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DOS DIREITOS SOCIAIS DE NATUREZA PRESTACIONAL” (LEDUR, 2009, p 98) (grifado no original somente em it´alico).

Assim, considerando que no Estado Democr´atico (material) de Direito os direitos fundamen-

tais da pessoa humana, tal como os direitos sociais (estes, especificamente, por ter car´ater prestaci-

onal), foram constitucionalmente consagrados como garantidores de uma vida com dignidade, por

permitir uma explicitac¸˜ao f´atica do conte´udo da dignidade da pessoa humana, ´e necess´ario que o

Ordenamento Jur´ıdico, em face da atuac¸˜ao do cidad˜ao em requerer o controle de constitucionali-

dade dos atos dos poderes p´ublicos, tamb´em promova um patamar min´ımo de seguranc¸a jur´ıdica

que obste qualquer opc¸˜ao de programa de pol´ıtica p´ublica que contenha tanto atos de cunho retroa-

tivo quanto medidas pontualmente retrocessivas, ainda que com efeitos meramente prospectivos, e

que seja de iniciativa, preponderantemente, do legislador infraconstitucional ou do administrador

p´ublico68.

Deste modo, considerando que a constitucionalizac¸˜ao do princ´ıpio da dignidade da pessoa hu-

mana, ato eminentemente pol´ıtico-jur´ıdico, somente poder´a alcanc¸ar a concretizac¸˜ao f´atica, atrav´es

de atos de conte´udo predominantemente pol´ıtico, especialmente, com a realizac¸˜ao de pol´ıticas

p´ublicas que implementem as condic¸˜oes m´ınimas69para a “efetivac¸˜ao da inclus˜ao social plena no

plano dos fatos” (COCURUTTO, 2008, p. 44), de forma que todos os cidad˜aos tenham acesso a

todos os direitos humanos, ´e irrefut´avel,

em nome do compromisso ´etico do direito com a justic¸a, o primado da vedac¸˜ao ao re-

trocesso em face do argumento da reserva do poss´ıvel

70

, de molde a concretizar forc¸a

normativa e eficacial do princ´ıpio da dignidade da pessoa humana, interpretac¸˜ao mais

compat´ıvel com os valores e fins norteadores do sistema constitucional brasileiro (SOA-

RES, 2008, p. 86-87).

Assim, neste contexto, o direito `a seguranc¸a jur´ıdica que possibilita, ao cidad˜ao, a confianc¸a na

efic´acia e na efetividade dos direitos que lhe s˜ao assegurados pela ordem jur´ıdica, n˜ao se restringe

apenas a medidas retroativas que violem o direito adquirido, o ato jur´ıdico perfeito e a coisa jul-

gada, ou imponham, extemporˆaneamente, gravame penal ou tribut´ario ao cidad˜ao (CF/88, arts. 5o,

68Com entendimento neste sentido: SARLET, 2006, p. 291-301; SILVA NETO, 2010, p. 51-56.

69Neste contexto, “no Brasil, o Supremo Tribunal Federal, citando a doutrina de Canotilho, reconheceu a existˆencia de um “n´ucleo essen- cial da existˆencia m´ınima inerente ao respeito pela dignidade da pessoa humana”, bem como decidiu que a atuac¸˜ao governamental em tema de implementac¸˜ao de pol´ıticas p´ublicas h´a que respeitar “a necessidade de preservac¸˜ao, em favor dos indiv´ıduos, da integridade e da intangibilidade do n´ucleo consubstanciador do ’m´ınimo existencial”’. (ADPF 45 MC, Relator Ministro Celso de Mello, julgado em 29/04/2004, publicado em DJ 04/05/2004. Decis˜ao monocr´atica da lavra do Ministro Celso de Mello. A ac¸˜ao, contudo, foi julgada prejudicada em virtude da perda superveniente de seu objeto).” (CORDEIRO, 2012, p. 95).

