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SIMPÓSIO: DESENVOLVIMENTO, SAÚDE E DESAFIOS PARA A PARENTALIDADE – EXPERIÊNCIA RELACIONAL E DE STRESS

Coordenador - Salomé Vieira Santos, Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa

svsantos@psicologia.ulisboa.pt

As mudanças ocorridas nos papéis sociais e de género tiveram consequências salientes para a parentalidade, conduzindo a novos desafios e a exigências adicionais. A complexidade envolvida torna- se acrescida quando a criança (ou a figura parental) apresenta algum tipo de problema, seja de saúde ou de desenvolvimento. O presente simpósio tem os seguintes objetivos gerais: (1) ajudar a clarificar a importância de variáveis da criança, das figuras parentais e da família, em problemas de saúde e de desenvolvimento distintos, com um foco primordial na experiência relacional e de stress; (2) identificar fatores que se possam constituir como de risco ou de proteção e contribuir para que a prática clínica

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englobe intervenções empiricamente orientadas. Os desafios da psicologia da saúde num mundo em mudança, e em particular da psicologia pediátrica, não poderão ser alheios aos desafios da própria parentalidade, que continua em transformação. Atender às várias mudanças e ajudar os diversos atores implicados a lidar com o sofrimento e as necessidades individualizadas, da criança e da família, constitui um desafio presente e futuro para o psicólogo que trabalha em contextos de saúde. O simpósio integra cinco comunicações. A primeira incide nos estilos parentais (da mãe) e no comportamento da criança com défice intelectual, e explora a relação com variáveis da gravidez e do período perinatal. A segunda, dirigida para o atraso global de desenvolvimento, foca a relação do stress materno com o ambiente familiar e com variáveis da adaptação da criança. As duas comunicações sequentes abordam igualmente o stress parental, mas enquanto a terceira analisa a sua associação com o impacto da epilepsia na família, a quarta, no âmbito da doença respiratória, explora o contributo deste stress, a par de variáveis da saúde, para o stress da criança (cortisol). A última comunicação, direcionada para o pai, foca o envolvimento paterno em homens com dependência de heroína.

Endereço para correspondência (Coordenador) Salomé Vieira Santos

Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa Alameda da Universidade

1649-013 Lisboa 217943600

ESTILOS PARENTAIS MATERNOS E COMPORTAMENTO DA CRIANÇA COM DÉFICE INTELECTUAL

Vanessa Santos1, Salomé Vieira Santos2 & Maria João Pimentel1

1Unidade de Desenvolvimento – Unidade de Psicologia, Hospital de D. Estefânia, 2Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa

A qualidade da parentalidade tem um impacto importante no desenvolvimento socioemocional e comportamental da criança, contudo, no contexto português continua a carecer-se de estudos que foquem o Défice Intelectual (DI), necessitando também de aprofundamento a relevância de variáveis específicas relativas aos períodos pré e perinatal, e ao problema, designadamente quando a criança tem idade escolar. Neste estudo, com mães de crianças com DI, analisa-se (1) a relação dos estilos parentais com o comportamento da criança, (2) a relação destas dimensões com variáveis (a) da gravidez e do período perinatal, e (b) do problema. Foram utilizadas as versões portuguesas do EMBU-P e do CBCL, e uma Ficha de recolha de informação. As participantes foram 116 mães de crianças (5-12 anos; 68 rapazes) com diagnóstico de DI. Estilos parentais mais negativos (Rejeição/Tentativa de Controlo) associaram-se com mais problemas de comportamento. As duas dimensões em estudo relacionaram-se com variáveis relativas à gravidez e à perceção do problema; as variáveis referentes ao período perinatal apenas se associaram com os estilos parentais. Os resultados são consonantes com a literatura e reforçam a importância de que o planeamento da intervenção tenha em conta a qualidade da parentalidade e a presença de problemas de comportamento, chamando também a atenção para a relevância da perceção do problema e da vivência do período da gravidez/perinatal.

