SITUAÇÕES DE VIDA PODEM PROVOCAR DOENÇAS?
Maura Castello Bernauer, Edna M. Paters Kahhale
Atualmente, assistimos o aumento do sofrimento, da fragilidade, vulnerabilidade e adoecimento do ser humano, fruto das condições sociais adversas à vida: danos evitáveis, oriundos das situações de vida, ao meio ambiente. Este estudo é o recorte de uma pesquisa, que tem como objetivo apreender o significado da rede de apoio social no cuidado (autocuidado) de usuários que frequentam os diversos equipamentos do Sistema de Saúde. É um estudo com abordagem teórica da psicologia sócio-histórica, desenvolvido na
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cidade de Santos, SP, Brasil em junho/2011. A análise qualitativa foi feita em uma Unidade Saúde da Família – USF, em Locais Públicos e pela Internet (web) com 102 usuários. Considerando-se que Condições de vida (materialidade), referem-se ao acesso, às condições materiais de subsistência, fazendo com que as pessoas se adaptem, modifiquem seu ambiente, arranjem estratégias, recursos para enfrentar Situações de Vida (imaterialidade). Essas contemplando as estratégias que as pessoas utilizam para adaptar-se ou modificar as Condições de Vida. E que cada um é sujeito da sua própria história, recebendo influência de seu grupo social sobre o qual age dialeticamente, vivenciando sua experiência com significações diferentes, desenvolvendo autonomia diante das adversidades. Concluímos que, adoecer está diretamente ligado às Situações de Vida.
Palavras-chave: Situações de Vida, Saúde, Doença.
Maura Castello Bernauer
maurabernauer@gmail.com
QDV RELACIONADA COM A COMUNICAÇÃO: O PODER DA COMUNICAÇÃO EM SAÚDE
Rute F. Meneses1
1FCHS/CTEC/HE-Universidade Fernando Pessoa
A investigação mostra que o treino de competências de comunicação é amplamente necessário e útil, sendo a comunicação eficaz indispensável para outros tipos de intervenção. Paralelamente, o conceito de “Qualidade de Vida relacionada com a Comunicação” (QDVrC; Baylor, Yorkston, & Eadie, 2005), com foco no social, tem potencial para estimular propostas de promoção da qualidade de vida (QDV) inovadoras.
Neste contexto, os objectivos do presente estudo são: apresentar uma revisão sistemática da literatura sobre o uso de comunicação “não oral” no âmbito da intervenção psicológica e dois recursos (manuais) facilitadores da comunicação desenvolvidos no âmbito de duas intervenções psicológicas.
Metodologia: A revisão sistemática da literatura limitou-se à base de dados SciELO Portugal e foi realizada em 30/9/2015.
As palavras-chave Facebook (N=8), Twitter (N=3), Booklet (N=1) e Biblioterapia (N=0) revelaram artigos em que é descrita a utilização de recursos que complementam o discurso tradicional na intervenção biopsicossocial.
Os artigos analisados encerram elementos com potencial para aumentar a eficácia dos dois recursos apresentados na promoção da QDV de diferentes grupos clínicos.
Rute F. Meneses
FCHS/CTEC/HE-Universidade Fernando Pessoa
SATISFAÇÃO COM O SUPORTE SOCIAL EM DOENTES COM ESQUIZOFRENIA
Lara Guedes de Pinho1, Anabela Pereira, & Claudia Chaves
O suporte social é um dos componentes cruciais na psicologia da saúde. Desde que se iniciou a desinstitucionalização psiquiátrica que este fator tem sido uma preocupação constante dos profissionais da área da saúde mental. A esquizofrenia é uma doença mental crónica que surge com frequência entre a adolescência e o início da idade adulta e compromete o funcionamento social. Assim, este estudo tem como objetivo avaliar o grau de satisfação com o suporte social nesta população e verificar a existência de correlação com o estado civil e a coabitação. Utilizou-se uma amostra de 198 utentes com esquizofrenia, tendo sido aplicada a Escala de Satisfação com o SuporteSocial. Após análise dos resultados conclui-se que a satisfação com o suporte social geral é baixa (M = 52,55; DP = 22,34), sendo os valores mais baixos no fator atividades sociais (M=47.47; DP = 28.58) e mais altos na satisfação com a família (M = 66.04; DP = 32.86). Não se obtiveram resultados estatisticamente significativos no que respeita ao estado civil. No entanto, relativamente à coabitação obtiveram-se diferenças estatisticamente significativas no que respeita ao fator satisfação com a família ((X2kw (4) = 17.142; n = 198), com α = 0.002, concluindo- se que os indivíduos que vivem com o conjugue/companheiro tem maior satisfação com a família,
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seguido dos que vivem com os pais. Já os que vivem em instituições ou com um não familiar tem menor satisfação com a família seguindo-se os que vivem sozinhos.