70“Registre-se, inclusive, que o Supremo Tribunal Federal n˜ao admite como defesa da Administrac¸˜ao P´ublica a alegac¸˜ao da “reserva do poss´ıvel”, o que justificaria, diante da insuficiˆencia de disponibilidade financeira e orc¸ament´aria, proceder a verdadeiras “escolhas tr´agicas”, o que levaria inevitavelmente a sacrif´ıcios significativos de determinados valores e interesses. Segundo a Corte Constitucional, a cl´ausula da reserva do poss´ıvel n˜ao pode ser utilizada para fraudar, frustar ou inviabilizar a implementac¸˜ao de pol´ıticas p ´ublicas definidas na pr´opria Constituic¸˜ao, considerando a garantia constitucional do m´ınimo existencial, derivado do princ´ıpio fundamental da dignidade da pessoa humana. No mesmo sentido, decis˜oes do Superior Tribunal de Justic¸a (STJ, 2aTurma, REsp 1.068.731/RS, rel. Min.

Herman Benjamin, j. 17.02.2011, DJe 08.03.2012; STJ, 2aTurma, AgRg no REsp 1.136.549/RS, rel. Min. Humberto Martins, j. 08.06.2010, DJe

21.06.2010; STJ, 1aTurma, REsp 811.608/RS, rel. Min. Luiz Fux, j. 15.05.2007, DJ 04.06.2007 p. 314). AINDA SEGUNDO O SUPREMO

TRIBUNAL FEDERAL (STF, 2aTurma, ARE 639.337 AgRg/SP, rel. Min. Celso de Mello, j. 23.08.2011, DJe 15.09.2011), A NOC¸~AO DE M´INIMO EXISTENCIAL COMPREENDE UM COMPLEXO DE PRERROGATIVAS ADEQUADAS `A MANUTENC¸~AO DIGNA DAS PESSOAS, EXIGINDO DO PODER P´UBLICO A PR´ATICA DE ATOS QUE VIABILIZEM OS DIREITOS SOCIAIS B´ASICOS, TAIS COMO O DIREITO `A EDUCAC¸~AO, O DIREITO `A PROTEC¸~AO INTEGRAL DA CRIANC¸A E DO ADOLESCENTE, O DIREITO `A SA´UDE, O DIREITO `A ASSIST^ENCIA SOCIAL, O DIREITO `A MORADIA, O DIREITO `A ALIMENTAC¸~AO E O DIREITO `A SEGURANC¸A.” (NEVES, 2012, p. 83-84) (grifos nossos).

XXXVI, XL; 150, III, a), mas, tamb´em, impede a execuc¸˜ao de medidas retrocessivas “que tenham

como escopo a reduc¸˜ao e/ou supress˜ao de posic¸˜oes jur´ıdicas (aqui tomadas em sentido amplo)

j´a implementadas” (SARLET, 2006, p. 293) como forma de n˜ao inviabilizar a concretizac¸˜ao do

princ´ıpio fundamental e estruturante do Estado Democr´atico de Direito Brasileiro - a dignidade da

pessoa humana (SARLET, 2006, p. 292-301).

Em respeito ao princ´ıpio da dignidade da pessoa humana, o qual foi constitu´ıdo, pelo legis-

lador constituinte brasileiro, “como norma embasadora de todo o sistema constitucional”, com

“plena efic´acia jur´ıdica nas relac¸˜oes p´ublicas e privadas, seja na perspectiva abstrata do direito ob-

jetivo, seja na dimens˜ao concreta de exerc´ıcio de direitos subjetivos” (SOARES, 2008, p. 82), n˜ao

poder´a haver omiss˜ao tanto do legislador infraconstitucional para regulamentar quanto do admi-

nistrador p´ublico para implementar as condic¸˜oes m´ınimas

71, consubstanciadas no impedimento

`a degradac¸˜ao e coisificac¸˜ao da pessoa, na preservac¸˜ao da igualdade, e na garantia de um pata-

mar material (educac¸˜ao fundamental, sa´ude b´asica, assistˆencia aos desamparados, acesso `a justic¸a,

patrimˆonio m´ınimo (impenhorabilidade do bem de fam´ılia e dos mov´eis que guarnecem a mora-

dia)) para a subsistˆencia do ser humano, que garantam `a pessoa humana uma existˆencia digna, e,

consequentemente, lhe permita o acesso `a cidadania integral para o pleno exerc´ıcio dos direitos

fundamentais consagrados constitucionalmente72.