Palavras-Chave: Estilos Parentais, Problemas de Comportamento, Défice Intelectual, Mães

Vanessa Santos

Unidade de Desenvolvimento – Unidade de Psicologia, Hospital de D. Estefânia Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental

vanessaab_santos@hotmail.com

ATRASO GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO: STRESS MATERNO, AMBIENTE FAMILIAR E ADAPTAÇÃO DA CRIANÇA

Salomé Vieira Santos1, Maria João Pimentel2 & Vanessa Santos2

1Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa, 2Unidade de Desenvolvimento – Unidade de Psicologia, Hospital de D. Estefânia

O Atraso Global de Desenvolvimento (AGD) pode ter um impacto na criança, na parentalidade e no funcionamento da família, mas os estudos têm conduzido a resultados díspares, designadamente para o

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stress parental (SP). A utilização de critérios diferentes para a definição de AGD poderá contribuir em parte para tal disparidade. Acresce que a relação do SP com o ambiente familiar está insuficientemente estudada nesta população. Pretende-se: (1) analisar a relação do SP (a) com o ambiente familiar e (b) com variáveis relativas à adaptação da criança (e.g., adaptação às tarefas/aprendizagens, relação com pares, comportamento); (2) identificar os preditores do SP. As participantes foram mães de crianças com diagnóstico de AGD (N=64), tendo estas uma idade média de 55.3 meses (DP=14.9). Os instrumentos usados foram as adaptações portuguesas do PSI e do FES, e uma Ficha para recolha de informação específica. Resultados: O SP associou-se com o ambiente familiar (coesão, expressividade e conflito), associando-se também com variáveis da adaptação da criança. A coesão e o comportamento constituíram-se como preditores do SP. Os resultados enquadram-se na literatura que dá saliência ao SP na população-alvo, alertando para a pertinência de, no contexto clínico, se valorizar a potencial influência do ambiente familiar neste stress, e atender a aspectos da adaptação da criança, designadamente ao seu comportamento, que pode contribuir para o aumentar.

Palavras-Chave: Stress Parental, Ambiente Familiar, Mães, Atraso Global de Desenvolvimento

Salomé Vieira Santos

Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa

svsantos@psicologia.ulisboa.pt

EPILEPSIA NA INFÂNCIA: STRESS PARENTAL E IMPACTO DA DOENÇA NA FAMÍLIA

Maria João Pimentel1, Salomé Vieira Santos2, Rita Fonseca1 & Vanessa Santos1

1Unidade de Desenvolvimento – Unidade de Psicologia, Hospital de D. Estefânia, 2Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa

A epilepsia é uma doença crónica frequente na infância, que tem influência em várias áreas da vida da criança e da família. Pode ter impacto na parentalidade, em parte devido à associação da epilepsia com outros problemas, nomeadamente de comportamento e do neurodesenvolvimento. Com vista a melhor compreender aspetos da parentalidade nesta população, visa-se: (1) caracterizar o stress parental num grupo de mães de crianças com epilepsia; (2) analisar a sua relação com o impacto da doença na família; (3) explorar a relação destas dimensões com as preocupações maternas com o comportamento e desenvolvimento dos filhos. Participaram 34 mães de crianças com epilepsia (24 a 82 meses; 22 rapazes) seguidas nas Consultas de Neuropediatria/Desenvolvimento do Hospital de D. Estefânia. Utilizaram-se as versões portuguesas dos instrumentos PSI e IOF. As mães apresentaram níveis mais elevados de stress parental, face à amostra normativa do PSI. Este stress associou-se com áreas de impacto do problema (subescalas Pessoal e Familiar-Social), relacionando-se ainda com as preocupações com o comportamento, as quais se associaram também com um maior impacto familiar- social. Os resultados vão na linha dos de outros autores, em particular face ao stress parental, e alertam para áreas de impacto que podem ser potenciadoras deste stress. Eles têm consequências para a intervenção, a qual deve centrar-se igualmente nos problemas de comportamento da criança.

