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Descrição

A TCD ajuda os pacientes a identificarem os “mitos emocionais” que podem estar con- tribuindo para os problemas de regulação emocional, bem como as possíveis origens desses mitos. Há muitas formas de iden- tificar os mitos emocionais. Os pacientes podem revisar a seção dos mitos emocio- nais em Skills training manual for treating

borderline personality disorder (Linehan,

1993b) para ver quais dessas crenças eles endossam. Alternativamente, as crenças equivocadas dos pacientes relativas às emo- ções podem tornar-se evidentes por meio do Registro de Pensamentos Disfuncionais, de Beck e colaboradores (1979). Por exem- plo, o paciente pode ter o pensamento au- tomático “sou fraco” como resposta ao fato de se sentir triste. Ao ser questionado pelo terapeuta, ele pode explicar que “sentir-se

triste é um sinal de fraqueza”. Os mitos emocionais também podem ser expressos espontaneamente na sessão. Eles também podem ser evocados se o terapeuta questio- nar o paciente sobre o seu comportamento na sessão. Por exemplo, se o paciente se re- cusa a discutir algo incômodo porque acre- dita que o resto do seu dia será estragado, isso sugere a possibilidade de uma crença equivocada quanto à duração das emoções, ou, se o paciente se desculpa por expressar emoções, isso sugere crenças sobre a inacei- tabilidade da expressão emocional.

Após ajudar os pacientes a identifica- rem os mitos emocionais, a TCD emprega psicoeducação, atenção plena e técnicas baseadas em exposição para auxiliá-los a desafiarem essas crenças. Além de oferecer uma teoria das emoções, a TCD educa os pacientes a respeito da função que elas de- sempenham. Com um maior entendimen- to da função desempenhada pelas emoções, os pacientes emocionalmente esquivos po- dem passar a aceitar melhor sua experiência emocional.

Questão a ser

proposta/intervenção

“Aquilo que pensamos sobre as emoções afe- ta a forma como lidamos com elas. Por exem- plo, se acredito que a ansiedade dura para sempre, faz sentido que eu tente evitá-la ou bloqueá-la. Infelizmente, uma certa dose de ansiedade é inevitável, e os esforços para blo- queá-la ou suprimi-la podem simplesmente prolongá-la ou intensificá-la. O fato é que as emoções não duram para sempre; elas são todas temporárias. É possível que você tenha algumas crenças imprecisas sobre as emo- ções que estejam contribuindo para suas di- ficuldades em lidar com elas.”

Exemplo

Terapeuta: Como se sente em relação à

traição de seu marido?

Paciente: Na verdade, tento não pensar nis-

so. Ele não é má pessoa. Essas coisas acontecem todo dia, não?

Terapeuta: Não sei se é verdade. Mas, su-

pondo que seja o caso, pelo bem da discussão, o que isso significa para você?

Paciente: Significa que não tenho razão

para estar chateada. Como você acha que eu deveria me sentir?

Terapeuta: Não creio que haja apenas uma

forma de sentir. Qualquer reação emocional ao fato de saber de uma traição é possível. Como se sente nes- te momento, enquanto discutimos a questão?

Paciente: (chorando) Incrivelmente triste.

Sinto muito. Não queria chorar.

Terapeuta: Por que está se desculpando? Paciente: Não quero impor-lhe meus sen-

timentos.

Terapeuta: Por que acha que ao chorar está

me impondo sentimentos?

Paciente: As pessoas não gostam de lidar

com emoções negativas. Todos deve- riam ser felizes.

Terapeuta: Não considero de forma algu-

ma que sua tristeza seja uma imposi- ção. Sinto-me privilegiado por você compartilhá-la comigo. Mas parece que você acredita ser inaceitável ex- pressar tristeza para os outros e que deveria parecer sempre feliz.

Paciente: Sim. Não é verdade que todos

pensam assim?

Terapeuta: Na verdade, nem todos acredi-

tam nisso. A depender do contexto, como no trabalho, expressar tristeza pode não ser eficiente, mas, com um

amigo ou com o terapeuta, é aceitá- vel. Não acho que seja possível pare- cer feliz todo o tempo. Acho que de- vemos focar em aprender mais sobre suas crenças a respeito das emoções [O terapeuta passa ao paciente o For- mulário 4.1: Mitos Emocionais.] Esta é a lista de algumas das crenças mais comuns sobre as emoções. Dê uma olhada nela e veja se você se encaixa em alguma.

Tarefa

Os pacientes podem revisar a lista de mitos emocionais (Formulário 4.1) como tarefa e endossar as crenças com as quais concorda- rem. Eles podem também registrar outras crenças sobre as emoções que lhes vierem à mente. As crenças podem ser desafiadas com a ajuda do terapeuta na sessão seguin- te, sendo possível prescrever experimentos para testá-las.

Possíveis problemas

Os pacientes que endossam mitos emocio- nais enfaticamente podem resistir à ideia de que eles estejam equivocados. Tal re- sistência pode ser manejada por meio do fornecimento de informações científicas sobre as emoções ou por experimentos de- signados para testar os mitos emocionais. Entretanto, o terapeuta deve equilibrar o uso dessas estratégias de mudança com a validação, comunicando aos pacientes que sua crença faz sentido à luz da experiência. Por exemplo, o terapeuta pode dizer a uma paciente com transtorno de pânico que é compreen sível que ela acredite que ficar ansiosa é estar fora de controle. Porém, o terapeuta deve também argumentar que a

ansiedade pode ser experimentada em ní- veis menores de intensidade, que pareçam menos incontroláveis. Além disso, sentir-se fora de controle não é o mesmo que estar fora de controle.

Referência cruzada

com outras técnicas

As técnicas correlatas incluem apresen- tar aos pacientes um modelo e uma teoria das emoções. Outras técnicas relacionadas são descritas no Capítulo 2, sobre a TEE, como a identificação das crenças sobre as emoções no que se refere a duração, con- trolabilidade, exclusividade e valores da conexão emocional. É também útil propor, sempre que possível, experimentos dentro da sessão, para testar as crenças do paciente quanto às emoções. A técnica de observar e descrever as emoções sem julgamento é um modo de exposição que também pode en- fraquecer os mitos emocionais.

Formulário

Formulário 4.1: Mitos Emocionais.

TÉCNICA: IDENTIFICAÇÃO DA

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