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os direitos fundamentais devem ter efic´acia tanto frente ao Estado, quanto frente aos particulares, e isso determina o reconhecimento, o respeito e a protec¸˜ao dos

princ´ıpios e direitos reconhecidos na Constituic¸˜ao, que informam a atuac¸˜ao dos po-

deres p ´ublicos. E ´e esse grau de efic´acia que se tem reclamado nos diversos cantos do

globo, na perspectiva de que n˜ao adianta reconhecer, prever legalmente e proteger os di-

reitos fundamentais, sem uma efetiva efic´acia dos mesmos, atrav´es de pol´ıticas p´ublicas

e privadas concretas, que levem ao exerc´ıcio dos mesmos, pelos cidad˜aos, seus titulares

(BEZERRA, 2007, p. 206). Como visto, o acesso aos direitos e `a justic¸a, na dimens˜ao

aqui proposta, n˜ao se resume ao acesso ao processo ou ao acesso `a justic¸a pela via ju-

dicial. De fato, a fundamentalidade formal e material do direito de acesso aos direitos

e `a justic¸a, como direito, ret´em um conte ´udo de obrigatoriedade e de exigibilidade.

N˜ao se pode reduzir a letra morta de um cat´alogo de direitos; resulta que o direito

de acesso aos direitos e `a justic¸a resta fundado num forte conte´udo jur´ıdico, tanto de di-

reito positivo, quanto de direito natural(BEZERRA, 2007.1, p. 65) (grifado no original

somente em it´alico).

Assim, o Estado Brasileiro, com a constitucionalizac¸˜ao dos direitos humanos (atrav´es das

normas expressas nos art. 1o, II, III, 5o, §§ 1o, 2oe 3o 134) e com a ratificac¸˜ao dos principais tratados

128CF/88, Art. 1o, Par´agrafo ´unico: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos

desta Constituic¸˜ao.” (grifos nossos).

129CF/88, Art. 14: “A soberania popular ser´a exercida pelo sufr´agio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. § 1o- O alistamento eleitoral e o voto s˜ao: I - obrigat´orios para

os maiores de dezoito anos; II - facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. § 2o- N˜ao podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o per´ıodo do servic¸o militar obrigat´orio, os conscritos. §

3o- S˜ao condic¸˜oes de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exerc´ıcio dos direitos pol´ıticos; III - o alistamento

eleitoral; IV - o domic´ılio eleitoral na circunscric¸˜ao; V - a filiac¸˜ao partid´aria; VI - a idade m´ınima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Rep´ublica e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador. § 4o- S˜ao ineleg´ıveis os

inalist´aveis e os analfabetos. [...]” (grifos nossos).

130Uma breve an´alise da inserc¸˜ao dos Institutos da democracia participativa na atuac¸˜ao dos poderes p´ublicos no Estado Brasileiro pela CF/88 foi realizada no cap´ıtulo 2 (O perfil da democracia brasileira na CF/88) deste trabalho.

131CF/88, art. 5o, XXXIV: “s˜ao a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petic¸˜ao aos Poderes P´ublicos

em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder”.

132CF/88, art. 5o, XXXV: “a lei n˜ao excluir´a da apreciac¸˜ao do Poder Judici´ario les˜ao ou ameac¸a a direito”. DECLARAC¸ ˜AO UNIVERSAL DOS

DIREITOS HUMANOS, art. VIII: “Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes recurso efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituic¸˜ao ou pela lei.” (grifos nossos).

133Neste sentido: “direitos subjetivos, direitos dos indiv´ıduos n˜ao s´o enquanto direitos dos cidad˜aos em sentido estrito, sen˜ao enquanto garantia de um status jur´ıdico ou da liberdade, num determinado ˆambito de existˆencia”. (BEZERRA, 2007, p. 205) (grifos do autor).

134CF/88, Art. 1o: “A Rep´ublica Federativa do Brasil, formada pela uni˜ao indissol´uvel dos Estados e Munic´ıpios e do Distrito Federal, constitui-

se em Estado Democr´atico de Direito e tem como fundamentos: [...] II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana” [...]. Artigo 5o, § 1o- “As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tˆem aplicac¸˜ao imediata”. § 2o- “Os direitos e garantias expressos nesta Constituic¸˜ao n˜ao

internacionais, se inseriu, no atual contexto do mundo globalizado135, nos sistemas internacionais

para a protec¸˜ao e promoc¸˜ao dos direitos humanos tanto no ˆambito global

136, da Organizac¸˜ao

das Nac¸˜oes Unidas (ONU), quanto no regional

137, da Organizac¸˜ao dos Estados Americanos138

(OEA). E, neste contexto, se considerando as disposic¸˜oes do Pacto Internacional sobre Direitos

Econˆomicos, Sociais e Culturaise da Convenc¸˜ao Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de

S˜ao Jos´e da Costa Ricaque proporcionam aos cidad˜aos brasileiros o direito de intervir na atuac¸˜ao

dos poderes p´ublicos, para fiscalizar o planejamento e a organizac¸˜ao administrativa do Estado,

como meio de garantir que a atuac¸˜ao do poder pol´ıtico-jur´ıdico na democracia brasileira esteja em

excluem outros decorrentes do regime e dos princ´ıpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Rep´ublica Federativa do Brasil seja parte”. § 3o- “Os tratados e convenc¸˜oes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,

em dois turnos, por trˆes quintos dos votos dos respectivos membros, ser˜ao equivalentes `as emendas constitucionais”.