Deste modo, os Poderes P´ublicos, na implementac¸˜ao das pol´ıticas p´ublicas que, de qualquer

forma, afetem os direitos fundamentais e, em especial, os direitos sociais, dever˜ao manter o grau

de concretizac¸˜ao existente, bem como n˜ao poder˜ao “eliminar, sem compensac¸˜ao ou alternativa,

o n´ucleo essencial j´a realizado desses direitos” (CANOTILHO, 2003, p. 479), pois, se antes o

Estado estava pressionado, pelas normas constitucionais program´aticas, a atuar para concretizar

os direitos fundamentais, especialmente, os direitos sociais, uma vez que estes tenham existˆencia

f´atica no Ordenamento Jur´ıdico, o Estado passa a estar obrigado a abster-se de atentar contra a

realizac¸˜ao dada ao direito social em respeito ao princ´ıpio da seguranc¸a jur´ıdica que mant´em a

estrutura do Estado de Direito.

A legitimidade da participac¸˜ao do cidad˜ao por meio de todos os instrumentos dispon´ıveis na

CF/88, em especial, por meio dos mecanismos de controle de constitucionalidade, tamb´em se

torna evidente no contexto de situac¸˜oes f´aticas em que a ac¸˜ao estatal tenha o fim de promover

compensac¸˜oes ou modificac¸˜oes no acesso dos cidad˜aos aos direitos humanos fundamentais j´a con-

cretizados por pol´ıticas p´ublicas em andamento73, e para que as referidas modificac¸˜oes que possam

71Neste contexto, “o referido “padr˜ao m´ınimo social” para sobrevivˆencia incluir´a sempre um atendimento b´asico e eficiente de sa´ude, o acesso `a uma alimentac¸˜ao b´asica e vestimentas, `a educac¸˜ao de primeiro grau e a garantia de uma moradia; o conte´udo concreto desse m´ınimo, no entanto, variar´a de pa´ıs para pa´ıs. A ideia do m´ınimo social se manifesta tamb´em nos diversos projetos de lei municipal a uma “renda m´ınima necess´aria `a inserc¸˜ao na sociedade”.” (KRELL, 2002, p. 63) (grifos do autor).

72Com entendimento neste sentido: SILVA NETO, 2011, p. 160-161; SOARES, 2008, p. 83; SOARES, 2010, p. 152-160.

73Neste sentido: “Num ambiente de democracia participativa (CF, par´agrafo ´unico do art. 1o), h´a de entender-se que a participac¸˜ao

direta da populac¸˜ao n˜ao se confina ao voto popular para eleic¸˜ao de governantes e parlamentares, aos projetos de lei de iniciativa popular, ao plebiscito e `as audiˆencias p ´ublicas, sen˜ao que tal participac¸˜ao se faz tamb´em por meio do processo, visto como fator de inclus˜ao social, na medida em que recepciona e encaminha ao Judici´ario - ou aos meios alternativos, auto e heterocompositivos - os reclamos, anseios e pretens˜oes da coletividade, os quais, sem essas formas de express˜ao, continuariam a fomentar a chamada litigiosidade contida, ao interno da coletividade. Portanto, o fato de em muitos pa´ıses, como o nosso, os ju´ızes n˜ao serem eleitos, n˜ao serve como argumento ou premissa para dispens´a-

atingir a amplitude do acesso a direitos, n˜ao afetem “o cerne material da dignidade da pessoa hu-

mana (na sua dupla dimens˜ao positiva e negativa)”, ou seja, os “elementos nucleares do n´ıvel das

prestac¸˜oes legislativamente definidas (dimens˜ao positiva) e/ou do n´ıvel de protec¸˜ao assegurado aos

direitos sociais pelo legislador (dimens˜ao negativa)” (SARLET, 2006, p. 327, 302).

