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Assim, os agentes p´ublicos estatais tˆem o dever de cumprir os ditames constitucionais no

78Com entendimento neste sentido: BUCCI, 2002, p. 241-250; BUCCI, 2006, p. 11-22; SILVA NETO, 2001, p. 134-173; SOARES, 2010c, p.141-160.

79CF/88, art. 37, § 3o: “Art. 37. A administrac¸˜ao p´ublica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Uni˜ao, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Munic´ıpios obedecer´a aos princ´ıpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiˆencia e, tamb´em, ao seguinte: [...] § 3oA lei

disciplinar´a as formas de participac¸˜ao do usu´ario na administrac¸˜ao p´ublica direta e indireta, regulando especialmente: I - as reclamac¸˜oes relativas `a prestac¸˜ao dos servic¸os p´ublicos em geral, asseguradas a manutenc¸˜ao de servic¸os de atendimento ao usu´ario e a avaliac¸˜ao peri´odica, externa e interna, da qualidade dos servic¸os; II - o acesso dos usu´arios a registros administrativos e a informac¸˜oes sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5o, X e XXXIII; III - a disciplina da representac¸˜ao contra o exerc´ıcio negligente ou abusivo de cargo, emprego ou func¸˜ao na administrac¸˜ao p´ublica.” (grifos nossos).

80A melhoria das condic¸˜oes de vida de toda a populac¸˜ao est´a diretamente relacionada com a escolha dos direitos humanos sociais como o teor do escopo das pol´ıticas p´ublicas, pois: “los derechos sociales fundamentales son tres: el derecho a la educaci´on, al trabajo y a la salud. [...] Estas dos expresiones permiten comprender c´omo lo que caracteriza a un derecho social, a diferencia de un derecho de libertad, es el hecho de que su reconocimiento y protecci´on se realicen no s´olo en el inter´es primario del individuo, sino tambi´en en el inter´es general de la sociedad de la cual el individuo forma parte. En efecto, interesa a la sociedad considerada como un todo tener ciudadanos instruidos antes que ignorantes, empleados antes que desocupados, con buena salud antes que enfermos.” (BOBBIO, 2009, p. 544) (grifos nossos).

81Neste sentido, a jurista Maria Paula Dallari Bucci faz uma an´alise doutrin´aria enfocando o aspecto da vinculac¸˜ao da participac¸˜ao do cidad˜ao para a existˆencia da legitimidade das pol´ıticas p´ublicas: “o adjetivo “p ´ublica”, justaposto ao substantivo “pol´ıtica”, deve indicar tanto os destinat´arios como os autores da pol´ıtica. Uma pol´ıtica ´e p ´ublica quando contempla os interesses p ´ublicos, isto ´e, da coletividade - n˜ao como f´ormula justificadora do cuidado diferenciado com interesses particulares ou do descuido indiferenciado de interesses que merecem protec¸˜ao - mas como realizac¸˜ao desejada pela sociedade. Mas uma pol´ıtica p ´ublica tamb´em deve ser express˜ao de um processo p ´ublico, no sentido de abertura `a participac¸˜ao de todos os interessados, diretos e indiretos, para a manifestac¸˜ao clara e transparente das posic¸˜oes em jogo. Nesse sentido, o PROCESSO ADMINISTRATIVO DE FORMULAC¸~AO E EXECUC¸~AO DAS POL´ITICAS P´UBLICAS ´E TAMB´EM PROCESSO POL´ITICO, CUJA LEGITIMIDADE E CUJA ‘‘QUALIDADE DECIS´ORIA’’, NO SENTIDO DA CLAREZA DAS PRIORIDADES E DOS MEIOS PARA REALIZ´A-LAS, EST~AO NA RAZ~AO DIRETA DO AMADURECIMENTO DA PARTICIPAC¸~AO DEMOCR´ATICA DOS CIDAD~AOS. O sucesso da pol´ıtica p ´ublica, qualquer que seja ela, est´a relacionada com essa qualidade do processo administrativo que precede a sua realizac¸˜ao e que a implementa.” (BUCCI, 2002, p. 269) (grifos nossos).