135Neste sentido se manifesta o jurista Saulo Jos´e Casali Bahia: “No ˆambito do Mercosul, o que presentemente vislumbra-se ´e a iminente necessidade de que as Constituic¸˜oes dos pa´ıses-membros sejam adaptadas, como o foram suas congˆeneres europ´eias, `a situac¸˜ao onde as deliberac¸˜oes deixem de ser tomadas exclusivamente por consenso. Ou seja, QUE OS TEXTOS CONSTITUCIONAIS ARGENTINO, PARAGUAIO, URUGUAIO EBRASILEIRO ADOTEM DEFINITIVAMENTE O PRIMADO, SEN ˜AO DO DIREITO INTERNACIONAL, AO MENOS DO DIREITO COMUNIT ´ARIO, FAZENDO-SE COM QUE A SOBERANIA DEIXE DE CONSTITUIR UM ENTRAVE INSOL ´UVEL `A CONSTRUC¸ ˜AO DE UMA COMUNIDADE REGIONAL DE NAC¸ ˜OES.” (BAHIA, 1996, p. 78) (grifos nossos).

136No Sistema Global: A CARTA DAS NAC¸ ˜OES UNIDAS (adotada e aberta `a assinatura pela Conferˆencia de S˜ao Francisco, Calif´ornia (EUA), em 26.06.1945. Aprovada no Brasil, atrav´es do Decreto-Lei no 7.935, em 04.09.1945, ratificada em 21.09.1945, e promulgada pelo Decreto no 19.841, de 22.10.1945, entrando em vigor em 24.10.1945); a DECLARAC¸ ˜AO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS(adotada e proclamada pela Resoluc¸˜ao 217-A, na 3a Sess˜ao Ordin´aria da Assembleia Geral das Nac¸˜oes Unidas, em Paris, em 10.12.1948. Assinada pelo Brasil em

10.12.1948); o PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS ECON ˆOMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS(adotado pela Resoluc¸˜ao 2.200-A, na XXI Sess˜ao da Assembleia Geral das Nac¸˜oes Unidas, em 16.12.1966. Aprovado pelo Brasil, atrav´es do Decreto Legislativo no226, em 12.12.1991, ratificado em 24.01.1992, e promulgado pelo Decreto no591, de 06.07.1992); o PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POL´ITICOS (adotado pela Resoluc¸˜ao 2.200-A, na XXI Sess˜ao da Assembleia-Geral das Nac¸˜oes Unidas, em 16.12.1966. Aprovado no Brasil, atrav´es do Decreto Legislativo no226, em 12.12.1991, ratificado em 24.01.1992, e promulgado pelo Decreto no592, de 06.07.1992); a DECLARAC¸ ˜AO SOBRE O

DIREITO AO DESENVOLVIMENTO(Adotada pela Resoluc¸˜ao 41/128, da Assembleia Geral das Nac¸˜oes Unidas, de 04.12.1986).

137No Sistema Regional, a DECLARAC¸ ˜AO AMERICANA DOS DIREITOS E DEVERES DO HOMEM (Resoluc¸˜ao XXX, Ata Final, aprovada na IX Conferˆencia Internacional Americana, em Bogot´a, em abril de 1948), CONVENC¸ ˜AO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS - Pacto de San Jos´e da Costa Rica(Adotada e aberta `a assinatura na Conferˆencia Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, em San Jos´e de Costa Rica, em 22.11.1969. Aprovada e ratificada no Brasil, atrav´es do Decreto Legislativo no27, de 25.09.1992, e promulgada pelo Decreto no

678, de 06.11.1992), PROTOCOLO ADICIONAL `A CONVENC¸ ˜AO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS EM MAT ´ERIA DE DIREITOS ECON ˆOMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS - o Protocolo de San Salvador(Adotado pela Assembleia Geral da Organizac¸˜ao dos Estados Americanos, em San Salvador, El Salvador, em 17.11.1988. Aprovado no Brasil, atrav´es do Decreto Legislativo no56, de 19.04.1995, ratificado em 21.08.1996, e promulgado pelo Decreto no3.321, de 30.12.1999.