Palavras-Chave: Stress Parental, Impacto na Família, Mães, Epilepsia

Maria João Pimentel

Unidade de Desenvolvimento – Unidade de Psicologia, Hospital de D. Estefânia

mariajoaopimentel@yahoo.com

STRESS INFANTIL, STRESS PARENTAL E DOENÇA RESPIRATÓRIA NA CRIANÇA EM IDADE PRÉ-ESCOLAR

Catarina Pedro1, Salomé Vieira Santos2, Ana L. Papoila1, Sara S. Dias1, Iolanda Caires1, Pedro Martins1 & Nuno Neuparth1

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Centro de Estudos de Doenças Crónicas, CEDOC, NOVA Medical School/Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, 2Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa

Os níveis sistémicos de cortisol (marcador biológico de stress) associam-se com a presença ou a suscetibilidade à doença. A relação pais-criança é crucial na mediação do grau de exposição desta ao stress, influenciando a produção de cortisol pela criança. No caso da doença respiratória, a determinação do cortisol urinário, enquanto marcador sistémico do stress na criança, carece de estudo,

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bem como a sua relação com o stress parental. Pretende-se analisar a associação entre variáveis da saúde respiratória da criança e o stress parental com o cortisol urinário na criança. Participaram no estudo crianças em idade pré-escolar, e suas mães, em dois momentos: T1 – Primavera/Verão (N = 92) e T2 – Outono/Inverno (N = 52). Contudo, apenas em 48 casos foi possível obter uma amostra de urina em condições para o doseamento do cortisol (ter um volume de, pelo menos, 500ml). Utilizou-se a versão portuguesa do PSI-SF, um questionário de doença respiratória e um kit de recolha de urina de 24h. Na análise estatística usou-se o modelo de regressão linear misto para dados longitudinais. Entre as variáveis da saúde respiratória, apenas a toma de antibiótico se associou ao stress infantil (cortisol), a par do stress parental. Os resultados sugerem a importância do stress parental para o stress infantil, a valorizar no contexto clínico. A gravidade do problema poderá ser também saliente dada a associação com a toma de antibiótico.

Palavras-Chave: Stress Parental, Cortisol, Doença Respiratória, Crianças, Idade Pré-escolar

Catarina Pedro

Centro de Estudos de Doenças Crónicas, CEDOC, NOVA Medical School / Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa

catarina.pedro@fcm.unl.pt

ENVOLVIMENTO PATERNO EM HOMENS COM DEPENDÊNCIA DE HEROÍNA

João Barrocas1,2, Salomé Vieira Santos1 & Rui Paixão3

1Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa; 2Equipa Técnica Especializada de Tratamento do Barlavento, Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências da ARS Algarve, 3Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação,

Universidade de Coimbra

Os estudos sobre parentalidade e dependência de substâncias mostram que o exercício do papel parental comporta riscos para a criança (nos cuidados funcionais e ao nível da disponibilidade emocional dos progenitores), contudo, continuam centrados na gravidez e na maternidade, estando a parentalidade do homem com toxicodependência menos estudada. Visa-se: (1) caracterizar o envolvimento paterno (EP) num grupo de homens com dependência de heroína, comparando-o com um grupo de controlo; (2) analisar a relação do EP com (a) variáveis relativas ao uso de drogas e álcool, (b) variáveis da relação com os seus próprios pais e com outros significativos e (c) problemas com a justiça. Utilizou-se o IEP, o AUDIT e uma entrevista semi-estruturada. Participaram 47 homens com dependência de heroína em tratamento de ambulatório (Midade=38.4 anos; DP=4.0) e 49 indivíduos sem toxicodependência (Midade=39.4 anos; DP=4.7). Resultados: Os grupos com e sem dependência de heroína distinguiram-se no EP, percecionando os pais do primeiro grupo uma menor qualidade do EP. Variáveis relacionais e relativas ao uso de substâncias, e os problemas com a justiça associaram-se com a qualidade do EP. Discussão: Mesmo em situação de tratamento, os pais com toxicodependência apresentam uma perceção menos positiva do EP, realçando-se a importância do papel das vivências com figuras significativas (e não só do impacto e consequências do uso de substâncias), dados a considerar na intervenção.

Palavras-Chave: Envolvimento Paterno, Dependência de Substâncias, Dependência de Heroína

João Barrocas

Equipa Técnica Especializada de Tratamento do Barlavento, Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências da ARS Algarve

joaobarrocas@gmail.com

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