exerc´ıcio de suas func¸˜oes

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e, em especial, aqueles que atuam na Administrac¸˜ao P´ublica, para

atender aos interesses de todos os cidad˜aos-administrados, devem se ater, n˜ao s´o ao cumprimento

integral dos princ´ıpios constitucionais, expl´ıcitos (CF/88, arts. 1o, § ´unico83, 3784) e impl´ıcitos,

que informam a ´etica de conduta (participac¸˜ao cidad˜a, legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade, eficiˆencia, finalidade, razoabilidade, proporcionalidade, motivac¸˜ao, indisponibilidade

dos interesses p´ublicos, supremacia do interesse p´ublico sobre o privado, devido processo legal,

ampla defesa, seguranc¸a jur´ıdica, responsabilidade do Estado por atos administrativos, controle

judicial dos atos administrativos) para a gest˜ao dos neg´ocios p´ublicos

85, mas tamb´em, aos fun-

damentos da cidadania e da dignidade da pessoa humana

que regem o fim pol´ıtico do Estado

Democr´atico de Direito Brasileiro de construir uma sociedade livre, justa e solid´aria (CF/88, arts.

3o 86).

Deste modo, para que haja a observˆancia integral dos princ´ıpios constitucionais para a atuac¸˜ao

da Administrac¸˜ao P´ublica, tais como, a publicidade, a motivac¸˜ao e a participac¸˜ao cidad˜a na pr´atica

administrativa durante todo o processo de proposic¸˜ao e implementac¸˜ao das pol´ıticas p´ublicas, ´e

imprescind´ıvel que seja permitido aos cidad˜aos o acesso `as informac¸˜oes da formac¸˜ao (pressupostos

t´ecnicos e materiais), da execuc¸˜ao (medidas administrativas, financeiras e legais de implementac¸˜ao)

e da avaliac¸˜ao (efeitos sociais e jur´ıdicos), bem como, que sejam criados espac¸os p´ublicos para

instaurac¸˜ao de um processo administrativo para avaliac¸˜ao da implementac¸˜ao de pol´ıticas p´ublicas

87, e, ainda, que n˜ao haja obst´aculos para que o cidad˜ao possa utilizar a via do acesso `a Justic¸a

Constitucional88, para que, sendo aplicados os princ´ıpios do devido processo legal e do contra-

82Nesse sentido: “a evoluc¸˜ao do Estado Democr´atico de Direito tem ensejado a substituic¸˜ao do termo poder, pelo voc´abulo dever. Prevalece a ideia de que todos os agentes p ´ublicos, dos mais graduados agentes pol´ıticos aos mais simples servidores, exercem func¸˜ao p ´ublica para servir ao interesse coletivo. S˜ao prepostos do cidad˜ao na administrac¸˜ao de seu patrimˆonio, com vistas `a prestac¸˜ao de servic¸os e na protec¸˜ao de valores de interesse geral. ESSA TRANSFORMAC¸~AO PROP~OE ALTERAC¸~AO NA QUEST~AO DA LEGITIMIDADE DO EXERC´ICIO DO PODER E NA ´ETICA DAS RELAC¸~OES ENTRE O P´UBLICO E O PRIVADO. COM ESSA MUDANC¸A, A PR´OPRIA NOC¸~AO DE SEPARAC¸~AO DE PODERES SOFREU MODIFICAC¸~OES DERIVADAS DA EVOLUC¸~AO DOS SISTEMAS JUR´IDICOS E DAS ESTRUTURAS SOCIAIS, DE FORMA, POR EXEMPLO, A CONTEMPLAR O CONTROLE PELO JUDICI´ARIO DA LEGALIDADE E DA CONSTITUCIONALIDADE DOS ATOS E NORMAS EMANADOS DO EXECUTIVO E DO LEGISLATIVO, COMO REVELA A EVOLUC¸~AO HIST´ORICA DO MANDADO DE SEGURANC¸A E DOS CONTROLES - CONCENTRADO E DIFUSO - DE CONSTITUCIONALIDADE.” (CARVALHO, 2009, p. 143) (grifado no original somente em it´alico).