138A Carta da OEA cont´em diversas diretrizes com o fim de congregar esforc¸os em prol da concretizac¸˜ao do direito ao desenvolvimento para os Povos das Am´ericas, em especial, os seguintes trechos: “EM NOME DOS SEUS POVOS, OS ESTADOS REPRESENTADOS NA NONA CONFER ˆENCIA INTERNACIONAL AMERICANA, Convencidos de que a miss˜ao hist´orica da Am´erica ´e oferecer ao Homem uma terra de liberdade e um ambiente favor´avel ao desenvolvimento de sua personalidade e `a realizac¸˜ao de suas justas aspirac¸˜oes; [...] CERTOS DE QUE O VERDADEIRO SENTIDO DA SOLIDARIEDADE AMERICANA E DA BOA VIZINHANC¸ A N ˜AO PODE SER OUTRO SEN ˜AO O DE CONSOLIDAR NESTE CONTINENTE, DENTRO DO QUADRO DAS INSTITUIC¸ ˜OES DEMOCR ´ATICAS, UM RE- GIME DE LIBERDADE INDIVIDUAL E DE JUSTIC¸ A SOCIAL, FUNDADO NO RESPEITO DOS DIREITOS ESSENCIAIS DO HO- MEM; Persuadidos de que o bem-estar de todos eles, assim como sua contribuic¸˜ao ao progresso e `a civilizac¸˜ao do mundo exigir´a, cada vez mais, uma intensa cooperac¸˜ao continental; [...] Artigo 2o: Para realizar os princ´ıpios em que se baseia e para cumprir com suas obrigac¸˜oes regionais, de acordo com a Carta das Nac¸˜oes Unidas, a Organizac¸˜ao dos Estados Americanos estabelece como prop´ositos essenciais os seguin- tes: [...] f) Promover, por meio da a¸c~ao cooperativa, seu desenvolvimento econ^omico, social e cultural ; g) Erradicar a pobreza cr´ıtica, que constitui um obst´aculo ao pleno desenvolvimento democr´atico dos povos do Hemisf´erio; e h) Alcanc¸ar uma efetiva limitac¸˜ao de armamentos convencionais que permita dedicar a maior soma de recursos ao desenvolvimento econˆomico- social dos Estados membros. [...] Artigo 3o: Os Estados americanos reafirmam os seguintes princ´ıpios: [...] e) Todo Estado tem o direito de escolher, sem ingerˆencias externas, seu sistema pol´ıtico, econˆomico e social, bem como de organizar-se da maneira que mais lhe convenha, e tem o dever de n˜ao intervir nos assuntos de outro Estado. Sujeitos ao acima disposto, os Estados americanos cooperar˜ao amplamente entre si, inde- pendentemente da natureza de seus sistemas pol´ıticos, econˆomicos e sociais; f) A eliminac¸˜ao da pobreza cr´ıtica ´e parte essencial da promoc¸˜ao e consolidac¸˜ao da democracia representativa e constitui responsabilidade comum e compartilhada dos Estados americanos; [...] k) A cooperac¸˜ao econˆomica ´e essencial para o bem-estar e para a prosperidade comuns dos povos do Continente; l) Os Estados americanos proclamam os direitos fundamentais da pessoa humana, sem fazer distinc¸˜ao de rac¸a, nacionalidade, credo ou sexo; m) A unidade espiritual do Continente baseia-se no respeito `a personalidade cultural dos pa´ıses americanos e exige a sua estreita colaborac¸˜ao para as altas finalidades da cultura humana; n) A educac¸˜ao dos povos deve orientar-se para a justic¸a, a liberdade e a paz. [...] Artigo 30: Os Estados membros, inspirados nos princ´ıpios de solidariedade e cooperac¸˜ao interamericanas, comprometem-se a unir seus esforc¸os no sentido de que impere a JUSTIC¸ A SOCIAL INTER- NACIONAL em suas relac¸˜oes e de que seus povos alcancem um DESENVOLVIMENTO INTEGRAL, condic¸˜oes indispens´aveis para a paz e a seguranc¸a. O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL ABRANGE OS CAMPOS ECON^OMICO, SOCIAL, EDUCACIONAL, CULTURAL, CIENT´IFICO E TECNOL´OGICO, NOS QUAIS DEVEM SER ATINGIDAS AS METAS QUE CADA PA´IS DEFINIR PARA ALCANC¸´A-LO. Artigo 31: A cooperac¸˜ao interamericana para o desenvolvimento integral ´e responsabilidade comum e solid´aria dos Estados membros, no contexto dos princ´ıpios democr´aticos e das instituic¸˜oes do Sistema Interamericano. Ela deve compreender os campos econˆomico, social, educacional, cultural, cient´ıfico e tecnol´ogico, apoiar a consecuc¸˜ao dos objetivos nacionais dos Estados membros e respeitar as prioridades que cada pa´ıs fixar em seus planos de desenvolvimento, sem vinculac¸˜oes nem condic¸˜oes de car´ater pol´ıtico. Artigo 32: A cooperac¸˜ao interamericana para o desen- volvimento integral deve ser cont´ınuae encaminhar-se, de preferˆencia, por meio de organismos multilaterais, sem preju´ızo da cooperac¸˜ao bilateral acordada entre os Estados membros. Os Estados membros contribuir˜ao para a cooperac¸˜ao interamericana para o desenvolvimento integral, de acordo com seus recursos e possibilidades e em conformidade com suas leis. Artigo 33: O DESENVOLVIMENTO ´E RESPONSABILIDADE

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