Coordenador- Maria Luisa Lima, ISCTE-IUL
Moderador- Maria Palacin Lois, Universidade de Barcelona
As redes sociais on-line constituem atualmente uma das principais formas de comunicação. O Facebook é uma das mais conhecidas e permite acumular uma rede de “amigos”, interagir com eles de variadas formas e organizarem-se em função de interesses comuns. Em Junho de 2015 o Facebook
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tinha 1,49 biliões de utilizadores ativos por mês , i.e., 1/5 da população mundial. Dadas a sua importância e intensidade de uso, o Facebook constitui um cenário muito rico de investigação. No entanto, a pesquisa neste domínio ainda está no seu início. Neste simpósio apresentamos um conjunto de estudos realizados em Portugal que procuram compreender este fenómeno com os instrumentos conceptuais da psicologia. O simpósio inicia-se com a apresentação de estudos que descrevem a utilização do facebook entre os jovens portugueses. A primeira comunicação apresenta-nos dados sobre a intensidade do uso do facebook na manutenção de relacionamentos e na construção de novos contactos. A segunda comunicação, também centrada em jovens portugueses, carateriza padrões de utilização problemática do facebook e relaciona-os com prediores psicológicos. A terceira comunicação analisa a forma como os jovens expressam a sua identidade no facebook, e como ligam os relacionamentos online e offline. A última comunicação aborda os relacionamentos no facebook junto da população adulta, e compara a associação das amizades online e ao vivo com a saúde.
Maria Luisa Lima
ISCTE-IUL
Av. Das Forças Armadas Edifício ISCTE 1649-026 Lisboa
luisa.lima@iscte.pt
Maria Palacin Lois
Universidade de Barcelona
mariapalacinlois@ub.edu
O USO DE FACEBOOK NA ADOLESCÊNCIA: PARA A MANUTENÇÃO DOS CONTACTOS OFF-LINE OU ESTABELECIMENTO DE NOVOS CONTACTOS
Paulo Dias1, José António Garcia del Castillo2, Álvaro Garcia del Castillo-López2
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Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais, 2Universidad Miguel Hernandez, Espanha
Muito se discute sobre o que representará o uso do Facebook para os adolescentes: se um meio de manutenção dos contactos off-line, ou uma forma de estabelecimento de novos contactos e amizades, muitas vezes associadas a comportamentos de (algum) risco. Nesta comunicação, pretende-se explorar esta questão, recorrendo a uma amostra de 386 adolescentes (15-18 anos). Para a recolha de dados, foi utilizada a Escala de Ellison et al. (2007) , a Escala de Auto-estima de Rosenberg (1965) e a Escala de Auto-regulação de Schwarzer (1999). Embora não se encontre uma diferença significativa na intensidade do uso do Facebook em função do género, os rapazes apresentam médias superiores na manutenção/interacção com os contactos off-line (p=.01) e para conhecer pessoas novas (p<.01) com magnitude de efeito médio (d=.31 e d=.52, respectivamente). Encontrou-se ainda uma relação positiva da intensidade do uso do Facebook com a idade (r=.15, p<.01), com a auto-regulação (r=.16, p<.01) e auto-estima (r=.19, p<.01). A relação é mais forte com a interacção com pares da sua rede de contactos off-line do que com os contactos on-line, dados que podem ser confirmados em estudos de regressão que apontam o papel dos contactos off-line como o mais forte preditor da intensidade do uso (R2=44.5%). Os dados parecem sugerir o papel desta ferramenta como uma forma de manutenção dos contactos existentes, o que é discutido à luz da literatura em termos de implicações e sugestões de investigação futuras.
Palavras-chave: Uso do Facebook; contactos off-line; contactos on-line; adolescência; preditores
Paulo César Azevedo Dias
Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais
pcdias@braga.ucp.pt
A UTILIZAÇÃO PROBLEMÁTICA DO FACEBOOK EM ADOLESCENTES: PERFIS E ASSOCIAÇÕES COM VARIÁVEIS DESENVOLVIMENTAIS
Raquel Assunção1, & Paula Mena Matos1
1Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Centro de Psicologia da
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O Facebook desempenha um papel importante na vida dos adolescentes, mas pouco se sabe sobre a forma como estes usam esta ferramenta. O objetivo desta investigação é compreender se existirão diferentes perfis de utilização do Facebook em adolescentes e analisar a forma como esses perfis estão diferencialmente associados com variáveis desenvolvimentais.