83CF/88, CF/88, Art. 1o“A Rep´ublica Federativa do Brasil, formada pela uni˜ao indissol´uvel dos Estados e Munic´ıpios e do Distrito Federal,

constitui-se em Estado Democr´atico de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo pol´ıtico. Par´agrafo ´unico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituic¸˜ao.” (grifos nossos).

84CF/88, Art. 37. “A administrac¸˜ao p´ublica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Uni˜ao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munic´ıpios obedecer´a aos princ´ıpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiˆencia e, tamb´em, ao seguinte: [...].” (grifos nossos).

85Com entendimento neste sentido: BANDEIRA DE MELLO, 2005, p. 84-113; DALLARI, 2006a, p. 22-26; MEIRELLES, 2006, p. 87-104; SIRAQUE, 2005, p. 51-67.

86CF/88, Art. 3o“Constituem objetivos fundamentais da Rep´ublica Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solid´aria; II

- garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalizac¸˜ao e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, rac¸a, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminac¸˜ao.” (grifos nossos).

87No atual contexto do Estado Brasileiro, e em relac¸˜ao a participac¸˜ao cidad˜a nas pol´ıticas sociais e na gest˜ao de programas e projetos, “pode-se dizer que h´a uma longa trilha a percorrer no sentido da qualidade, efetividade e do aprofundamento da participac¸˜ao, bem como de sua extens˜ao. Esses espac¸os tendem a se direcionar mais frequentemente para a implementac¸˜ao das pol´ıticas e programas, apresentando-se o desafio de ampli´a-los para os processos decis´orios relativos `a implementac¸˜ao. Tamb´em constitui um desafio a incorporac¸˜ao dos segmentos n˜ao organizados da populac¸˜ao nos processos participativos. Algumas dificuldades dos processos participativos de forma mais geral referem-se aos dom´ınios institucionais. Uma quest˜ao se refere `a vontade pol´ıtica e ao comprometimento efetivo dos quadros governantes com projetos democratizantes, fundados na inclus˜ao ao lado da participac¸˜ao cidad˜a. Nessa linha, CABE QUESTIONAR O QUE SE PRETENDE COM A PARTICIPAC¸ ˜AO E QUAL CONCEPC¸ ˜AO DE PARTICIPAC¸ ˜AO EST ´A EM JOGO. Mais al´em, cabe indagar quais atores, no quadro pol´ıtico- burocr´atico, sustentam ou ap´oiam os processos de participac¸˜ao e quais se op˜oem a eles, como uma medida das poss´ıveis dificuldades.” (BRASIL, 2007, p.148) (grifos nossos).

88“A t´ıtulo de noc¸˜ao tendencial e aproximativa, pode definir-se justic¸a constitucional como o complexo de actividades jur´ıdicas desenvolvidas por um ou v´arios ´org~aos jurisdicionais, destinadas `a fiscaliza¸c~ao da observ^ancia e cumprimento das normas e princ´ıpios constitucionais vigentes. Trata-se de uma noc¸˜ao ampla, cujo entendimento pressup ˜oe a

dit´orio, se possibilite a existˆencia da cont´ınua apreciac¸˜ao e da deliberac¸˜ao democr´atica, entre o

Poder P´ublico e os diversos segmentos da sociedade89, sobre as diversas possibilidades de esco-

lhas para o teor das pol´ıticas p´ublicas a serem implementadas.

