem, eu deveria ter ido a um en-

contro com alguém que conheci na internet, mas ele não ligou para con- firmar.

Terapeuta: Que emoções isso despertou? Paciente: Senti como se não fosse boa o su-

ficiente e que nunca encontraria nin- guém.

Terapeuta: Esses são os pensamentos sobre

o fato de ele não ter ligado. Que emo- ções você sentiu?

Paciente: Acho que me senti triste. Não ti-

nha certeza na hora.

Terapeuta: Como se sentia antes do sába-

do?

Paciente: Razoavelmente bem. Fui à aber-

tura de uma exposição na galeria de um amigo. Foi tudo bem na escola esta semana.

Terapeuta: Conforme conversamos, está

ficando claro que seu estado de hu- mor teve uma mudança para baixo no sábado e parece que o encontro que não ocorreu foi o que precipitou isso. Você ainda se sente ansiosa?

Paciente: Sinto-me melhor agora. Faz sen-

tido. Não entendi por que estava me sentindo mal antes e fiquei assustada.

Terapeuta: Acho que você precisa prati-

car como identificar as emoções e

conectá-las aos fatores precipitantes, de forma que eles não sejam tão mis- teriosos e assustadores. Também acho que precisa tornar-se mais consciente delas à medida que acontecem. O que acha?

Paciente: Concordo. Mas como?

Terapeuta: Eu gostaria que você praticasse

a observação e descrição de suas emo- ções.

Tarefa

Os pacientes devem ser instruídos a pre- encher o Formulário 4.5 (Observação e Descrição das Emoções) com as emoções particularmente mais intensas ou duradou- ras, durante a semana seguinte. Se eles re- latarem que não sentem nenhuma emoção, pode-se instruí-los a preencher a folha em um momento específico do dia ou descre- ver uma emoção que tiveram no passado. A observação e a descrição das emoções pode também ser feita após a indução de emo- ções durante a sessão.

Possíveis problemas

Os pacientes podem ter dificuldades de ob- servar e descrever se estiverem tendo mais de uma emoção simultaneamente. Reco- menda-se usar um formulário separado para cada emoção.

Referência cruzada

com outras técnicas

As técnicas correlatas incluem atenção ple- na, diferenciação entre o impulso de agir e a experiência emocional, prática da postura

de não julgamento das emoções e experiên- cia da emoção como uma onda.

Formulário

Formulário 4.5: Observação e Descricão das Emoções.

TÉCNICA: POSTURA DE NÃO

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