O estudo foi realizado com 761 adolescentes entre 14 e 18 anos de idade. Na criação de perfis de utilizador foi utilizada a análise de clusterstendo por base as dimensões da Generalized Problematic Internet Use Scale 2 (GPIUS, Caplan, 2010). Foram realizadas análises multivariadas de variância em função dos clusters com as seguintes variáveis: vinculação aos pais, vinculação aos pares, competência interpessoal e personalidade.
Encontrámos quatro perfis de utilizador do Facebook, invariantes em relação à idade, sexo e nível socioeconómico, e que apresentam diferenças no que diz respeito às diferentes variáveis psicológicas. Os resultados apontaram para uma associação entre a utilização problemática do Facebook e uma falta de competências interpessoais, uma vinculação menos segura às figuras parentais e maiores níveis de alienação aos pares. O cluster com um uso mais problemático do Facebook apresenta menores níveis de estabilidade emocional e abertura à experiência. A discussão sublinha o contexto desenvolvimental de formas mais ou menos adaptativas da utilização da rede social Facebook.
Palavras-chave: Facebook; perfis de utilizador; vinculação; competência interpessoal; personalidade
Raquel Sofia Almeida Alves Assunção
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto
raquelasspsi@mail.com
JOVENS E PROCESSOS DE IDENTIDADE NAS REDES SOCIAIS: QUE “EUS” SE REVELAM NO FACEBOOK?
Lúcia Amante1, Helena Marques 2,7, Maria Cristovão3,7, Paula Oliveira4,7, Sandra Mendes5,7
1Universidade Aberta – Laboratório de Educação a Distância e Elearning, 2Agrupamento de Escolas Zona Urbana de Viseu, 3Agrupamento de Escolas Manuel Teixeira Gomes, Portimão, 4Agrupamento de Escolas Latino Coelho, Lamego, 5Escola Básica
e Secundária da Bemposta, Portimão, 6Estudantes do Mestrado em Gestão da Informação e Bibliotecas Escolares – UAb
A interação desenvolvida entre os jovens nas redes sociais não produz efeito apenas numa dimensão social de natureza superficial, traz também efeitos significativos na construção da autorrepresentação e na consciencialização que cada jovem tem de si mesmo. Mais do que informação, os jovens “habitam” as redes sociais procurando essencialmente construir e inserir-se ativamente numa rede de relações sociais, experiência fundamental para a construção da sua identidade e afirmação da sua personalidade. Considerando uma das redes sociais mais populares na atualidade, o Facebook, apresenta-se o estudo em que procurámos saber como os adolescentes exprimem a sua identidade neste contexto, considerando processos implícitos e explícitos de autoapresentação, bem como modos de interação que permitem inferências sobre a construção de identidade e natureza da relação entre o mundo online e offline. Seguindo uma metodologia de natureza qualitativa, analisaram-se páginas do Facebook de um grupo de jovens, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos procurando compreender o papel desta rede social na construção da identidade dos adolescentes. Não se pretendendo generalizar os resultados, podemos no entanto afirmar que, entre outros aspetos, foram clarificadas formas de construção/afirmação da identidade nesta rede social, evidenciando-se o papel preponderante da imagem, bem como a estreita relação existente entre o mundo online e offline dos adolescentes.
Palavras-chave: Facebook, Construção de identidade, Jovens, Redes sociais.
Lúcia da Graça Cruz Domingues Amante
Universidade Aberta – Laboratório de Educação a Distância e Elearning
lucia.Amante@uab.pt
TER AMIGOS FAZ BEM À SAÚDE. MAS SERÁ QUE OS AMIGOS DO FACEBOOK CONTAM?