Neste contexto, considerando a preponderˆancia da definic¸˜ao do escopo das pol´ıticas p´ublicas

para permitir a existˆencia das condic¸˜oes materiais que permitam a consecuc¸˜ao de um padr˜ao de

vida codigna, e ainda que

´e prudente advertir que a reserva de discricionariedade presente nos atos pol´ıticos n˜ao

deve ser levada ao ponto de convertˆe-la em arbitrariedade. Ato discricion´ario ´e aquele

realizado dentro da margem de liberdade conferida pela norma; ato arbitr´ario ´e o que

excede as linhas demarcadas `a liberdade de ac¸˜ao do administrador (SILVA NETO, 2001,

p. 87) (grifos nossos),

se compreende que a ac¸˜ao administrativa discricion´aria na escolha das diretrizes das pol´ıticas

p´ublicas ´e sempre pass´ıvel de um controle material, para aferir a sua conformac¸˜ao aos parˆametros

da legalidade e da constitucionalidade90, bem como verificar a adequac¸˜ao dos meios escolhidos

para gerar, durante os procedimentos para sua implementac¸˜ao, os objetivos previstos para o Estado

Democr´atico de Direito (CF/88, art. 3o 91) sem, concomitantemente, acarretar o retrocesso social

sum´aria pontualizac¸˜ao dos momentos hist´orico-comparat´ısticos jur´ıdico-constitucionalmente mais relevantes.” (CANOTILHO, 2003, p. 892) (grifado no original somente em negrito). No ˆambito do atual Estado Democr´atico de Direito Brasileiro, a CF/88, art. 5o, XXXV - “a lei n˜ao

excluir´a da apreciac¸˜ao do Poder Judici´ario les˜ao ou ameac¸a a direito.” (grifos nossos). E, ainda, neste sentido: “afastemos, antes de mais nada, a cl´assica objec¸˜ao de que o Judici´ario n˜ao tem competˆencia, pelo princ´ıpio da divis˜ao de Poderes, para julgar “quest˜oes pol´ıticas”. J´a no in´ıcio do regime republicano, quando se ensaiava entre n´os o ju´ızo de constitucionalidade de leis e atos do Poder P´ublico, Ruy Barbosa advertia para o fato de que toda quest˜ao, considerada meramente pol´ıtica fora dos tribunais, assume necessariamente um car´ater judici´ario quando proposta como objeto de uma demanda. “O efeito da interferˆencia da justic¸a, muitas vezes”, escreveu ele, “n˜ao consiste sen˜ao em transformar, pelo aspecto com que se apresenta o caso, uma quest˜ao pol´ıtica em quest˜ao judicial. Mas a atribuic¸˜ao de declarar inconstitucionais os atos da legislatura envolve, inevitavelmente, a justic¸a federal em quest˜oes pol´ıticas. ´E, indubitavelmente, um poder, at´e certa altura, pol´ıtico, exercido sob as formas judiciais””. (COMPARATO, 2010, p. 295-296) (grifado no original somente em it´alico).

89As disposic¸˜oes da CF/88, no Art. 1o: “A Rep´ublica Federativa do Brasil, formada pela uni˜ao indissol´uvel dos Estados e Munic´ıpios e do