Deste modo, se evidencia, tamb´em, que a legitimidade do cidad˜ao para propor a justiciabili-

dade dos direitos sociais, ou seja, a possibilidade, acolhida no contexto do Estado Democr´atico de

Direito, de se invocar a tutela jurisdicional, provocar e estabelecer o ju´ızo de controle de constitu-

cionalidadesobre a revogac¸˜ao/omiss˜ao/implementac¸˜ao insuficiente (omiss˜ao parcial) de medidas

capazes de efetivar a concretizac¸˜ao dos direitos humanos sociais se circunscreve, preponderante-

mente, ao ˆambito das pol´ıticas p´ublicas sociais

74, para que o n´ucleo essencial j´a realizado dos

direitos fundamentais, em especial, dos direitos sociais sejam preservados, j´a que estes direitos de-

pendem da regulamentac¸˜ao legal para se concretizarem no cotidiano dos cidad˜aos. E, ainda, para

que as novas deliberac¸˜oes administrativas conformadoras do m´ınimo existencial social (condic¸˜oes

materiais m´ınimas indispens´aveis para uma vida com dignidade) que tenham por escopo propor

medidas compensat´orias ou substitutivas do n´ucleo essencial dos direitos fundamentais, mante-

nham o status da legalidade e da legitimidade constitucional em consonˆancia com a dignidade da

los de dar o seu quinh˜ao para a boa gest˜ao da coisa p´ublica e preservac¸˜ao do interesse geral, mediante os processos em que s˜ao chamados a atuar. [...] Pode-se dizer que h´a muito tempo j´a perdeu atualidade o perfil de um Judici´ario neutro e desengajado, como um dia fora concebido por Montesquieu, em nome de uma r´ıgida separac¸˜ao entre os Poderes. [...] A evoluc¸˜ao hist´orica e social que se seguiu alterou profundamente esse incipiente e prec´ario panorama, com a gradual intercorrˆencia de diversos fatores, tais como o fortalecimento e expans˜ao da forma federativa do Estado, a crescente politizac¸˜ao da sociedade civil, a conquista gradativa de direitos individuais e coletivos e, sobretudo, o reconhecimento de que a atribuic¸˜ao ao Judici´ario da tarefa de interpretar as leis e aplic´a-las aos conflitos in concreto labora em favor da estabilidade e da coes˜ao interna do pr´oprio Estado, na medida em que evita o enfrentamento direto entre seus ´org˜aos e instˆancias. Da´ı n˜ao haver excesso em dizer que hoje o Judici´ario ´e um Poder que sobrepaira aos demais, na medida em que lhes julga os atos e condutas, comissivos e omissivos. [...] Para que a Justic¸a possa bem desempenhar sua func¸˜ao, em face de uma sociedade massificada e competitiva, oprimida num mundo globalizado, torna-se imprescind´ıvel que os operadores do Direito se predisponham a uma releitura, contextualizada, do trinˆomio ac¸˜ao-processo-jurisdic¸˜ao, cujo signifidado se altera profundamente quando aplicado fora e al´em do contexto restrito dos conflitos intersubjetivos, pr´oprios da jurisdic¸˜ao singular, passando a instrumentalizar os megaconflitos que hoje se expandem pela sociedade civil. [...] Sem embargo, a tutela processual coletiva ´e absolutamente indispens´avel para o correto manejo dos conflitos metaindividuais, que, de outro modo, se fragmentam em multif´arias e repetitivas ac¸˜oes individuais, como, infelizmente, s´oi ocorrer em nosso ambiente judici´ario, com delet´erias e previs´ıveis consequˆencias: desprest´ıgio para a tutela coletiva, postergac¸˜ao do desfecho dos processos, risco de contradic¸˜oes (l´ogicas e pr´aticas) entre os planos coletivo e individual. A tutela judicial molecularizada (compreensiva das demandas-´atomo, na nomenclatura de Kazuo Watanabe) ´e a ´unica indicada para esse gˆenero de controv´ersia, em que os sujeitos aparecem indeterminados e o objeto se mostra indivis´ıvel, da´ı resultando externalidades positivas: expressiva quantidade de processos individuais s˜ao poupados, e assim deixam de inflacionar a sobrecarregada m´aquina judici´aria; o tempo dos operadores do Direito, assim poupado, ´e realocado para o exame dos casos singulares e complexos.” (MANCUSO, 2009, p. 286-287, 294, 327, 328) (grifado no original somente em it´alico).

