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Deste modo, ´e inconteste que esta forma do cidad˜ao comparticipar, nos espac¸os e nas estrutu-

dade com os princ´ıpios proclamados na Carta das Nac¸˜oes Unidas, o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da fam´ılia humana e dos seus DIREITOS IGUAIS E INALIEN´AVEIS, constitui o fundamento da liberdade, da justic¸a e da paz no mundo, Re- conhecendo que esses direitos decorrem da dignidade inerente `a pessoa humana, [...] Compreendendo que o indiv´ıduo, por ter DEVERES para com seus semelhantes e para com a coletividade a que pertence, tem A OBRIGAC¸ ˜AO DE LUTAR PELA PROMOC¸ ˜AO E OBSERV ˆANCIA DOS DIREITOS RECONHECIDOS NO PRESENTE PACTO [...]” (grifos nossos); e a Declarac¸˜ao Americana dos Direitos e Deveres do Homem (1948) que proclama no Preˆambulo: “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, como s˜ao dotados pela na- tureza de raz˜ao e consciˆencia, devem proceder fraternalmente uns para com os outros. O CUMPRIMENTO DO DEVER DE CADA UM ´E EXIG ˆENCIA DO DIREITO DE TODOS. DIREITOS E DEVERES INTEGRAM-SE CORRELATIVAMENTE EM TODA A ATIVIDADE SOCIAL E POL´ITICA DO HOMEM. Se os direitos exaltam a liberdade individual, os deveres exprimem a dignidade dessa liberdade. Os deveres de ordem jur´ıdica dependem da existˆencia anterior de outros de ordem moral, que apoiam os primeiros conceitualmente e os fundamentam. [...]” e nos artigos XXVIII: “Os direitos do homem est˜ao limitados pelos direitos do pr´oximo, pela seguranc¸a de todos e pelas justas exigˆencias do bem-estar geral e do desenvolvimento democr´atico.” e XXIX: “O indiv´ıduo tem o DEVER DE CONVIVER com os demais, de maneira que todos e cada um possam formar e desenvolver integralmente a sua personalidade” (grifos nossos).

115Neste sentido se manifesta o jurista Peter H¨aberle em sua obra “Hermenˆeutica Constitucional - A sociedade aberta dos int´erpretes da Constituic¸˜ao: contribuic¸˜ao para a interpretac¸˜ao pluralista e “procedimental” da Constituic¸˜ao”.

ras deliberativas democr´aticas, em especial, atrav´es da atuac¸˜ao da Jurisdic¸˜ao Constitucional, para

a integrac¸˜ao dos conhecimentos na busca de uma soluc¸˜ao para os problemas sociais do mundo

presente e, em particular, os nacionais e regionais, incentivar´a a cada cidad˜ao brasileiro a requerer,

permanentemente, o seu direito de acesso `a Justic¸a em busca de uma existˆencia digna, para que haja

a promoc¸˜ao de pol´ıticas p´ublicas em prol da concretizac¸˜ao dos direitos humanos sociais que pro-

piciam a consecuc¸˜ao do aperfeic¸oamento cultural e profissional em consonˆancia com o direito hu-

mano fundamental ao desenvolvimento117e, desta maneira, se garante que o indiv´ıduo tenha possi-

bilidades de chances reais de alcanc¸ar a cidadania integral com a correspondente concretizac¸˜ao de

sua participac¸˜ao cont´ınua, eficiente e eficaz na construc¸˜ao e no desenvolvimento de uma sociedade

brasileira livre, justa e solid´aria.

5.3.1

A func¸˜ao social da Jurisdic¸˜ao Constitucional

O contexto social, pol´ıtico, econˆomico e jur´ıdico do Estado Brasileiro, sob o regime militar

autorit´ario de 1964 a 1984, impulsionou os movimentos sociais a reivindicarem os direitos hu-

manos, as eleic¸˜oes diretas para a presidˆencia da Rep´ublica e a convocac¸˜ao de uma Assembleia

Nacional Constituinte

118, propiciando a restaurac¸˜ao das instituic¸˜oes pol´ıticas democr´aticas e a

promulgac¸˜ao, em 5 de outubro de 1988, da Constituic¸˜ao Cidad˜a119, na qual se definiu as balizas

