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Experimentar e receber validação, empa- tia e um olhar positivo incondicional são elementos-chave em várias teorias. Rogers enfatizou a aceitação positiva incondicio- nal, não crítica e não diretiva do paciente; Bowlby descreveu como os sistemas de ape- go e uma base segura podem ajudar na in- tegração da emoção com a autoidentidade; Kohut descreveu o papel do espelhamento (mirroring) e da empatia na terapia; Green- berg enfatizou o processamento emocional e a empatia; Safran descreveu a aliança te- rapêutica e as rupturas curativas; e Linehan sugeriu que ambientes invalidantes são fatores-chave no surgimento do transtorno da personalidade borderline e na desregula- ção emocional em geral. De fato, pode-se argumentar que a validação é um processo transteórico e transdiagnóstico que pode ser relevante em vários transtornos. Dada a importância da validação, não é surpreen- dente que os pacientes emocionalmente desregulados com frequência se sintam in- validados na terapia e fora dela.

Leahy propôs que a ausência de ade- são ou a resistência à terapia pode com frequência resultar da crença de não ob- tenção de validação e da ativação de pa- drões e estratégias problemáticos de busca de validação (Leahy, 2001). Por exemplo, pacientes perturbados pelas emoções po- dem ter critérios problemáticos em relação à validação, como a crença de que a outra pessoa precisa concordar com tudo o que eles dizem, que precisa sentir a mesma dor e sofrimento para poder entendê-los ou ser útil ou que precisa ouvir cada detalhe sobre cada emoção e cada pensamento para poder “realmente entender” (Leahy, 2001, 2009). Esta técnica introduz a questão da invalida- ção na terapia e pode servir como fonte de

informação para o exame das dificuldades dos pacientes em encontrar validação.

Questão a ser

proposta/intervenção

“Sentir-se validado – que alguém o enten- de e se preocupa com você – é parte im- portante da terapia e da vida em geral. Há ocasiões em que você não se sente validado por mim? Você poderia me dar exemplos? Há momentos nos quais você se sente va- lidado? Que exemplos você pode me dar? Às vezes, acreditamos que alguém não nos valida ou não se importa conosco a menos que diga ou faça algo. Você tem padrões quanto a se sentir validado? O que você faz quando não se sente validado?” O tera- peuta pode explorar exemplos de excessos, queixas, repetições, ataques, provocações, comportamentos autodestrutivos e outras estratégias problemáticas.

Exemplo

A paciente passava pelo rompimento com o namorado. Ela se sentia triste e com rai- va e ficou frustrada com o terapeuta, que sugeria algumas formas de lidar com seus sentimentos.

Terapeuta: Este é realmente um momento

difícil para você e vejo que está frus- trada com nossa conversa. Você pode me dizer o que está sentindo e pen- sando sobre nossa discussão de hoje?

Paciente: Parece que você está tentando me

fazer mudar minha maneira de pensar sobre isso. Mas está doendo agora e não sei se você realmente entende.

Terapeuta: Faz sentido que você fique inco-

modada ao pensar que eu não a com- preendo. Sinto muito por não estar

acompanhando. Podemos falar sobre isso?

Paciente: Sim.

Terapeuta: O que eu disse que a fez sentir

que não entendo o quão difícil é isso?

Paciente: Você tentou me convencer a fazer

coisas para me ajudar, como ver ou- tras pessoas, engajar-me em ativida- des e tudo o mais.

Terapeuta: Então você achou que, enquan-

to eu falava sobre mudança de algu- mas dessas coisas, de alguma forma seus sentimentos foram deixados de lado?

Paciente: Sim. Tenho o direito de me sentir

chateada – de ficar triste.

Terapeuta: Concordo com você. Esse é um

dos grandes dilemas da terapia – ten- tar mudar, mas ainda assim ser capaz de manter o sentimento, respeitar a forma como se sente e validar a difi- culdade da situação. Às vezes, não sou o melhor neste sentido, então pode parecer que não entendo ou que não me importo.

Paciente: Sim. Sinto-me tão mal agora que

é difícil conseguir fazer as coisas. É di- fícil pra mim.

Terapeuta: Eis o nosso dilema – ao menos

para mim. Espero poder ajudá-la a se sentir melhor, mas você pode ficar paralisada por esse sentimento ruim e pensar que não me importo ao fa- larmos de mudança. Como podemos fazer isso – falar sobre mudanças e ao mesmo tempo respeitar seus senti- mentos? Talvez haja algo que eu possa fazer melhor, algo diferente.

Paciente: Bem, na verdade, o que você está

fazendo agora já está me ajudando.

Terapeuta: Poderíamos dizer que você se

sente melhor quando conta com mi- nha validação? Ok. É bom que eu me lembre disso com mais frequência. Diga-me quando achar que isso não

está acontecendo. Mas e quanto à mu- dança?

Paciente: Eu quero mudar. Bem, talvez

possamos falar sobre mudança.

Terapeuta: Que tal fazermos isso? Falamos

sobre mudança, eu tento de fato me conectar com seus sentimentos, ofe- recer validação, talvez perguntar se você se sente compreendida, validada e amparada, e falamos mais sobre mu- dança. Assim está bem para você?

Paciente: Está.

Terapeuta: Estamos de acordo? Paciente: Sim.

Tarefa

Há muitas tarefas possíveis para trabalhar as questões relativas à necessidade de vali- dação. Primeiro, monitorar exemplos de quando o paciente se sente ou não valida- do. Segundo, listar exemplos de “o que eu faço” quando alguém não oferece valida- ção. O terapeuta pode identificar na sessão alguns estilos problemáticos de reagir à invalidação, como queixas, excessos, ata- ques, provocações ou distanciamento. Os pacientes podem listar exemplos específi- cos de quando eles reagem “com sucesso” ao não obterem validação, por exemplo, di- zendo “não estou me fazendo compreender claramente”, “não sinto que estou sendo compreendido aqui” ou “será que você po- deria me ajudar a entender melhor isso?”. O terapeuta pode indicar o Formulário 3.1 (Exemplos de Quando me Sinto Validado ou Não) para listar os exemplos menciona- dos previamente.

Possíveis problemas

Os pacientes que têm resistência à validação podem ser particularmente sensíveis à im- pressão de que o terapeuta considera seus

sentimentos neuróticos ou sem importân- cia. Para alguns, até mesmo o fato de falar em validação pode “parecer” invalidante: “Você está querendo dizer que sou muito sensível. Eu não sou. Isso realmente me magoa!”. De forma sensível, o terapeuta pode validar o sentimento de invalidação, dizer que é difícil perceber que os próprios sentimentos não são importantes para o te- rapeuta (ou para qualquer pessoa) e pedir informações: “Parece que não estou me co- nectando bem com a forma como você se sente. Sinto muito por isso. Preciso apren- der como fazer essa conexão com você. Você pode me ajudar? Se estivesse no meu lugar – falando com você, neste momento –, o que me diria para se sentir realmente validado, amparado e apoiado?”. O tera- peuta pode ensaiar um jogo de papéis por meio da cadeira vazia, invertendo os per- sonagens (o terapeuta torna-se paciente e vice-versa).

Referência cruzada

com outras técnicas

O terapeuta pode trabalhar com os pa- cientes a fim de identificar estratégias mais adaptativas para lidar com a invalidação.

Formulário

Formulário 3.1: Exemplos de Quando me Sinto Validado ou Não.

TÉCNICA: IDENTIFICAÇÃO

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