Palavras-chave: esquizofrenia, suporte social
Lara Manuela Guedes de Pinho
Rua da Alegria, nº 17, Mataduços 3800-025 Aveiro
larapinho7@gmail.com
FUNCIONAMENTO DEFENSIVO DO PACIENTE E ADESÃO DO TERAPEUTA A DIFERENTES MODELOSTEÓRICOS
António Pires1, Carolina Trindade1, Carolina Seybert2, Carlo Patrão, & Rui Santos1 1ISPA, 2Ulm University
Estudos têm demonstrado que, em qualquer orientação teórica, os tratamentos raramente são teoricamente puros e que a integração de diferentes modelos teóricos tem contribuído para a eficácia do tratamento. Esta investigação tem como objectivo estudar a relação entre a adesão do terapeuta aos diferentes protótipos (CBT, PDT e CMT) e o perfil de mudança dos níveis defensivos do paciente. O Psychotherapy Process Q-Set (PQS) e o Defense Mechanism Rating Scales (DMRS) foram usados na análise de duas pacientes em psicoterapia psicodinâmica no início, aos 6, 12 18, e 24 meses. Os resultados revelaram maior adesão ao protótipo PDT ao longo de toda a terapia na paciente 1 e enquanto os resultados para a paciente 2 mostram uma maior aderência ao protótipo CBT e maior integração entre os vários protótipos. A paciente 1 manifestou um ODF mais baixo e uma descida do mesmo aos 12 meses. A paciente 2 apresenta um ODF ligeiramente mais alto e recurso a defesas maduras. Foi possível compreender que a adesão a diferentes modelos teóricos por parte doterapeuta se relaciona com as mudanças ao nível defensivo do paciente.
Palavras-chave: Psychotherapy Process Q-Set, Mecanismos de Defesa, Mudança terapêutica
António Augusto Pazo Pires
Instituto Superior de Psicologia Aplicada Instituto Superior de Psicologia Aplicada-IU Rua Jardim do Tabaco, 34, 1149-041, Lisboa, Portugal
apires@ispa.pt
AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO COM O SUPORTE SOCIAL NUMA AMOSTRA DE DOENTES MENTAISCRÓNICOS INSTITUCIONALIZADOS
Rita Salvador1, & Paula Carvalho1 1Universidade da Beira Interior
O efeito devastador da doença mental pode gerar nos indivíduos a necessidade de suporte social e cuidados. O suportesocial é capaz de proteger e promover a saúde e desempenha um papel positivo na recuperação de doenças. Os objetivos deste estudo consistem em: avaliar a satisfação com o suporte social; identificar determinantes sociodemográficas, clínicas e socio relacionais que influenciem a satisfação com o suporte social; e explorar a influência de variáveis preditoras que contribuem para explicar a perceção desuporte social.
O estudo é descritivo, correlacional e preditivo. Utilizou-se um Questionário Sociodemográfico e a Escala de Satisfação com oSuporte Social em 60 participantes com Esquizofrenia ou Perturbação Bipolar institucionalizadas.
Há uma relação entre a satisfação com o suporte social e a perceção de saúde, bem como entre a satisfação com o suportesocial e satisfação com a comunidade e a perceção de felicidade. A satisfação com a comunidade e a perceção de felicidade são fatores preditores para a satisfação com o suporte social.
Conclui-se que a perceção de suporte social é fundamental para minimizar estados emocionais negativos e que é necessário desenvolver programas de intervenção e reabilitação, para que os doentes se sintam integrados numa determinada rede social, bem como na comunidade.