Distrito Federal, constitui-se em Estado Democr´atico de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo pol´ıtico. Par´agrafo ´unico. TODO O PODER EMANA DO POVO, que o exerce por meio de representantes eleitos ou DIRETAMENTE, nos termos desta Constituic¸˜ao” (grifos nossos), apontam para a importˆancia de cada cidad˜ao, no contexto de uma sociedade com infinitas e diversificadas necessidades humanas, ter acesso irrestrito a todos os instrumentos democr´aticos para deliberar com os Poderes P´ublicos sobre a definic¸˜ao do teor das pol´ıticas p´ublicas a serem implementadas pelo Estado, pois: “ ´E o poder que mant´em a existˆencia da esfera p ´ublica, o espac¸o potencial da aparˆencia entre homens que agem e falam. A pr´opria palavra, como o seu equivalente grego, dynamis, e o latino, potentia, com seus v´arios derivados modernos, ou o alem˜ao Macht (que vem de m¨ogen e m¨oglich, e n˜ao de machen), indicam seu car´ater de “potencialidade”. O poder ´e sempre, como dir´ıamos hoje, um potencial de poder, n˜ao uma entidade imut´avel, mensur´avel e confi´avel como a forc¸a. Enquanto a forc¸a ´e a qualidade natural de um indiv´ıduo isolado, o poder passa a existir entre os homens quando eles agem juntos, e desaparece no instante em que eles se dispersam. [...] O que mant´em unidas as pessoas depois que passa o momento fugaz da ac¸˜ao (aquilo que hoje chamamos de “organizac¸˜ao”) e o que elas, por sua vez, mantˆem vivo ao permanecerem unidas ´e o poder. Todo aquele que, por algum motivo, se isola e n˜ao participa dessa convivˆencia, renuncia ao poder e se torna impotente, por maior que seja a sua forc¸a e por mais v´alidas que sejam suas raz˜oes. Se o poder fosse algo mais que essa potencialidade da convivˆencia, se pudesse ser possu´ıdo como a forc¸a ou exercido como a coac¸˜ao, ao inv´es de depender do acordo fr´agil e tempor´ario de muitas vontades e intenc¸˜oes, a onipotˆencia seria uma possibilidade humana concreta. Porque o poder, como a ac¸˜ao, ´e ilimitado; ao contr´ario da forc¸a, n˜ao encontra limitac¸˜ao f´ısica na natureza humana, na existˆencia corp´orea do homem. Sua ´unica limitac¸˜ao ´e a existˆencia de outras pessoas, limitac¸˜ao que n˜ao ´e acidental, pois o poder humano corresponde, antes de mais nada, `a condic¸˜ao humana da pluralidade. Pelo mesmo motivo, ´e poss´ıvel dividir o poder sem reduzi-lo; e a interac¸˜ao de poderes, com seus controles e equil´ıbrios, pode, inclusive, gerar mais poder, pelo menos enquanto a interac¸˜ao seja dinˆamica e n˜ao resultado de um impasse. A forc¸a, ao contr´ario, ´e indivis´ıvel; e, embora tamb´em seja controlada e equilibrada pela presenc¸a dos outros, a interac¸˜ao da pluralidade significa, neste caso, uma definida limitac¸˜ao `a forc¸a do indiv´ıduo, que ´e mantida dentro de limites e pode vir a ser superada pelo potencial de poder da maioria.” (ARENDT, 2001, p. 212, 213-214) (grifado no original somente em it´alico).

90O controle material das pol´ıticas p´ublicas se alicerc¸a no fato de que “a pol´ıtica, como conjunto de normas e atos, ´e unificada pela sua finalidade. Os atos, decis˜oes ou normas que a comp˜oem, tomados isoladamente, s˜ao de natureza heterogˆenea e submetem-se a um regime jur´ıdico que lhes ´e pr´oprio. De onde se segue que o ju´ızo de validade de uma pol´ıtica - seja ela empresarial ou governamental - n˜ao se confunde nunca com o ju´ızo de validade das normas e dos atos que a comp˜oem. UMA LEI, EDITADA NO QUADRO DE DETERMINADA POL´ITICA P ´UBLICA, POR EXEMPLO, PODE SER INCONSTITUCIONAL, SEM QUE ESTA ´ULTIMA O SEJA. INVERSAMENTE, DETERMINADA POL´ITICA GOVERNAMENTAL, EM RAZ~AO DA FINALIDADE POR ELA PERSEGUIDA, PODE SER JULGADA INCOMPAT´IVEL COM OS OBJETIVOS CONSTITUCIONAIS QUE VINCULAM A AC¸~AO DO ESTADO, SEM QUE NENHUM DOS ATOS ADMINISTRATIVOS, OU NENHUMA DAS NORMAS QUE A REGEM, SEJAM EM SI MESMOS INCONSTITUCIONAIS.” (COMPARATO, 2010, p. 293-294) (grifos nossos).

91CF/88, Art. 3o“Constituem objetivos fundamentais da Rep´ublica Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solid´aria; II

- garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalizac¸˜ao e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, rac¸a, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminac¸˜ao.” (grifos nossos).

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