74Neste sentido: “impende n˜ao perder de vista que o Judici´ario ´e uma instˆancia de sobreposic¸˜ao, de sorte a n˜ao se lhe poder recusar legitimidade para intervir em controv´ersias de largo espectro, envolvendo sujeitos indeterminados, ainda nos casos em que o comando judicial ir´a repercutir sobre a esfera de atuac¸˜ao dos outros Poderes ou, ainda, quando o conflito venha matizado por elementos para - jur´ıdicos ou que relevam de outros campos do conhecimento, como a biologia, a ecologia, a medicina, a economia popular, a ordenac¸˜ao urban´ıstica etc. Ali´as, nos megaconflitos - campo prop´ıcio `a judicializac¸˜ao da pol´ıtica - n˜ao se pode exigir ou esperar que a crise seja exclusivamente de ordem jur´ıdica; ao contr´ario, o largo espectro dessas controv´ersias torna inevit´avel a expans˜ao de seu per´ımetro, em maior ou menor irradiac¸˜ao, pelos campos social, econˆomico ou pol´ıtico. Tenha-se presente, ao prop´osito, as intervenc¸˜oes do STF, repercutidas na m´ıdia, em assuntos polˆemicos e de largo impacto, como o direito `a vida dos fetos anencef´alicos, cultivo de sementes geneticamente modificadas, delimitac¸˜ao territorial de terras ind´ıgenas, definic¸˜ao do que seja crime pol´ıtico ou do que se entende por infidelidade partid´aria” (MANCUSO, 2011a, p. 79) (grifado no original somente em it´alico). Desta maneira, “naturalmente, o acesso `a Justi¸ca de conflitos de largo espectro nos dom´ınios s´ocio-pol´ıtico-econ^omico engendra o risco da chamada judicializa¸c~ao da pol´ıtica, MAS O BALANC¸O DAS VANTAGENS E ^ONUS AINDA RESULTA FAVOR´AVEL PARA A POSTURA DE UM JUIZ COMPROMISSADO COM O ESCOPO SOCIAL DO PROCESSO - MESMO QUE, EVENTUALMENTE, POSSA INCIDIR EM ALGUM EXCESSO, CORRIG´IVEL NA VIA RECURSAL - DO QUE O JUIZ ASS´EPTICO, DESENGAJADO, LIMITADO `A FRIA SUBSUNC¸~AO DOS FATOS `A NORMA, ESQUECIDO DE QUE O PROCESSO N~AO ´E UM FIM EM SI MESMO, MAS UM INSTRUMENTO DE PARTICIPAC¸~AO SOCIAL POR MEIO DO JUDICI´ARIO, E QUE SOMENTE SE LEGITIMA QUANDO VEM ALCANC¸ADO O IDEAL DE PACIFICAC¸~AO DOS CONFLITOS COM JUSTIC¸A”. [...] E, ainda, especialmente, diante do contexto de que a jurisdic¸˜ao constitucional como “jurisdic¸˜ao coletiva apresenta-se, antes de mais nada, como um modo de ser do brac¸o judici´ario do Estado, voltada a dirimir conflitos de largo espectro, em grande parte motivados ou pela inac¸˜ao/incompetˆencia das instˆancias administrativas que deveriam tˆe-los satisfatoriamente dirimido, ou pela oferta irregular/insuficiente das medidas e programas implementados. Por a´ı se vˆe que a jurisdic¸˜ao coletiva revela-se como uma receptora de interesses e valores que, desatendidos ou mal manejados, v˜ao aumentando a press˜ao social, operando assim a via judicial como uma sorte de v´alvula de escape, em boa parte porque as grandes tens˜oes sociais e os mega-conflitos geralmente n˜ao encontram guarida oportuna e eficaz junto `as instˆancias do Executivo e do Legislativo, tirante certos expedientes de trˆamite demorado e discut´ıvel praticidade, como os projetos de lei de iniciativa popular, o plebiscito, as audiˆencias p´ublicas.” (MANCUSO, 2009, p. 317, 325-326) (grifado no original somente em it´alico).

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