(CF/88, art. 3o) para atuac¸˜ao do novo Estado em prol da realizac¸˜ao de pol´ıticas p´ublicas que pro-

movam os meios para o acesso dos indiv´ıduos aos direitos b´asicos que permitem o exerc´ıcio pleno

da cidadania integral120, entretanto, se constata que

n˜ao obstante seja clara a opc¸˜ao constitucional por um sistema abrangente de co-

bertura da quest˜ao social pela Constituic¸˜ao de 1988, que implica num perfil am-

plo de pol´ıticas sociais, com a reduc¸˜ao das tarefas do estado e a perda de espac¸o

da pol´ıtica na determinac¸˜ao dos rumos da sociedade, o mais importante instru-

mento de efetivac¸˜ao da cidadania social tem experimentado um forte refluxo. Dada

a compreens˜ao das pol´ıticas p´ublicas como mediac¸˜ao das relac¸˜oes entre estado e so-

ciedade, e das pol´ıticas sociais como express˜ao da correlac¸˜ao de forc¸as pol´ıticas num

determinado contexto espac¸o-temporal, explica-se, mas n˜ao se justifica, a inoperˆancia

117Neste sentido, a Declarac¸˜ao sobre o Direito ao Desenvolvimento, Artigo 1o: 1. “O direito ao desenvolvimento ´e um direito humano

inalien´avel em virtude do qual toda pessoa humana e todos os povos est˜ao habilitados a participar do desenvolvimento econˆomico, social, cultural e pol´ıtico, a ele contribuir e dele desfrutar, no qual todos os direitos humanos e liberdades fundamentais possam ser plenamente realizados”. Artigo 2o: 1. “A PESSOA HUMANA ´E O SUJEITO CENTRAL DO DESENVOLVIMENTO E DEVERIA SER PARTI-

CIPANTE ATIVO E BENEFICI ´ARIO DO DIREITO AO DESENVOLVIMENTO”. 2. “Todos os seres humanos t^em responsabilidade pelo desenvolvimento, individual e coletivamente, levando-se em conta a necessidade de pleno respeito aos seus direitos humanos e liberdades fundamentais, bem como seus deveres para com a comunidade, que sozinhos podem assegurar a realiza¸c~ao livre e completa do ser humano, e deveriam por isso promover e proteger uma ordem p´ublica, social e econ^omica apropriada para o desenvolvimento”. 3. “Os Estados tˆem o direito e o dever de formular pol´ıticas nacionais adequadas para o desenvolvimento, que visem o constante aprimoramento do bem-estar de toda a populac¸˜ao e de todos os indiv´ıduos, com base em sua participac¸˜ao ativa, livre e significativa no desenvolvimento e na distribuic¸˜ao equitativa dos benef´ıcios da´ı resultantes”. (grifos nossos).

118O contexto hist´orico da redemocratizac¸˜ao do Estado Brasileiro em 1988 foi relatado no cap´ıtulo 2 (O perfil da Democracia Brasileira Na CF/88) deste trabalho

119“O constitucionalismo sintetiza todas as forc¸as reais de poder com as quais se comp˜oe a sociedade civil e as quais atuam para limitar a esfera do poder pol´ıtico; para assegurar os direitos da personalidade humana a ela intr´ınsecos, por isso, anteriores `as leis positivas; fornece-nos a concepc¸˜ao de que a Constituic¸˜ao ´e um reposit´orio das aspirac¸˜oes dessa sociedade e, assim, n˜ao se confunde com a forma de sua veiculac¸˜ao ou seja a forma chamada de Constituic¸˜ao jur´ıdica, ou escrita, ou sistematizada, ou pol´ıtica, esta sim, obrigatoriamente identific´avel com aquela, sob pena de ilegitimidade.” (BRITO, 1993, p. 25-26) (grifado no original).

120O sentido do termo cidadania integral foi definido no cap´ıtulo 2 O perfil da democracia brasileira na CF/88 - Sec¸˜ao O paradigma democr´atico substancial e a cidadaniadeste trabalho.

do Executivo e a tendˆencia da sua substituic¸˜ao - ao menos em certos casos - pelo Ju-

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